Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 10
Balas de Prata


Notas iniciais do capítulo

... Oi gente! Como vão? Sim, eu sei que demorei, desculpem-me. Mas a escola realmente está beeem mais puxada do que o primeiro semestre. Me perdoem! Mais um capítulo para vocês! :3
~Soul
P.S.: Leiam as notas finais!



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As escadas espirais davam acesso a um vasto salão, com chãos e paredes cimentadas em um formato oval. Lamparinas mágicas e muito provavelmente antigas penduradas na parede com um fogo mágico amarelo mesclado com vermelho iluminavam o local.

A parede era realmente muito alta. Mais alta do que a muralha que cercava a nova escola da garota. Uma jaula com barras verticais separava a vistosa parede cinzenta. E atrás dela...

– É apenas um dragão, Rain. – ele segurava o riso.

– ... Um... Dra.. Gão?

Ela estava boquiaberta, com os olhos arregalados. Nunca tinha visto nada parecido. Quando imaginou o animalzinho de estimação da diretora, creu fielmente que seria um bichinho pequeno, peludo, que balança o rabo quando oferecemos biscoitos. Mas não. Claro que não. Tinha que ser diferente!

O grunhido que saia arrastado e arranhado da garganta do exótico animal era ensurdecedor e sua pele era coberta por escamas rígidas cinzentas. Tinha chifres saindo em espiral paralelamente no topo de sua cabeça e os músculos da sua mandíbula estavam à mostra, deixando os dentes pontiagudos visíveis.

O seu olho esquerdo estava fechado, com uma grossa cicatriz atravessando-o. Suas garras eram pretas e compridas, e a íris de seu olho negro era verde.

–... Incrível... – sussurrou.

– Ele é velhinho. – informou. – É um sobrevivente da última Guerra Demoníaca. A diretora o encontrou quando ela tinha, sei lá, uns três anos? E, reza a lenda, que estão juntos desde então.

– Lysandre falou algo sobre essa tal guerra.

Ele a olhou intrigado.

– Sério? – ele franziu o cenho – Sobre o que vocês conversaram?

– Basicamente, sobre mim.

– Ele estava curioso sobre você, então?

– Era o contrário. Eu que estava curiosa sobre ele. – ela sorriu.

– Não entendi.

– Ele é realmente bom em mudar de assunto, não? Falar nisso, ainda não descobri o que ele é. Obrigada. – ironizou.

– Se eu não tivesse estragado o maravilhoso momento a sós de vocês, sabe-se lá o que poderia ter acontecido a ele! Do que adiantaria saber a raça dele se ele estivesse morto agora?

Ela congelou.

– Você está exagerando... – sussurrou.

– Você está certa, eu estou. Ou talvez não.

Rain desviou os olhos do dragão e passou a encarar Castiel por cima do ombro. Olhos azuis nos cinzas... Um refletindo o outro.

– Castiel... – sussurrou.

– Hm?

– O que há com Lysandre?

Ele desviou os olhos e bufou.

– Pergunte isso diretamente a ele.

– Castiel! – ela se virou em direção a ele - Você já está aqui. O que custa me responder?

– Nada de ‘Castiel’. Isso é um assunto delicado, Rain. Espere aqui, vou pegar a mangueira.

– Mangueira? – ela virou-se novamente para a jaula – Ah, já tinha esquecido de você, Totó.

O garoto de cabelos escarlates reapareceu alguns minutos depois, com um balde, mangueira e escovas em mãos.

– Isso talvez demore um pouco. – sorriu ele.

– Ah, obrigada pela motivação. – desdenhou.

– Às ordens.

**

Ele se agachou e a puxou para fora do alçapão pelo pulso. As roupas de ambos, completamente molhadas, pesavam coladas contra a pele do corpo.

– Ele não parece ser muito fã de banho. – comentou.

O garoto deu de ombros.

– Se bem que ele realmente estava precisando.

A garota tremia pelo frio do ar da madrugada dos pés ao último fio de cabelo da cabeça. Como se não bastasse que o ar já fosse congelante por si só, ela ainda estava completamente molhada. Rain olhou para ele. O garoto parecia completamente inalterado pelo clima e as circunstâncias.

– Vampiros não sentem frio? – indagou com uma pontada de curiosidade na voz.

– Não. – disse, erguendo as sobrancelhas – Não vou dar minha jaqueta para você.

Os olhos da garota se arregalaram levemente.

– Nossa, quanto cavalheirismo, obrigada. – desdenhou – Eu não a queria de toda forma, ela também está molhada. Não sei de onde você tirou essa ideia. – ela revirou os olhos.

– Você estava encarando minha jaqueta.

– Não estava!

– Estava sim.

– Só estava olhando porque acho estranho uma pessoa não sentir frio, assim como eu sinto agora.

– Não sou uma pessoa. Sou um vampiro.

– Ah, você entendeu o que eu quis dizer! – ela revirou os olhos.

Ele riu.

– Que horas você acha que são agora? – ela indagou.

Castiel deu de ombros.

– Não sei. Três, três e meia? Acho que já passou da hora dos mundanos irem dormir.

– Não sou uma mundana!

– Ah não? E o que você é?

–... Não sei. – ela bocejou.

O garoto riu novamente.

– Viu? – no outro segundo, ele já havia passado por ela e a puxava pelo pulso – Vem, eu te levo.

–... Não... Precisa. – sussurrou. Não queria que ele escutasse, na verdade.

Ele a olhou por cima do ombro.

– Precisa sim. O campus está repleto de vampiros que estão loucos para darem uma mordida em você.

– Achei que fosse proibido morder outras pessoas dentro do colégio.

Silêncio.

– E é. – respondeu após alguns minutos.

Eles fizeram o caminho de volta em completo silêncio. Ele a deixou na porta do dormitório e acenou quando foi embora. Ela subiu as escadas, se trancou no seu quarto e deixou-se cair na cama. Estava exausta, era verdade, mas não conseguiu dormir. Seu cérebro trabalhava intensamente cada memória adquirida naquele dia. O cheiro dele não estava mais impregnado no travesseiro. Ela não reclamaria se tivesse.

**

O despertador tocou. Ela abriu os olhos e o empurrou para o chão. Não lembrava-se de ter dormido, e o sono que tinha parecia-lhe que não dormia há dias. Era seis horas e ela se levantou relutantemente. Andou até a penteadeira e olhou no seu horário colorido. Tinha aula daqui a uma hora, bufou. Andou até o banheiro, tomou uma ducha gelada revigorante e se dirigiu as suas malas.

Notou que ainda teria que arrumar suas roupas no guarda-roupa velho de madeira escura e revirou os olhos. Tirou uma calça jeans escura, uma camiseta preta e um all star comum. Vestiu-os e penteou os longos cabelos escuros completamente lisos. Saiu do quarto, lembrando-se de conferir se a porta estava trancada e se dirigiu ao prédio principal da Sweet Amoris.

O campus estava repleto de alunos corados e bem-vestidos. Rain percebeu em muitos deles algo que os caracterizassem como um feiticeiro, como um nariz de algum animal ou olhos de várias formas diferentes. Outros não possuíam nenhum traço em particular. Licantropes, talvez.

Ela chegou até o prédio principal, e pela primeira vez as portas duplas estavam completamente abertas, deixando o Sol entrar com louvor. Virou no corredor à direita do primeiro andar, e entrou na terceira porta de madeira, que também estava aberta. Ao lado, uma plaquinha de madeira dizia: Licantropes, turno manhã, turma 3.

Suspirou, e entrou na sala enquanto ignorava os olhares curiosos que mantinham sobre ela. Reparou, surpresa, que a sala era um pouco mais avançada em quesito histórico do que ela realmente achou que seria: uma lousa digital, uma estante branca de ferro repleta de livros encostada ao lado da mesma, no canto da parede; mesas e carteiras de ferro brancas com os assentos vermelhos acolchoados para duas pessoas e um ar condicionado na parte mais alta da parede à esquerda. O piso era cinza, brilhante, e as paredes e teto brancos. Na parede de trás, estava uma grande pintura gloriosa do símbolo da escola.

Viu os alunos em pé, formando círculos, conversando. Logo se sentiu deslocada. Nunca foi o exemplo perfeito de garota que se entrosava com todo mundo no primeiro minuto. Não era por menos que sua companhia de todos os momentos sempre fora Kentin. Rain se dirigiu a uma das cadeiras mais afastadas, no canto esquerdo da sala, onde havia, ao lado, uma janela grande de vidro fechada que matinha uma cortina branca imóvel.

Sentou e repousou a cabeça na mesa de ferro. Suas pálpebras estavam realmente pesadas. O longo cabelo escuro escorreu, e suas pontas, por milímetros, não encontraram o chão.

**

Sentiu cutuques em sua costela e se levantou em um pulo. Olhos levemente arregalados a encaravam com um brilho ansioso.

– Tem alguém sentado aqui?

– Não... – respondeu enquanto bocejava. Quando ela havia dormido mesmo?

– Legal. – sorriu. Ele manteve a mão pressionada firmemente na mesa e deu um giro perfeito, sentando-se ao lado dela.

Ele se aproximou da menina e sussurrou:

– Você deu sorte do professor ter se atrasado hoje.

Ela sorriu amarelo.

– Essa é a primeira vez que eu te vejo dormindo em sala. Quem é você, e o que fez com a Rain? – ele sorria.

– Você quer realmente falar sobre mudanças, Kentin? – sua voz saiu mais rígida do que ela esperava.

O garoto franziu o cenho e a encarou intrigado. Ela desviou o olhar.

– Precisamos conversar.

A menina assentiu com a cabeça, sem olhá-lo nos olhos. É verdade que ele tinha omitido fatos importantes dela mas, no fundo, ela sentia um horrível remorso de trata-lo assim. Era o Ken, afinal!

Um homem de cabelos escuros entrou na sala com um livro grosso de capa marrom debaixo do braço. Ele puxou uma cadeira qualquer, cruzou as pernas, abriu o livro e o repousou em suas coxas. Todos os alunos procuraram um lugar onde se sentar, sem que o homem dissesse nada. Quando todos se sentaram e o silêncio se tornou superior, o homem pigarreou.

– Vamos falar hoje sobre o que fazer se algum de vocês for atingido por uma bala de prata.

Rain se aproximou de Kentin.

– Ele não sabe usar a lousa digital? – sussurrou.

Kentin virou-se para ela surpreso por um único segundo, e no outro já estava sorrindo.

– Acho que não. Ele sempre palestra suas aulas assim...

– Cara, que desperdício. Na nossa antiga escola não tínhamos coisas assim! – pausou. – Duvido muito que eu vá acompanhar essa matéria.

– Essa é a sala dos iniciantes. As outras turmas já estão bem mais avançadas. A diretora deveria agendar aulas particulares para você...

– Todos os inimigos de vocês saberão que balas de pratas são vitais contra vocês, pois isso nada mais é que um conceito básico sobre lobisomens, como vimos em uma de nossas últimas aulas. No entanto, sendo vital ou não, mesmo atingido por uma delas, vocês ainda têm chances de sobreviver. – a voz autoritária do professor os interrompeu – Uma bala pode matar vocês instantaneamente quando, e somente se, for atingida no coração. Não que eu queria assustar vocês, mas seu corpo entra em uma espécie de combustão interna, e a dor é equivalente à de ser queimado vivo. Poucos segundos depois, vocês serão um montante de cinzas no chão. Mas... Se não for atingido nesse órgão, a combustão não é instantânea. Vocês sofrerão a dor, sim, é verdade, um pouco mais casta, mas ainda sim, mas se vocês forem curados a tempo, com certeza sobreviverão.

Ele girou uma página.

– Apenas feiticeiros, com as magias certas, podem curá-los. Eles não precisam ser especialistas nesta forma de magia, apenas ter o conhecimento sobre ela já é o suficiente, pois como um feitiço de suporte, não é necessário um nível mágico tão alto assim.

O homem respirou fundo para recuperar o fôlego.

– O tempo que você tem para procurar um feiticeiro equivale ao lugar onde o tiro o atingiu. Por exemplo, um tiro em uma perna ou um braço não seria tanto urgente quanto em um órgão, obviamente.

**

O sinal soou. Rain suspirou aliviada e levantou-se. Ao passar pela mesa, sentiu uma mão puxando-lhe o pulso. Os olhos verdes degustavam lentamente os azuis...

– Vamos finalmente conversar?

Ela assentiu devagar com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu e uma amiga virtual minha estamos recrutando pessoas para um grupo do wpp. :3 Pensei se alguma de vocês poderia queria fazer parte também, então, se quiserem, me deem seu wpp por MP que eu peço para adicionarem vocês! Voltando à fic, gostaram do capítulo? Comentem! Beijos e até o próximo!
~Soul



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