O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 95
Ruína da Folha - parte 5


Notas iniciais do capítulo

Não sei bem como dizer isso, mas... oi, e aí?

Eu sei, eu sei. Eu fiquei mais de um ano (mais de um ano mesmo?) sem atualizar esta história. Não foram poucas as vezes que pensei em desistir dela. Hoje mesmo, isso me ocorreu, enquanto terminava de escrever este capítulo que já tinha começado a escrever desde a última postagem de O Herói do Mundo Ninja aqui no site. E, apesar de ter tido várias vezes que iria concluir a história, eu confesso que pensei em voltar atrás.

Tsc, o que o Naruto diria de mim numa hora dessas? rs

Mas sério, a verdade é que, quando a vida resolve te dar uns tapas, meu amigo, ela dá com vontade. Passei por muita coisa neste período -- inclusive quando ainda postava com "frequência" os capítulos. Ainda passo e, desculpem-me, mas não me sinto à vontade para entrar em detalhes aqui, pessoal. Não quero usar isso como desculpas, até porque a vida tem disso mesmo: coisas boas e ruins. Que há de se fazer?

Escrever O Herói do Mundo Ninja, depois de tanto tempo parado (embora eu tenha postado outras duas histórias aqui, ambas de Star Wars), foi bem desafiador. Por um momento (mentira, por vários) achei que tinha perdido meu tato para escrever, por outro achei que de fato estou sem ele, por mais outro achei que escrever sobre Naruto, depois de anos do término do mangá/anime, tornou-se desnecessário. Há vários outros nomes fortes chegando no mundo dos animes e mangás, os quais eu não estou a par, para ser honesto. Não comecei a ler nenhuma história nova e pretendo, por causa da minha falta de tempo e vontade até, continuar assim. Li os que eu amava enquanto ainda estavam aí (Naruto, Bleach e Fairy Tail); só One Piece e Shingeki no Kyojin permanecessem. Snk porque é mensal e demora a acabar mesmo, One Piece porque não acaba nunca mesmo, hahaha.

Ah, na verdade eu cheguei a acompanhar One Punch Man porque, numa das minhas crises, ficava horas sentando vendo Netflix para tentar pensar em outras coisas. Aí me ocorreu ver OPM. E passei a acompanhar.

Mas para resumir este texto introdutório, eu espero de coração que o capítulo tenha ficado bom, gente. Não escrevo esta história há tempos, embora me lembre muito bem dos detalhes que havia planejado para o fim dela, e do próprio final da história. Embora, sim, muita coisa que eu planejava fazer vou acabar desistindo porque, com o tempo passando, as ideias acabam mudando.

E quero muito continuar esta história até o final. O Herói do Mundo Ninja foi minha primeira história aqui no Nyah! Fanfiction e me acompanhou até aqui. Eu me cadastrei no site, li umas fics, passei a escrever (detalhe: eu esperava criar uma história curta; no começo, jamais imaginava que a história iria alcançar o tamanho que tem hoje, muito menos a fama -- já vi gente falando da história em outros lugares e, poxa, isso não tem preço), entrei para a Liga dos Betas, fiquei lá por um ano e meio, saí, abandonei a fic e, mesmo assim, ela não saiu da minha cabeça. Eu confesso que tenho um carinho todo especial por esta história. Mais que as outras que fiz. Pois foi por meio dela que experimentei a maioria das coisas aqui no site, conheci pessoas e, devo dizer, criei laços.

Espero, do fundo do coração, poder terminá-la. E é pra valer, mesmo que eu desapareça. Então, ainda que eu não tenha o direito de pedir nada dados os meus sumiços constantes, se estiver algo que você considera errado, ou se quer opinar sobre alguma coisa sobre a história, por favor, não se omita; conte pra mim. Seu comentário vale muito.

Ah, e se eu não te respondi (olha só, tão vendo? É muita falta de vergonha na cara, não?), por favor, sinta-se à vontade para puxar a minha orelha e dizer "ei, Victor, você não me respondeu! Vem cá, seu filho da mãe, não me ignora". Prometo responder todo mundo desta vez.

E é isso. Rumo a, se Deus quiser, continuidade de O Herói do Mundo Ninja o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504689/chapter/95

Mais de trinta minutos haviam se passado sem que houvesse qualquer desequilíbrio na luta das duas. Kurenai e Hana trocavam ilusões e golpes incessantemente. Para a Jounin, era impressionante que uma garota tão jovem pudesse ser uma ninja de altíssimo nível. Para a Yuurei, a ninja da Folha era, sem dúvida, uma oponente que valia a pena matar.

Hana saltou para frente, chutando Kurenai à altura da cabeça, que bloqueou os golpes com os braços e, agarrando a perna dela com um movimento ágil, girou os punhos. Hana rodopiou no ar e aterrissou com o apoio dos braços. Agora estava de costas para Kurenai, que fez um selo com a mão direita.

O chão desapareceu e Hana se viu despencando em um fosso escuro e interminável. Ela olhou para cima e viu Kurenai sequenciando outros selos com as mãos. Pouco a pouco, os paredões de terra do buraco iam se aproximando um do outro. Em breve o chão se fecharia outra vez.

Enquanto afundava no escuro interminável, Hana também fazia selos com as mãos.

— Isso que eu chamo de um Mugen Fuuinhori no Jutsu (Técnica do Fosso Selado Infinito) de ponta. Uma ilusão na qual eu estou afundando na terra sem parar e, quando o fosso se fechasse, minha mente ficaria selada para sempre no Genjutsu. — Hana terminou a sequência de selos. Suas mãos estavam unidas no Selo do Tigre. — É um Genjutsu de Rank S que, para o seu azar, eu conheço.

Foi como se o tempo tivesse parado por um breve momento. A visão do fosso era um fundo preto estático e Hana estava parada no ar.

— Minha vez. — Riu.

Todo o ambiente de transfigurou numa dança de luzes cintilantes. Kurenai olhava ao redor, desconfiada do que pudesse ser. Paciente, esperou o Genjutsu se revelar por completo. Quando as imagens se tornaram claras e a dança de luzes cessou, o corpo de Kurenai ficou leve e flutuava no vazio do espaço.

Hana estava lá, olhando para ela. Mas a jovem Yuurei não vagava flutuante; estava parada em pleno vazio espacial, observando Kurenai levitar num ambiente sem gravidade e sem ar. Acenou para a ninja da Folha, sorrindo com seu jeito tipicamente brincalhão.

Kurenai assobiou. Aquilo, sem dúvida, impressionava.

— Quer fazer meu cérebro acreditar que eu estou onde não poderia respirar — deduziu ela. — Um Genjutsu que faz a mente matar o próprio corpo por asfixia. Estou certa?

A visão do ambiente mudou.

As duas agora estavam no escuro, embora a luz do sol penetrasse com dificuldade pela camada de água acima de duas cabeças. A ilusão se construía devagar. A sensação de estar mergulhada incomodava mais pelo fato de mover-se com dificuldade que pela falta de ar — Kurenai percebia que nada era real, mas isso não significava que não poderia matá-la e, àquela altura, Hana Sakegari havia se mostrado uma usuária de Genjutsu que fazia muito mais que imobilizar a mente em ilusões.

Hana agora a havia levado para o fundo de um oceano.

Ela, aparentemente, não se preocupou em acrescentar o peso acumulado da atmosfera dentro da ilusão do mar profundo, o que significava que a ilusão tinha outra finalidade.

Kurenai descobriu do que se tratava quando viu a sombra de um tubarão rondá-la.

Hana abriu os braços, como quem pergunta se era bom o bastante.

— Falta de ar e mordidas letais — disse a Yuurei. Como conseguia ouvi-la perfeitamente, o Genjutsu não parecia atrapalhar a comunicação. — O que acha, Kurenai Yuu-, quero dizer, Kurenai Sarutobi?

De fato, aquela ilusão era uma obra de arte, pois envolvia todos os sentidos de uma pessoa. E Hana parecia gostar de ilusões detalhadas, sendo cada detalhe uma forma diferente de matar.

— Eu morreria esmagada pela pressão atmosférica aqui embaixo, mas você não quer me matar assim — falou Kurenai.

Hana sorriu orgulhosa de si mesma.

— E que graça teria?! — disse a Yuurei. — Seria uma morte tãããão rápida e tediosa. Morrer por asfixia seria muito mais divertido. Sabe, ver seu corpo se debatendo em desespero por ar. — Riu.

Kurenai assentiu.

— Isso sem falar nos tubarões.

— SIM! — concordou Hana, eufórica. — Fiz um cardume deles só para você! Qualquer ferimento aqui faria seu corpo se ferir no mundo real, sabia? Eu não costumo mostrar esse Genjutsu para qualquer um.

— Entendo... O ferimento imaginário se transformaria em físico.

— Sem falar que os tubarões têm várias bactérias na boca. Dizem que o que mata mesmo são elas. Caso a mordida não seja profunda o bastante, você vai morrer de qualquer jeito.

Como Kurenai havia notado, Hana Sakegari era detalhista.

— Certo.

Kurenai fechou os olhos e se concentrou. A falta de ar já não existia, a sensação de estar debaixo d’água também não. Só a voz distante de Hana dizendo “peguem ela!”, provavelmente para os tubarões ilusórios que ainda permanecia, mas mesmo assim era questão de tempo para o Genjutsu ser desfeito.

— Genjutsu — sussurrou Kurenai.

O ambiente outra vez tinha sido transmudado, agora pela vontade de Kurenai. Hana olhava ao redor parte decepcionada, pois seu Genjutsu foi desfeito segundos antes de um tubarão abocanhar a ninja da Folha, parte ansiosa pelo que estaria por vir de sua oponente.

— Ah — falou, sem graça — que típico.

Kurenai havia lhe mostrado uma atmosfera florida. Hana Sakegari estava em uma campina verde em algum lugar desconhecido. Era possível ver as montanhas azul-cinzentas no horizonte. O céu alaranjado de fim de tarde contrastava com as nuvens escuras. O detalhe, porém, que chamou a atenção da Yuurei era que tudo a lembrava de...

— Flores? — perguntou a si mesma. Kurenai não aparecia naquela ilusão.

De fato, tudo parecia ter a forma de flores, ou passou a parecer. Hana olhou para cima e viu as nuvens em formas de flores. E o sol, as montanhas — o que era estranho, elas não eram daquele formato —, a grama sob seus pés, tudo.

— Bonito, não é? — A voz de Kurenai vinha com o vento. — Eu mesma que criei.

— Sabe de uma coisa? — Hana respondia para o céu. — Não é todo dia que se encontra ninjas do seu nível, Kurenai Sarutobi. Quando se enfrenta mestres em Genjutsu, a maioria só quer saber de bloquear a ilusão com a interrupção do fluxo de chakra. É raro achar alguém como você, que enfrenta ilusões com ilusões. Você é tão incrível quanto eu achava que fosse, e olha que eu não sou de elogiar mulheres, além da Mira-sama.

Silêncio por alguns instantes. Havia certo carisma na voz de Hana, certo respeito. Sendo ela uma Yuurei, isso soava meio estranho, mas por um breve momento, Kurenai achou aquilo engraçado. Infelizmente, no entanto, aquela garotinha tinha sido responsável pelos assassinatos de dois membros dos Inuzuka, quase matando Kiba também se Kurenai não tivesse interferido.

Ela era uma inimiga. Tinha que ser detida.

O agradecimento de Kurenai saiu seco.

Cansada de esperar, Hana perguntou:

— O que vem agora? Essa ilusão não é só isso, é?

Não era. Não era mesmo.

O céu alaranjado tornou-se tempestuoso. Nuvens negras eram rasgadas por raios. A chuva caiu feroz. Gotas grossas em formas de flores. Hana estava cansada daquilo.

— Mais flor-... — Ela se calou no exato momento que viu uma gota se transformar em Shuriken bem na sua frente.

Então Kurenai revelou sua armadilha mortal. Todo o ambiente queria matar Hana. Uma chuva de Shuriken caía do céu, as folhas de grama viraram Shuriken e voaram contra a Yuurei simultaneamente. Até mesmo as nuvens despencaram sobre a Yuurei na forma de Shuriken de tamanho colossal.

Um pouco mais de cinco minutos depois, a ilusão congelou com um grito agudo da Yuurei. O Genjutsu se despedaçou como vidro e, então, as duas estavam de volta à Vila da Folha.

Kurenai estava de pé, ainda com uma das mãos posicionadas em um selo. Já Hana estava no chão, caída sobre os joelhos. Ela se ergueu com cuidado, recobrando o fôlego. Depois olhou firme para a Jounin a sua frente. Não havia mais diversão ou infantilidade naqueles olhinhos verde-esmeralda; Hana tinha ódio. Limpou um pequeno sangramento na narina esquerda — uma consequência do esforço para interromper o Genjutsu —, olhou para os dedos sujos e voltou a encarar Kurenai.

— Desde que entrei para os Yuurei — Hana tinha a voz trêmula de raiva —, até hoje... eu não me lembro de ter sangrado numa luta.

Kurenai estreitou os olhos e respirou fundo. Considerando a mudança no ar de Hana Sakegari, o que quer que ela fosse usar agora com certeza estaria em um nível bem diferente de tudo o que ela já havia feito.

Hana juntou as mãos.

— Você com certeza é uma oponente digna de ver isso, Kurenai Sarutobi — falou, fechando os olhos.

Sussurrou:

— Yami no Fuuin, Kai (Selo da Escuridão, liberar).

A atmosfera pareceu mais pesada e fria. Mesmo não sendo ninja sensorial, Kurenai conseguia sentir a mudança drástica no fluxo de chakra da garota a sua frente. A última vez que havia sentido tanto poder concentrado em apenas um indivíduo tinha sido no Exame Jounin, quando fora examinadora e enfrentara Naruto Uzumaki. Mas aquilo estava longe de ser o poder de um Jinchuuriki; o que Hana estava usando era algo maligno.

E Kurenai sabia, não estava lidando com Genjutsu naquele momento.

Quando Hana Sakegari abriu os olhos outra vez, já não havia mais verde-esmeralda neles. As escleróticas agora eram pretas enquanto as íris eram brancas. As pupilas estavam dilatadas e dois pares de listras negras desciam da testa ao queixo da Yuurei, que agora usava o poder da escuridão.

— Agora, Kurenai Sarutobi... — Hana fez um selo com a mão direita. — Encontre seu marido no mundo dos mortos.

Foi como estar em um pesadelo do qual não se podia acordar.

A visão de Kurenai escureceu. Seu corpo parecia flutuar no vazio, mas diferente do Genjutsu anterior de Hana, Kurenai sabia que não estava vagando no espaço sideral; era diferente, um vácuo interminável sem nada além do escuro. Ela não sentia frio ou calor, não sentia o chão sob seus pés nem nada.

— Meus sentidos... — Tremeu. Kurenai não escutava a própria voz. Para a própria infelicidade, havia deduzido perfeitamente o que aquele Genjutsu fazia.

Visão, audição, tato, olfato e paladar; os cinco sentidos humanos eram subjugados dentro daquele Genjutsu. Não pertenciam mais à Kurenai. Era Hana quem os controlava ali.

Se Kurenai Sarutobi não sentia nada, passou, de repente, a sentir seu corpo queimar por inteiro. De fora para dentro e vice-versa. A sensação de dor era implacável. Kurenai sentia seus músculos serem mastigados, seus nervos inflamando e sua voz muda. O que ela escutava eram gritos de outras pessoas. Ela ouvia Kiba sofrer, Shino e Hinata. Ela gritava agonizante, mas escutava as vozes deles sofrendo, não a própria. Como se não bastasse, o Genjutsu trouxe o choro de Mirai, sua filha pequena. Depois, a voz de Asuma se juntou ao coro. O cheiro de carne podre misturado ao gosto de excremento em sua boca completava a sina tortuosa a qual Hana lhe havia posto.

Fora da ilusão, Kurenai tombou e Hana sorriu. Aquele era o fim. Ou, pelo menos, era o que ela achava.

Hana Sakegari foi transportada para dentro de um ambiente fechado. O céu era artificial. Madeira, porcelana — Hana não sabia dizer ao certo. Paredes beges se levantavam ao redor dela irregularmente. Ela correu para longe dali, mas por mais de andasse, parecia sempre voltar para o mesmo lugar.

Tentou pular para acima das paredes, mas percebeu que era impossível. Seu corpo simplesmente não conseguia dar qualquer salto, por menor que fosse; a Yuurei era forçada a andar ou correr para ter movimento com os pés.

E as paredes continuavam a se erguer uma após a outra interminavelmente. Hana se movia e a cada corrida, sentia-se mais frustrada por voltar sempre ao mesmo ponto.

— Isso é...

— O Labirinto Nomura — disse Kurenai atrás de Hana. — Minha cartada final.

Hana se virou incrédula. Os olhos enegrecidos pelo Yami no Fuuin refletiam o desespero da jovem Yuurei. Ela conhecia aquela ilusão.

— Esse Genjutsu é uma técnica proibida! Quando é usava, ele vai-

— Selar a mente do alvo e do invocador — Kurenai falava tranquilamente, o que deixava Hana ainda mais perturbada — em um labirinto ilusório do qual não há saída. É um Genjutsu e um Fuuinjutsu (Técnica de Selamento) ao mesmo tempo. Não importa o quanto tente, não importa o que faça, mais e mais paredes continuarão a crescer.

Hana Sakegari estava inquieta. Olhava de um lado para o outro sem parar.

— Você estava presa na minha ilusão! — Apontou para Kurenai. — Eu tinha você! Não havia como você escapar de uma ilusão do meu Yami no Fuuin! Eu previ seus movimentos. Como você...?

Kurenai balançou a cabeça pacientemente. Hana, por fim, entendeu. A verdade veio como um tapa.

— Você nunca foi pega. E desde o começo da luta, você... não, não! Não!

— Agora entendeu — falou Kurenai.

— Você é louca! — Hana berrou. — Nós duas vamos ficar presas aqui! Por que se sacrificar, Kurenai Sarutobi?

A Jounin deu um sorriso gentil.

— Eu sou ninja, mas acima disso eu sou mãe. Pensei que tivesse tomado a decisão certa ao voltar para a minha antiga vida. Agora vejo que não. Estou pensando mais na minha filha que na minha vila. Como ninja, eu teria tentado lutar mais e provavelmente perderia — confessou. — Você é muito mais forte do que eu, pequena Yuurei. Mas, para o seu azar, estou lutando como uma mãe. E não posso me dar a chance de perder aqui. Preciso proteger o futuro da minha filha a todo custo. Infelizmente, não poderei ver esse futuro dela.

Kurenai soltou um suspiro e continuou:

— Uma vez enfrentei Itachi Uchiha e, mesmo já sendo a melhor em Genjutsu da Folha, fui facilmente derrotada. De lá para cá, aprimorei meu repertório de Genjutsus na esperança de um dia conseguir minha revanche. Mas aconteceu tanta coisa... no fim das contas, o destino me trouxe você, criança.

— Cale a boca! — Hana juntou as palmas das mãos.

— É inútil e você sabe. O Labirinto Nomura se adapta ao fluxo de chakra de quem é pego nele. Tentar mudar o padrão de seu chakra não vai adiantar porque o genjutsu irá copiar a mudança.

Hana se virou para Kurenai.

— Eu já mandei calar a boca, sua vadia velha!

Kurenai meneava com a cabeça. Permitia-se sentir um pouco de pena da jovem inimiga.

— Qual o seu nome? — perguntou.

— Como é?

— Eu não sei o seu nome — disse Kurenai. — Como você se chama?

Hana fuzilou Kurenai com os olhos. O que ela queria afinal? Fazer amizade ou coisa parecida?

— Primeiro me prende aqui e depois pergunta o meu nome? Ficar presa para sempre com uma desconhecida soa desconfortável para você, então quer saber meu nome por isso?

Kurenai riu, o que Hana achou ainda mais estranho.

— Qual é a graça?

— Você — respondeu Kurenai. — Está problematizando uma pergunta simples.

Hana separou as mãos, emburrada tanto pelo fracasso quanto pela mulher em sua frente, que agora parecia querer bancar a boazinha.

— Hana — falou a contragosto. — Hana Sakegari. Agora pare de encher meu saco.

— Significa “flor”. Um nome bonito. Quantos anos você tem, Hana?

Aquela era a gota d’água. Definitivamente, Hana Sakegari não tinha paciência para aquele teatro todo, aquela gentileza forçada.

— Nós somos inimigas! — gritou. — Pare de querer conversar comigo!

— Nós somos — concordou Kurenai, aparentemente. — Ou éramos. Que diferença isso faz agora?

Hana suspirou. Estava exausta.

— Não quero te responder.

— Então me diga a sua idade.

— Escuta aqui, sua... — segurou-se. Ao que tudo indicava, Kurenai parecia se divertir com a irritação dela. Pensando nisso, Hana decidiu não dar a outra a oportunidade de se mostrar uma pessoa melhor. Hana não precisava daquilo, mas sim de uma saída da ilusão. — Tenho dezessete. É informação suficiente para você agora?

Hana deveria saber que a resposta era não.

— Você parece ser mais nova. — Hana revirou os olhos. Aquilo, com certeza, deveria fazer parte da ilusão; era tortura demais. — Te daria catorze ou quinze anos. Como entrou para os Yuurei?

Finalmente uma pergunta que Hana teria prazer em responder. Talvez assim, Kurenai se calasse e parasse com aquela aproximação estúpida e sem sentido.

— Matei toda a minha família — falou enfática. — E quis fazer isso.

Kurenai arqueou a sobrancelha. Hana esperava uma reação diferente, uma que não veio nem naquele momento nem depois.

— Continue.

Controlando-se novamente, Hana prosseguiu:

— Eu sou do clã Sakegari. Nossa aptidão é Genjutsu. Quando a Quarta Guerra Ninja estourou e Madara Uchiha usou o Mugen Tsukuyomi, eu usei meus poderes para manipular todos do meu clã para me protegerem com contrailusões. Nós, Sakegari, conhecíamos os Genjutsu dos Uchiha e sabíamos o que era a lua vermelha.

— Você conseguiu evitar o Mugen Tsukuyomi? — Kurenai se mostrou impressionada. Hana fez que não.

— Esse Genjutsu está além da imaginação — disse Hana. — Minha proteção era temporária e logo eu seria pega também. Não fui pega porque a escuridão me encobriu primeiro.

— Os Yuurei te acharam bem na hora — deduziu Kurenai. Hana assentiu.

— Como eles não foram pegos? A “escuridão” foi obra do líder de vocês?

Hana fez que sim.

— O poder do Líder-sama não tem a mesma origem do chakra comum — disse a Yuurei. — É por isso que o Mugen Tsukuyomi nunca funcionaria. É por isso que o Modo Rikudou de Naruto Uzumaki não consegue desfazer nenhuma técnica quando um Yuurei usa o Yami no Fuuin. São poderes de origens diferentes, logo um não afeta o outro.

Foi neste exato momento que Kurenai se arrependeu de ter usado um Genjutsu de Selamento em Hana. Aquela informação deveria ser passada para a Inteligência da Folha. Seria útil para desvendar os poderes misteriosos do Líder dos Yuurei.

— Espere... se o Meiton não vem da Árvore Shinju como todo chakra, então de onde ele vem?

Compartilhar aquelas informações era terminantemente proibido para qualquer Yuurei, mas àquela altura não importava mais. Hana Sakegari sabia que sua mente estava selada e o Genjutsu seria desfeito quando ambas morressem. Não havia como aquela informação sair dali.

— O Líder-sama foi o-

Nem Hana nem Kurenai esperavam pelo que veio por conseguinte. Correntes brilhantes de chakra surgiam de dentro das paredes do labirinto, cercando as duas Kunoichi. Elas se entreolharam e enquanto uma tinha confusão nos olhos, a outra tinha alívio.

— Foi você? — Kurenai perguntou para Hana.

— Não — respondeu a Yuurei, não escondendo a alegria. — É a Mira-sama. Você disse que esse Genjutsu é um Fuuinjutsu também, certo?

Antes que Kurenai dissesse qualquer outra coisa, as duas estavam de volta à Vila Oculta da Folha. Kurenai estava deitada no chão e, quando voltou a si, Hana Sakegari não era a única Yuurei ali.

— Hana, por que usou seu Yami no Fuuin? — Kurenai olhou bem para a mulher que falava com Hana Sakegari. Tinha o cabelo de um vermelho-vivo incomum e os olhos azul-escuros lembravam-na da fisionomia de outra Kunoichi que Kurenai havia conhecido quando era jovem. E antes havia as correntes de chakra...

Por um instante assustador, foi como rever Kushina Uzumaki, a falecida esposa do Quarto Hokage, outra vez.

Kurenai sabia que a mulher a tinha notado, senão seu Genjutsu ainda estaria de pé. Mas seja lá quem fosse aquela Yuurei, não parecia se importar com o fato de ter uma Jounin da Folha por perto.

Hana Sakegari desfez o Selo da Escuridão e curvou a cabeça, trêmula. Kurenai assistia àquilo tudo sem entender. Ainda estava intrigada quanto à Yuurei que falava com Hana.

— E-eu fui enganada, Mira-sama. — Hana gesticulava demais e olhava de um lado a outro, menos para o rosto da vice-líder. Estava envergonhada e temerosa demais. Diferente de Iori, Mira era complacente, mas isso não significava que ela não corrigisse os erros dos demais membros.

Mira arqueou a sobrancelha, curiosa.

— Enganada? Logo você?

— S-sim, senhora. Minha oponente foi mais rápida e me pôs em um Genjutsu no qual eu acreditei estar batalhando. Acabei usando o Yami no Fuuin por consequência e-

— ... por consequência de uma batalha contra alguém que não é o Alvo Primário? — interrompeu Mira. — Você sabe a regra, Hana: o Yami no Fuuin nos foi dado para podermos combater o Alvo Primário. A exceção é Sasuke Uchiha e somente ele.

Hana engoliu o medo do castigo. Ele descia devagar pela goela.

— Mira-sama, eu...

— ... Qualquer outro inimigo deve ser derrotado pelo poder próprio do Yuurei — Mira continuou. — Usar o poder do Líder-sama indevidamente mostra que o ninja não é digno de vestir nosso manto. E não há “ex-Yuurei”, você sabe.

O coração de Hana acelerou. A serenidade da voz da vice-líder, pela primeira vez, lhe pareceu mais aterrorizante que terna. Sem pensar duas vezes, ela se ajoelhou aos pés de Mira, suplicando pela vida.

— Por favor, Mira-sama — ela dizia. — Eu imploro! Nunca mais farei isso, nunca mais irei descum-

A sensação de calor foi da cabeça até os pés. Hana sentia a mão da vice-líder pousada suave sobre seus cabelos.

— Está tudo bem, Hana — disse Mira. — Acalme-se.

Mas a menina não fez isso. Havia o medo de ainda ser punida pelo uso errado do Yami no Fuuin e pior, Hana fora liberta do Genjutsu junto com Kurenai, o que significava que a informação a respeito do líder dos Yuurei tinha saído também.

E se Mira soubesse que Hana havia compartilhado informações sobre ninguém menos que o líder dos Yuurei, ela com certeza não hesitaria em corrigir o erro da subordinada de uma vez por todas. A questão era: por ter liberado o Genjutsu de Selamento, Mira sabia o que tinha sido contado? Hana Sakegari disfarçava essa dúvida para que a vice-líder não a visse estampada em seu rosto.

Felizmente para Hana, Kurenai atraiu todas as atenções.

— Quem é você? — perguntou à Mira.

A vice-líder dos Yuurei se virou, finalmente, para a Jounin da Folha, que já estava de pé.

Kurenai não queria lutar contra aquela outra oponente, mas iria, caso não tivesse escolha. A concentração de chakra de Mira era muito diferente da de Hana Sakegari, o que já a tornava aparentemente mais perigosa. E pela cena que havia visto ali entre as duas Yuurei, de fato era assim.

— Quem eu sou, você diz? — Mira trazia uma mistura de desprezo e confiança camuflada nos olhos. — Eu sou um fantasma criado pelas Cinco Nações.

— Seu rosto me lembra de alguém que conheci, e seu jutsu também — disse Kurenai, cautelosa. — Você é Uzumaki, não é?

Mira inclinou a cabeça e suspirou.

— À essa altura o ANBU que escapou de mim já deve ter contatado seus superiores — lembrando-se vagamente de Sai, Mira ergueu o rosto para encarar Kurenai —, então tentar esconder essa informação é inútil agora.

A vice-líder girou a mão aberta para Kurenai, que não teve tempo de reação. Correntes de chakra se amontoaram sobre suas pernas e braços, imobilizando-a. Já sem resistência, Mira conjurou uma última corrente para atravessar a barriga de sua presa.

Ela sentiu o sangue subir à garganta enquanto a visão esvanecia devagar, mas apesar disso, conseguiu ler os lábios dela dizerem “sim, eu sou”.

Depois, a visão de Kurenai Sarutobi escureceu e ela caiu inconsciente no chão.

As correntes de chakra desapareceram com um gesto de Mira, que caminhou como que examinasse o corpo estendido no chão. Hana ainda estava curiosa com tudo aquilo. Tudo bem, fazia todo o sentido libertar um companheiro de Genjutsu inimigo ou ainda deixar de aplicar uma punição em um subordinado, mas poupar um inimigo? Se não a conhecesse bem, diria que não era Mira Uzumaki, a rígida vice-líder dos Yuurei, ali.

— Ela ainda está viva — Mira referia-se a Kurenai. — Ela não morrerá com isso. Não acertei para matar.

Virou-se para Hana.

— Terminamos por aqui — disse à subordinada. — Vamos, Hana.

A garota dedilhou uma mecha de cabelo. Um gesto que, por mania, fazia sempre que estava nervosa quanto a algo.

— Mira-sama... hã? — segurou-se. Ainda não se sentia segura o bastante para questionar a vice-líder, principalmente depois de esta tê-la livrado de uma punição que seria perfeitamente aplicável. — A senhora não vai matá-la? Digo, não é o que fazemos sempre? Sem deixar corpos?

Mira fez que não.

— Kioto já deve ter chegado ao Distrito Hyuuga, certo? — perguntou Mira, ignorando previamente o questionamento de Hana. — Se já, então vou precisar dessa daí viva. Ela é uma pista.

Agora, definitivamente, Hana Sakegari não estava entendendo nada.

— Pista? Do que está falando, Mira-sama?

Mas o olhar de Mira estava distante, focava o horizonte e os portões da vila com ele. Hana observava o rosto de sua superior. Mira Uzumaki era uma mulher reservada e, muitas vezes, indecifrável. Naquele momento, contudo, a expressão facial de Mira não era o que Hana chamaria de indecifrável. Era uma confusão; os olhos dela transmitiam uma mistura insana de obsessão, satisfação, incredulidade e fúria. Não era algo fácil de se entender; Hana tinha feito o melhor possível, mas era difícil, afinal, nunca tinha visto Mira daquele jeito.

Apesar disso, Hana admirava aquela mulher e a conhecia bem o bastante para ter certeza de uma coisa: como uma ninja-sensorial extraordinária, Mira Uzumaki havia detectado alguma presença vinda da direção dos portões. Uma que não estava presente quando os Yuurei deram início ao ataque.

— Inacreditável... — com os olhos no horizonte, Mira sussurrou, mas Hana conseguiu escutar e acabou confirmando o que imaginava.

Hana endireitou o corpo, receosa.

— Mira-sama, o que vamos fazer agora?

A vice-líder Yuurei se virou para a garota, que aguardava ansiosa. Mira sorriu satisfeita.

— Vamos nos juntar a Kioto, Hana — ela disse. — Nossa invasão está perto do fim.

Hana achou melhor não perguntar por que a invasão estaria acabando, afinal havia muito da Folha para destruir. Porém, em silêncio, Hana Sakegari caminhava ao lado de Mira Uzumaki. Juntas, superior e subordinada, haviam deixado um corpo.

 

E Mira sabia muito bem; não era assim que agiam os Yuurei.

 

 

                                                           * * *

 

 

Vinte e oito pares de olhos brancos o focalizavam naquele momento. Kioto Hyuuga, o terceiro oficial e membro sênior Yuurei, estava sereno embora seu interior explodia de uma ansiedade assassina. Estava ali para cumprir sua tão sonhada vingança contra seu antigo clã. E era o que faria.

— Identifique-se! — Kou Hyuuga liderava o pelotão de defesa formado pela Família Secundária. Todos estavam em posição de combate, enquanto aguardando fosse lá o que o Yuurei estivesse para fazer.

Atrás dos membros da Família Secundária estavam Hinata e Hanabi Hyuuga. Mesmo a contragosto de Kou e Natsu, que queriam proteger suas líderes, as irmãs se recusaram a se esconder na mansão principal junto com os demais membros do clã e preferiram lutar. Da mesma forma, vinte e oito ninjas da Secundária estavam ali, protegendo-as a contragosto de Hinata, que pedira que todos se abrigassem na mansão.

— Não ouviu? — Kou falou outra vez. — Identifique-se.

O Yuurei confirmou as suspeitas de Hinata, que já supunha saber a identidade do invasor.

— Eu me chamo Kioto — falou o Yuurei. — Kioto Hyuuga.

Sussurros de incredulidade se fizeram ouvir entre os membros da Secundária. Aquele nome não era estranho para ninguém do clã Hyuuga, exceto Hanabi, que se espantou pelo fato de o inimigo pertencer ao clã. Saber que o mesmo sangue do inimigo corria em suas veias era assustadoramente inimaginável.

E foi só. Pois antes que houvesse qualquer resposta dos ninjas da Folha, Kioto atacou. Em um segundo, já havia se infiltrado no meio da formação dos membros da Secundária, que mal tiveram tempo para reagir. Atacavam um inimigo esguio, que lhes escapava por um triz.

Kioto era um demônio em combate. O Juuken (Punho Gentil) afiado e a velocidade apurada faziam de Kioto Hyuuga um lutador mortal. Golpes rápidos e ataques furtivos, com um tempo de fuga perfeito. O Yuurei golpeava os Tenketsus (pontos de chakra) de suas vítimas com precisão, acertando-os entre um ataque e outro, desviando e atacando outra vez. Mesmo estando bem no meio de um pelotão, para ele, não fazia a menor diferença quando se tratava de rivais inferiores.

Com uma mistura de espanto e raiva, Hanabi viu Natsu, sua guarda-costas de longa data, ser golpeada na nuca e no lado esquerdo das costas. Ela tombou, e Hanabi sabia que não levantaria mais.

Por fim, restou apenas Kou. Ele atacou com a Palma de Ar, que foi desviada pelo Yuurei. Kioto encurtou a distância, como um predador que sabia o tempo exato para dar o bote. Pôs a mão à queima-roupa de Kou e anunciou o jutsu:

— Hakke Hasangeki (Punho esmagador de montanhas).

Hinata engoliu em seco. Com o Byakugan, ela enxergou todo o chakra de Kou ser enxotado para fora dele. Suas reservas de chakra, seus tenketsus, tudo apagou dentro do corpo do ninja, que caiu imediatamente. Um indivíduo poderia ficar incapaz de realizar jutsus por ter uma quantidade quase esgotada e insuficiente de chakra dentro de si. Mas uma vez o chakra completamente zerado, era impossível para qualquer um se manter vivo.

Depois de assassinar Kou, Kioto se virou para as irmãs da Família Principal.

— Receio que agora sejamos só nós — disse ele. — Ou há mais algum subordinado?

Hanabi trincou os dentes.

— Cretino. Vai pagar por isso.

O Yuurei se virou para a garota. Por um instante, Hinata viu o rosto por debaixo do capuz. Os olhos eram mesmo o Byakugan, e eram frios, como se aquele homem tivesse um ódio particular por Hanabi, embora Hinata soubesse que não se tratava exatamente disso.

Por fim, o Yuurei retirou o capuz.

— A filha de Hiashi — disse, ainda olhando para Hanabi. — Você tem o rosto do seu pai.

Depois, virou-se para Hinata, e, para espanto dela, aquele ódio particular pareceu sumir por uns instantes, embora Hinata ainda sentisse uma aura assassina da parte do Yuurei.

— A filha de Himori — falou ele, agora como olhar fixo em Hinata. — Você tem o rosto da sua mãe.

Hinata trocou um olhar rápido com a irmã. Aquilo soava esquisito para as duas, principalmente para Hinata. Ela já tinha visto como o pai reagira ao saber da subsistência de Kioto Hyuuga. Agora que ele estava bem ali, diante dela, tinha certeza: algo entre ele e Hiashi havia acontecido — algo ruim, e Kioto estava ali para se vingar.

Por mais que quisesse o pai ali com elas, não suportaria vê-lo ser o único alvo da fúria de um Yuurei. E, por se tratar de um Hyuuga também, Hinata tinha esperanças de entender o homem a sua frente. Queria saber a verdade.

— O que houve entre você e meu pai? — Hinata perguntou.

Os olhos do Yuurei se estreitaram, as veias ao redor dos olhos dilatavam nervosas enquanto o Byakugan de Kioto focalizava as irmãs Hyuuga. Hinata pressentia o perigo iminente; todos os seus instintos gritavam dentro dela para se afastar do que viria.

Sem qualquer aviso, Kioto atacou.

O Yuurei surgiu atrás de Hanabi, mirando o lado esquerdo das costas — para acertar o coração. A garota não teve tempo para reagir e, não fosse Hinata, que interceptou o golpe com uma das mãos, estaria morta.

— Bom reflexo — Kioto falou. — Aprendeu uma lição da luta contra Taka Kazekiri, eu suponho.

Hinata ignorou a provocação, embora um flash da luta contra o Yuurei Junior tenha passado ligeiro em sua cabeça.

Decidiu atacar. Ainda usando a mão com a qual bloqueara o ataque de Kioto, Hinata fez apoio para conseguir chutar alto, mirando a cabeça do Yuurei. Não esperava que o golpe funcionasse, mas queria que o Yuurei se esquivasse e, assim, estivesse vulnerável para seu próximo ataque.

Quando Kioto deu o passo para trás, Hinata, quase de ponta-cabeça, ergueu as duas mãos na direção do Yuurei e clamou:

— Hakke Kuhekishou! — A dupla palma de ar rugiu furiosa das mãos da herdeira dos Hyuuga.

Kioto viu a massa de ar chegando, a segundos de atingi-lo, e desapareceu do alcance do jutsu.

— O quê? — Hinata mal teve tempo de reagir. Por ter o Byakugan, não havia perdido o Yuurei de vista, mas, ainda assim, não esperava vê-lo em suas costas, atacando-a. Por puro reflexo bloqueou um golpe e, sendo forçada a uma defesa desajeitada, bloqueava a sequência impiedosa de Kioto.

O Yuurei era constante. Metralhava os punhos de Hinata com o Juuken. Esta, defendia-se como dava, mas sabia ela: estava em uma posição ruim e, se não revertesse aquilo, não tardaria para sucumbir aos ataques.

Percebendo a irmã acuada, Hanabi decidiu intervir. Com chakra suficiente concentrado nas mãos, ela atacou.

— Juuho: Soushiken! — E saltou na direção do Yuurei, com os punhos dos leões gêmeos. Kioto desviou a cabeça do primeiro golpe e, enquanto usava os braços para atacar Hinata, usou uma das pernas para chutar o antebraço de Hanabi, evitando o segundo golpe, pela esquerda.

Hanabi parou por um segundo e quando investiu outra vez, tomou um chute no queixo e caiu para trás.

— HAKKE HIASANGAKI (Oito Trigramas: Palma Divina) — Hinata contra-atacou imediata e furiosamente. Kioto sabia que o Hakke Hiasangaki absorvia parte do chakra do oponente para redirecioná-lo de volta depois e, por isso, saltou para trás. Os braços, estendidos, para Hinata e Hanabi, que havia se levantado.

— Você está bem, Hanabi? — perguntou Hinata, com os olhos fixos em Kioto.

— Tsc, isso não foi nada. — Ela limpou o sangue da boca e cuspiu. — Esse aqui dá bastante trabalho, não?

Era bem verdade. Pelos poucos minutos de luta, Hinata havia percebido que o Yuurei diante dela era bem diferente de Taka Kazekiri; Kioto era mais focado, talentoso, tinha um estilo de luta harmônico e parecia saber o tempo exato de usar cada golpe. Além disso, era um Hyuuga, e como tal, sabia o que poderia esperar de suas oponentes, diferente de Taka.

Mas o pior problema era a velocidade de Kioto. Para a análise de Hinata, era absurda demais para um simples Juuken. Era como se Kioto Hyuuga fosse Hiashi no corpo de Rock Lee.

— Eu sei o que está pensando, Hinata Hyuuga — disse ele. — E acredite, você ainda não viu nada.

Foi como se o pesadelo de Hinata virasse realidade. Kioto puxou as mangas do manto e revelou dois pesos presos nos pulsos. O barulho do metal estalando no chão fez Hinata estremecer. Não por medo, mas por que sabia o que viria a seguir. Ao longo de sua carreira ninja, já tivera a oportunidade de ver seu amigo Lee remover os pesos que usava nos pés.

Kioto desdobrou as mangas e se colocou em postura de combate. Os dedos dele estalaram enquanto Hinata via um brilho assassino naqueles olhos.

— Hanabi...

— Nem pense nisso! — Hanabi sequer se virou para a irmã. — Vamos enfrentá-lo juntas, Hinata-neesama.

Hinata suspirou. Estava feliz por ter a irmã ali com ela, mas ao mesmo tempo que isso a satisfazia, preocupava-a. Naquele momento, Hinata Hyuuga se via na responsabilidade de proteger a irmã e a todos que estavam dentro da mansão principal.

Não conseguiu evitar de pensar em Naruto e que ele, provavelmente, diria que bastaria derrotar o Yuurei para proteger todo mundo. Imaginou a voz dele em seus ouvidos e, com um pouco de graça pelo modo como Naruto simplificava demais as coisas, Hinata se permitiu sorrir no meio da luta.

— Certo — disse ela. — Juntas.

Foi Kioto quem investiu, correndo na direção das duas. Hinata e Hanabi mantiveram posição e, como se pudessem ler a mente uma da outra, atacaram.

— Hakke Kuushou! — invocaram a Palma de Ar ao mesmo tempo.

 

 

 

 

Kan cuspiu sangue, risonho.

— Você é rápido, Cabelo de cuia — falou, enquanto erguia-se sobre um dos joelhos. — Estou impressionado.

Lee não disse nada. Olhou para trás e viu Sakura já inconsciente, mas segura. Isso que importava. Depois olhou ao redor. Os quatro tornados de escuridão ainda estavam lá, consumindo tudo por onde passavam. Isso queria dizer o conjurador da técnica, o líder dos Yuurei, provavelmente ainda estava de pé.

Virou-se para Kan.

— Sinto muito, Yuurei-san, mas não partilho do desejo de prorrogar essa luta. Vou dar um fim a ela com minha próxima sequência.

Kan cerrou os dentes.

— Mas quem você pensa que é...

O Yuurei não teve tempo para concluir as palavras. Lee apareceu debaixo dele, já o chutando para cima. Quando Kan estava a aproximadamente dez metros de altura, Lee surgiu por cima dele, chutando-o no abdômen. O Yuurei, em queda, sentiu outro golpe, esse nas costas. Lee o estava empurrando de volta para cima e, em pleno ar, o Jounin, já tendo aberto o Portão da Insanidade, estendeu os braços para o oponente e rugiu:

— Hirudora! (Tigre da Tarde) — A explosão atingiu Kan em cheio, arremessando-o para longe. Lee viu o corpo do Yuurei atravessar construções e desaparecer em meio ao caos que estava a Vila Oculta da Folha.

Kan não estava morto; era um servo de Jashin, e Lee sabia. Mas por hora, aquele inimigo não iria causar problemas.

Com o sétimo portão já desativado, Lee voltou-se para socorrer Sakura.

 

 

 

 

Suki desdenhou da combinação feita por Gen Matsuuri antes de vitimá-lo junto com os outros dois Chuunin que davam suporte a Chouji e Tenten. Houve um grito em meio a uma ventania e, logo depois, a Assassina de Kages se viu diante de apenas dois inimigos remanescentes.

— Vocês são os mais fortes que enfrentei desde que pisei aqui. — A Yuurei brandiu o leque às costas. — Parece que quanto mais adulto for um ninja da Folha, mais fraco ele é.

Tenten e Chouji não estavam em boas condições, mas se mantinham de pé; ela melhor do que ele, pois Tenten, desde a luta com Temari, sabia o que era enfrentar uma usuária de leque da Vila Oculta da Areia. Aquela tinha sido uma derrota inesquecível e, dadas as circunstâncias, não estava nem um pouco a fim de perder outra vez para alguém que lutasse da mesma forma que Temari. Não ali, não aquele momento.

Virou-se para Chouji. O rapaz trazia cortes do braço esquerdo e no lado, próximo às costelas. O colete falhara miseravelmente em protegê-lo dos ataques de Suki, mas Chouji estava de pé. Para ele, isso era suficiente. Notou o olhar preocupado de Tenten e retribuiu à garota um sorriso confiante.

— Vamos fazer isso juntos, Tenten — falou ele, disfarçando uma careta de dor. — Vamos proteger a vila.

Tenten se voltou para frente. Suki aguardava, como se já esperasse toda aquela conversa sobre superação. E era isso mesmo. Para a Yuurei, o resultado era mais do que certo. Alguém que detinha a alcunha de “Assassina de Kages” só estava se divertindo com aqueles dois. Em breve estariam mortos.

— Já terminaram? — ela perguntou. — Eu tenho uma Hokage para matar.

Tenten sacou do estojo traseiro dois pergaminhos pequenos, enquanto mantinha posição contra Suki. Chouji aguardou.

— Agora, Chouji!

E Chouji avançou primeiro, com o punho direito agigantado. Socou na direção de Suki, que não teve qualquer problema de desviar do golpe. “Grande, mas lento”, ela pensou. Girou para as costas desprotegidas dele quando, de relance, percebeu as ações de Tenten.

“Entendo. Então você é o verdadeiro perigo”.

Os rolos de pergaminho ainda estavam abertos em pleno ar e Tenten conjurava um arsenal inteiro deles. Primeiro, um arco e uma aljava de fechas — que tratou de disparar de imediato. Suki usou o esqueleto metálico do leque para bloquear os disparos, o último deles estava projetado para acertar entre os olhos da Yuurei.

— Aqui! — bradou Chouji, desferindo um soco contra a posição da inimiga. Suki foi ágil e abaixou-se a tempo de evitar o golpe direto. Tenten aproveitou aquela fração de segundo e não hesitou.

Os disparos foram certeiros. Quatro flechas cravaram o manto de Suki no chão e a Yuurei, pega de surpresa, teve dificuldade para se movimentar. Chouji, de imediato, agigantou o braço esquerdo e, juntando as mãos, desabou-as sobre o corpo de Suki.

— Não me subestimem, pirralhos! — A Yuurei deixou os braços folgarem pelas mangas do manto negro, desvencilhando-se dele. No segundo seguinte, os braços gigantescos de Chouji esmagaram o manto da Yuurei que estava cravado no chão. Se não tivesse pensado rápido, teria sido morta.

Mas Suki não teve tempo para se recuperar do susto. Tenten surgiu atrás da Yuurei, armada com um bastão. O que se seguiu foi um elegante combate de armas. Suki e Tenten trocavam golpes ferozes. Suki usava o leque, ainda fechado, como bastão, e Tenten, sem se importar, desferia ataques rápidos. Seu bastão era de madeira contra um leque metálico; ela sabia qual arma era mais leve e maleável.

Suki defendeu um golpe contra sua cabeça. Tenten aproveitou o meio segundo de vantagem e usou a outra extremidade do bastão para investir contra as pernas da Yuurei. Um ataque rápido e Suki deu com as costas no chão. Tenten, por cima, girou o bastão nas mãos e, no instante seguinte, já não se tratava de um bastão de madeira. Tenten agora parecia segurar um machado de batalha.

A lâmina desceu como uma guilhotina. Suki rodopiou o corpo para o lado e chutou as pernas de Tenten, derrubando-a. Depois ergueu o leque para atacar, mas antes que conseguisse foi arremessada por um soco certeiro de Chouji Akimichi.

Suki caiu metros a frente, rolando pelo chão. A Yuurei se levantou em seguinte, levando a mão aos lábios. O gosto salgado desceu por sua garganta e ela via as gotas vermelhas nas pontas dos dedos. Suki chupou o pequeno corte na boca e o resto do sangue no polegar e indicador. Fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu, cravou-os em Chouji e Tenten.

— Não esperava sangrar numa luta dessas — disse ela, sem qualquer leveza na voz. — Realmente, foi uma surpresa.

Chouji resmungou.

— Vocês, Yuurei, se acham invencíveis por tudo que fizeram até agora conosco. Mas veja: vocês são de carne como qualquer ser humano. Vocês sangram.

Suki sorriu, mas um sorriso sem graça.

— O pernilongo pica, arranca um pouco de sangue, mas não faz mais do que isso... — Olhou fixamente para Chouji. — Não é capaz de matar um animal grande.

Tenten suspirou. Queria terminar aquela luta rapidamente, mas sabia que, no fim das contas, Suki era um Yuurei. Sabia que deveria lutar com cautela. Depois de ter recebido o golpe de Chouji, Suki parecia diferente. Estava mais séria e a voz calma dela transmitia uma raiva fria e assassina.

Tenten sabia, a luta ficaria mais perigosa a partir daquele momento.

De esguelho, olhou outra vez para as feridas do companheiro.

— Chouji... — ela sussurrou. — Se eu cair, prometa que vai fugir. Não tente enfrentá-la sozinho.

Chouji protestou de imediato.

— De jeito nenhum, Tenten. Também sou ninja. Estou pronto para o que tiver que acontecer.

Era mentira. Mas Tenten ficou feliz por ouvi-la.

— Tudo b-

Suki surgiu como uma sombra entre os dois. Tinha o leque entreaberto na Segunda Lua. Sem olhar para os oponentes, sussurrou um justu.

Houve um assobio rápido no ar. Depois uma explosão de vento vinda de Suki e se expandindo. Tudo aconteceu rápido demais para os olhos de Tenten, que sentiu como se seu corpo tivesse sido retalhado por milhares de lâminas e empurrado violentamente para longe. Ela voou e caiu sobre árvores ali próximas, que trataram de amortecer sua queda. Não fosse por isso, a altura teria sido letal.

Suki se virou para a direita e assobiou impressionada.

— Uau. Você não é apenas uma montanha de força bruta, afinal?

Chouji tinha assumido sua forma gigante para absorver melhor o ataque. Havia sido golpeado e outras partes de seu corpo agora também estavam sangrando, mas com o corpanzil conseguira diminuir os efeitos da explosão de vento cortante em si mesmo.

Ele recuperou fôlego e falou com a voz gutural:

— Onde está Tenten?

Suki, olhando para cima, deu de ombros.

— Morreu. O corpo dela saiu voando e deve ter caído por aí. Sempre acontece.

Chouji cerrou o punho e socou o chão.

— MALDITA!

Toneladas desabaram sobre o solo, que se rompeu em uma cratera com o punho de Chouji Akimichi. Pensara ele, no entanto, ter esmagado a Yuurei desta vez quando viu, na altura de seu rosto, um leque gigantesco planando e, sobre ele, Suki, a Assassina de Kages. Ela sequenciava selos manuais, os olhos fixos no gigante.

— Você já deveria saber, gordão — dizia ela. — Quanto maior é o alvo, mais fácil é de acertá-lo.

Depois que finalizou a sequência, Suki liberou o jutsu que deu término à luta.

— Goufuu Bouheki (Grande Muralha de Vento Violento).

Foi como se todo o ar envolvesse Chouji em um abraço mortal para só depois, em uma só pancada, repeli-lo como em uma explosão. Chouji não conseguiu desfazer seu tamanho gigante a tempo e, assim, evitar causar danos involuntários à vila. Por sorte, seu corpo colossal não foi arremessado contra as áreas residenciais, mas Suki o redirecionou para que se chocasse contra as montanhas. O impacto do corpanzil de Chouji foi tamanho que todo o abrigo dentro do Monte Hokage estremeceu e ameaçou ruir. Chouji, antes de se render a inconsciência, desfez seu jutsu.

Depois, caiu montanha abaixo.

Suki aterrissou e pôs o leque nas costas. Olhou ao redor. Não havia sinal algum de inimigo iminente. Assim, com um suspiro satisfeito, voltou os olhos para o abrigo no Monte Hokage.

— Agora... onde eu estava mesmo?

 

 

                                                        * * *

 

 

Com dificuldade, Tenten abriu os olhos. Sentia um gosto amargo descendo por sua garganta. Era sangue? Ela sabia que sim. Mas era como se, a cada segundo, se sentisse mais revigorada. As feridas em seu corpo não pareciam doer e, mais, estavam cicatrizando a uma velocidade sobre-humana!

Notou que seus dentes estavam cerrados sobre algo macio. Era carne. Quando ergueu os olhos, viu Karin estendendo o braço sobre ela e então entendeu o que estava acontecendo.

— Sorte sua que cheguei a tempo — disse ela. — Mais um segundo e você teria despencado. Aí nada disso iria adiantar.

Depois de mais alguns segundos provando do sangue curador de Karin Uzumaki, Tenten já conseguia se sentar. Estavam as duas debaixo de densas árvores. Tenten sabia que tinha sido ali perto que lutara contra Suki ao lado de Chouji Akimichi.

Foi quando seus olhos exclamaram.

— Karin! E o Chouji? Sabe dele? O que aconteceu enquanto estive inconsciente? Conte-me o que...

— Cale a boca.

Karin suspirou e depois meneou a cabeça negativamente. Tenten temeu o pior.

— Escuta. Não sei o que houve com o Akimichi. Talvez esteja morto, talvez não, mas o que importa? Olhe essa vila! Se ele sobreviveu, não irá demorar muito para que esteja morto de verdade, assim como todos nós.

Tenten engoliu em seco e se levantou.

— Preciso achá-lo. Mas antes disso, preciso encontrar aquela Yuurei que me fez isso. Se eu não a parar, ela vai destruir toda a zona norte da vila antes de ir até o Edifício Hokage.

Karin se levantou também e cobriu o braço com a manga da camisa.

— Você está louca? Acabei de salvar sua vida para você querer desperdiçá-la outra vez numa luta contra uma Yuurei? Qual é o seu problema?

Tenten estreitou os olhos.

— Meus amigos estão dando a vida para parar este ataque. Há uns caras bem maus aqui, destruindo meu lar, machucando aqueles que eu me importo e você pergunta qual é o meu problema?

— Desculpe. — Tenten percebeu que Karin não queria agir com ignorância. Ela podia estar há dois anos morando na Vila da Folha e ter se aparentado com Naruto, mas ainda ter a companhia dos demais era bem recente, pensava.

Antes que pudesse dizer algo, Karin continuou a falar:

— Entendo o que sente sobre ter seu lar destruído. Não vivi o massacre do País do Redemoinho e do clã Uzumaki, mas passei bastante tempo fugindo por ser quem sou — disse ela. — Até ser encontrada pelo Orochimaru-sama. Sei bem o que é ter algo seu tirado de você por uma força maior. Não quis ofender.

Tenten sorriu singelamente para Karin.

— Talvez seja melhor o Chouji primeiro. Ele pode precisar de você. Além disso, acho que se o procurarmos, vou acabar me deparando com aquela Yuurei outra vez. Vamos.

 

 

                                                      * * *

 

 

Nos portões da Folha, o caos não parecia ser tanto. A destruição era como em uma tela de cinema: distante, sem qualquer contato com o mundo real.

Taka bocejou, cansado da monotonia.

— Mira-sama deveria ter mais consideração — disse, chutando uma pedrinha e brincando com a grama. — O Líder-sama ordenou que eu atacasse do alto e não que ficasse aqui, parado, esperando não sei o quê.

Foi como se todas as preces do coração de Taka Kazekiri se tornassem realidade. Em uma fração de segundo, ele sentiu algo rastejando em sua retaguarda e, no instante seguinte, esquivou-se da bocarra que se abrira para devorá-lo.

— Mas que mer-

Abriu as asas e planou no ar para ver melhor. Tratava-se de uma serpente gigante amarronzada. O animal piscou e sibilou para ele. Taka sorriu, mais satisfeito que assustado.

— Entendo. Parece ser uma das crias daquele Orochimaru, embora eu duvide que seja ele. Quem é você?

A serpente se ergueu por sobre o corpo alongado, de forma que a cabeça ficasse na altura de onde Taka planava. Abriu a boca e, desta vez, não sibilou; soprou uma nuvem de gás venenoso.

Taka foi mais rápido e desviou da nuvem, traçando arcos no ar e indo parar acima da cabeça do animal. Antes, porém, que pudesse realizar qualquer jutsu, ouviu um barulho que nada tinha a ver com cobras.

— O que é-

Algo semelhante a uma nuvem negra cobriu-lhe. O barulho, Taka percebeu, era de milhares, talvez milhões de pequeninos insetos. O minúsculo exército choveu por sobre o Yuurei, envolvendo-o em uma esfera negra, que explodiu segundos depois — mas não por efeito da própria técnica; Taka, com as asas agora de penas avermelhadas, usara um jutsu de fogo para criar uma ruptura e escapar.

— Entendo. — Ganhou altitude e depois planou. — O clã Aburame e alguém que sabe usar os jutsus do Orochimaru, suponho.

Estava certo. Das sombras, lá embaixo, surgiram membros dos Aburame, com Shino assumindo a liderança. A cobra, sibilando feroz, abriu a boca e revelou Anko Mitarashi.

— Então foi você... — dizia Shino pacientemente — que atacou minha companheira de time, Hinata Hyuuga, no País dos Demônios. O Yuurei que tem asas, Taka Kazekiri, creio.

Taka sorriu.

— Oh. — Soltou uma risada desdenhosa. — Então você é amigo da vadia peituda? Ela ainda se lembra de mim? Eu adorei ouvi-la gritar da última vez. Chame-a para que possamos brincar de novo.

Anko semicerrou os olhos.

— Esse cara é desprezível.

Shino assentiu.

— Mas ainda é um Yuurei — falou. — Devemos ser cuidadosos. Ele derrotou a Hinata depois de ter deixado o Naruto imobilizado. Portanto é um adversário forte.

— Se as coisas se complicarem, vou ser obrigada a usar aquele jutsu.

— Ninguém neste grupo vai morrer hoje, Anko-san. — Shino juntou as mãos, formando um selo. — Agora vamos derrubar o inimigo do céu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por ler e por acompanhar-me até aqui

Até o próximo capítulo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Herói do Mundo Ninja" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.