Escola de Assassinos escrita por James Fernando


Capítulo 5
Capítulo 5: História de Vida


Notas iniciais do capítulo

Agoram conheçam um pouco da verdade...
Obrigado pelos reviews...



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William sonhou que estava em um tipo de porto subterrâneo cheio de barcos. Parecia que tudo estava pegando fogo e havia pessoas encapuzadas, sons de laminas se chocando uma com a outra, espadas, facas, lanças, tudo parecia estar sendo lançadas e uma boa parte parecia estar o perseguindo. Ele não sabia onde estava, mas sabia que estava sendo carregado por alguém, um homem. Tudo aquilo parecia uma zona de guerra. Apesar de sua visão limitada, ele viu corpos caindo. Sangue pingou nele e parecia estar caindo do rosto do homem misterioso.

Ele acordou assustado. O quarto estava abafado. Sua roupa estava grudando em seu corpo e ele estava todo transpirado. Sua respiração estava arfante, seu coração acelerado.

Esse sonho. Ele já havia sonhado com esse mesmo sonho várias vezes, mas havia parado e agora retornou com força. Ele odiava esse pesadelo, pois ele não sabia se aquilo era sonho ou uma lembrança de quando era apenas um bebê.

Ainda sentindo o efeito que aquele sonho teve em si, William ouviu vozes e viu que estava escuro, mas a luz atravessava por debaixo da porta. Ele se sentou e viu no relógio digital que ainda era vinte e três e cinquenta e três minutos da noite. Faltavam sete minutos para a meia noite. Sete minutos para o seu aniversário de treze anos.

Ele prestou atenção nas vozes. Eram duas. E uma delas era conhecida. Uma delas pertencia a Sra. Dobbs. A outra era masculina. Pelo tom, parecia ser alguém que já viveu uma vida não muito agradável. Pareciam estar discutindo algo e que deixou William com uma sensação de que ele não deveria estar ouvindo. Isso só atiçou ainda mais a sua curiosidade. Ele encostou-se à porta e ouviu atentamente a conversa.

– Ah, não me venha com esse moralismo barato, Alistair... – William ouviu a voz de Sra. Dobbs contendo todo o seu descontentamento. – Durante treze anos vocês não se deram nem ao trabalho de se informarem como ele estava, e agora que ele já tem idade para se tornar uma marionete nas mãos daqueles corruptos, vocês estão preocupados? Faça-me favor...

William engoliu seco. Não precisava ser nenhum gênio para saber que eles estavam falando dele.

– Júlia, não me diga que você se apegou ao menino... – se William tivesse que chutar, pelo tom da voz, ele diria que o homem não devia ter mais de quarenta anos.

– Treze anos é muito tempo. – foi a resposta de Júlia Dobbs. William custou a acreditar no que ouviu. Como assim a bruxa se importa com ele? Onde estavam as câmeras?

Ele ouviu o som da risada contida do homem.

– Em todo caso, o menino respondeu a carta. – disse o tal homem que se chamava Alistair. – Querendo ou não, todos os figurões já sabem da existência dele, e apesar de tudo, ele é o herdeiro da casa dos Baker e logo a noticia se espalhara e aqueles que odeiam o sangue dele irão atrás de vingança. Ele precisa aprender a se defender.

Ele levou a mão à boca para não se revelar. Como assim ele tinha inimigos? E que coisa era essa de Baker? O sobrenome dele é Blake e não Baker... A não ser que... Talvez seja o sobrenome de sua mãe ou pai, vai saber se eles não eram separados, talvez ele nunca tenha recebido o sobrenome de seu pai. Essa é uma possibilidade.

– Estou ciente disso no momento em que o acolhi. – Sra. Dobbs respondeu amargamente. – Também estou ciente de que não fui muito receptiva com ele, mas... Ele é famoso, e não de uma maneira boa...

– Eu sei... – em seu tom de voz, Alistair parecia cansado. – O coitado do menino terá que passar por muitas coisas, mesmo sendo inocente dos pecados dos pais, ou melhor, da família...

William sentiu seu coração dar um tranco. Seus pais... O que isso queria dizer? O porquê de todo esse mistério?

– Tudo bem... – disse Sra. Dobbs parecendo vencida. – Irei conversar com ele amanhã. Volte somente do dia dois de setembro, no dia da embarcação, pois não vejo necessidade de ter que aturar a sua companhia por mais nenhum minuto.

– Já entendi o recado. – William ouviu Alistair dizer e notou que ele estava sentado no sofá, pois ouviu o som dele se levantando. – Volto no dia dois de setembro pra levar o menino para a escola. Também foi um prazer em te rever, Júlia.

William sabia que ele estava sendo sarcástico. O som dos passos indicava que ele estava indo para a porta da frente. Ele sentiu a presença de alguém forte passar próximo ao seu quarto.

– Feliz aniversário, William Blake. – ele sentiu seu corpo gelar ao saber que foi descoberto. – Nos conheceremos formalmente em um pouco mais de um mês...

William correu ate sua cama, ao passar pela cômoda, ele viu a hora no relógio, já era meia-noite. Ele ouviu o som da risada do homem que parecia estar se divertindo e logo em seguida a porta da frente se abrindo e fechando. Alistair havia ido embora.

– William! – ele ouviu a Sra. Dobbs lhe chamar. – Venha ate aqui, temos que conversar.

Não adiantava fingir que estava dormindo, ele tinha certeza que ela sabia que ele estava ouvindo a conversa desde o momento em que ele acordou. A conversa... Aquilo ainda não lhe descia. Sra. Dobbs se preocupando com ele? Só pôde ser pegadinha.

William se levantou buscando a coragem para encarar sua tutora e saiu do quarto. Ao chegar à sala se deparou com Sra. Dobbs sentada em sua casual poltrona. Ela retirou os óculos e indicou o sofá.

– Sente-se... – ela disse. Sua voz não parecia estar com raiva, apenas cansada da vida.

William se sentou sem saber muito bem como começar a conversa. Ela suspirou.

– Bom... Como você já deve ter percebido, você é... Diferente. – começou Sra. Dobbs.

Se ser um psicopata com pensamentos homicidas é ser diferente, então definitivamente William se sentia diferente. Ele concordou com a cabeça.

– Há muito tempo atrás, quase mil e quinhentos anos para ser mais exata... – ela começou a explicar. – Existia uma seita chamada Ordem dos Assassinos liderada por Hassan bin Sabbah Homairi. Em um navio, Hassan e seus companheiros velejaram em alto mar em busca de um lugar para criar uma sociedade para assassinos. Ele encontrou uma ilha deserta e quando estava nela, um meteoro caiu no local liberando radiação e alterando o DNA de todos os seres vivos daquele lugar, além da própria ilha. A radiação também aumentou os impulsos assassinos... A radiação também se espalhou pela atmosfera e afetou em menor escala aqueles que já tinham traços de psicopatas pelo mundo. Pode-se dizer que o meteoro deu poderes especiais a todos que estavam na ilha, as armas sofreram alterações também. Com o impacto do meteoro, a ilha se dividiu em sete partes, a maior parte ficou no centro e as outras seis partes ao redor da maior parte, formando uma estrela de seis pontas. Aquelas sete ilhas se tornaram invisíveis para o resto do mundo, apenas com bussolas especiais é possível encontra-las. Hassan deu o nome de Nizar para aquele lugar e lá ele fundo o país dos assassinos. Os anos se passaram, famílias poderosas surgiram, leis foram criadas e uma escola foi erguida para ensinar os jovens a dominarem seus talentos assassinos, Hawkphurts...

William ouvia aquilo tudo custando a acreditar.

– E os séculos se passaram... – Sra. Dobbs continuou. – Ate o dia em que seus pais completaram treze anos, a idade necessária para serem chamados pra Hawkphurts. Sua mãe era uma sangue-puro, uma Gênis, descendente de um Primordial, uma das pessoas que estavam junto de Hassan no dia em que o meteoro caiu na ilha. Seu pai era o que muitos chamavam de Noxi. Um Noxi é alguém que cresceu no mundo comum e que não tem um antepassado Primordial. Muitos acham que os Noxi não devem ter os mesmos direitos dos Gênis, pois acreditam que são melhores e puros. E você é o que chamam de mestiço.

– Nenhum nome esquisito para os mestiços? – perguntou William sem conseguir se segurar. Ele podia jurar que viu um traço de sorriso nos lábios de Sra. Dobbs.

– Não. – ela respondeu. – Os mestiços vivem em uma balança, pois muitos daqueles que não toleram os Noxi, já aceitam mais facilmente os mestiços. Um dos principais motivos para muitos Gênis não aceitarem os Noxi é por causa dos olhos.

– Como assim? – William se esqueceu naquele momento que não gostava da Sra. Dobbs, tudo o que ele queria era ouvir o resto daquela história que ele querendo ou não, estava interessante e lhe dando vontade de conhecer aparentemente sua terra natal.

– Quando um Gênis mata pela primeira vez uma pessoa, algo muda dentro dele, seus olhos se tornam vermelhos rubros. – respondeu Sra. Dobbs. Ela olhou os olhos de William. – Iguais aos meus.

Um conflito surgiu dentro de William ao ver os olhos vermelhos de sua tutora. Ao mesmo tempo em que eram magníficos e hipnotizantes, era assustador só de pensar que pra ter eles era necessário matar outra pessoa.

– Os mestiços também têm esses olhos. – ela disse. – Depois de ativa-los pela primeira vez, toda vez que um Gênis ou mestiço usar suas habilidades que nenhuma pessoa normal é capaz de fazer, os olhos se tornam rubros. Essa é a prova de que somos nizaritas, filhos de Nizar.

Sra. Dobbs fez seus olhos voltarem a serem castanhos.

– Em Nizar, eles aconselham as crianças a só ter seus olhos rubros depois do dezoito anos, mas algumas famílias rígidas treinam suas crianças desde pequenas para se tornarem assassinos poderosos. Matar em Nizar é proibido, como em qualquer país. Dependendo da gravidade do crime, os culpados são sentenciados a passar anos e ate o resto da vida na prisão assassina, Arphatraz, ou é condenados à execução.

William achou lógica a ideia de houver uma prisão para os seus próprios criminosos.

– O tempo de ensino em Hawkphurts é de cinco anos. Os estudantes entram com treze anos e saem com dezessete anos. Ao contrario da crença popular de que os psicopatas não sentem nada, nossas emoções são limitadas ao extremo para poucas pessoas, e às vezes somente uma. Por isso que quando se houve falar de psicopatas, eles estão matando desfreadamente. Quando um psicopata, um Noxi, nunca teve a chance de por os pés em Nizar antes dos quinze anos, quando ele mata pela primeira vez, ele pode não ter os olhos rubros, mas a mutação que o meteoro causou em todos os psicopatas e que se espalhou através do DNA ate os dias atuais, se ativa tornando praticamente impossível de impedir a vontade de matar novamente, e assim nasce os assassinos em série. Não sei por que, mas quando um psicopata coloca os pés em Nizar pela primeira vez antes dos dezesseis anos, mesmo já tendo matado antes, a mutação se restringe nos tornando capazes de controlar nossos impulsos assassinos. Quanto mais próximo dos quinze anos, os impulsos assassinos se tornam mais fortes naqueles que tem o gene da mutação e que nunca colocaram os pés em Nizar depois dos cinco anos, o que é o seu caso.

Tudo estava começando a fazer sentido para William.

– Seus pais se tornaram amigos e logo se apaixonaram. No terceiro ano, um incidente aconteceu na escola, pelo o que eu soube, e isso foi a causa. Todo ano, em maio a partir do dia vinte ate o ultimo dia do mês, é feito um festival em toda Nizar comemorando o Dia do Renascimento, o dia em que o meteoro caiu na ilha. Foi em um dos dias do festival que o incidente aconteceu e resultou na expulsão de um aluno. Ele desapareceu depois disso. Passaram-se quinze anos e por algum motivo, o aluno expulso retornou para Nizar com um exercito e se alto declarou como Khardial. Ele atacou Nizar e a escola. Seus... – ela hesitou. – Seus pais foram mortos na guerra e declarados cumplices de Khardial, foram chamados de traidores.

William simplesmente não soube o que pensar. Ele tentou colocar sua cabeça em ordem.

– E... E eles, eram? – ele perguntou. – Quero dizer, meus pais eram traidores?

– Não faço ideia... – ela respondeu. – Não cheguei a conhecê-los, quando eles entraram em Hawkphurts, eu estava no meu ultimo ano. Se eu não me engano, sua mãe tinha um irmão... Acho que mais velho... Ao que parece, ele era amigo de Khardial como seus pais e estava junto do criminoso de guerra, assim como seus pais, mas seu eu não me engano, ele foi capturado e levado preso para Arphatraz junto de Khardial, se ele não foi morto, então pegou prisão perpetua. Bom, acho que deu pra você entender o que aconteceu. Você foi deixado comigo por que o antigo diretor de Hawkphurts me cobrou um favor e eu não tive outra opção senão aceitar o pedido dele... Isso é tudo o que eu sei sobre os eu passado.

Sra. Dobbs se levantou.

– Você não vai voltar para a escola, você vai ir pra Hawkphurts querendo ou não. Em setembro você estará de partida. Agora vai para o seu quarto, já esta tarde. – disse ela se retirando.

William se moveu no automático. Seu cérebro trabalhava a todo vapor para compreender toda a informação de sua vida dada por sua tutora.

Sorte ou não, William se jogou na cama e não foi espetado por uma mola solta. Ele fechou os olhos torcendo pra que o sono viesse logo, mas nada. Seu cérebro insistia em trabalhar nas teorias a respeito de tudo o que Sra. Dobbs lhe disse.

Seus pais eram traidores... Mas traidores do que? O que eles fizeram de tão ruim para serem tratados como traidores? E... Ele tinha um tio que poderia estar vivo, mas também é um traidor?

Uma lembrança veio em sua cabeça.

– Eu sei... – em seu tom de voz, Alistair parecia cansado. – O coitado do menino terá que passar por muitas coisas, mesmo sendo inocente dos pecados dos pais, ou melhor, da família...

Agora fazia sentido, ele seria tratado como o filho dos traidores e ate mesmo como um traidor. Olhando por esse ângulo, muitos não devem estar contentes por descobrir que ele esta vivo. Aprender a se defender é uma boa ideia.

O sono logo chegou pra William e ele sonhou.

Sonhou que estava em um tipo de porto subterrâneo cheio de barcos. Parecia que tudo estava pegando fogo e havia pessoas encapuzadas, sons de laminas se chocando uma com a outra, espadas, facas, lanças, tudo parecia estar sendo lançadas e uma boa parte parecia estar o perseguindo. Ele não sabia onde estava, mas sabia que estava sendo carregado por alguém, um homem. Tudo aquilo parecia uma zona de guerra. Apesar de sua visão limitada, ele viu corpos caindo. Sangue pingou nele e parecia estar caindo do rosto do homem misterioso.

Tudo ficou escuro.

– Se cuide amigão... Eu prometo que um dia eu volto para te buscar, mas ate lá, seja forte, pois vão dizer muitas coisas ruins sobre você e sobre seus pais, mas não se abale. Lute e persevere. Ate outro dia, William Blake...

– Achou mesmo que poderia fugir?

– Randolf!


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Notas finais do capítulo

Então, viajei muito na maionese? Ficou chato ou interessante essa história do que aconteceu com a ilha e a mutação?

Também estou postando a fic no Wildbook:
http://www.widbook.com/ebook/william-blake-e-a-escola-de-assassinos

Será que alcanço pelo menos os 10 reviews?

Gente, passem nas minhas outras fics: "A Mutante em Forks", "Arte e Desejo", "A Filha de Zeus em Forks" e "Uma Super Garota Nada Normal".

Leu? Comente. Gostou? Divulgue. Amou? Recomende.

Pagina oficial da fic no facebook: James Fernando - Fanfics
https://www.facebook.com/jamesfernandofanfics

Meu exemplar do livro que publiquei acabou de chegar, e modestia parte, ficou incrivel. E se não gostarem da capa, existe mais três disponiveis no site. O livro contém magia, aventura, ação, mistério, suspense, mutantes (não os x-mens), dragões, vampiros, uma guerra a caminho. Eu arrisco afirma que pode ser uma mistura de Harry Potter, Percy Jackson, Dragon Ball (no sentido das lutas), e é claro, o nascimento de um romance.
https://clubedeautores.com.br/book/146998--O_Ladrao_de_Vidas#.UpFurMRwrKp

Proximo capitulo ate sabado, sexta, terça ou quarta, não sei, mas pode acabar sendo postado antes.

Ate o proximo capitulo...