Léo andava de um lado para outro, impaciente quando a mãe D. Fernanda atravessou a sala tratou logo de se explicar.

 - Mãe eu juro que não fiz nada, a diretora é quem implica comigo. – Falou Léo rapidamente tentando esconder o medo na voz.

 - Eu já me acostumei Léo, você não tem jeito. – Riu a outra entrando no quarto.

 - Foi bem mais fácil do que pensei. – Disse o moço jogando-se no sofá. Logo após apanhou telefone sem fio e discou alguns números.

 - Alô? – Atendeu uma voz feminina.

 - Vai ter ensaio da minha banda hoje quer vir? – Indagou Léo á moça que escutava atenta do outro lado.

 - Léo? Onde você tem andado te procurei a noite toda na festa de ontem você sumiu. – Esbravejou a outra.

 - Carol eu te perdi juro, o salão da festa é enorme, e tenho andado sumido pelos estudos, tenho estudado muito. – Riu o outro sem deixar transpassar.

 - Eu entendo, mas não vou poder ir ver você ensaiar, tenho que levar minha cachorrinha ao veterinário. – Disse a outra docemente.

 - Tudo bem então, nos vemos na escola. – Disse o outro irritado.

 - Mas não ficou chateado, Léo? Léo? – Falou a moça preocupada, o outro por sua vez desligou o telefone.

 - Otária, vejamos quem será a próxima? – Falou Léo a si mesmo com o celular na mão – Camilinha? Pode ser. – Concluiu por fim. Quando ia discar novamente a companhia tocou.

 - Léo atende! – Gritou a mãe do quarto.

 - Pra que servem as empregadas? – Respondeu o outro irritado levantando-se para abrir a porta.

 - Vamos pro ensaio? – Indagou Ruivo assim que Léo abriu a porta.

 - Não tinha saído da banda? – Riu o outro.

 - Sabe que falei de cabeça quente, jamais deixaria vocês. – Falou o outro sorrindo.

 - Casa do Lu? - Léo Sorriu também.

 - Casa do Lu. – Confirmou o outro sorrindo.

A garagem daquela casa nunca serviu realmente como garagem, pois Luan fazia questão de montar em sua garagem a “ área de ensaios” da banda que tanto amava. A garagem era pequena mais lá cabiam todos os instrumentos a bateria de Ruivo ao fundo, o Baixo de Léo encostado em um canto, sua guitarra no outro e o microfone de My ao centro. Era essa a formação da banda que se formara quando os garotos tinham oito anos de idade, desde lá nunca deixaram de compor e ensaiar sonhado e compartilhando a esperança de ver a banda virar o maior sucesso dos últimos tempos. Tinham mais de duzentas musicas compostas, apenas treze registradas em cartório como de autoria dos quatro, pois My escrevia, Lu compunha as musicas com ajuda de Léo e Ruivo.

Essas musicas que registraram eram as quais iriam gravar em um CD demo, na semana seguinte e a rotina de ensaios devido á isso se tornou muito rigorosa.

 Luan fazia as ultimas passagens de som exatamente ás 19:00 quando Mirelly chegou com a expressão fechada.

 - Que bom que chegou. – Disse Luan beijando a face da moça.

 - E os meninos? – Indagou a moça ainda seria.

 - Ainda não chegaram, e o Ruivo você sabe ele... – Começou Luan.

 - Eu nunca abandonaria vocês. – Disse Ruivo entrando acompanhado por Léo – Podem me desculpar mais uma vez? – Pediu com uma expressão quase implorativa, que fez Léo e Luan desatarem á rir.

 - Podemos começar? – Perguntou My interrompendo a cena.

 - Me perdoa My? – Disse Ruivo se aproximando de My que o observava serena.

 - Não tem o que perdoar todos temos dias ruins. – Disse essa se posicionando em seu microfone.

 - Eu trouxe o play list de hoje. – Gabou-se Léo.

 - Legal eu repasso. – Falou Luan distribuindo as folhas.

 - Dreams, a primeira? Não era Angel of Darkness? – Falou Mirelly confusa encarando a folha.

 - É só um ensaio My, relaxa. – Acalmou Léo.

 - Um ensaio que eu levo á serio, como se fosse um show, eu levo essa banda á serio. – Falou a outra ajustando o microfone.

 - Tudo bem, tudo bem. Vamos começar? – Apaziguou Luan. Todos se posicionaram e começaram á tocar “Dreams”.

 Ensaiaram ate as 02:00 da manha  todas as treze musicas as quais gravariam Mirelly cantava como nunca antes cheia de emoção.

Os celulares já nem tocavam mais, os pais já se acostumaram á essa rotina louca dos filhos.

 - Pizza? – Indagou Luan com uma pizza congelada nas mãos, após terminarem o ensaio.

 - Eu vou pra casa. – Falou My pegando sua bolsa que estava jogada em um canto.

 - Mirelly Aprígio Stainkope, me fala agora o que aconteceu. – Ordenou Luan. Este á conhecia como a palma de sua mão, sabia quando ela ou Léo e Ruivo estavam mal.

 - Mãe e brigas, diz algo? – Falou a outra em meio  a uma voz rouca.

 - Brigas? Mas sempre foi assim, e isso nunca foi motivo pra você desmanchar seu lindo sorriso que sempre enfeita sua face. – Comentou Ruivo.

 - Filosofia de botequim – Riu a outra - Uma hora agente chega ao limite, sabe quando ficar em casa se torna um inferno  pra você? – Falou a moça voltando-se á Ruivo.

- Sei bem, alias eu vivo isso. – Falou o outro abaixando a cabeça.

- Então me entende – Disse isso abraçando-se á Ruivo, e sentando-se ao seu lado em um canto da garagem – Sabe acho que vou começar á trabalhar, ai fico menos tempo em casa. – Falou My alegremente. Os garotos caíram na risada.

- Mirelly Stainkope trabalhando? – Riu Luan.