O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 94
Ruína da Folha - parte 4


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Como vocês vão?

Demorei pra escrever esse capítulo porque eu, sinceramente, não sabia qual ideia ia usar pra ele (eu imaginei três finais para uma luta que acontece nesse capítulo e foi difícil decidir, sério), mas resolvi apressar as coisas, então... bom, o capítulo tá logo aqui em baixo. xD

Quero agradecer a todo mundo, dando uma atenção especial ao KeirozFa pela TRIGÉSIMA QUINTA RECOMENDAÇÃO!

Cara... eu sentia saudade de usar esses Caps Locks (sou do time que fala Caps Lock, fora "Fixa" u.u)

Devagarzinho, prometo responder a todos os comentários que eu deixei passar. Se por um acaso eu não tiver te respondido, fala comigo e diz em qual capítulo foi comentado pra eu checar. Eu vou rever os capítulos pra procurar comentário sem resposta pessoalmente, maaaaas pode ser que este autor lerdo que vos fala deixe passar um ou outro batido.

Enfim, boa leitura a todos. Nos vemos nas Notas Finais o/



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Ryuumaru não parecia ser o mesmo oponente de antes.

Foi em um piscar de olhos. Sasuke o viu cerca de dez metros à frente, empunhando sua espada monstruosa entre os dois dragões e, no instante seguinte, o Yuurei estava cara a cara com ele, trocando golpes de espada.

Sasuke recuou, mas Ryuumaru estava obcecado — avançou, não dando qualquer tipo de trégua para seu oponente. Agora, mais do que nunca, queria matá-lo.

A luta de espadas continuava. Sasuke e Ryuumaru trocavam golpes ferozes. Para o Uchiha, era admirável que, mesmo armado de uma espada gigante, o Yuurei conseguia manipulá-la como se ela fosse feita de papel. E podia jurar que Ryuumaru parecia mais rápido que antes.

Pensando nessa teoria, Sasuke resolveu testar os reflexos de seu rival. Esperou uma brecha simples entre o combate de lâminas e...

— Amaterasu!

— Aqui! — Sasuke não teve tempo de reagir. Ryuumaru havia simplesmente desaparecido de sua frente, de forma que o fogo negro queimou no ar. Em contrapartida, o Yuurei já havia aparecido em sua retaguarda, girando a lâmina gigantesca.

O golpe atingiu as costelas do Susano’o em cheio, despedaçando-as como se fossem de vidro. Se não as tivesse conjurado, Sasuke teria sido partido ao meio com o ataque pesado — mas veloz — de Ryuumaru. Apesar disso, o impacto lançou o Uchiha para longe.

Exatamente para onde os dragões estavam.

Sasuke ergueu a cabeça e viu uma boca colossal descendo sobre ele. Saltou para o lado e viu o segundo dragão, o branco, atacá-lo com as presas. Outra vez saltou, agora para cima. Desviou da cauda de um deles, depois de outra, novamente evitou ser abocanhado pelo dragão negro; Sasuke era uma mosca entre as duas feras que serpenteavam para abatê-lo.

Quando finalmente conseguiu saltar acima das cabeças dos dois, fez um selo ligeiro com uma das mãos, inspirou ar e mirou nas duas bestas.

— Katon: Goukamekkyaku!

Sasuke soprou uma onda de fogo sobre os dois dragões, tão larga que os devorou de uma vez. Lá embaixo, podia ouvir o sibilar de agonia das feras. Isso o fez sorrir.

— Dragões que não gostam de fogo, é? — disse.

Então todas as chamas foram dispersadas de uma vez, para a surpresa de Sasuke. Ele viu todo o seu jutsu ser espalhado, o fogo indo para todas as direções, inclusive contra ele. Sasuke criou um Susano’o de ossos ao seu redor segundos antes de ser atingido pelo próprio jutsu. Quando as chamas se extinguiram, ele pôde enxergar melhor. Ryuumaru estava sobre o dragão negro, segurando a espada como se tivesse acabado de golpear algo.

E tinha.

— Ele... cortou o meu fogo? — Sasuke estreitou os olhos, um pouco confuso. — Usou a espada para espalhar um jutsu de Katon inteiro?

De fato, Ryuumaru não só estava mais rápido como estava mais forte também. Era quase impossível quebrar um Susano’o usando apenas a força bruta. E dispersar uma técnica de Katon de grande porte usando apenas uma espada...

— De alguma forma, os dragões têm a ver com isso — Sasuke falou para si — Ele ficou mais forte depois de tê-los invocado.

Depois de ter descoberto a provável fonte de poder do inimigo, restava para Sasuke saber até onde ia o novo limite de Ryuumaru. Com essa informação nas mãos, seria capaz de matá-lo.

Pensou em ir até o inimigo por meio do Shunshin no Jutsu, mas considerando a nova velocidade de Ryuumaru, poderia ser um erro fatal. Ryuumaru estava mais rápido agora. Se, enquanto estivesse indo até o inimigo, fosse surpreendido por um ataque, estaria tudo acabado para Sasuke. Olhou ao redor. Não havia nada naquele ambiente para usar em sua vantagem — uma muralha de Mokuton que os separava do grupo da Mizukage e do outro Yuurei, três colunas de fogo com Kankuro, Temari e Darui dentro e um monte de destroços do que um dia tinha sido um vilarejo, um Yuurei e seus dois dragões.

Então veio a ideia. Uma ideia insana que, se posta em prática erradamente, poderia significar o fim de Sasuke Uchiha. Mas dadas as circunstâncias, ele não tinha muito tempo — Ryuumaru poderia atacá-lo a qualquer hora — e, além disso, estava ficando impaciente. Queria matar o Yuurei o mais rápido possível.

Sasuke tirou do estojo de armas apenas uma Shuriken. Mantinha o contato visual com Ryuumaru, que, sobre a cabeça do dragão negro, estudava o ninja da Folha. Estava curioso e até se permitiu um sorriso arrogante. Para ele, após as invocações de Shiro e Kuro, Sasuke Uchiha estava acabado; era só questão de tempo.

Sasuke eletrizou a pequena Shuriken, olhou fixo para Ryuumaru, cara a cara... e arremessou a Shuriken eletrizada.

Ryuumaru ficou sem entender. Aquilo era simplesmente ridículo. Uma Shuriken com Raiton? Era tudo que o grande Sasuke Uchiha poderia fazer contra um Yuurei também usuário de Raiton? As possibilidades de parar aquilo eram tantas. Ryuumaru poderia usar sua velocidade privilegiada para contra-atacar, poderia segurar a Shuriken e arremessá-la de volta, ou ainda segurar o ataque apenas; por ser de Raiton, não teria qualquer efeito.

Sasuke segurou firme a empunhadura da Katana, otimista. A confusão do Yuurei com aquele ataque pateticamente simples, ainda que uma confusão de poucos segundos era tudo que um ninja velocista como Sasuke precisava para obter vantagem contra alguém mais rápido. Porém tempo não era a única finalidade da Shuriken arremessada.

Quando a Shuriken chegou perto o bastante do rosto de Ryuumaru, ele entendeu: não se trata de apenas uma Shuriken. Outras duas estavam camufladas à sombra da principal.

— Kage Shuriken no Jutsu. — Ryuumaru olhou com desdém. — Um ataque desses nunca iria...

O Yuurei não estava esperando que as Shuriken se separassem, cada uma seguindo uma direção distinta. Esquerda, direita e frente. Três ataques redirecionados à queima-roupa que miravam no mesmo ponto: a jugular de Ryuumaru.

Sasuke controlava as pequenas estrelas de metal com fios de chakra a distância. Fios convencionais seriam eficientes se ele tivesse arremessado Dai Shuriken, como quando lutou contra Itachi. Com Shuriken comuns, Sasuke precisava ser um pouco mais discreto.

— Fios de chakra! — Kankuro exclamou. — Como ele conseguiu fazer fios de chakra se ele não usa marionetes?

Darui balançou a cabeça.

— Naquela hora, quando você tentou salvar sua irmã de ser atacada pelo inimigo — olhou rapidamente para Temari —, Sasuke já tinha ativado o Sharingan.

Uma lembrança vaga veio à memória de Kankuro. Um Yuurei empunhando uma espada gigante avançou sobre Temari, Kankuro manipulando a marionete Karasu no desespero para evitar uma tragédia e, repentinamente, uma coluna de fogo ergueu-se, protegendo Temari antes que ela fosse golpeada.

— Ali?! — Kankuro olhou para Sasuke rapidamente e, novamente, para Darui. — Como ele invocou o Uchiha Kaenjin (Círculo de Fogo dos Uchiha) e copiou como eu moldava fios de chakra ao mesmo tempo? Isso é...

Darui bocejou.

— É Sasuke Uchiha — disse. — O ninja que já matou um Yuurei.

Temari, dentre os três, era a única que não ligava para os feitos mirabolantes de Sasuke. O que ela queria mesmo era que Ryuumaru morresse de vez. Assistia à luta, atenta.

— Como ele espera matar esse cara com Shuriken? Mesmo à queima-roupa, dá para desviar ou bloquear.

Ryuumaru abaixou um pouco o pescoço para evitar ser atingido pelas Shuriken. Desdenhava do ataque e, ao mesmo tempo, estava ansioso; uma coisa ridícula daquelas não poderia vir de Sasuke Uchiha. O Yuurei sabia que tinha algo por trás do Kage Shuriken no Jutsu.

A intuição de Ryuumaru não poderia estar mais certa. No lugar da Shuriken da direita, Sasuke surgiu rodopiando no ar. A lâmina Kusanagi queimava com fogo negro do Amaterasu, enquanto os olhos do ninja da Folha estavam fixos em um minúsculo ponto.

A nuca de Ryuumaru estava desprotegida.

Sasuke fez todo o cálculo correto, e a experiência de lutar contra Juha Terumi foi vital para o combate contra Ryuumaru. Por serem ninjas poderosos, os Yuurei eram naturalmente arrogantes e, de certa forma, descuidados. Ao arremessar as Shuriken, Sasuke já esperava que Ryuumaru não fosse bloquear ou esquivar-se — de fato era um ataque ridículo para aquele tipo de luta —, no máximo, o Yuurei inclinaria o pescoço para evitar ser atingido, e foi isso mesmo que aconteceu. Assim, Sasuke usou primeiro o Kage Shuriken no Jutsu para criar mais duas duplicadas da Shuriken que foi arremessada; com três Shuriken mirando no pescoço do inimigo, haveria três possibilidades para Sasuke usar o Rinnegan e trocar de lugar com uma Shuriken, aparecendo perto o bastante do Yuurei para tentar um golpe letal. Um golpe que a velocidade de Ryuumaru não pudesse evitar.

A Katana inflamada de Sasuke acertou a nuca de Ryuumaru em cheio.

E ricocheteou.

Sasuke teve uma fração de segundo para se surpreender e se teleportar de novo para onde a Shuriken outrora escolhida estava, agora bem longe de Ryuumaru. O Yuurei brandiu a espada eletrificada para trás. Se Sasuke ainda estivesse no mesmo lugar, seria atingido com certeza.

Ryuumaru não conteve a gargalhada. Mesmo de longe, ele podia ver a confusão nos olhos de Sasuke. Era hilário.

— Genial! — gritava. — Típico de um ninja como você, Sasuke Uchiha. Mas realmente achou que ia me matar? Realmente acha que vai me matar?

Enquanto o Yuurei se gabava, Sasuke refletia e xingava em silêncio. Não bastavam as velocidade e força novas de seu oponente para serem testadas. Agora ele tinha que descobrir qual era o limite da resistência do Yuurei.

Mais para trás, Temari, Kankuro e Darui assistiam ao combate que poderia determinar não só a missão na Ilha Misuto, como também a sobrevivência de todos ali.

— Impossível! — Kankuro ainda estava boquiaberto. — Ele foi golpeado no pescoço com Amaterasu. Por que a espada de Sasuke ricocheteou?

Os nós dos dedos de Temari estavam brancos. Ela tinha os punhos cerrados quase desde o começo da luta.

— Isso não faz o menor sentido — disse ela. — Ele não fez absolutamente nada e mesmo assim o ataque não funcionou.

Darui se sentou. Estava cansado de ver a batalha em pé. Além disso, por estar preso dentro de uma coluna de fogo feita por Sasuke, não iria lutar naquele momento. Então apenas se sentou para voltar a assistir.

— Não iria funcionar — ele falou. Temari e Kankuro viraram-se imediatamente para o ninja da Nuvem.

— Como é? — perguntaram quase ao mesmo tempo.

Darui balançou a cabeça em negação.

— Nunca iria funcionar. O ataque de Sasuke foi quase perfeito. Mas nunca iria funcionar em Ryuumaru, o Caçador de Dragões, por causa de um detalhe.

Ele indicou com o dedo as duas invocações do Yuurei.

— Os dragões? — Temari ainda não entendia onde Darui queria chegar.

— Shiro e Kuro... — começou Darui. — De acordo com as histórias da minha infância, os dragões gêmeos eram feras indomáveis. Depois da tentativa fracassada de capturar a Kyuubi, nossos ninjas tentaram capturar Shiro e Kuro. Foi Ryuumaru quem conseguiu esse feito. Por isso, ele passou a ser chamado de “Ryuumaru, o Caçador de Dragões” na Vila da Nuvem. Ele subjugou os dragões gêmeos, fazendo-os seus animais de invocação.

— Certo, certo — Kankuro falou meio impaciente. — E por que o ataque de Sasuke não funcionou?

— Diz a história que Shiro e Kuro, se capturados e domados, concederiam poderes ao seu invocador. Foi o que aconteceu. Ryuumaru está usando os poderes dos dragões.

— Que poderes? — perguntou Temari, bem mais impaciente que Kankuro.

Darui suspirou, cansado.

— Shiro e Kuro, os dragões gêmeos da Vida e da Morte.

Temari e Kankuro se entreolharam. Aquilo não parecia nada bom.

— Você quer dizer...? — Temari estava temerosa.

— Enquanto os dragões estiverem aqui — uma onda incomum de cansaço veio sobre Darui. Acontecia toda vez que ele tinha um mal pressentimento. —, farão de seu dono simplesmente invencível. Shiro fará de Ryuumaru imortal, invulnerável a qualquer ataque físico; e Kuro fará de Ryuumaru um ninja mortífero. Ele está mais rápido, mais forte e o pior de tudo: se acertar Sasuke, não importando a gravidade do ferimento, vai conseguir matar.

Kankuro riu de nervoso.

— Isso é brincadeira, não é? Quer dizer, é brincadeira, não é?

Mas Darui falava muito sério.

— Se Sasuke quiser vencer, não poderá mais sofrer nenhum arranhão — falou Darui.

 

 

                                                     * * *

 

 

Sasuke já tinha concluído que Ryuumaru não era o verdadeiro problema, mas sim as invocações dele, que o deixaram bem mais perigoso. Por sorte, a arrogância era o tendão de Aquiles dos Yuurei, ou pelo menos daquele ali. Sasuke resolveu usar o prazer de lutar de Ryuumaru a seu favor. Todo e qualquer segundo era importante para estudar que tipo de oponente ele tinha naquele momento.

“Ele não ataca porque sabe que pode decidir a luta em um golpe” — Sasuke analisou. — “Mas é só por isso? Ele é mais rápido, mais forte e tem maior resistência, então por que não acabar logo com...” — parou e pensou. — “Ele não sai de perto dos dragões. Quando usei meu jutsu de fogo, ele preferiu protegê-los a me atacar diretamente. E ele ainda está lá porque não quer que eu me aproxime deles. Se eu me aproximar agora, estarei morto. A menos que eu o tire de lá. Isso é impossível. Não há dúvida que os dragões fazem dele mais forte, então como me aproximar sem que ele...”

— Você pensa demais, Sasuke Uchiha! — o Yuurei provocou. — Estou ficando cansado disso. Acho que vou te matar de uma vez.

Felizmente, ter um oponente mais arrogante que guerreiro tinha suas vantagens. Sasuke já sabia como iria se aproximar dos dragões. Levou a palma da mão direita ao chão e anunciou:

— Kuchiyose no Jutsu!

— Mas o que ele-? — Kankuro estreitou os olhos quando viu a invocação de Sasuke surgir da fumaça. Temari também achou um tanto confuso.

— Mas ele não só invocava cobras e falcões? Como ele invocou aquilo?

Ryuumaru, porém, conhecia a origem do animal de invocação de Sasuke. Os Yuurei já fizeram negócios com a lendária Akatsuki, e todos conheciam o poder assombroso do líder deles. Assim como Pain, Sasuke também era usuário do Rinnegan. Não foi difícil para o Yuurei reconhecer o Caminho Animal, capaz de realizar múltiplas invocações.

Sasuke escolheu uma em específico. O camaleão.

— Você não vai escapar, Uchiha maldito. — O Yuurei saltou da cabeça de Kuro, mas foi inútil. Sasuke já havia desaparecido dentro da boca do camaleão. Era indetectável agora.

Todas as invocações do Caminho Animal também possuíam o Rinnegan, e, portanto, Sasuke tinha a visão compartilhada com o camaleão. Era até engraçado ver o Yuurei olhando de um lado para o outro, tentando perceber alguma coisa, ainda que mínima.

Sasuke tinha, finalmente conseguido trazer Ryuumaru para longe dos dragões. Porém ele sabia, pela tentativa anterior, que atacar o Yuurei só iria denunciar sua posição. O alvo de Sasuke era outro. Definitivamente, ser poderoso não era o mesmo que ser um bom ninja. Ryuumaru era forte, mas ingênuo. Se pensasse claramente, não teria deixado seus dragões tão vulneráveis para um oponente invisível.

O camaleão correu adiante. Não era a invocação mais forte do Rinnegan, mas com certeza era uma das mais úteis. Camuflava-se, era quase inaudível e escondia até a frequência de chakra de seu usuário; mesmo que Ryuumaru fosse um ninja sensorial, enquanto Sasuke estivesse no interior do animal, jamais seria encontrado.

Shiro e Kuro sibilavam nervosos. Sentiam algo diferente, mas não sabiam o que era. Sasuke Uchiha, por sua vez, sorria. O camaleão estava frente a frente com as duas feras.

Se conseguisse anular os dois dragões, o Yuurei não seria nada, ou pelo menos voltaria a ter a mesma periculosidade de antes. Mas o chakra de Sasuke estava se esgotando e, para destruir os dois dragões, ele precisaria ter certeza da efetividade de seu golpe. Considerando a quantidade de chakra que lhe restava, não tinha muitas opções de jutsu.

A menos, é claro, que ele não precisasse matar os dragões.

— Então é isso — disse consigo.

Quando o camaleão abriu a boca, os dragões berraram de ódio. Ryuumaru olhou para trás e viu Sasuke Uchiha ali, parado olhando para as duas feras.

— Aí está você. — Segurou firme a empunhadura da espada. — Morra, Sasuke Uchiha.

Como um relâmpago, ele cruzou a distância que o separava de Sasuke. As costas do Uchiha estavam descobertas — ele sequer se preocupava com a defesa. Para Ryuumaru, ele queria morrer.

Antes que acertasse, algo se interpôs no caminho do Yuurei. Houve um baque e Ryuumaru foi lançado com violência para trás.

Darui, de longe, sorriu.

— Brilhante.

Ryuumaru se levantou devagar, recuperando ar. Olhou para frente e a visão que teve o encheu de ódio. Sasuke Uchiha sorria triunfante. Atrás dele, Shiro e Kuro sibilavam ameaçadores. Desta vez, seus dragões estavam defendendo Sasuke.

— Você... — Ryuumaru vociferou, fuzilando Sasuke com o olhar. — Como...?

Sasuke brandiu a Katana Kusanagi.

— Só precisei trocar olhares com eles por um segundo — disse. — No meu Genjutsu, eu sou você, e você é eu.

Ryuumaru via o controle visual de Sasuke Uchiha refletido nos dragões, que agora tinham o Sharingan e o Rinnegan em seus olhos.

— Você voltou a ter sua força normal, presumo — continuou Sasuke —, enquanto eu ganhei o poder de seus dragões... além de uma quantidade extra de chakra.

Aquilo foi o fim. Ryuumaru tremia de raiva. Agora, mais do que nunca, queria destruir cada pedaço de Sasuke Uchiha.

Fez um selo manual. Um selo que Sasuke conhecia. Aquilo era a cartada final dos Yuurei.

Mas, diferente de Ryuumaru, Sasuke não subestimava seu oponente.

— YAMI NO FUUIN, KA-... — Antes que Ryuumaru liberasse o Selo da Escuridão, Sasuke atacou. Um golpe frio e rápido no pescoço.

Desta vez, a Katana não ricocheteou.

Do outro lado da muralha de Mokuton, Dairama Senju suspirou. Havia sentido o chakra de seu parceiro oscilar. Antes a um nível elevado, agora praticamente estava desaparecendo.

— Entendo — disse o Yuurei. — Você foi derrotado, Ryuumaru.

 

 

 

                                                     * * *

 

 

Ryuumaru agonizava no chão. O corte na garganta jorrava mais sangue que as mãos trêmulas do Yuurei, inutilmente, conseguiam estancar. Ele olhava para cima. À frente dele, Sasuke retribuía o olhar da maneira que sabia: sem emoção alguma. Assistia ao inimigo morrer devagar.

Depois de mais alguns minutos, a visão de Ryuumaru parecia distante e ele já não se mexia mais.

Tudo estava acabado por ali.

Sasuke deu as costas para o cadáver e encarou os dragões. A mão estava firme na empunhadura da Katana. Caso desativasse o Genjutsu, as feras poderiam atacá-lo. Agora, porém, ele tinha conseguido chakra extra do tempo que havia controlado os dragões. Poderia matar Shiro e Kuro com um jutsu de grande porte.

Quando a ilusão de desfez, no entanto, os dragões não atacaram. Sibilavam para Sasuke, mas um som que não parecia ser ameaça; era subordinação.

— Entendo.

Desfez a invocação do camaleão e também o Uchiha Kaenjin. Darui, Temari e Kankuro estavam a salvo.

— Tenho que dizer — começou Kankuro —, foi um saco ficar esperando você vencer a luta.

— Como sabia, Sasuke? — perguntou Temari. — Que não deveria sofrer qualquer arranhão para vencer?

Sasuke olhou para Temari.

 — Não sabia.

Temari gaguejou algo que Sasuke não entendeu, assim como não fazia ideia do que ela queria dizer com “não deveria sofrer qualquer arranhão”. Mas de algo ele sabia: havia vencido, e, com Ryuumaru, eram dois Yuurei mortos por ele.

— Ryuumaru tinha o domínio da Vida e da Morte, Sasuke — falou Darui. — Agora que você domou os dragões dele, quando os invocar, não poderá ser morto e poderá matar seus inimigos apenas ferindo-os.

Sasuke arqueou a sobrancelha, surpreso. Olhou para as feras e depois para o oeste. O parceiro de Ryuumaru estava atrás da gigantesca muralha de madeira.

— Precisamos dar suporte para a Mizukage.

 

 

                                                       * * *

 

 

Kan se ergueu dos destroços e alisou a bochecha. O soco que tinha recebido foi bem forte. Olhou para frente, onde sua oponente arfava de cansaço. Riu de satisfação.

— Parece que você conseguiu, afinal. — Ergueu os braços para contemplar o novo ambiente. — Você me tirou de perto do Hospital, e com um único golpe!, mas... a que preço?

Sakura cerrou os punhos, irritada. O Yuurei falava do corte no ombro dela. Quando socou Kan, não teve tempo de evitar ser acertada pela foice dele. Um dos dentes da arma acabou perfurando seu ombro direito. Para um Seguidor de Jashin, uma amostra de sangue do inimigo já bastava.

— Eu ainda estou viva, seu idiota. — Sakura recompôs-se. — E não vou perder para você.

Kan riu.

— Gostei de brincar com você, Sakura Haruno. Mas agora acabou.

Só que Sakura já conhecia aquele Yuurei da missão de resgate de Killer Bee. Saltou, concentrando chakra no punho direito, e gritou. Não estava disposta a deixá-lo beber de seu sangue.

O soco abriu um buraco no chão, afundando quase uma rua inteira no solo. Sakura procurou, mas Kan havia sumido de vista.

— Aqui! — Ela se virou rápido para bloquear o cabo da foice com o antebraço esquerdo. Três dentes da foice a poucos centímetros de atingirem seu rosto, enquanto Kan empurrava a arma para frente.

— Você é boa mesmo! — ele continuou.

Sakura recusou-se a responder. Deu impulso para frente e preparou um soco cruzado de direita.  Como a foice estava sendo bloqueada pelo antebraço esquerdo de Sakura, Kan teria que saltar para trás ou largar a arma para evitar ser atingido.

O Yuurei optou recuar.

Saltando para trás, porém, teria que lidar com o avanço de Sakura, que ganhara mais impulso. Apesar de ser imortal, isso não significava que não poderia ser derrotado. Sem falar que os golpes dela doíam e muito.

— Te peguei! — Sakura pulou para frente e concentrou seu chakra no punho direito. Desta vez ele não poderia escapar.

Mas escapou.

Kan agiu rápido. Cortou o ar com o braço e conjurou um portal de trevas, desaparecendo na escuridão. O soco de Sakura acertou o vazio. Ela se desequilibrou e caiu no chão.

O Yuurei reapareceu no telhado de uma casa de esquina. Sakura ouviu de onde vinha a risada e suspirou, tensa. Antes de sair da escuridão, ele já havia bebido o sangue dela.

— Você já era, Sakura Haruno! — Ele furou a própria mão com uma estaca de metal que trazia dentro do manto. O sangue escorria enquanto ele gargalhava. Sakura, no entanto, estava entre a vida e morte. Sabia que depois de desenhado o Símbolo de Jashin com sangue, as coisas ficariam ainda mais difíceis.

Correu e depois saltou entre os monturos o mais rápido que seu corpo exausto lhe permitia. Tinha chakra concentrado nas duas mãos e nos pés. Se não conseguisse chegar até onde Kan estava, então desmoronaria a casa com um golpe só.

Sakura ganhou altura e preparou um soco de direita. Kan estava bem abaixo dela, olhando-a descer em sua direção. Ele ria, e com razão. Sob seus pés, o símbolo de sangue já estava pronto.

Sakura não teve tempo de deter o próprio ataque. O soco acertou o Yuurei em cheio.

Ela não se lembrava de ter sentido uma dor tão horrenda. Seu corpo inteiro tremeu e acabou despencando do telhado. A queda foi dura, mas não letal. Kan, do alto da casa, assistia Sakura cuspir sangue enquanto ele também sentia a dor fluir por seu corpo. A sensação era de êxtase.

— Jashin-sama, observe — dizia ele. — Vou sacrificar essa mulher em seu nome. A nova Sannin Sakura Haruno.

No chão, Sakura fez força para erguer o pescoço. A visão turva viu Kan brandir a estaca de metal contra si próprio.

— E-Eu não vou... morrer aqui... — concentrou chakra na testa, liberando o Selo Byakugou para se regenerar. — Não vou...

E Kan, louvando seu deus, perfurou o próprio pescoço.

 

 

                                                      * * *

 

Konohamaru não suportava estar no abrigo para civis. O lugar era barulhento, e não era para menos. As pessoas estavam assustadas, muitas crianças choravam enquanto mães e pais tentavam, em vão, confortá-las com a mentira de que tudo estava bem.

Mas o abrigo no Monte Hokage não era à prova de som. Mesmo dentro das rochas, a destruição do lado de fora podia ser ouvida muito bem.

Ele ainda se culpava pelo sacrifício de seu professor, Ebisu. Se fosse mais forte, se tivesse treinado com mais determinação, poderia lutar contra aquela Yuurei. Poderia ser um herói como Naruto.

Ah, Naruto...

Onde ele estaria naquele momento? A Vila da Folha nunca precisou tanto de seu melhor ninja e ele, porém, estava do outro lado do mundo. Sasuke também estava fora. Os Yuurei estavam aniquilando o que Konohamaru chamava de lar. Seria aquele o fim da Folha? Seria daquele jeito que a história iria terminar?

— Ei, Konohamaru. — A voz tranquilizador de Iruka-sensei o trouxe de volta dos pensamentos. — Está melhor?

O garoto fez que sim.

— Moegi fez o melhor que pôde com o Ninjutsu médico básico dela. — Mostrou as feridas da luta contra Suki, a assassina de Kages. Ainda doíam, mas não tanto. — Vou ficar bem, Iruka-sensei.

— Todos nós, Konohamaru.

O garoto olhou ao redor. A situação caótica dentro do abrigo; civis se aglomerando nos cantos, enquanto alguns ninjas corriam de um lado a outro para dar suporte e proteger o local, caso sofressem um ataque. Só de pensar como estava dentro do abrigo, imaginou o quão pior deveria estar fora dele.

Iruka, no entanto, havia lidado com crianças a vida inteira. Além disso, tinha sido professor de Konohamaru na Academia. Sabia como ele estava se sentindo naquela hora. Konohamaru Sarutobi não ligava para as próprias feridas, mas para as dois outros, para as de sua Vila. Definitivamente era um segundo Naruto.

— Não acredita em mim? — Iruka disse. — Vamos ficar bem.

Konohamaru olhou para o antigo professor e encontrou um brilho peculiar em seus olhos. Iruka tinha esperança.

O garoto procurou, em meio a todos os problemas, procurar sorrir. A Folha não acabaria ali, não naquele dia.

Antes que Konohamaru concordasse com Iruka, no entanto, uma das portas do abrigo explodiu.

— Ora, ora, ora... — Um frio percorreu a espinha de Konohamaru Sarutobi. Aquela voz... ele a conhecia. Havia lutado contra a dona dela recentemente. — Então é aqui que os ratinhos estão?

A figura de Suki surgiu de onde veio a explosão. Bastou a Yuurei dar as caras para o desespero se instaurar dentro do abrigo. Todos os civis corriam para o mais distante possível, enquanto ela apreciava aquela visão patética.

Suki empunhou seu leque.

— Vocês fazem muito barulho. Morram de uma vez.

O leque não conseguiu completar seu movimento mortal. Suki arqueou a sobrancelha, permitindo-se uma leve admiração. Era raro encontrar ninjas com aquele timing perfeito.

Frente a frente com a quarta-oficial dos Yuurei, Tenten segurava firme o bastão com o qual bloqueara o leque de Suki.

— Uau — falou Suki. — Você é boa.

Tenten sorriu. Apesar de tudo, sempre era bom ser elogiada por um oponente forte.

— Eu já enfrentei a usuária de Fuuton mais forte da Vila da Areia. — Uma vaga lembrança das preliminares do Exame Chuunin, quando havia lutado contra Temari. — Acredite, eu aprendi muito com aquela luta.

— Acredite, você ainda não enfrentou a usuária de Fuuton mais forte da Areia — respondeu Suki.

Tenten manteve o leque de Suki travado por mais alguns segundos. Depois deu impulso para frente e, em um movimento rápido, fez desaparecer o bastão que havia invocado.

— Chouji! — gritou ela.

Tenten saltou para o lado, e um punho gigantesco surgiu na frente de Suki. A Yuurei fez um movimento defensivo com o leque, mas a força de Chouji conseguiu expulsá-la abrigo afora.

Suki deu uma cambalhota no ar e aterrissou de pé no chão. Tenten, Chouji e outros três Chuunin cercavam a Yuurei, que sorriu.

— Ei, você — apontou para Chouji. — Belo golpe. Se eu não tivesse formado uma camada de ar entre mim e sua mão, eu provavelmente não estaria de pé agora. A Folha não é de toda fraca, presumo.

— Vocês atacaram a vila errada — Chouji cerrou os punhos. — Vão pagar pelo que fizeram à nossa vila.

Suki olhou para à esquerda. De onde estava, era possível ver o Edifício Hokage ao longe. Talvez Kakashi Hatake estivesse lá (ela não sabia da luta de Kakashi contra Iori), ou até mesmo a antiga Hokage, Tsunade. Esta última, em especial, Suki queria muito poder matar. Da última vez, Mira havia cancelado a ordem de assassinato. Hoje seria diferente.

Voltou o olhar para os ninjas da Folha que a rondavam. Brandiu o leque e sorriu.

— Muito bem, crianças — disse ela. — Vamos dançar rapidinho. Eu tenho uma Hokage para matar.

 

                                                        * * *

 

Por alguns minutos ela achou que tinha morrido.

Sakura abriu os olhos devagar. Tinha a visão embaçada e os ruídos da guerra ao seu redor soavam distantes em seus ouvidos. Aos poucos foi recuperando os sentidos e, de repente, veio a sensação de trituração. Parecia que seu corpo tinha sido jogado em uma máquina de moer repetidas vezes. Com dificuldade, inclinou o corpo para cima e, para a própria frustração, caiu outra vez. Ela estava mesmo sem força alguma.

— Eu... sobrevivi? — murmurou.

Um pouco acima de onde Sakura estava, Kan coçou a cabeça. Compartilhar a dor incomensurável com suas vítimas em nome de Jashin era o que ele fazia de melhor. Vivia para matar. Ele tinha nascido para aquilo e, desde que passou a seguir o Caminho de Jashin, nunca havia fracassado em tirar uma vida em nome de seu deus.

Então por que tinha dado errado?

Depois que todo o efeito da dor passou e seu corpo voltou a ter a cor normal, ele se levantou do Símbolo de Jashin feito com sangue. Deu uma espiada para baixo do telhado e confirmou o que já havia presumido. Sakura Haruno estava bastante fraca, mas havia sobrevivido ao ritual.

— Aquela pirralha... como ela fez?

Saltou para o chão e andou até onde Sakura estava caída. Ela olhava para o Yuurei com medo. Não tinha mais qualquer força para lutar e suas reservas de chakra estavam quase esgotadas. Kan sentia isso. Desta vez ela não iria escapar. Se atacasse de novo, o ritual funcionaria.

Olhou para a testa da garota e então tudo fez sentido.

— Entendo. Seu Byakugou no Jutsu te salvou da morte — falou Kan, notando que o Selo Byakugou havia sumido da testa de Sakura. — Você usou todo seu chakra para regenerar seu corpo, não foi? Bom, isso é um feito e tanto. Nunca vi um ninja médico deste nível. Mas e agora? Se eu pegar outra amostra de sangue sua, você não terá chakra para usar o Byakugou outra vez.

Sakura chiou alguma coisa. Agora ela estava indefesa. Kan brandiu a foice de seis dentes.

— Foi bom enquanto durou, Sakura Haruno. Ade-...

Ele veio rápido como um furacão, mas também leve como uma brisa. Não foi preciso mais que um movimento para ele deter a foice de Kan com a sola do pé erguido à altura da cabeça.

— Sakura-san, você está bem?

Ela respondeu com um leve aceno de cabeça. O rapaz sorriu satisfeito por ter chegado a tempo e voltou toda a sua atenção para o inimigo à frente.

Chutou a foice, obrigando Kan a dar dois passos para trás. Assumiu sua típica postura de combate: pernas juntas, corpo ereto e a mão direita estendida para o oponente.

— A Fera Verde da Vila Oculta da Folha, Rock Lee, se apresentando. — Lee sorriu confiante. — Muito prazer, Yuurei-san. Sou seu novo oponente.

 

 

                                                      * * *

 

Estar ali era tão nostálgico. Depois de anos, ele finalmente via sua vingança ali, a poucos metros de distância. O portão do Distrito Hyuuga, com o símbolo de seu clã, se mostrava tão intocável à frente dele. A destruição dos Yuurei ainda não havia chegado ali.

— Estou em casa. — Kioto Hyuuga atravessou o portão.


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Notas finais do capítulo

Sasuke venceu um Yuurei sem sofrer um arranhão! Que ninja, que cara hsuahusa

Com Rock Lee vs. Kan e Suki vs. Tenten & Chouji (isso parece nome de dupla sertaneja, né) e outros três aleatórios lá, resta só o Iori (que fez o que fez lá), Mira (que derrotou a ANBU) e Taka (que está quieto na dele vigiando os portões da vila) sem oponente.

Bom, Iori e Mira já lutaram, então minha atenção será para o Taka. Calma lá que o(s) oponente(s) certo(s) vai(vão) chegar. ;)

É isso. Espero que tenham gostado. Sempre prometo e, desta vez, vou tentar não retardar as postagens.

Até o próximo capítulo o/



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