Escola de Assassinos escrita por James Fernando


Capítulo 4
Capítulo 4: Dia da Inspeção


Notas iniciais do capítulo

Meu aniversario é dia 23 de julho. Então, quem sabe, vocês, leitores fantasmas, não agradem esse pobre escritor e comentem?



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Depois de ouvir broncas e berros e quase levar vassouradas, William teve que limpar o orfanato junto de Pedro que uma vez ou outra lhe mandava olhares raivosos.

– Cara feia pra mim é fome... – disse William e riu antes de sair correndo.

Depois de quase trocarem socos e chutes, Sra. Dobbs foi obrigada pela diretora Newton a ficar vigiando os dois.

Nem mesmo William acreditava em sua ousadia. Uma semana atrás, ele teria tropeçado no pé de Pedro e ainda pedido desculpa. Hoje, mesmo sentido medo, ele não abaixava a cabeça.

Depois de terminar no orfanato e ao mesmo tempo ter que dar pausas para cozinhar o jantar na casa da Sra. Dobbs, William se lembrou das roupas de Pedro e teve que segurar a vontade de rir, principalmente por perceber que estava de barriga vazia desde o café da manhã. Ele foi ate a lavanderia, e mesmo já passando das oito da noite, ele estendeu as roupas que agora eram rosa no varal. Quando cozinhava o jantar, ele aproveitou para guardar a carta na gaveta de sua cômoda em seu quarto.

Ele foi para a casa. Sra. Dobbs já tinha jantado e no momento em que ele entrou na casa, ela se encontrava na poltrona na sala lendo um livro. Nem uma palavra foi trocada entre os dois, e pra falar a verdade, ela nem se deu ao trabalho de o olhar, sua atenção era no livro que devia ter mais de quatrocentas páginas. Sem querer irritar a bruxa, ele foi direto para a cozinha. Por mais que quisesse ler a carta imediatamente, seu estomago roncava em protesto por estar vazio. William havia feito sopa, macarrão com legumes. Ele gostava de se gabar – pra si mesmo já que não tinha com quem conversar, mas às vezes com a cozinheira do orfanato, Dona Bartira – sobre seus dotes culinários, o que de fato ele era muito bom. Mas como não ser já que ele teve que começar a cozinhar aos sete?

Ele lhe preparou um prato com a sopa, sentou-se a mesa e começou a comer. Enquanto comia, ele viajou em seus pensamentos. Lembrou-se que em nove dias faria aniversário. Vinte e três de julho era a data de seu aniversário, e naquele ano, dois mil e quinze, William Blake completaria treze anos. Mais um aniversário sem festa, sem bolo, sem amigos.

Ele terminou de comer e foi lavar a louça e assim lhe deu tempo para tomar banho depois.

Já tomado banho e usando seu pijama, uma calça de moletom azul marinho e uma blusa de moletom também azul marinho, trancou a porta de seu quarto, acendeu o abajur, pegou a carta na gaveta de sua cômoda, se sentou na cama e abriu o envelope. De dentro tirou dois papeis dobrados do tamanho de uma folha sulfite.

Ele leu a primeira linha da primeira folha:

ESCOLA DE ARTES E HIPERATIVIDADES DE HAWKPHURTS

Ele leu essa primeira linha, mas algo estava errado. Foi então, que lendo uma segunda vez, ele leu sobre a primeira linha o que realmente estava escrito:

ESCOLA DE ASSASSINOS E PSICOPATAS DE HAWKPHURTS

Diretor: Elther Wandorf

(Ordem de Hassan, Assassino de Primeira Classe, Mestre Samurai, Mestre Espadachim, Mestre Ninja, Perito na Arte de Matar Sem Armas, Especialista em Duas Espadas)

Prezado Sr. Blake,

Anunciamos com o devido prazer que o senhor tem uma vaga na Escola de Assassinos e Psicopatas de Hawkphurts.

O ano letivo começa na primeira segunda-feira de setembro.

Aguardamos sua presença no Transatlântico de Nizar que deixará o porto de embarcação destinado ao seu país na sexta-feira que antecedera a segunda-feira, primeiro dia de aula, exatamente às 18 horas da tarde. Alunos que estiverem com essa carta não pagam passagem.

Estamos também lhe enviando anexado uma lista com os devidos materiais necessários.

Se você tem pensamentos mais rápidos que qualquer um, sente vontade de cometer algo errado e anseia conseguir se controlar para não ferir o próximo, então isso não é um engano, Hawkphurts é o lugar perfeito para você aprender a se controlar e aprimorar as suas habilidades hiperativas.

Para confirmar sua vaga na escola, favor entrar em contato no seguinte e-mail: escoladehawkphurts@nizar.net.nz

* Caso o Sr./a nunca tenha ouvido falar de Hawkphurts, favor informar no e-mail a seguinte citação: Desejo confirmar o que está escrito na carta seja real.

Um guia será lhe enviado para explicar e acompanhar em sua viagem – caso aceite sua vaga – ate os portões de Hawkphurts.

* É necessário que seu guardião legal autorize a sua entrada em Hawkphurts.

Atenciosamente,

Erik O’Connell

Diretor Substituto

Ao terminar de ler, a primeira coisa que passou pela cabeça de William foi chamar a policia, a segunda foi queimar a carta e ir dormir e a terceira foi enviar um e-mail pedindo a confirmação de que aquilo tudo fosse real.

Ele releu mais três vezes. Definitivamente ele deveria chamar a policia. As emoções conflitantes que se manifestaram em William o fez esquecer-se da tal lista com os materiais necessários. Vendo que já passava da meia-noite, decidiu pensar naquilo quando fosse dia. Guardou o envelope com as folhas dentro da gaveta da cômoda, colocou o relógio antigo sob a cômoda, se deixou cair como uma pedra na cama e pulou um metro e caiu no chão ao ser espetado por uma mola.

– Ai... – resmungou de dor. – Hm... Seis anos... Somente mais seis anos e eu estou fora dessa tortura...

Ele se levantou sentindo o rosto vermelho por ter batido ele no chão. Deitou-se com calma na cama, achou uma posição mais confortável e ali adormeceu.

Os dias se passaram sem dar tempo de William pensar na carta, pois de uma hora pra outra, Sra. Dobbs triplicou o seu trabalho escravo. A casa deveria estar brilhando e todas as tarefas domésticas feitas até às dez da noite. No orfanato, ele tinha que fazer o mesmo, mas com um pequeno infortúnio a mais: Pedro. O valentão também ficou de castigo ate o fim das férias, e junto de William, os dois deviam deixar o orfanato apresentável.

Sábado chegou, oito dias desde em que ele recebeu a carta, e seria o único dia de descanso para os dois, pois o inspetor do governo estava a caminho do orfanato.

William acordou antes das sete horas da manhã, não por que quis, apenas por que estava acostumado. Já arrumado, ele foi preparar o café da manhã para a Sra. Dobbs, apesar da folga, ele sabia que se ela não encontrasse nada na mesa pronto para devorar, quem iria sofrer era ele com as tarefas que ela o obrigaria a fazer. Ele também aproveitou para tomar um café da manhã reforçado. Foi ate a geladeira e pegou o leite, ovos, manteiga, fermento. Foi ate o armário e pegou a farinha. Em poucos minutos, William estava fazendo panquecas com melado, bacon e ovos fritos, café, leite com chocolate, suco de laranja e tudo o que ele conseguiu fazer com o que tinha na casa.

Ao terminar de arrumar a mesa com aquele banquete, ele se serviu. Sra. Dobbs se juntou a ele meia hora depois e nenhuma palavra entre os dois foram trocadas, mas ao olhar pra ela, William sabia que ela queria conversar com ele logo depois do café.

Se não fosse a diretora do orfanato, Caroline Newton ter obrigado a Sra. Dobbs a ficar no orfanato, William sabia que iria ver a bruxa somente à noite, pois naquela hora, ela já estaria a quilômetros de distância do orfanato, tudo pra não ter que atuar na frente do inspetor.

Assim que terminou, Sra. Dobbs se levantou.

– Quero falar com você depois que terminar aqui. – ela disse e foi ate a sala.

William retirou a mesa e lavou a louça.

– O que será que ela quer? – se perguntou.

Suspirou pesadamente. Ele estava com medo de que a bruxa lhe tirasse o dia de folga. Mas não adiantava ficar ali, plantado na cozinha esperando que algo lhe salvasse. Suspirou mais uma vez e foi ate a sala.

Sra. Dobbs estava sentada em sua casual poltrona com um livro na mão. Era um livro diferente de todos o que William já estava acostumado a ver a tutora lendo. O livro em questão era grosso, devia ter aproximadamente umas oitocentas páginas ou mais. Sua capa era um vermelho vinho e nela tinha um circulo prata com um Z também prata no centro da capa e nela estava escrito: Nizar – Uma História de Sangue e Tradição. O livro parecia já ter uns dez anos.

Nizar, pensou William, Esse nome me é familiar.

No mesmo instante, tentando aparentar normalidade, Júlia Dobbs guardou o livro no meio de uma pilha de outros livros sob a mesa ao lado da poltrona.

Júlia o fitou por trás daqueles óculos. William teve a impressão de que ela iria lhe falar algo importante, mas desistiu na ultima hora. Ela suspirou.

– Como sabe, o inspetor mandado pelo governo estará vindo hoje no orfanato. – ela disse. – Sendo assim, não quero lhe ver no orfanato hoje, ainda mais depois daquilo que você fez com as roupas daquele delinquente. Já basta ter que fingir gostar daqueles pirralhos, eu não preciso ter que ainda fingir gostar de você e muito menos separar brigas de crianças. Como não quero ter que correr o risco dele vir ate em casa, você esta liberado dos serviços de hoje. Mas lembre-se, se eu te pegar ou o inspetor te ver no orfanato, Pedro será liberado das tarefas e você fará tudo sozinho, estamos entendidos?

William segurou a vontade de revirar.

– Sim, senhora. – ele respondeu prontamente.

Júlia suspirou como se tivesse ganhado mais trinta anos de idade. Ela estendeu a mão e pegou um livro qualquer e o começou a ler, William entendeu que aquela era a deixa para ele se retirar.

Ele foi direto para o quarto, tomou cuidado ao se deitar na cama. Ele tinha um sentimento de algo errado em sua vida – além do fato de ser órfão e não saber quem e onde estão seus pais. Algo lhe dizia que a Sra. Dobbs estava lhe ocultando algo e que ela estava disposta a falar, mas desistiu. Se fosse pra chutar, ele arriscaria afirmar que a tutora sabia exatamente quem eram seus pais e o que aconteceu com eles e o que estava acontecendo com ele nos últimos dias.

Ele mergulhou em seus pensamentos por uns dez minutos antes de ouvir passos no corredor e logo em seguida a porta da frente se abrindo e logo em seguida sendo fechada indicando que a Sra. Dobbs foi para o orfanato. William se sentou na beirada da cama e bocejou. Seu olhar foi direto para a gaveta da cômoda onde estava a carta. A carta!

Ele pegou a carta e a leu.

Aguardamos sua presença no Transatlântico de Nizar... Nizar...? – então ele se lembrou. – O livro! Será que tudo isso é verdade? E o que aquela bruxa estava fazendo com um livro sobre esse tal de Nizar?

Só tinha uma coisa a se fazer. Ler o livro. William dobrou a carta e a guardou no bolso da calça e foi direto para a sala. Procurou no lugar em que a tutora o colocou, mas ele não estava lá. Ele o procurou na sala inteira, mas não o encontrou. Foi ate o quarto dela e também não o achou. Deveria estar com ela.

Então aquele sentimento de que ela realmente estava lhe escondendo algo voltou mais forte. Ele tinha que descobrir o que era. Perguntar diretamente estava fora de questão, pois ela jamais lhe responderia.

Ele voltou para o seu quarto e mais uma vez se deitou e colocou o seu cérebro pra funcionar. Como ele recebeu uma carta pra estudar em uma escola sendo que ele nunca se escreveu pra nada? Se o Nizar da carta era o mesmo Nizar do livro, o que isso queria dizer? Então, como se tivesse acabado de levar um choque, a resposta veio como um passe de magica.

Se a escola é real, então existe somente um meio dele ter uma vaga na tal escola. Se aquelas habilidades que ele estava começando a descobrir é algo normal para os alunos da tal escola, mas nem todas as pessoas do mundo as têm, então só pode ser hereditária. Então, praticamente, quem estuda na tal escola significa que os pais também estudaram lá. E pra eles saberem de William, eles devem ter arquivos sobre ele e sua família. E só tinha um meio de descobrir isso sem ter que perguntar para a Sra. Dobbs.

Ele iria enviar um e-mail para o endereço eletrônico descrito na carta. Ele estava decidido, iria tirar essa história a limpo. Agora só faltava um computador com acesso a internet, coisa que não tinha na casa da Sra. Dobbs. O único computador acessível pra ele, pois não tinha dinheiro para ir a uma Lan House, era o computador que se encontrava sobre a mesa da sala da diretora do orfanato.

Com a carta no bolso da calça, William passou a manhã toda espionando o orfanato e procurando uma chance de invadir o escritório da diretora e usar o computador.

O inspetor era um homem com cara de nerd. Usava óculos, seu cabelo parecia ter sido lambido, sua roupa social parecia ser um pouco largas pra ele o deixando parecer ser um magricelo. Porém, sua voz era de um profissional. Ele não parecia ser intimidado por Sra. Dobbs e a diretora que viviam andando ao lado dele tentando se apresentarem como pessoas, e não como as bruxas que eram. Os órfãos pareciam ter saído de um filme militar, ate mesmo Pedro teve que se vestir e agir como um filho de pastor e não como delinquente que era. A cena de Pedro agindo como um nerd em que as mães mais esquisitas se orgulham foi hilário e por pouco a Sra. Dobbs não o flagrou rindo ate que sua barriga doesse.

A oportunidade perfeita surgiu na hora do almoço, quando todos se se sentaram à mesa junto dos órfãos – incluindo o inspetor Charles Alvorada e a diretora junto dos funcionários – e agiam como se fossem socializados. Ate mesmo Dona Bartira teve que aturar as indiretas do Sr. Araújo.

Apesar da fome que sentia, William optou por invadir o escritório da diretora enquanto todos estavam distraídos almoçando e tentando passar na inspeção. Os órfãos seguiam as ordens da diretora e da Sra. Dobbs pelo simples motivo: havia uma chance de vir pessoas muito piores que as duas. Já William achava isso muito difícil de acontecer. Ele já tentou ser mandado para o sistema, mas por alguma estranha razão, ele não conseguia fugir das garras da Sra. Dobbs.

William deu a volta pelo lado de fora do orfanato e sutilmente entrou pela porta da frente sem chamar a atenção. Ele não entrou pela janela do escritório pelo simples fato dela ter grades.

O único som que se ouvia dentro do orfanato eram os dos talheres em contato com os pratos e a conversa entre a diretora e o inspetor sobre o fato do governo esta cogitando a ideia de disponibilizar a verba para a reforma do orfanato e a compra de um veículo novo.

Ele suspirou tentando se acalmar e não chamar a atenção para o Hall de entrada. Nas pontas dos pés, ele caminhou ate a porta, pegou na maçaneta e a girou. Estava aberta. Ele soltou o ar que nem sabia que estava prendendo.

Ele entrou e fechou a porta atrás de si. O escritório era de certa forma, tradicional. As paredes tinha um tom de rosa salmão. As cortinas eram brancas com babados. Estantes com livros enfeitavam o lugar. Havia a mesa de madeira já de época com os objetos de escritório e com um computador moderno. Duas cadeiras para visitantes diante da mesa. Dou outro lado havia dois sofás e entre eles uma mesa de centro com um jogo de porcelana para tomar chá. Nas paredes também havia quadros antigos de pessoas. Havia também uma porta que levava ao banheiro particular do escritório.

Mas apesar daquele ambiente parecer simples e acolhedor, William não podia deixar de lado a sensação de estar na sala de estar de uma bruxa daquelas que se vê em filmes de terror.

Lutando contra a sua vontade de dar meia volta e nunca mais entrar naquele lugar, ele se forçou a ir ate o computador. Por sorte, já estava ligado. Estava aberto em uma página de relacionamentos. Lendo o perfil da diretora, ele achou que uma única frase faria o mesmo sentido daquele texto: Procura-se um homem rico para eu viver à custa do idiota.

Minimizou a página, entrou no e-mail dele. Pegou a carta em seu bolso, a desdobrou e leu o que deveria escrever e escreveu:

Desejo confirmar o que esta escrito na carta seja real.

William Blake

Orfanato Doce Coração

Rua Carneiro Florido, 75

Vila Isabel

Rio de Janeiro – RJ

Brasil

Para o seguinte e-mail:

escoladehawkphurts@nizar.net.nz

Ouviu passos, o som de saltos altos que a diretora usava aumentar cada vez mais. William rapidamente fechou a página da internet e maximizou a página em que a diretora havia deixado. Ele se levantou para correr e tentar se esconder no banheiro, mas o som da maçaneta girando o fez se abaixar rapidamente.

Ele ouviu a porta se abrir, mas parou repentinamente e levantou a cabeça discretamente e viu somente a mão da diretora na maçaneta pela fresta da porta. Ela havia parado para falar com alguém que logo William percebeu estar na sala de jantar.

– Já volto... – ela disse e entrou no escritório.

William se escondeu atrás da mesa. A diretora foi na direção o oposta, ela foi direto para o banheiro. Ele levantou a cabeça a tempo de ver a porta do banheiro sendo fechada. Ele olhou a porta do escritório, estava aberta.

Ele se levantou o foi ate a porta encostado-se à parede pra não ser pego por ninguém. Discretamente, verificou se ninguém estava no Hall de entrada do orfanato. Estava deserto, mas não por muito tempo. Ele saiu do escritório e correu o mais rápido que pode ate a porta da entrada e a abriu ao mesmo tempo em que ele ouviu o som aumentando na sala de jantar indicando que já estavam terminando de almoçar e alguns estavam se retirando.

Com o coração faltando sair pela boca, ele fechou a porta de seu quarto atrás de si e se deixou escorregar pela porta de madeira e se sentar no chão encostado na porta.

Suspirou varias vezes ate que seu coração se acalmou. Enfiou a mão na gola da camisa e de lá retirou o relógio. A única lembrança que tem de seus pais, segundo a própria Sra. Dobbs lhe disse quando ele tinha quatro anos. Mas ela não lhe disse com um tom de simpatia, em sua voz continha veneno, acusação e ódio. Sim, pensando agora, definitivamente ela conhecia seus pais e por algum motivo, contra a vontade dela e dele, Sra. Dobbs foi obrigada a criar William. Ele só desejara que ela tivesse sido obrigada a trata-lo com um filho dela. Agora ele tinha certeza de que tinha agido certo quando enviou o e-mail para a tal escola. Agora era só aguardar e logo ele teria suas respostas e quem sabe, no fim das férias de julho ele estaria a caminho para estudar em Hawkphurts.

Ao ouvir um som bem conhecido por ele.

– Mas antes... – disse William guardando o relógio debaixo da camisa e se levantando. – Vou acalmar a fúria da minha barriga com um bom prato cheio de comida...

E lá se foi ele para a cozinha do orfanato, tomando cuidado para não ser pego. Dona Bartira lhe preparou o prato e ele voltou para a pequena casa e se sentou à mesa da cozinha e almoçou.

O resto da tarde se passou com William relaxando no parque Jardim da Princesa. Em certa hora, ele decidiu testar as suas habilidades. Ele correu pelo caminho em volta do parque. Ele correu por vinte minutos, deu mais de cinquenta voltas em alta velocidade, e sem ficar realmente exausto. Era oficial: ele era mais rápido que as outras pessoas. E também notou que quando corria, sua visão acompanhava tudo facilmente e às vezes ate parecia estar vendo tudo em câmera lenta. E teve um momento critico, enquanto corria, uma mulher com um carrinho de bebê cruzou seu caminho. Quem sabe se ele já estivesse acostumado, ele teria conseguido parar, mas no momento aquilo era impossível, seus pensamentos eram rápidos, ao analisar a mulher, deduziu que ela não passava de um metro e setenta e três centímetros de altura, tendo isso em mente, por puro instinto e reflexo, sem diminuir a velocidade, William saltou. Seu corpo ficou leve, ele sentiu como se a gravidade não existisse pra ele. Seu coração estava acelerado, mas não estava exausto, e sua visão era como uma super câmera. Ultrapassando um pouco mais dos dois metros, William praticamente voou por cima da mulher e em seguida caiu como uma pena e assim que seu pé tocou o solo, automaticamente, ele começou a correr causando uma rajada de ar na mulher que apenas observava tudo com os olhos esbugalhados.

Quando deram seis horas, William já estava a caminho do orfanato e ele se sentia mais vivo do que nunca ao mesmo tempo em que se sentia sem vida. Ele sentiu como se um buraco dentro dele aumentasse. Era aquele mesmo sentimento que ele sentiu na escola. Seu corpo clamava por sangue. Com muito esforço, ele conseguiu trancar esse sentimento, mas ele sabia que ele iria voltar e mais forte.

Ao virar na calçada do orfanato, algo de cara já chamou sua atenção. Na mureta, ao lado do portão, havia algo. Conforme se aproximava o estranho objeto ganhava forma e logo sua visão de certa forma melhorada visualizou o que era. Era uma ave.

William estranhou o fato. Não era comum se ver um falcão na cidade, ainda mais em pé sobre um muro tão baixo.

O falcão tinha penas lindas, um castanho acobreado. Quando William já estava a uns vinte passos do portão do orfanato, ele viu que o falcão tinha em torno dos cinquenta centímetros e que não tirava aqueles olhos castanhos selvagens dele. William se sentiu incomodado com aquele olhar. Era como se ele dissesse que William era a pessoa que ele estava procurando.

A ave abriu as asas assim que William já estava a uns dez passos do portão e levantou voou cantando. William se sentiu no alto de uma montanha ao ouvir o canto do falcão que com uma velocidade surpreendente, desapareceu no céu.

Ao entrar no orfanato, descobriu que o inspetor já havia partido. Sra. Dobbs se encontrava sentada no canto da mesa de jantar enquanto lia uma revista de fofoca. Ela o olhou e algo chamou a atenção de William. Ela parecia ter visto um fantasma, mas tentava disfarçar.

– Não precisa fazer o jantar hoje, Dona Bartira esta fazendo feijoada. – disse Júlia.

William segurou a imensa vontade de dizer eca. Ele detestava feijoada pelo simples fato do feijão ser preto. Sra. Dobbs sabia muito bem que ele não gostava daquela refeição, e sabendo disso, William não pode deixar de pensar que ela o estava castigando de alguma coisa que ele fez. Definitivamente, ele preferia fazer o trabalho escravo a ter que comer aquela refeição.

– Tudo bem. – ele respondeu pensado rapidamente. – Não estou com fome.

Ela levantou os olhos e o fitou. William viu um deslumbre de um lampejo de escárnio dos olhos dela.

– Mas é claro que você esta com fome! – William se sentiu encurralado. Ela estava aprontando algo. – Você não comeu nada desde o almoço. E não me diga que comeu algo na rua, pois você não tem dinheiro... A não ser que... – ela estreitou os olhos. – Você tenha roubado... Se isso aconteceu, eu serei obrigada a te proibir de sair de casa...

William notou que ela disse aquilo como uma chantagem. Era como se ela soubesse da carta.

– Não! – ele disse se rendendo. Se a tal escola é mesmo real, ela queria ir e pra isso ele precisaria da permissão da bruxa. – Eu não roubei e nem comi nada durante a tarde. Juntarei-me a todos na hora do jantar.

Ele saiu dali notando o sorriso perverso dela. Mais seis anos. Ele tinha que conseguir sobreviver mais seis anos e estaria livre. Ele suspirou e foi direto para a casa da Sra. Dobbs.

William aproveitou que a Sra. Dobbs iria ficar o tempo todo ate a hora do jantar no orfanato para ir assistir televisão.

Duas horas se passaram e ele estava torcendo para que a bruxa houvesse se esquecido dele, mas ao ouvir o som da porta se abrindo, ele soube que não tinha sorte nenhuma. Rapidamente ele desligou a TV e fingiu que estava apenas tirando um cochilo. Ele ouviu a porta sendo fechada e os passos do sapato dela em contato com o piso em direção à sala. William abriu os olhos fingindo que tinha acabado de acordar no momento exato em que a figura da Sra. Dobbs entrou na sala.

Ela o olhou e mesmo ele fingindo estar com fadiga, seus olhos entre abertos, William a viu estreitando os olhos. Ele tinha certeza que ela sabia que ele estava assistindo TV, o que ela já tinha proibido fazia anos. Ela suspirou.

– O jantar já esta pronto! – disse ela e se virou para sair da casa. – Vamos!

Por um milagre que William não tinha certeza se iria se repetir, ela deixou o assunto da TV de lado, mas por outro lado, ele tinha que ir jantar uma das comidas que ele mais detestava. Ele não tinha nada contra quem gostava da comida, apenas achava que a pessoa tinha um péssimo paladar.

Derrotado, ele se levantou e seguiu a bruxa ate o orfanato. Sra. Dobbs fez questão de lhe servir. Seu prato estava cheio de comida e a maior parte era de feijoada completa. William segurou a vontade de chorar. Só tinha uma coisa que ele gostava do porco: bisteca e bem passada, o resto, ele fazia ignorar que existia, mas naquele dia, ele não poderia lhe dar aquele luxo, afinal, uma feijoada completa continha carne de porco, mas nenhuma dos vários pedaços era bisteca. Em seu prato, havia um pé de porco e ao ver aquilo, seu estomago quis pedir licença e correr para o banheiro e jogar tudo o que ele comeu nos últimos dias. William pegou seu prato e se sentou a mesa junto de todos os órfãos e funcionários do orfanato e rezou para não vomitar na frente de todos e lhes dar um motivo para caçoarem dele.

Depois do jantar que William fez questão de ser o primeiro a se levantar e sair discretamente para o banheiro da casa em que ele vivia desde que se entendia por gente. Por sorte, ele não devolveu o jantar, mas ficou com o estomago pesado e por isso, ele se trancou no quarto e foi dormir mais cedo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Bom? Ruim? Desiste?
Como podem ter lido, eu meio que... me inspirei em Harry Potter para escrever essa fic, mas não é Harry Potter, essa fic é sobre assassinos, psicopatas e de pessoas pertubadas que deviam estar em um maniconio, mas ao invés disso, tem um proprio país cheio deles.

Será que alcanço pelo menos os 5 reviews?

Gente, passem nas minhas outras fics: "A Mutante em Forks", "Arte e Desejo", "A Filha de Zeus em Forks" e "Uma Super Garota Nada Normal".

Leu? Comente. Gostou? Divulgue. Amou? Recomende.

Pagina oficial da fic no facebook: James Fernando - Fanfics
https://www.facebook.com/jamesfernandofanfics

Meu exemplar do livro que publiquei acabou de chegar, e modestia parte, ficou incrivel. E se não gostarem da capa, existe mais três disponiveis no site. O livro contém magia, aventura, ação, mistério, suspense, mutantes (não os x-mens), dragões, vampiros, uma guerra a caminho. Eu arrisco afirma que pode ser uma mistura de Harry Potter, Percy Jackson, Dragon Ball (no sentido das lutas), e é claro, o nascimento de um romance.
https://clubedeautores.com.br/book/146998--O_Ladrao_de_Vidas#.UpFurMRwrKp

Proximo capitulo ate sabado, sexta, terça ou quarta, não sei, mas pode acabar sendo postado antes.

Ate o proximo capitulo...