Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 12
Ultimo suspiro


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoinhas, como vão? Eu vou bem, obrigada! asahushua
Gente, mas é um saco a gente estar escrevendo o capítulo aqui, de boas, e a mãe da gente perguntando o que eu to fazendo, por que to digitando tanto, é da escola? Me deixa viver, mulher. ashauhsauhs :3 Mais um capítulo para vocês. Um capítulo supremo para suprir os outros. Boa leitura,
~Soul



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Ela repousou a escova delicadamente em cima da penteadeira. Finalmente suas gavetas já estavam todas organizadas com seus pertences. Talvez, se possível fosse, quereria fazer algumas mudanças naquele pequeno quarto cinzento para que ele parecesse um pouco mais consigo. Olhou pela janela.

O crepúsculo de fim de tarde coloria o céu com roxo e azul-escuro vivos e apaixonantes. Saiu do quarto e trancou a porta. Lembrou-se de sua última experiência com estas mesmas ações e uma vontade impulsiva de visitar Lysandre consumiu o corpo da garota. Mais uma vez estava preocupada com ele. Não tivera notícias dele desde a noite anterior. Queria saber se ele estava bem, o que ele tinha, quem era, o que era... Ele a intrigava fervorosamente!

– Para onde você vai?

O coração da garota pulou. Não havia ninguém ali quando ela chegou no segundo andar do dormitório.

– Você me assustou!

Ele sorriu maliciosamente, mostrando as presas.

– Por que? Você tem medo de mim?

– Não! Você apareceu do nada...

– Você ainda não me respondeu.

Ela desviou os olhos.

– Eu...

– Se você mentir eu saberei.

Ela piscou.

– Existem diversas formas de se saber quando alguém mente. Até mesmo mundanos conseguem perceber isso. Imagine quando falamos de alguém com os sentidos bem mais aguçados.

Ela bufou e cruzou os braços.

– Estou indo ver Kentin. Não que isso tenha algo a ver com você.

– O cachorro?

Rain ergueu as sobrancelhas.

– Digo... O licantrope? – ele riu abafadamente.

Ela cruzou os braços e deu as costas ao garoto de cabelos vermelhos. No outro segundo, ele estava apoiando seu braço direito no ombro destro da menina. Ele tinha um cheiro tão bom!

– Então é verdade o que estão falando? Ele escolheu você? – sussurrou no ouvido dela.

– Me... Escolheu?

Ele a pegou pelo pulso e a girou, para se encararem.

– Você não sabe do que eu estou falando?

Rain negou com a cabeça.

– Sei... – ele a soltou. – Pois bem, não tenho mais dúvidas. Tenho certeza que ele escolheu você.

– Me escolheu para o que?

– Não vim aqui tirar as suas dúvidas, e sim as minhas. Tchau, Rain.

Por um milésimo de segundo, a visão da garota embaçou, e ele não estava mais lá. Rain bufou e voltou a descer as escadas. Assim que saiu do dormitório, uma silhueta feminina, que havia desencostado de uma das árvores, agora na penumbra, passou a andar em sua direção.

– Você se lembra de mim? – indagou, com um sorriso contagiante no rosto.

– Melody, certo?

– Isso mesmo. – sorriu mais uma vez – Sei que Kentin prometeu vir busca-la, mas ele está ocupado com as preparações do ritual. Você se atrasou um pouco, já deve ter começado... Enfim, eu vim busca-la, espero que não se incomode.

– Ah... Não, não me incomodo. Se Ken está ocupado... Digo, Kentin.

Ela sorriu mais uma vez.

– Vamos?

Rain assentiu. Elas andaram em linha reta na direção dos prédios duplos à direita do campus da Sweet Amoris. Passaram boa parte do tempo em silêncio, até que alguém, de cabelos dourados, segurou Rain pelo pulso para impedi-la de prosseguir.

– Oi Rain. Estava me perguntando se te veria hoje. Queria saber como foi seu primeiro de aula. – ele sorriu.

– Ah, oi Nathaniel! Eu gostei, sinceramente. – ela soltou uma curta risada – Estava tudo meio confuso, mas acho que peguei.

– Eu estava pensando que os conteúdos das aulas que você está frequentando estão um pouco avançados para você, mesmo que seja a sala mais atrasada. Eles começaram o ano letivo dois meses atrás... Pensei em te emprestar minhas anotações depois. ...Se você quiser, é claro.

– Eu adoraria!

– Oi Nathaniel. – Melody o cumprimentou rigidamente. Ela não havia notado que Rain havia parado de acompanha-la.

– ...Melody. – ele sussurrou. Rain percebeu o corpo do garoto enrijecer. O rosto dele emitia uma expressão de hesitação, ou algo parecido. Rain perguntou-se se ele fosse capaz de empalidecer, estaria mais do que o fato de ser vampiro o deixava.

Melody corou fervorosamente e sorriu um sorriso breve. Desviou os olhos dos dourados depois de poucos segundos de contanto visual.

– ...Vamos Rain. Não podemos nos atrasar. – disse com voz fraca.

– Ah, certo, desculpe. Até mais, Nathaniel.

Ele desviou os olhos para a morena.

– Tudo bem, até mais Rain. – sorriu fraco.

Elas continuaram o percurso em silêncio. Melody mais afastada, na frente, agindo estranhamente quieta. Depois de alguns minutos que pareceram que não iam passar, elas já haviam passado por uma faixa de terra que havia dentre os dois prédios e chegado a um grande campo de futebol americano. Escadas bastantes largas faziam a conexão.

O campo estava circundado com altas tochas de fogos. Um grupo de cinco pessoas de capuz e longas batas negras queimavam a grama com alguns símbolos desconhecidos.

– Por aqui, Rain. – Melody a tocou levemente. Parecia gelada demais para uma licantrope.

Elas desceram as escadas pintadas de tinta branca e tomaram a direção esquerda. Andaram sob uma estreita faixa de cimento que separava as escadas do gramado em direção a um grupo relativamente grande de pessoas vestidas casualmente.

Rain viu o garoto que ela sabia que atendia pelo nome de Dajan. Viu outros garotos e garotas desconhecidos. Quando se aproximou mais, viu Kentin apoiando suas costas e a perna direita em uma árvore, de olhos fechados, cabeça abaixada, semblante sério, enfiando os dedos médios e indicadores de ambas as mãos nos bolsos frontais da calça de estampa militar.

Rain se aproximou dele devagar, uma vez que Melody a havia deixado de acompanhar e todos os olhares estavam em cima dela. Ele notou a presença da garota antes que ela pudesse anunciar para ele que estava ali. Kentin abriu os olhos lentamente, e lindas esmeraldas pairaram sobre a menina. Ele sorriu, e desencostou-se do tronco de madeira, andou a passos rápidos em direção a ela, e a levou de volta pelo pulso para a faixa de cimento, longe de todos.

A garota corou pois sabia que todos os olhavam. Depois de darem alguns passos, ele a soltou, virou-se para ela e... A abraçou. Rain podia ouvir, sem nenhuma dificuldade, o batimento acelerado do coração do garoto. Ela tocou levemente as costas dele...

– (suspiro) Estou tão nervoso... – ele a apertou – E se algo não der certo?

Ela se afastou levemente.

– Vai dar. – ela sorriu – Não se preocupe, pequeno.

Ele aproximou seu rosto do dela e colou suas testas.

– Obrigado, morena. – foi a sua vez de sorrir – Ainda bem que você está aqui comigo.

– Sempre.

Uma voz masculina chamou pelo nome dele. Ele a soltou com relutância e se virou na direção em que a voz viera. Ele bufou, mas continuou os vendo se aproximando em sua direção. Rain, nas pontas dos pés, observou por cima do ombro do moreno. Tentativa falha, pois conseguiu ver apenas o topo da cabeça daqueles que se aproximavam. A garota deu um passo para o lado para observá-los melhor.

Eram dois garotos, de mesma altura, usando sobretudos pretos e botas com cadarços de mesma cor. Eles eram realmente parecidos, diferenciados somente pela cor dos olhos e dos cabelos, além de alguns acessórios no traje.

O garoto de cabelos escuros possuía várias correntes de ferro presas em sua vestimenta. O de cabelos azuis, por sua vez, tinha vários lenços de diversas cores escuras amarradas no pescoço.

– Alexy. Armin.

– Oi Kentin. – cumprimentou o garoto de cabelos azuis. – Então, essa é a garota que você escolheu? Vamos logo, precisamos fazer as marcas em vocês.

Ele virou de costas e voltou por onde tinha vindo. Kentin olhou para o outro garoto, que deu de ombros. O garoto de cabelos castanhos pegou na mão da morena e passou a puxá-la em direção ao caminho que o garoto de antes havia traçado.

– Kentin! – ela puxou sua mão – Me escolheu para o que?

Ele suspirou.

– Não é nada demais, Rain. Só... Confie em mim. Pode fazer isso?

– Passei toda a minha vida confiando em você, não vai ser agora que irei desconfiar.

– Ótimo. – ele sorriu.

Eles atravessaram o gramado e entraram em uma tenda, acompanhados do garoto que atendia pelo nome de Armin. Havia um círculo no chão, desenhados com possivelmente carvão, e várias velas o contornando, de diversos tamanhos, cores e com chamas de intensidades diferentes.

– Você já sabe o que fazer, não é? – indagou Armin.

Kentin assentiu com a cabeça e andou em direção ao círculo. Rain percebeu mais atentamente que o mesmo era composto por diversos símbolos com linguagens estranhas que se embaralhavam em sua mente.

– Esqueça. Você não vai conseguir ler. – Alexy aproximou-se dela. – É linguagem demoníaca, e uma mundana como você possivelmente terá um derrame cerebral se continuar encarando os símbolos. Não que eu me importe, faça o que quiser.

– Alexy! – censurou Armin. O outro jogou as mãos para o alto, simplesmente.

– Podemos terminar logo com isso? – indagou Kentin. Ele estava sentado no meio do círculo, sobre os pés, com as mãos nos joelhos, e sem camisa.

Alexy andou até uma mesa cheia de itens no canto, e pegou um artefato comprido e fino feito de mármore. Prosseguiu até o círculo e encantou uma linguagem antiga, altamente rebuscada, que fizeram a morena ficar tonta. Os símbolos brilharam em uma forte luz azul clara, e o garoto aproximou-se do outro e começou a traçar mais símbolos em suas costas, seus braços, seu peitoral.

O artefato queimava a pele do moreno, deixando cicatrizes escuras em sua pele. Eram símbolos curvilíneos, outros pontudos, com voltas e mais voltas. Aquilo deveria doer de verdade. Por mais que Kentin não gritasse de dor, percebia-se de longe que ele estava sofrendo. Rain sentiu alguém erguer levemente sua mão direita.

– Deixe isso com Alexy. – disse ele – Não se preocupe, todos os licantropes passam por esse preparativo. Eu vou cuidar de você. Você vai aguentar certo?

Rain olhou para ele. Seus olhos eram tão azuis quanto os dela. Não, os dela eram mais.

– O que você vai fazer?

– Uma dessas marcas. – ele riu quando a sentiu tremer – Só uma. Não posso dizer que não vai doer, mas você precisa aguentar isso por ele.

Rain olhou para Kentin. Ele suava e se contorcia em dor. Era torturante para ela vê-lo assim.

– Eu aguento.

Ele sorriu e andou até a mesa. Pegou um outro artefato, também de mármore, mas mais curto e grosso. Voltou onde a garota estava, ergueu sua mão direita, e desenhou um pequeno círculo, com uma ponta pontuda, ao lado do polegar. Havia queimado, mas não havia cicatriz, e sim algo como uma pintura negra.

– Pronto.

– Só? Achei que doeria mais.

– Você é masoquista? – ele riu. – Preste atenção, Rain, não é? Você vai precisar fazer esse símbolo no pulso dele, daqui a pouco. – ele mostrou uma gravura em um livro. – E ele vai fazer o mesmo em você. Com isso. – ele a entregou o artefato que acabara de usar. – Boa sorte.

– Espera! Como eu faço isso?

– É só passar um pouco de magia para o bastão. Não é necessário ser um feiticeiro para usar esse tipo de magia. É algo que até um bebê possa fazer.

– Mas... Eu não...

– Não se preocupe. Sei que você era uma mundana até dias atrás, mas você consegue.

Um homem de manto adentrou na tenda.

– Tudo terminado? – sua voz era grossa e imponente.

– Sim. – Kentin apareceu por trás de Rain.

– Certo. Vamos.

Mesmo que fizessem algum tempo que os homens de manto tivessem queimado a grama, as chamas que formavam os símbolos ainda queimavam vivamente. Rain notou que os símbolos formavam nada mais, nada menos que um lobo.

– É com cordial prazer que nesta noite de hoje assentimos você, jovem Kentin, como um membro da Caninus Lupus. Jurará que obedecerá todas as regras emitidas pela nossa organização, respeitará as decisões de seus superiores e protegerá seus irmãos.

– Eu juro.

– Serás defendido pelas nossas leis, e passará a ser um membro do exército de licantropes, lutando lado a lado com o irmão que a ti for designado como parceiro.

As chamas das tochas e das escrituras tornaram-se azuis.

– Onde estás teu escolhido, jovem licantrope?

– Vai. – Armin sussurrou e a empurrou.

Rain cambaleou, mas logo recuperou-se. Andou lentamente até um Kentin ajoelhado em frente a um homem de longas vestimentas negras com uma espada em mãos. Ela ajoelhou-se em frente ao garoto. Ele pegou no pulso esquerdo dela, e o levou até próximo de seu rosto. Beijou levemente os dedos dela, fazendo com que a garota corasse. Ela retirou devagar sua mão das dele e pegou o artefato que havia posto em seu bolso.

Ela sorriu para ele, e apertou com força o artefato até uma pequena luz vermelha brilhar na ponta. Era a vez dela pegar o pulso dele, e desenhar com alguma dificuldade a figura do livro de Armin. Kentin sorria para ela. Quando ela terminou, ele voltou a pegar seu pulso esquerdo e passou a desenhar o mesmo desenho. Era um V ao contrário, com as pontas cruzadas.

– Isso não vai sair. – sussurrou ele, segurando o riso.

– Ah, tatuagem? Minha mãe vai me matar!

Ele passou a ter alguma dificuldade para segurar o riso.

– ...Você me escolheu para o que?

– Você é a minha escolhida, Rain. Eu sempre escolheria você. Não tive que pensar muito para tomar essa decisão. A partir de agora nossas almas estão ligadas morena, e eu vou te proteger até o meu ultimo suspiro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem! Comentem! Comentem! :3
Até mais, beijos...
~Soul



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