–Sério?! –Disse feliz.
– Sim. –Ele disse rindo.
– Bom... Vamos lá. –Disse com um sanduiche de peito de peru em uma mão e o celular na outra, e indo direto a cadeira atrás da mesa.
– Não vai anotar nada?
– Bom, não sou psicóloga, mas eu ia anotar sim. Mas não acho as pranchetas.
Alguém abriu a porta e eu me assustei por um instante, mas logo voltei ao normal. Era o Andy com as pranchetas na mão esquerda e uma caixa de canetas na mão direita. Como ele abriu a porta? Não sei, mas ele é ninja as vezes.
– Oh... Estou interrompendo algo? –Ele perguntou com uma cara estranha, que eu admito, não entendi bem, mas...
– Não, não está. –Disse com um mini sorriso fofo. –Bom mas me dê uma prancheta e uma caneta, já que está com elas na mão. –Disse estendendo a mão em sua direção.
Ele me deu o que eu havia pedido e deixou o resto em baixo da mesa, e saiu em silencio algo raro para ele, normalmente sempre fazia uma piada ou um sorriso malicioso antes de sair, ao me ver numa situação como essa, mas não o fez. Por mais estranho que parecesse ignorei e continuei...
– Bom... Qual é o seu problema, ou sei lá o que é...
– ...Bom... Eu não sei qual é o meu problema... –Coloquei a mão na testa no sentido de “perdi meu tempo à toa.”
– Então por que está aqui?
– Eu queria conhecer a garota que havia dado um conselho tão bom para o Brian. –Ele disse um pouco sem graça e eu suspirei.
Achei que era algo sério, mas fingi que não me importava com aquilo, eu havia problemas maiores naquele dia.
– Err... Desculpa.
– Não tem problema.
Ele se levantou e abriu a porta, virou para mim e me deu um sorriso cintilante, que me fez recordar de quando era criança e meu irmão adotado me dava um sorriso parecido mas não igual aquele, quando eu chorava. Isso me deixou um pouco... Relaxada eu acho.
Fiquei ali deitada no sofá enquanto pensava como estaria meu querido irmão, que não via a quase 6 anos. Afinal, ele era adotado, meus pais morreram, e ele foi obrigado a sair da minha casa, já que o Sebastian tinha minha guarda eu não fui para um orfanato, mas Seby não conseguiu a guarda dele. Eu não me lembro qual foi o sentimento que me libertou da solidão que tive com aquela situação, só me lembro de quem me libertou, e que agora... está... em um hospital.
Acabei adormecendo depois de passar algum tempo pensando, quando acordei olhei as horas. Já havia passado 2 aulas. “Dormi de mais.” Pensei. Levantei e fui até a porta e à abri, saí e passei por aquele corredor com paredes brancas e olhei para ver se a aula já havia acabado ou se o professor ainda estava lá dentro. Ele ainda estava lá, então continuei andando e subi as escadas para o quarto andar. Isso mesmo minha sala fica no terceiro andar, e meu ateliê também. “Por que ela foi para o quarto andar?” vocês devem estar pensando, bem eu fui para lá para ir ao banheiro, e logo depois sequestrar a Carol. “Banheiro?” vocês estão pensando agora não é? Isso mesmo banheiro, eu passei todas as aulas e o recreio sem ir ao banheiro sabia? Eu também preciso ir ao banheiro sabe...
***

Enquanto isso na sala dela...
– Atenção para a chamada: Amanda
– Aqui
– Alex
– Presente
– Beatriz
– Aqui
– Brian
– Eu
– Bruno
– Aqui
– Melhor quem faltou?
– Ah... Garota nova sumiu. –Uma garota falou
– É mesmo. –Outra concordou.
– Ok. Mais alguém?
– Não, acho que não.
– Ok vamos começar então.
– Aí cadê a Ka...Katharina?
– Não sei... Ela ficou na sala quando eu saí.
– Ok então, talvez, ela esteja com alguém lá... Só talvez.
***
Voltando para a protagonista...
Vou passar na sala da Carol, e aí vejo se o professor foi embora, se ele estiver lá ainda... Eu vou pro ateliê. Eu normalmente iria embora mas minha carteira está na bolsa então... Não poderia ir a lugar nenhum. Que merda.
Fui andando até chegar a sala da Carol. Chegando lá bati na porta e pedi para a professora que a deixasse sair por um momento. A professora deixou, o que foi um pouco inacreditável, mas ok.
– O que foi Kat? Tudo bem?
– Simi estou bem. Só queria lhe perguntar onde a gente vai ficar essa noite.
– Ah na casa de um amigo da Bruna. –Ela me disse com um sorriso.
Admito que fiquei um pouco preocupada com essa fala mas aceitei numa boa.
– Ok. Onde ele mora?
– Não sei. A Bruna disse que é aqui perto. Ela disse que eles vão levar a gente lá depois da aula.
– Eles?
– Sim, o amigo dele também vai.
– Hum... Ok.
– Você ia no hospital hoje depois da aula certo?
– Sim.
– Por que não vai agora?
– Deixei minha carteira na sala.
– Ah... Quer que eu pegue suas coisas no final da aula?
– Como assim?
– O Andy disse que você esqueceu sua carteira com ele quando foi pegar seu lanche.
– Ah... Claro. –Disse fazendo uma cara retardada.
– Ele me deu. Pensei que você tinha vindo pegar ela. Está aqui. –Ela disse com um sorriso e me entregando a carteira.
– Obrigada. –Disse com um sorriso. –Então você pode pegar as minhas coisas no final da aula?
– Sim claro, pode deixar. Boa sorte.
– Valeu.

Continua...