Contágio escrita por MrArt


Capítulo 108
Estação 6 - Capítulo 108 - (Não) Esconda a Verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!

Depois de tanta demora, voltei com os capítulos!! Há muita coisa pra acontecer ainda!

Boa leitura!



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Todo mundo estava bem atônito assistindo a comunidade completamente tomada por zumbis.

— Não vamos conseguir entrar. Não com a quantidade de pessoas em que estamos – Kei cruzou os braços, observando os portões completamente destruídos. Suspirou com a imagem a sua frente e preferiu não pensar no pior. Sabia que Bel estava ali dentro e ela com certeza havia feito alguma coisa, ela já havia vivido tempo demais nesse mundo para saber tomar uma decisão numa situação de risco.

— Juan não me responde, não sei o que possa ter acontecido – Falou Percy preocupado. Havia tentado contato com o amigo a horas pelo walkie talkie e obteve nenhum retorno.

— Então estão mortos – Concluiu Kei – Todos eles – Ozzy virou o rosto de lado, pensando em Taissa o tempo inteiro.

— Ei, sem tomar nenhuma conclusão precipitada, eles podem estar fugindo dos zumbis e não tem tempo de responder – Disse Fox, contrário a Kei. Ele segurava Matthew de forma mais confortável possível – Dizer que eles estão mortos é besteira. Juan é tão habilidoso como qualquer um de nós.

— Não tem como entrar, só avisando vocês – Disse Percy – Se estivessem vivos, acho que até a área 1 teria contido os zumbis, mesmo depois da briga que tivemos com eles. É burrice perderem uma zona segura dessas..., mas o que parece, não há mais ninguém lá dentro – Lamentou.

— Como o Fox disse, sem tomar nenhuma conclusão precipitada, eles podem ter se escondido em algum lugar! – Polly entrou no meio do assunto.

— Ou estão realmente mortos – Disse Scorpion ao lado de Polly, para o seu incomodo.

— Vão ficar discutindo aqui até a anoitecer? Temos trabalho a fazer! – Disse Robert incomodado com toda aquela conversa furada – E você não se intrometa, papi! Todo mundo sabe que você está aqui só por causa da Polly! – Olhou para Scorpion – Eu odeio todo mundo... – Bufou com todos os olhares para cima dele. Robert não queria ficar parado ali ouvindo tudo aquilo enquanto seus amigos podiam estar vivos e correndo perigo. Era detestável aquela situação para o loiro.

— ‘’Papi’’ – Kami riu, assim como Sky.

— Robert... – Polly se aproximou um pouco do ex-namorado – O que está fazendo?

— Só estou dizendo que isso tudo é completamente desnecessário – Respondeu – Quantas vezes nos enfiamos em hordas de zumbis e matamos quase todos eles? Isso não é nada comparado ao que passamos nos últimos meses e não venha me dizer que não sabe do que eu estou falando, por que de todo mundo aqui você foi a pessoa que mais causou problemas – Polly não disse nenhuma palavra e apenas engolia tudo o que Robert lhe falava.

— Acabou? – Foi a única coisa que pode lhe perguntar.

— Acho que acabou – Kei interviu no meio dos dois – Não é Robert?

— Acabei agora – Robert olhou furioso para Polly – Mas ainda tem muita coisa engasgada na minha garganta.

— O que deu em você? – A loira mais uma vez perguntou.

— Eu estou cansado de ver como as pessoas são mentirosas – Robert continuou e Kei desistiu de fazer alguma coisa para apaziguar a situação entre os dois – Eu infelizmente tive que viver com pessoas de todos os tipos de defeitos eu me acostumei com isso de algum modo. Só não aceito mentirosos do meu lado, e nunca aceitarei – Deu uma última encarada em Polly, que se perguntava o que havia feito de tão grave – Vamos invadir El Distrito e acabar com os zumbis, eu tenho um plano.

 

— Flashback –

2008. Seis anos antes do Contágio.

Robert estava no pátio da escola com o seu grupo de amigos, era intervalo das aulas então todos se amontoavam em uma arquibancada e se afastavam dos demais estudantes. Não que fossem antissociais, longe disso, só não se importavam com as pessoas fora do círculo de amizades que tinham. Sempre se reuniam no mesmo local e no mesmo horário para colocar o papo em dia e lanchar.

— O que você tem? – Robert perguntou para a sua namorada Tina, que estava entre os seus braços e parecia um pouco incomodada. Tina ficou alisando os seus longos cabelos castanhos de forma extremamente silenciosa, o que estava deixando Robert aflito.

— Eu estou bem – Finalmente respondeu, sem sequer olhar para o seu namorado – Eu quero ir embora – Bufou.

— Tem certeza que está bem? Alguém fez alguma coisa para você? – Perguntou como se houvesse feito algo de errado e ela não quisesse falar – Por favor, me diz.

— Eu já falei que quero ir embora, Robert! – Elevou a voz e chamou a atenção de seus amigos na roda – Está surdo agora? Eu vou para casa sozinha hoje, não precisa me levar.

— Está certo... – Robert respondeu um pouco cabisbaixo.

Robert e Tina se conheceram havia seis meses e rapidamente começaram a namorar depois de um baile que aconteceu na escola. Estavam bem felizes no começo e ambos se entediam perfeitamente, mas o relacionamento começou a declinar repentinamente nas últimas semanas e Robert percebia isso, preocupado em perder sua namorada. Robert já não tinha seus pais presentes e pensar em perder sua namorada era a pior coisa do mundo.

Continuaram naquele clima tenso e não trocaram nenhuma palavra sequer durante todo o tempo em que ficaram ali. Seus amigos perguntaram o que havia acontecido, mas ambos respondiam que tudo estava bem, o que era uma mentira que estava estampada na testa do casal.

O restante do dia na escola foi um completo tédio. Robert e Tina não eram da mesma sala, mas sempre trocavam mensagens durante as aulas, o que não aconteceu naquele dia. Robert ficou parado em seu lugar a maior parte do tempo tentando não dormir enquanto os professores falavam e sua mente apenas pensava no que ele havia feito.

Finalmente o sinal de fim das aulas foi tocado e Robert foi o primeiro a sair da sala e não demorou muito para encontrar Tina indo em direção a saída. Puxou a namorada para a biblioteca, que já estava vazia.

— O que está acontecendo com você? – Robert perguntou cruzando os braços, Tina revirou os olhos e se encostou em uma das mesas de estudo – Me evitou o dia inteiro, foi grossa comigo e fica agindo como se nada houvesse acontecido.

— Eu estou irritada apenas, só isso – Respondeu Tina, agindo realmente como Robert havia falo.

— Mas parece que não é só comigo.

— Isso não é verdade – Disse debochadamente.

— Então admite que está irritada e não quer admitir.

— Robert, me dá licença, eu tenho que ir para casa – Tina tentou sair da biblioteca, mas Robert a impediu.

— Está querendo terminar, é isso? – Robert dessa vez que estava irritado – Fica agindo por aí que nem uma folgada só para dizer que não quer mais comigo. Só está piorando tudo.

— Acho que nosso relacionamento se desgastou, eu não quero mais ter nada, Robert – Cada palavra que Tina dizia era um tiro que Robert levava em seu peito – Você é bom demais para uma pessoa como eu, e também não quero mais nada com você. É isso – Disse sem ter sequer um pingo de compaixão do loiro, que estava completamente desnorteado por dentro.

— Beleza – Robert mordeu o lábio inferior, olhando para o lado – Acabou, então?

— É, acabou – Tina tirou a aliança de compromisso que havia recebido de presente de Robert e a devolveu – Com licença... – Tina dessa vez saiu da biblioteca sem ser impedida, deixando Robert sozinho.

Robert seguiu para sua casa olhando o tempo inteiro para a calçada, pensando em como sua vida estava um completo fracasso. Não tinha mais seus pais, estava morando de favor com Sasha e não tinha uma expectativa para sua vida quando se formasse da escola. Era horrível.

Continuou seguindo seu caminho até que sentiu fome e por sorte havia algumas moedas para comprar um milk-shake numa lanchonete perto daquela região. Ao entrar no estabelecimento, rezou para que o dinheiro desse para comprar a bebida, e após muitas orações, havia conseguido pagar.

Enquanto saboreava a bebida, abriu o seu celular de teclas e ficou observando algumas mensagens na caixa de entrada e não havia nada que tivesse ali para matar o tempo, exceto alguns joguinhos que o enjoava rapidamente. Ficou mais alguns minutos na lanchonete, até seus olhos se arregalarem com quem viu entrar.

— Tina?! – Sussurrou para si mesmo de forma assustada. Sua agora ex-namorada não havia visto ele ali e foi se sentar na última mesa da lanchonete e uma garçonete foi atende-la – Mas o que... – Viu um rapaz entrar na lanchonete, mas só passou a dar importância para ele quando se sentou ao lado de Tina e então, lhe deu um beijo.

Um beijo.

— O que diabos é isso?! – Robert foi até a mesa de Tina aos berros e a moça empalideceu no mesmo instante. Todos na lanchonete voltaram sua atenção para eles – Você terminou comigo para ficar com ele?! – Apontou seu dedo para o rapaz, que parecia constrangido com a situação – Sua mentirosa! – Robert bateu por debaixo do cardápio que Tina segurava, fazendo este ser arremessado para o outro lado da lanchonete – Nunca mais eu quero te ver na minha frente.

Depois do escândalo que Robert fez, ele foi embora da lanchonete ainda com sentimento intenso de mágoa dentro de si. Não suportava saber que Tina terminou com ele e não contou a verdade, e o pior de tudo, foi saber através dele mesmo. Depois daquele dia, Robert nunca mais falou com Tina e esqueceu que um dia os dois tiveram um relacionamento.

 

— Albuquerque – Novo México -

 

— Tem certeza que quer seguir com essa ideia? Não acha arriscado demais? – Kei perguntou e Robert assentiu confiantemente. Percy, Ozzy, Fox e até mesmo Scorpion foram favoráveis a ideia do loiro, exceto Polly.

Entrar em uma das torres de vigia da cidade e atrair zumbis para ela enquanto o restante da equipe fazia a limpeza era a ideia de Robert. Mesmo que todos os que ficaram na cidade pudessem estar mortos, ainda tinham chance de recuperá-la e fazer funcionar novamente. Polly achava que a ideia era um suicídio, mas Robert não lhe deu ouvidos.

— Star vai ficar com o Matthew no ônibus, qualquer coisa é só acionar o walkie-talkie, você tem autorização para sair daqui caso tudo dê errado – Robert falou para a moça de cabelos verdes – Entendeu?

— Claro – Star assentiu. Little Boy estava ao seu lado e prestava atenção em cada detalhe, ansioso.

 – Ótimo.  Percy e Ozzy vão em ajudar a entrar e matar alguns zumbis que estão no portão, o restante deixem comigo, vou atrair todos eles para a torre de vigia oeste – Apontou para a estrutura vista atrás dos muros – Soltarei o primeiro sinalizador para atrair os zumbis e depois o segundo para vocês entrarem e começar a limpeza. Podem usar qualquer método para matar eles, sei que todos aqui são capazes disso – Suspirou.

— Por que tem que ser você para fazer isso? – Polly perguntou, ainda contrária a ideia.

— Por que eu dei a ideia e eu não sou nenhum imbecil incapacitado – Robert disse amarrando um colete em seu corpo, dado por Percy – Se estou vivo até hoje, é por que eu criei meu próprio mérito de sobrevivência.

— Besteira – Polly cruzou os braços.

— Que seja... – Robert colocou sua arma sinalizadora presa ao cinto. Kei agora portava um rifle dado por Percy, mas ainda estava com facão preso ao coldre e o restante do grupo estava devidamente armado com facas e outras armas de fogo.

— Robert – Falou Kei colocando algumas balas no rifle – Pode mudar de ideia ainda. Eu mesma posso fazer isso.

— Já falei que sou eu e ponto final – Robert olhou seriamente para Kei.

— Beleza – Kei levantou as duas mãos, concordando de vez com Robert.

— Estou pronto – Robert assentiu. Estava um pouco trêmulo com o que ia fazer, mas sempre confiante. O plano dele tinha grandes chances de dar certo, mas também grandes chances de dar errado e causar uma catástrofe ainda maior. Mas nesta situação, agora, era bater ou correr – Vamos lá tentar resgatar essa cidade – Robert suspirou fundo e caminhou em direção a El Distrito.

Logo que chegaram nos portões da cidade alguns zumbis os notaram e foram até eles, Percy e Ozzy rapidamente mataram alguns deles a distância e depois com golpes de facões. Robert conseguiu desviar deles com sucesso e correu na maior velocidade possível até a torre.

A adrenalina de Robert estava as alturas e naquele momento ele só focava em entrar naquela torre. Alguns zumbis agarravam sua roupa, mas devido sua velocidade, o soltavam no mesmo instante. No calor do momento, não percebeu um zumbi de porte alto surgir em frente da porta de acesso a torre, fazendo Robert parar no mesmo instante.

— PORRA! – Robert gritou. Em menos de um segundo ficou cercado pelos zumbis e se viu na beira da morte, até que viu a porta da torre ser aberta e o zumbi alto ser baleado na cabeça.

— ENTRA! – Taissa puxou Robert para dentro da torre e rapidamente fechou a porta – Você está bem?! – Taissa perguntou, ofegante.

— Caralho – Foi a única palavra que Robert pode pronunciar no seu estado de choque – Eu quase morri agora. Quase morri! – Robert engoliu sua saliva com dificuldade tremulamente e se apoiou na parede antes que caísse devido sua tremedeira. Só notou Taissa ali depois de algum tempo – Como soube que eu estava lá fora?

— Vi vocês chegarem até aqui com todo mundo. Quando você entrou correndo em direção a torre, vim direto abrir aqui – Taissa puxou Robert e os dois subiram as escadas.

Assim que chegaram ao topo Robert viu Athena deitada no chão com Juan entre os seus braços, ela pressionava um pano ensanguentado no abdômen do latino, enquanto havia uma faca bem ao seu lado. Athena de todos ali, parecia a mais cansada.

— Robert... irmão – Juan disse fraco ao ver o loiro.

— O que aconteceu? Onde está o restante do grupo? – Robert perguntou para qualquer um ali. Enquanto esperava uma resposta, pegou sua arma sinalizadora e foi para a janela, mirou para o céu e atirou. Rapidamente, todos os zumbis da cidade começaram a se concentrar na torre – Eu fiz uma pergunta! – Olhou para os três.

— Estão todos mortos. É uma longa história – Disse Taissa – Depois lhe contamos.

— Vocês viram o que aconteceu na cidade? Tem mais gente viva? – O loiro tornou a perguntar.

— Quando chegamos os soldados estavam atirando em todo mundo e um deles nos rendeu e nos fez entrar aqui – Falou Taissa um pouco nervosa – Depois ouvimos uma explosão e em minutos a cidade estava cheia de zumbis. Foi tudo muito rápido. Não sabemos se alguém sobreviveu – Lamentou – Como está o Ozzy?

— Ele está lá embaixo, está a salvo dos zumbis – Robert foi até a janela da torre novamente e viu que quase todos os zumbis agora haviam rondado por completo a torre, havia alguns dispersos pela cidade, mas não representavam tanto perigo – Ainda há soldados vivos? – Robert viu na multidão pelo menos três zumbis fardados.

— Parece que agora não – Falou Taissa.

— Porra... – Robert bateu as mãos na janela – Agora é com eles – Mirou mais uma vez a arma sinalizadora para o céu e atirou, dando sinal para a equipe entrar e começar a fazer a limpeza. Não demorou muito e começou a ouvir o barulho das armas disparando.

— O que vai acontecer agora? – Perguntou Taissa preocupada com Ozzy. Robert se sentou e encostou seu corpo na parede, cansado – Robert! O que vai acontecer agora?!

— Vamos esperar – Suspirou cansado. Agora, estava torcendo para que tudo desse certo, pois agora, ele não tinha mais força alguma para tentar salvar El Distrito.

 


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!!!



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