Peguei a folha que Andy havia me entregado, e saí da sela um pouco tensa. Bom enquanto andava vi que o garoto estava parado ao lado da sala, como eu esperava. “Vamos fazer metas!” pensei: “ Meta 1 sorrir para ele, 2 abrir a porta 3 entrar e falar com a professora.
– Vamos? – o garoto me perguntou com um sorriso.
“Que merda primeira meta já era, agora tenho que fazer a segunda e a terceira meta certo. O garoto abriu a porta e entrou, e advinha o que aconteceu comigo, eu congelei, legal não? Bom, ele percebeu que eu fiquei lá parada, então ele me chamou pra entrar na sala, e eu mexi a cabeça em sinal de “não”, ele ficou um pouco confuso, foi perto de mim e me puxou pelo braço. Eu acabei tropeçando no “palco” que tinha na sala e bati a cabeça no peito dele, fazendo com que me óculos caísse. Ele pegou me óculos, mas, ao contrário do que eu pensei que ele faria ele não me deu o óculos.
– Não vai me devolver? –Disse um pouco envergonhada e com a mão estendida.
– Não. –Ele disse cheio de orgulho.
Por causa da minha altura super top eu não consegui alcançar quando ele levantou o braço e começou a andar em círculos pra trás e a brincar comigo e meus pulos desesperados para alcançar o óculos na mão dele.
– Brian por favor né, dê o óculos para ela coitada.
Todos deram risada de mim por conta do “coitada” da professora, não gostei nem um pouco disso e quis soca-la.
– Antes de lhe dar quero que me faça um favor. –Ele disse cochichando para só eu ouvir.
– O que? –Devolvi o cochicho.
– Toda vez que eu for pedir um conselho, você tira seu óculos. –Ele disse com um sorriso.
– Ok. –Disse corando um pouquinho.
Ele colocou o óculos no meu olho, e eu o ajeitei no meu rosto, tirando a franja e tal que havia ficado por dentro do óculos. Entreguei a folha para a professora, e ela me mandou escolher um lugar e sentar, fui me sentar ao lado da janela na última carteira, do lado contrário a porta, e advinha quem senta do meu lado... Isso mesmo o garoto que chama Brian. Passou a aula de química e de matemática que foi dupla, e logo chegou o intervalo, me levantei da carteira depois de ter ficado a aula inteira olhando fixamente para a janela e sua paisagem. Antes que eu pudesse sair fui interrompida por duas garotas morenas com olhos negros que admito, me deram um pouco de medo.
– Então é você a menina dos conselhos é? É bom você ficar longe do Brian. –Disse a garota do lado esquerdo, que tinha cabelos lisos e negros.
– Bom... –comecei –Não estou perto dele então... se me der licença eu agradeço. –Disse depois de olhar para o lado, e dei um leve sorriso falso.
– Não tão rápido flor.
– Para que o “flor”? Não sou nenhuma planta, sem contar que qualquer idiota perceberia seu tom arrogante e ignorante. Não vou perder meu tempo com você, afinal é como minha mãe sempre dizia: “discutir com um tolo me torna mais tola ainda.” Então vou fazer jus a isso e vou embora. –Disse com um tom de raiva, e dei a volta pela outra fileira, pegando meu celular e vendo as ligações perdidas. “Brian não estava lá quando eu olhei, não vi ele sair, ele foi aonde?” pensei, mas logo saí desse pensamento e o “arquivei” na minha mente. Vi uma ligação perdida do Sebastian, não era de costume me ligar, achei estranho e retornei a ligação.
– Alô. Seby?
– Oi, Kat.
– O que aconteceu?
– Liguei para avisar que sua família está aqui.
– Ãn? Como assim minha família está ai?
– Sua tia Laura está aqui, e seus avós também, te aconselho ir para casa de um de seus amigos. Liguei para a Caroline, se precisar fale com ela e vá junto com ela para casa da amiga dela. Ela me disse que se precisasse ela falava com a amiga e combinava para você dormir lá.
– Tudo bem. Por mais que não entenda o motivo.... Ok.
– Cuidado.
– Claro. Obrigada Seby.
– De nada Kat.
– Tchau.
– Tchau.
Desliguei a ligação, porém continuei pensativa. Por que os meus parentes que mais me odeiam vão em casa? Entendo a preocupação do Seby, mas acho que mesmo eu dormindo fora de casa... Não vai mudar muita coisa... Isso é estranho...
– Kat! Está na hora de ir para o seu ateliê não é? –Ouvi uma voz vindo em minha direção, que rapidamente distingui. Andy.
– Sim vou na cantina, e vou pra lá depois.
– Vai comprar um lanche?
– Claro. –Disse orgulhosa. –Também tenho fome.
– Sim, sim, claro. –Ele disse rindo um pouco da minha cara, acabei rindo também, por mais incrível que pareça.
Fui na cantina e peguei o lanche. Um sanduiche frio de peito de peru. Nunca gostei tanto de um lanche na escola. Fui até a sala, abri a porta e havia uma pessoa lá, eu quase morri de susto, mas entrei e sentei na cadeira, ainda comendo.
– Eu gostaria de pedir um conselho seu, meu amigo falou que você da ótimos conselhos. –O garoto sentado no sofá disse olhando para mim. Eu já vi esse rosto antes, quem é?

Continua....