Passos rápidos e precisos rondavam as ruas da Albuquerque. Kei, Taissa, Ozzy, Juan, Athena, Fox e praticamente todos os outros atiradores de El Distrito ora atiravam em zumbis ora atiravam para o alto com sinalizadores. Havia gente o suficiente para conseguir fazer as hordas se dissiparem, mas todo o cuidado era pouco.

— Vamos nos dividir – Disse Juan, com sua shotgun em mãos – Kei, Ozzy e Fox vão atrás de Robert e Polly. A equipe de Percy vai levar uma parte dos zumbis em direção às montanhas e o restante ficará comigo. Vamos desviar a rota dos zumbis para a rodovia principal – O moreno limpou o suor de sua testa.

— Todos se reúnam na cidade novamente até o pôr do sol – Falou Kei carregando sua sniper – Se o plano falhar, se preparem para cortar cabeças em El Distrito. Vamos! – Disse por fim e então seu trio saiu pelas ruas da cidade. Taissa ficou desesperada por ter que se separar de seu namorado, mas a operação de Kei era a mais perigosa no momento e Ozzy não queria arriscar a vida da moça.

— Boa sorte! – Percy deu um abraço caloroso em Juan e Athena, e logo em seguida seguiu com a sua equipe.

Sobrou naquela rua próxima aos portões da cidade: Juan, Athena, Taissa, Brian, Pac e Eliza. Em questão de segundos correndo pelas ruas de Albuquerque encontraram o primeiro grupo de zumbis indo em direção à comunidade, próximos a uma praça completamente vandalizada.

Enquanto atiravam ou acertavam os zumbis com facões e machados, Athena preparava um coquetel molotov. A ruiva não parecia muito tranquila com a ideia de zumbis estarem se aproximando enquanto ela preparava uma arma mortal no meio da rua.

— Precisamos disso agora! – Gritou Pac, furando o olho de um zumbi com um cano.

— Já vai, não sou o flash! – Athena murmurou, fazendo uma chuva de xingamentos para todo mundo ali.

— Venham para cá! – Gritou Juan para o grupo de zumbis, tentando leva-los para a rota embelecida. Eliza e Brian matavam os que se aproximavam demais deles e de Athena, que logo terminou o seu coquetel.

— Pronto! – Athena se levantou, segurando o artefato acendido.

— Eu estou ficando sem... – Assim que Taissa acertou o machado na cabeça de um padre zumbificado, a lamina quebrou.

— Joga isso agora! – Juan vociferou empalando dois errantes de uma vez.

Athena lançou o coquetel no grupo de zumbis e logo uma enorme chama seguida de uma cortina de fumaça negra surgiu. As labaredas consumiam as carnes podres dos zumbis, que imediatamente morriam devido ao fogo. Passou-se menos de um minuto, até alguns zumbis começaram a sair do fogo, completamente de pés.

— Isso é impossível... – Juan via alguns zumbis tropeçarem nos corpos de outros, todavia, outros rastejavam normalmente até eles.

— Parece que não está dando certo só aqui – Brian ouvia tiros descontrolados do outro lado daquela região.

— Vamos usar os sinalizadores em algum lugar. Só assim eles irão para a rodovia! - Falou Juan. O moreno deu uma rasteira em um zumbi que apareceu na frente dele – Não podemos deixar de jeito nenhum que eles cheguem até El Distrito.

Rapidamente pegaram todas as suas coisas no meio da rua e se afastaram dos zumbis e matavam outros que apareciam pelo caminho.

Taissa estava desesperada com o tiroteio do outro lado da cidade. Não tirava de sua cabeça o que podia estar acontecendo com Ozzy e com todos os outros. O rapaz era a única pessoa que havia restado na vida de Taissa e ela não podia perde-lo de jeito algum.

— Flashback –

Dia do Contágio. Taissa estava completamente perdida em seus pensamentos naquela mesa de escritório abarrotada de papéis. Quer dizer, ela não estava perdida por causa de tanto trabalho, mas sim por causa do novo rapaz que havia sido contratado e sua sala ficava bem à frente da dela.

Sua vida estava tão parada após terminar com seu então namorado Lenny, que não ligava para mais nenhum homem na sua vida, nem mesmo seu chefe Robbs, que era endeusado pela maioria de suas colegas de trabalho. Tampouco pensava em seu ex-namorado, apenas queria seguir sua vida e se concentrar na sua carreira, que ao seu ver, seria promissora e extremamente brilhante.

Mas o rapaz novo não estava ajudando naquilo.

— Isso está atrasado. A três dias – Taissa saiu de seu devaneio quando Robbs entrou em sua sala – Taissa! – Ele gritou ao ver que a moça estava em ‘’outro mundo’’ mais uma vez.

— Ah – Taissa olhou seu chefe de cima a baixo e sorriu – Vou terminar isso em uma hora.

— Eu espero – Robbs tirou uma pasta de debaixo do seu braço – Tome isso aqui.

— O que é isso? – Taissa perguntou, folheando as páginas da pasta.

— Assine e depois passe para o Ozzy. O rapaz da sala da frente – Falou. Imediatamente os olhos de Taissa brilharam com o que Robbs havia acabado de falar – Me entendeu?

— Completamente – Respondeu.

— Ótimo. Quero tudo pronto em uma hora! – Disse. Logo saiu da sala, deixando uma Taissa completamente feliz.

— Pode deixar – Taissa sorriu de orelha a orelha.

Taissa colocou a mão na massa e em questão de minutos todo o seu trabalho estava pronto. Toda a papelada estava organizada, assinada e empacotada. A loira analisou o conteúdo da pasta e assinou no mesmo instante.

Antes de sair de sua sala, ajeitou seu sobretudo e a saia, penteou os cabelos e segurou elegantemente a pasta. Estava pronto para sair, quando um imprevisto aconteceu.

— Seu desgraçado! – Gritou para um de seus colegas de trabalho, que havia passado correndo e a derrubado, espalhando todos os papéis da pasta.

Ozzy viu aquilo e rapidamente saiu de sua sala e foi ajudar a moça.

— Ei, está tudo bem...

— Lógico que não está! – Taissa foi rude até perceber que era Ozzy à sua frente – Quer dizer.... Pode me ajudar?

— Ah. Claro – Ozzy se abaixou e começou a recolher todos os papéis junto com a moça.

— Era para você... – Disse Taissa, baixinho.

— O que? – Ozzy encarou a moça, confuso.

— Os papéis, digo – Taissa engoliu a própria saliva, nervosa.

— Papéis...? – Ozzy se fez de desentendido – Ah, claro! O Robbs me avisou – Se levantaram do chão após recolherem tudo.

— Está aqui – Taissa entregou a outra parte que estava consigo para Ozzy – É só assinar e levar de volta para o Robbs.

— Falando nele... – Ozzy viu Robbs aparecer no corredor, correndo desesperadamente – Aconteceu alguma coisa?

— Saiam daqui! Agora! – Robbs começou a gesticular as mãos, induzindo-os a correr.

— Isso é jeito de tratar os funcionários? – Taissa cruzou os braços.

— Então morram aí, desgraçados! – Robbs passou por eles e correu para a escada de emergência.

Segundos depois, um batalhão de pessoas daquele andar começou a sair de suas salas e fugirem por onde Robbs foi.

— Mas o que... – Taissa e Ozzy eram separados pela fileira de pessoas que corriam.

— Isso não é bom – Taissa viu uma das moças da limpeza atacar um rapaz que trabalhava ao seu lado e outros dois funcionários do andar de cima morderem o segurança daquele andar – Isso definitivamente não é bom!

— Realmente! – Ozzy ouvia gritos vindos tanto dos andares superiores como dos inferiores – Vamos sair daqui! – O moreno agarrou as mãos da loira e então se dirigiram a saída de emergência, começando a sua jornada no apocalipse.

— Albuquerque -

— Por aqui! – Eliza gritou. O grupo correu até o Estádio Universitário e a horda continuava atrás deles.

— O portão está fechado! Precisamos pular! – Juan colocou sua arma nas costas e rapidamente escalou a cerca de grades.

Em questão de segundos a horda de zumbis havia chego e se amontoava nas cercas, cercando-os rapidamente. Eliza e Taissa ainda não haviam passado para o outro lado e a dificuldade só aumentou quando as criaturas fétidas apareceram e as agarram pelos tornozelos.

— Cacete! – Taissa balançava o pé agressivamente para que os zumbis a soltassem enquanto Athena e Brian a puxavam.

— Se esforça, você consegue! – Juan gritou para Eliza, que passava pela mesma dificuldade que Taissa.

Juan ouviu um grito aliviado de Athena, indicando que haviam salvo a vida de Taissa. O moreno ainda continuava naquela disputa com os zumbis de pegar Eliza. Pac fazia esforço e matava alguns zumbis na cerca, mas nada resolvia, uma vez que mais e mais zumbis apareciam por ali.

— Me puxa logo! Eu não quero morrer! – Eliza havia encravado as unhas no braço de Juan, e só começou a soltá-las quando sentiu as primeiras mordidas em suas pernas – Droga! Por favor, me tira daqui! – A moça gritou e logo em seguida as criaturas a puxaram para eles, sumindo com a mesma em questão de segundos.

— Não! – Juan colocou as mãos na cabeça. Havia sangue nas partes de seu braço marcadas pelas unhas de Eliza.

Já não era possível ouvir os gritos de ajuda da moça.

Athena puxou Juan para longe das cercas, que começava a balançar. Taissa, Brian e Pac já se encontravam logo à frente, correndo em direção à entrada central do estádio. Havia alguns errantes dispersos pelo estacionamento que rastejavam até o grupo.

— Está trancada! – Taissa chutou a porta. Havia um cadeado que dava várias voltas na maçaneta.

— Nada que eu não possa resolver – Brian era alto e extremamente encorpado. Rapidamente o rapaz desfez o cadeado com uma batida de seu cotovelo.

— Meu Deus... – Taissa virou a cabeça para Brian e assentiu – Parabéns!

— Zumbis logo à frente! – Pac foi o primeiro a entrar no estádio, mirando sua arma para o corredor escuro que se seguia até outra porta.

— Espera, eles estão vindos! – Gritou Brian – Entrem! – Fechou-a assim que Athena e Juan entraram.

— Onde está a Eliza? – Taissa perguntou com um olhar assustado.

— Não deu para salvá-la – Juan respirava pesadamente. Brian abaixou a cabeça, entristecido ao receber a notícia.

— A cerca caiu, precisamos dar um jeito de sair daqui. E rápido – Athena prendeu seus cabelos ruivos com um grampo e logo pegou sua arma.

— Por aqui! – O grito de Pac fez eco no corredor – Me desculpem...

Todos foram até Pac. A porta logo à frente deles estava um pouco vandalizada e não havia nenhuma dificuldade para passar dela. O pior seria o que estivesse atrás dela.

Taissa era a única que não portava uma arma de fogo e isso estava deixando-a apreensiva, uma vez que utilizava apenas uma faca após perder seu machado para o último zumbi que matou. Athena se encontrava do mesmo jeito, mas devido sua grande habilidade com armas de corpo a corpo, não seria um grande problema matar zumbis.

Assim que Pac abriu a porta, o sol invadiu o corredor e deram de cara com o campo de futebol, e de brinde, vários jogadores do esporte completamente transformados como zumbis.

— É sério que eles nem fugiram do estádio? – Taissa perguntou, pegando um extintor de incêndio preso à parede.

— O surto em Albuquerque começou no estádio – Falou Brian, vestindo suas luvas marrons – Tentaram isolar essa área, mas foi rápido depois e todo mundo começou a se atacar.

— Precisamos chegar até a torre de transmissão – Comunicou Pac – Por onde estamos só vai nos atrasar.

— Como nos atrasar se esse é o caminho mais rápido? – Juan cruzou os braços, irritado.

— Quer enfrentar mais zumbis daquela horda? Com certeza prefiro passar pelo campo e matar aqueles jogadores que foram mal para caralho no último jogo – Pac rangeu os dentes.

— E por que ir até as torres de transmissão? – Perguntou Athena – Podemos usar o campo para disparar os sinalizadores.

— Nas torres temos uma visão melhor da cidade – Comentou Brian – Dá para ver de tudo.

— Então, vamos ir logo com isso – Taissa viu a porta de entrada ao estádio começar a arrebentar.

— Nós três – Disse Juan e logo começou a contar – Três!

Athena matou de cara um zumbi que estava próximo a porta e abateu mais alguns, deixando o grupo seguir em frente. Taissa, Juan e Pac abateram quase todos os zumbis jogadores e até mesmo alguns líderes de torcida. Enquanto subiam nas arquibancadas em direção às torres, Brian foi apreciar um especifico zumbi.

— Anthony Dallas – Brian botou o pé na barriga do zumbi que aparentemente havia sido morto por Juan – Você sempre foi ruim – Riu sarcasticamente.

— Você só pode estar brincando – Athena passou por Brian, correndo – Cuidado!

— O que?! – Brian olhou confuso para Athena e logo sentiu uma dor absurda em sua coxa – Porra! – O moreno começou a pisotear a cabeça do zumbi após receber a mordida. Athena veio logo em seguida para botá-lo para baixo.

— Você está... – Athena se afastou de Brian.

— É só fazer um curativo – Respondeu. Olharam para trás e logo viram novamente a horda aparecer – Precisamos ir até eles. Agora.

Juan saiu da torre de transmissão ao ver a horda invadir o campo do estádio. O rapaz se desesperou ao ver Athena e Brian ali parados e começou a gritar, mas parou ao ver Athena levantar seu taco de beisebol para o rapaz alto.

— Athena! – Brian se afastou levemente com dificuldade, uma vez que Athena se aproximava dele com o taco, com um olhar nada agradável – O que você vai...

— Brian, me desculpe. Você só vai nos atrasar – Athena bateu com o taco na cabeça do rapaz e o mesmo caiu no chão instantaneamente,

— P-Pare! – Brian começou a gritar desesperadamente enquanto era espancado até a morte por Athena – N-Não! – Juan assistia tudo aquilo em silêncio.

— Me desculpe... me desculpe – Athena largou o taco no chão após ter certeza que Brian estava morto. A ruiva rapidamente subiu até as arquibancadas antes que as criaturas chegassem até elas.

Logo que chegou na torre de transmissão encontrou Juan parado e boquiaberto. Não pensou duas vezes em abraça-lo e derramar algumas lágrimas ardidas em seu ombro. Taissa e Pac podiam ver o corpo de Brian ser devorado pelos zumbis enquanto atiravam com os sinalizadores para os céus de Albuquerque.

— O que aconteceu lá embaixo?! – Taissa foi até Athena e Juan, ainda segurando o sinalizador.

— Brian foi mordido, eu tinha que fazer alguma coisa! – Athena limpou as lágrimas de seus olhos, tentando não demonstrar tristeza.

— Você o matou?! – Pac gritou.

— Ei! Fala baixo! – Disse Juan vendo que os zumbis se afastavam do estádio, seguindo a luz no céu. Havia sobrado apenas um pequeno grupo que comia os restos de Brian.

— Ele ia nos atrasar! – Exclamou Athena – Quer mesmo um cara mordido na perna enquanto fugimos de uma horda?

— Podíamos ter salvo a vida dele! – Pac segurava sua arma sinalizadora com toda a força possível.

— Nós não podíamos ter feito nada! – Athena ficou frente a frente para Pac, até que o mesmo retirou sua faca do coldre - Seu amiguinho já era!

— EI! – Juan imediatamente entrou na frente de Athena. Não conseguia nem ao menos gritar quando foi atingido. Sua arma caiu no chão, assim como seu próprio corpo logo em seguida.

— JUAN! – Athena gritou ao ver uma enorme mancha de sangue começar a surgir na roupa do moreno, que caiu no chão

— Merda... o que eu fiz?! – Pac estava paralisado.

Taissa assistia aquilo aterrorizada, apenas se via no lugar de Athena e Ozzy no de Juan, apenas morreria junto com ele caso acontecesse. Seu sangue começou a ferver e sua cabeça esquentar enquanto ouvia o choro cheio de remorso de Pac.

— Eu não quis fazer isso... – Disse Pac tentando se livrar da culpa, enquanto Taissa se aproximava dele – Taissa, vai fazer o... – Se calou.

Taissa pegou a arma de Juan que estava no chão da torre e apontou para o rosto de Pac, e então, atirou.