O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 93
Ruína da Folha - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal (atrasado), Feliz Ano Novo (atrasado, mas 2017 ainda não acabou, então...), Feliz [inserir uma(s) data(s) que Victor, porventura, não tenha citado aqui] pra todo mundo!

E aí, como vocês estão? xD Este capítulo demorou *sussurra "de novo"* e parte disso é culpa minha (de bloqueio criativo até preguiça pra escrever). Mas eu espero que gostem dele mesmo assim E NÃO queiram me matar por ele. ^^ Victor loves you all.

Enfim, boa leitura para todos e espero (vestido de armadura) vocês nas notas finais o/



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Ela era uma Jounin experiente, veterana de duas guerras mundiais e a décima quinta líder da história de seu clã. Destemida por natureza, não havia um adversário que não fizesse Tsume Inuzuka sorrir confiantemente e atacar com ferocidade. Nem mesmo quando encontrou um dos corpos de Pain na vila Tsume recuou.

Agora, ela suava frio.

— Bruxa maldita... — Mordeu a carne entre o polegar e o indicador com força. A ilusão de Hana Sakegari esvanecia aos poucos.

A Yuurei deu uma risada zombeteira.

— Entendo — disse Hana Sakegari. — Usou a dor para desfazer meu genjutsu. Mas até quando você vai ficar se ferindo?

Por trás, Akamaru investiu com um Tsuuga. A Yuurei desviou do ataque giratório com um salto para cima. E Kiba estava esperando por essa manobra.

— Te peguei! — O segundo ataque veio por cima de Hana, que, por estar no ar, não poderia fazer qualquer desvio.

Antes que fosse pega, Hana agitou o braço, rasgou o ar e desapareceu na escuridão que se abriu. No solo, A Yuurei viu o giro de Kiba passar direto no vazio. Havia escapado.

Ou era o que ela pensava.

— Double Gatsuuga! — Hana Inuzuka e os cães trigêmeos Haimaru avançaram sobre a inimiga. A Yuurei evitou o primeiro giro saltando para a direita, depois o segundo, o terceiro e quase foi atingida pelo quarto. Os giros se desfizeram. Hana Inuzuka e seus três cães tinham encurralado a Yuurei.

— Ainda não acabei! — gritou Hana Inuzuka, lançando duas bombas de fumaça. A Yuurei se viu perdida no campo de batalha. Sem saber onde seus inimigos estavam, Hana Sakegari era um alvo fácil para os sentidos apurados dos Inuzuka.

Ouviu a voz de Hana Inuzuka gritar de algum lugar:

— Juujin Bunshin (Clone da Besta Humana).

O primeiro golpe acertou em cheio o estômago de Hana Sakegari, que foi arremessada mais para dentro da fumaça. Depois veio um segundo ataque direto nas costas. Outro, e mais outro, mais outro; a Yuurei era um brinquedo naquela prisão de fumaça, garras e presas.

— Kiba! — chamou Hana Inuzuka. — Agora!

Mais acima, parado em um alto de poste, Kiba juntou as duas mãos em um selo. Suas garras e dentes caninos cresceram, enquanto chakra fluía pelo seu corpo. Kiba sorriu e saltou, girando o corpo.

— Vamos lá, Akamaru! — O corpo do Jounin agora era como um vórtice negro, rodopiando em altíssima velocidade. — Gatsuuga!

O chão foi escavado com o ataque, lançando terra e poeira para todas as direções. Quando a nuvem de poeira e fumaça baixou, Kiba respirava ofegante a dois metros abaixo do nível do solo. Aos seus pés, uma Yuurei bastante machucada.

— Meus genjutsus... — Ela tossiu sangue. — Deveriam ter parado vocês... como?

Kiba apontou orgulhoso para o próprio peito.

— Não subestime os ninjas da Folha, sua idiota.

Tsume se levantou devagar, apoiando-se em seu cão, Kuromaru. Hana Inuzuka pôs-se ao lado da mãe, acompanhando-a.

— Você está bem, mãe? — perguntou Hana Inuzuka.

Tsume fez que sim.

— Você e Kiba trabalharam bem juntos — disse. — Praticamente, eu assisti a vocês lutarem.

Hana Inuzuka sorriu.

— Kiba é forte.

Os olhos da líder dos Inuzuka foram ao encontro do filho, que ainda encarava a Yuurei caída abaixo na pequena cratera. Um orgulho maternal se apossou dela. Antes na Quarta Guerra Ninja e agora, contra uma oponente duríssima como uma Yuurei, Kiba havia se mostrado digno de ser o próximo líder dos Inuzuka.

— Sim — Tsume concordou. — Mas sabe, meus filhos são fortes.

Hana sorriu para a mãe.

— É verdade. — Hana levou a mão até o estojo médico, pegando uma atadura para a mão ferida de Tsume. — Mas me pergunto, mãe... será que o Kiba acertou a Hana certa?

— O quê...?

Tudo aconteceu rápido demais para Tsume descrever. A visão dela pareceu sumir e reaparecer em uma fração de segundo. De repente, a atadura tornou-se uma faca kunai, penetrando no meio das costelas da líder dos Inuzuka.

E no lugar de Hana Inuzuka estava Hana Sakegari, sorrindo.

— Mãe! — Kiba gritou desesperado. Pensou em correr até Tsume para ajudá-la quando um gemido abafado às suas costas lhe chamou a atenção. Caída exatamente onde estava a Yuurei poucos segundos atrás, agora, Kiba via Hana Inuzuka, sua irmã mais velha.

A respiração do Jounin falhou. Suas mãos tremiam com a cena tenebrosa. O Gatsuuga havia feito muito mais estrago do que ele tinha visto no corpo da Yuurei que, desde o começo, brincara com a mente de todos eles. Kiba nunca havia atacado Hana Sakegari. Pelo contrário, atacara a própria irmã.

Hana Inuzuka agonizava no chão. O corpo estava trêmulo e ferido, a barriga aberta e o sangue se misturando à terra. Kiba caiu de joelhos, desacreditando no horror que seus olhos testemunhavam. Ele havia feito aquilo.

— Não — Os olhos dele ardiam com as lágrimas que caiam descontroladas. — Irmã... Mana...

Hana fez força para conseguir erguer um dos braços. Kiba viu a dor ganhar expressão no rosto da irmã e culpou-se ainda mais. Por que não havia percebido? Por que não havia suspeitado que estava fácil demais segurar a Yuurei?

A culpa esmagava-o, e sentir os dedos gelados de Hana — que perdiam a vida lentamente — acariciando-o nos cabelos só piorava tudo.

— Está tudo bem, Kiba — Hana Inuzuka gemeu baixinho. — Está tudo b-

O cafuné parou do nada. Kiba arregalou os olhos para a irmã que já não respirava mais.

— Hana, não! Hana! Hana!

Ele segurou desesperado a mão da irmã mais velha. Sacudiu o braço de Hana e gritou, esperando que ela, de alguma forma, se levantasse, ou tivesse alguma reação. Tudo o que Kiba via, porém, eram os olhos inertes de Hana Inuzuka.

Estava morta.

Hana Sakegari respirou aliviada.

— Finalmente. — Girou a faca entre as costelas de Tsume. — Era estranho ter duas Hanas aqui, não é?

Tsume suprimiu o grito da dor física. A perda da filha era muito pior que o metal entrando em sua carne.

— Desgraçada — praguejou Tsume — Sua Yuurei maldita.

Hana encarou a hostilidade nos olhos de Tsume com ar de diversão.

— Parece que eu sou uma boa parceira para o Kioto-sama, afinal. — Aproximou a boca para sussurrar no ouvido de Tsume. — Como ele queria, você e sua família vão morrer aqui.

Ditas essas palavras, Hana puxou a kunai com força, fazendo com que Tsume desse um grito de dor e desabasse no chão. Mais embaixo, na cratera, Kiba trincou os dentes em sofrimento e fúria vingativa. Deu apenas um salto e já estava frente a frente com Hana.

E não podia fazer nada.

A Yuurei balançava o dedo indicador devagar em negativa, enquanto a outra mão mantinha um selo ativo.

— Tsc, tsc, tsc, não se mexa, garotão... — Hana deu um passo para o lado, mostrando atrás de si o pescoço de Tsume entre as presas de Kuromaru; a Yuurei estava manipulando animal. — Ou eu mando o cachorrinho aqui rasgar a sua mãe e comer a carcaça.

Kiba cerrou os punhos, completamente impotente. Não fazia cinco minutos que perdera a irmã e agora poderia perder a mãe.

— Eu vou te matar, sua maldita — murmurava. — Eu juro que eu vou te matar.

A situação do filho era delicadíssima, talvez até pior que sua própria. Tsume não via forma de escapar dali, mas se pudesse garantir que Kiba conseguisse sair vivo, não morreria por nada.

— Kiba — Tsume chamou o filho, ainda presa na boca de Kuromaru. — Não ligue para mim; saia já daqui

Mas Kiba não ouvia aquele discurso desesperado. Ele não encontrava lógica naquelas palavras. Não poderia abandonar a família, não poderia deixar a invasora livre; tudo para sobreviver. Kiba não era covarde, era leal. Morreria junto com a irmã e a mãe, se necessário, mas jamais a deixaria lá.

Estava bem diante da Yuurei, observando aqueles olhos verde-esmeralda e sendo observado por eles. Se fizesse qualquer movimento — por mais simples que fosse —, não duvidaria que Hana Sakegari ordenasse a Kuromaru estraçalhar o pescoço de Tsume.

Ordenar o próprio cão a assassinar o seu dono, pensava Kiba, era muito cruel.

O tempo estava passando. Kiba não sabia até quando Hana manteria aquela situação de apresamento, talvez ela estivesse gostando de tudo aquilo. Se conseguisse atacar antes que ela notasse...

Então a ideia veio.

Olhou bem nos olhos da Yuurei e saltou para o lado, gritando:

— Akamaru!

O cão pulou, do nada, da cratera onde estava o corpo de Hana Inuzuka até a Yuurei, e com um movimento estava a centímetros de abocanhar a inimiga no pescoço, um ataque certeiro.

O problema era que Hana previra algo como isso.

Os trigêmeos Haimaru seguiram e interceptaram Akamaru, caindo violentamente sobre ele. A Yuurei não estava só manipulando a mente do cão-ninja da mãe de Kiba, mas os da irmã dele também. Eram três contra um; Akamaru era mais forte que qualquer um dos cães de Hana Inuzuka, mas não era mais forte que todos eles juntos.

Kiba gritou pelo companheiro, mas Hana gargalhou mais alto.

— Achou mesmo que iria me enganar, garotão? Achou mesmo? — Olhou de Akamaru para o rosto de Kiba. — Você errou. Agora vai pagar pelo seu erro.

— Espere, não!

Tarde demais. Bastou um simples comando e Kuromaru cerrou os dentes sobre o pescoço de Tsume, em uma mordida fatal. A Jounin arregalou os olhos e soltou um grito abafado com o dilaceramento das cordas vocais.

Então os olhos de Tsume Inuzuka tornaram-se distantes e Kiba soube que tudo estava acabado.

Havia errado de novo. Primeiro Hana, agora Tsume. As duas mulheres mais importantes para ele agora eram nada além de baixas da invasão Yuurei, meros cadáveres os quais ele são sabia de conseguiria sepultar.

Sentiu sua mente voar para longe. Longe daquela noite, daquele ataque, daquela cena do mais puro horror. Kiba era um ninja, mas era humano. Não importasse o treinamento ou a experiência de guerra e missões; nada poderia prepará-lo para aquilo.

Caiu de joelhos perante Hana. As lágrimas derramadas haviam deixado marca sobre a pele, o corpo parecia não sentir mais nada, nem a si mesmo. Os grunhidos de Akamaru, preso pelos irmãos Haimaru, não o faziam despertar do transe.

A Yuurei se ajoelhou à frente de Kiba, pondo o rosto a centímetros de distância do Jounin. Brincando com os cabelos platinados, Hana falou para o rapaz:

— Kiba-kun. — A voz tomou-lhe os pensamentos de repente. Parecia haver musicalidade ou algum tipo de encantamento nas palavras da Yuurei, algo do qual Kiba não conseguia se libertar. — Está prestando atenção em mim, Kiba-kun?

Sentia sua mente se perder à proporção que Hana dizia uma palavra nova. Tudo o que Kiba conseguia pensar era o quão linda era a voz da Yuurei. Tão bela e melodiosa que parecia apaixoná-lo. Havia se esquecido da morte da irmã e da mãe; era na voz de Hana Sakegari e só nela que Kiba tinha atenção.

— Sim, Hana-sama — disse Kiba, com os olhos vidrados no vazio.

A Yuurei deu um sorriso tímido. Depois entregou a kunai com a qual havia ferido Tsume nas mãos de Kiba, pondo as próprias mãos sobre as dele.

— Kiba-kun, você gosta de mim, não é?

Àquela altura, Kiba Inuzuka era nada mais que uma marionete de Hana Sakegari.

— Sim, Hana-sama.

Outro sorriso de Hana.

— Kiba-kun, você faria qualquer coisa por mim?

— Sim, Hana-sama.

Hana tirou as mãos de sobre as de Kiba.

— Kiba-kun, eu quero que você corte a própria garganta. Devagarinho, está bem? E quando o sangue começar a jorrar, não pare; continue cortando. Faria isso por mim?

O Jounin pressionou a kunai nas mãos.

— Sim. Por você, Hana-sama.

Hana fez uma careta meiga.

— Você é um fofo, Kiba-kun. — Sorriu. — Agora se mate.

Kiba ergueu as mãos, segurando firme a faca kunai. Akamaru latiu em desespero, mas nada fazia Kiba acordar do genjutsu sonoro no qual Hana o havia colocado.

O metal sujo de sangue tocou a pele de Kiba de forma lenta. Ele pressionou um pouco mais a lâmina contra si, mas não chegou a se cortar. Soltou a kunai e caiu desacordado.

— Mas o que foi isso? — Hana estranhou. — Como ele escapou do meu...?

A Yuurei não terminou a própria frase. Sentiu um chakra diferente atrás de si. Virou-se e encontrou uma mulher de cabelos negros a observando com ar hostil. Ela vestia o colete da Vila da Folha, o que significava que era uma Chuunin ou Jounin.

Mas Hana Sakegari conhecia aquela mulher. Não pessoalmente, mas tinha ouvido falar. Só ela poderia ter desfeito o Genjutsu sobre Kiba sem precisar tocá-lo para canalizar chakra. Levantando-se devagar e sorriu para a outra.

— A melhor mestra em Genjutsu de toda a Vila Oculta da Folha — Hana falou pomposamente. — Eu sempre quis te conhecer, sabia?

— Não encoste um dedo no meu aluno. — Kurenai estreitou os olhos ameaçadora. — Agora eu serei sua oponente.

Hana concordou com um leve aceno de cabeça.

— Eu não poderia esperar adversária melhor. — Outro aceno com a cabeça. Agora para os trigêmeos Haimaru, que soltaram Akamaru.

Kurenai se voltou para o conhecido cão-ninja.

— Akamaru, leve Kiba daqui. — Enfatizou: — Para bem longe daqui.

O cão-ninja latiu uma vez e Kurenai concluiu que era alguma espécie de “entendido”. Akamaru passou pacientemente a cabeça por baixo do corpo de Kiba e, finalmente, conseguiu pô-lo em seu dorso. Olhou uma última vez para Kurenai, depois correu para longe, levando seu dono para um lugar seguro.

— Os outros também — exigiu Kurenai. — Kuromaru e os irmãos Haimaru, eu os quero longe daqui.

Hana arqueou a sobrancelha.

— Você é bem mandona, hein? Você não me parece uma professora duron-

Hana ficou rígida de repente. Olhou ao redor e viu seu corpo envolvido por galhos vivos de árvore, espremendo-a contra o caule mais e mais. Ela ergueu novamente a cabeça para encarar Kurenai.

— Apressada.

Então foi a vez de Kurenai se ver esmagada contra um tronco de árvore, exatamente como Hana Sakegari tinha estado até aquele momento. A Yuurei havia refletido a ilusão do Jukaku Satsu (Aprisionamento da Árvore Assassina), devolvendo completamente a ilusão de Kurenai.

— Certo. — Kurenai suspirou. — Você é bem forte.

Hana fez uma leve mesura.

— É sempre bom ouvir um elogio. Mas suponho que isso não te impressionou de verdade, não é, Kurenai-san?

Não havia, realmente. Hana poderia ser uma adolescente, mas o simples fato de vestir o manto negro dos Yuurei sugeria que ela era de fato uma kunoichi muito perigosa. E matar Tsume e Hana Inuzuka — além de vencer Kiba sem o menor esforço — só provava isso. No entanto, aquela não era a primeira vez que alguém refletia o Jukaku Satsu em Kurenai. Ela se lembrava muito bem do duelo contra Itachi Uchiha, outro mestre formidável em Genjutsu.

Sem cerimônias, Kurenai sacudiu o braço direito para o lado, então toda a ilusão se desfez.

— Eu devo te agradecer, Kurenai-san. — Hana inclinou um pouco a cabeça para o lado, olhando bem nos olhos da Jounin. — Depois que se tornou mãe, todos achavam que você tinha abandonado a vida ninja. Mas aqui está você. A bela e única Kurenai Yuuhi em pessoa.

— Sarutobi.

— Hã?

— Kurenai Sarutobi — corrigiu. — Chame-me assim.

Hana deu sorriso de compreensão.

— É claro. O sobrenome do seu falecido marido. — Juntou as mãos, formando o Selo do Tigre. — Não se preocupe, Kurenai-san. Em breve você o verá de novo. Depois desta batalha.

Kurenai, pela primeira vez, sorriu para Hana. Um sorriso de puro escárnio.

— Ouvi dizer que é impossível derrotar um Yuurei, a menos que você seja Naruto Uzumaki ou Sasuke Uchiha. — Fez o mesmo selo manual que Hana. — Vejamos se os boatos são reais.

 

 

                                                           * * *

 

 

A porta do escritório do Hokage se abriu com força.

— Shikamaru! — Ino entrou correndo. Recuperou fôlego antes de prosseguir. — Desculpe a demora. Sabe me dizer que drogas são aquelas lá fora?

Shikamaru olhava sombrio o ataque à vila pela janela. A fumaça escura sobre diversos focos de incêndio, construções que iam a baixo sequencialmente e ainda, o pior, os quatro tornados feitos de Meiton.

— Parece que o líder deles, finalmente, quis mostrar um pouco do que sabe fazer.

Ino apertou os dedos nervosa.

— Não encontrei nenhum Hyuuga pelo caminho, mas usei meu Shindenshin no Jutsu (Técnica da Transmissão da Mente) e contatei a Hinata.

Shikamaru, finalmente, se virou.

— O que ela disse?

— Ela disse que nenhum Hyuuga sairá dos domínios do clã.

— Como é? A vila está sendo atacada e a Hinata simplesmente nos dá as costas?

— Não foi só isso, Shikamaru. — A expressão de Ino se tornou mais tensa. — Ela falou que tinha avistado, com o Byakugan, um inimigo vindo na direção do Distrito Hyuuga.

Shikamaru havia memorizado o mapa da vila no qual os capitães ANBU detalharam a invasão e as posições de cada inimigo. O homem acompanhado da usuária de Genjutsu, esta era a dupla na zona leste.

— Só um inimigo?

Ino confirmou.

— O que isso significa?

— Separaram-se. — Shikamaru mentalizava o mapa mais uma vez. — Agora resta saber se alguém está segurando a usuária de Genjutsu ou se ela está segurando um dos nossos.

— Que usuária de Genjutsu, Shikamaru? — Ino pediu tempo. — Por favor, me atualize a situação.

Shikamaru detalhou para Ino, tentando ainda considerar cada posição Yuurei, afinal, precisava da velha companheira de time para monitorá-las.

— Então é isso? — perguntou Ino. — Quem você mandou parar essa garota?

— A Primeira Divisão ANBU.

Foi como se Ino estivesse diante de uma assombração. Seu rosto congelou ao pensar em Sai. Estando os capitães ANBU na cobertura do Edifício Hokage com Tsunade, significava que, como tenente da Primeira Divisão, Sai estava no comando.

Shikamaru percebeu o ar de Ino mudar.

— Ele vai ficar bem — disse. — Mas preciso de você concentrada aqui, Ino. Seu Shindenshin no Jutsu é essencial.

A consciência de Ino pareceu voltar aos poucos para o discurso de Shikamaru. Estava preocupada com Sai. Muito preocupada. No entanto, ela sabia que só torcer para que ele ficasse bem não iria ajudá-lo nem ajudar ninguém na vila. Shikamaru precisava dela, então no que pudesse, ela iria colaborar. Seria a forma dela de proteger a todos que amava.

— Você tem algum plano? — ela perguntou.

Shikamaru balançou a cabeça.

— Nada significativo — disse. — Eu esperava que, com um Hyuuga do nosso lado, poderíamos ter uma visão detalhada de como a vila está, e assim direcionaríamos seu Shindenshin no Jutsu para contatar as pessoas em áreas de combate e próximas. Pouparíamos tempo, além de tornar o seu trabalho menos cansativo.

Ino suspirou.

— Bobagem. Eu posso localizar qualquer pessoa nessa vila com meu Shindenshin no Jutsu. Vai demorar mais um pouco, é verdade, mas nada que eu não dê conta.

— Isso é bom. — Apesar de estar intrinsecamente preocupado com o esforço a mais que a companheira faria, Shikamaru se resumiu a algumas palavras; Ino era uma Kunoichi muito forte. — Tem uma pessoa que precisamos contatar imediatamente, se quisermos entender as habilidades do inimigo.

Sem demora, Ino se sentou na cadeira do Hokage e fechou os olhos, concentrando-se. Era diferente da Quarta Grande Guerra Ninja e ela não tinha auxílio tecnológico algum como os oficiais do Quartel General da velha Aliança Shinobi tinham para ampliar alcances de técnicas sensórias. Seria difícil, mas para ela que havia usado o Shindenshin no Jutsu em todas as mentes da Aliança, nem tanto.

Ao menos, ela esperava que não fosse.

Juntou as duas mãos e ativou o Shindenshin no Jutsu.

— Estou pronta, Shikamaru — falou.

— Encontre o Hokage, Ino. — Shikamaru desviou os olhos para os tornados de Meiton no horizonte. — Já passou da hora de pensar em algo para parar o líder deles.

 

 

 

                                                           * * *

 

 

A explosão de Meiton fez Gai e Kakashi serem arremessados para longe.

O Hokage rolou pelo chão, sendo jogado a uma distância de cerca de vinte metros de Iori. Gai, porém, bateu com as costas contra a parede de um dos prédios ao redor da praça. Estava exausto e seu corpo já não respondia como ele desejava. O Portão da Visão mostrou-se inútil, então Gai foi forçado a ativar o Sétimo: o da Insanidade. No entanto, mesmo após de receber todo o ataque do Hirudora (Tigre da Tarde) — a técnica máxima do Portão da Insanidade —, o líder dos Yuurei simplesmente retribuiu o jutsu de Gai com um acréscimo considerável de Meiton. Assim, os arremessou violentamente para longe.

Kakashi sabia: estavam ficando sem opções.

— Yamato, Kakashi... — Gai ofegou. As costas doíam pelo impacto contra o prédio. — Esse cara é bem durão, hein?

Yamato praguejou. Ainda sentia dores no ombro, mas transformar parte da carne em madeira diminuía, aparentemente, o incômodo. Apesar disso, sentia-se estranho por não estar mais com um braço.

— Não está adiantando — disse Yamato. — A escuridão consegue interceptar todos os meus jutsus.

Era verdade. Kakashi, desde o primeiro momento, havia percebido o quão rápida era a escuridão de Iori em devorar tudo pela frente. Porém algo o estava incomodando. Se seu palpite estivesse correto, talvez ele finalmente havia descoberto uma falha no Meiton.

Kakashi conjurou o Raikiri outra vez.

— Estou ficando sem chakra — disse. — Talvez ainda poderei usar um ou dois jutsus. Depois disso estarei acabado.

Gai respirou fundo.

— Entendo. Vocês dois não estão nas melhores condições. Sendo assim...

Kakashi se virou para o companheiro com espanto. Aquele tom de voz... ele já tinha ouvido antes. Gai falara daquele modo dois anos antes, na Quarta Grande Guerra Ninja, justamente contra Madara Uchiha. Não havia dúvidas; Kakashi sabia exatamente o que se passava na cabeça de Gai Maito.

— Gai, não. Espere...

— Fico feliz que Lee não esteja aqui — Gai interrompeu Kakashi. — Apesar de tudo, não seria agradável vê-lo chorar por minha causa de novo.

— Gai-san, deve haver outro jeito — Yamato tentou argumentar.

Mas não havia, e todos sabiam. Depois de atacarem exaustivamente, ficou claro o quão insignificantes tinham sido seus esforços, pois Iori não parecia estar lutando; ele os observava de longe.

— Nem o Sétimo Portão adiantou — retrucou Gai. — A escuridão ainda consegue me acompanhar.

Virou-se para Kakashi, que ainda tinha o Raikiri na mão.

— O que você percebeu...  acha que encontrou um ponto fraco?

Kakashi respondeu sem ponderar.

— Sim.

Gai deu um sorriso brando. Morreria, tinha certeza; desta vez, Naruto não estaria ali para mantê-lo vivo — e estava pronto para isso. Se conseguisse criar uma brecha para Kakashi, não teria se sacrificado em vão.

— Isso é bom. — E virou-se para o líder dos Yuurei.

Iori estava exatamente como antes: parado, os analisando. Gai queria muito que ele não estivesse usando capuz naquele instante para, assim, poder olhar a expressão facial do inimigo; seria uma curiosidade que ele mataria à força, depois de espancá-lo.

Pôs o polegar esquerdo à altura do coração; era ali o ponto de chakra conhecido como Oitavo Portão, o Portão da Morte. Do outro lado, Iori pareceu se mover depois de muito tempo, finalmente.

“Então você sabe o que é isso”, concluiu Gai, satisfeito.

Então, pressionou o polegar sobre o coração.

— Hachimon Tonkou no Jin (Oito Portões — Portão da Morte)...

Então, o inesperado aconteceu.

Gai não conseguiu abrir o oitavo portão. A escuridão o atingiu primeiro. Olhou para baixo e viu o abdômen atravessado por algo semelhante a um braço negro. Mas como aconteceu? Ele não sabia dizer. A sensação de dor por toda parte veio de repente, o sabor de sangue, a visão enevoada. Caiu de joelhos.

Kakashi mal teve tempo de montar toda a cena; tudo aconteceu em um flash: Gai prestes a abrir o Portão da Morte, estático, perfurado, derrotado, a escuridão que se estendia das costas feridas dele e iam até...

Então, finalmente, Kakashi percebeu.

A representação do terror estava escancarada nos olhos de Yamato. Foi como se sua mente tivesse adormecido e despertado em outra cena. Tinha o braço novamente — mais forte, maior, não feito de carne, mas de trevas —, o qual foi erguido involuntariamente para a direção de Gai Maito. Depois bastou o braço se esticar com a escuridão para atravessar o corpo do companheiro.

Iori se aproximou devagar, saboreando a cena criada.

— Eu soube das histórias — disse. — O Portão da Morte é poderoso o suficiente para fazer frente ao Senjutsu dos Seis Caminhos, embora sendo este usado de forma inapropriada. Eu soube que você esteve perto de derrotar Madara Uchiha na última guerra, Gai Maito. — Fez um selo manual. — Enfrentar você poderia ser perigoso. Foi melhor não arriscar.

A escuridão se espalhou pelos corpos de Gai e Yamato, mesclando-se aos tecidos musculares e aos nervos. Eles gritaram, mas não houve o som de suas vozes.

Diante de tudo o que estava acontecendo, Kakashi correu contra o inimigo e atacou. O Raikiri rugindo feroz rente ao solo, os relâmpagos dançando cintilantes em sua mão. Kakashi saltou sobre Iori, sem se importar com os tentáculos de escuridão que o protegiam.

Iori ergueu os olhos para o Hokage, desdenhando daquele ato desesperado. Fez a escuridão contra-atacar e quando esta tocou Kakashi, todo o corpo dele explodiu em uma violenta onda de eletricidade.

O verdadeiro Kakashi surgiu do solo, dentro do campo de escuridão que circundava o líder dos Yuurei. Um último Raikiri — diferente, feito com relâmpagos arroxeados; a técnica máxima do Sexto Hokage depois de perder seu Sharingan. Tinha que funcionar.

— Raiton: Shiden (Elemento Relâmpago: Eletricidade Roxa)!

Conseguiu perfurar o corpo de Iori, mas não sabia dizer se o ataque surpresa havia funcionado. Kakashi não parte alguma do inimigo; parecia que sua mão havia cortado o ar. Mas seus olhos não o enganavam: havia afundado todo o jutsu dentro do tórax do Yuurei.

Aquilo não era bom.

— Entendo... — sussurrou Iori; o rosto completamente oculto dentro do capuz, mesmo para Kakashi. — Você reparou desde o começo, não é, Kakashi Hatake?

O Hokage deu um urro de dor quando um tentáculo de escuridão o perfurou nas costas. Ainda tinha o braço atravessando o corpo de Iori, que agia indiferente ao ataque. Então Kakashi foi puxado para trás e arremessado para longe pela escuridão. Iori fez um selo manual com a mão direita e, segundos depois, estava completamente recuperado.

— Você percebeu que meu Meiton absorveu o Mokuton de seu companheiro, que é uma Kekkei Genkai, com uma facilidade maior que o seu Raiton. — Bastou um selo manual de Iori para os corpos de Gai e Yamato ficarem pretos como nanquim. Ele manteve os dedos dispostos no selo por mais alguns instantes.

Quando os soltou, as massas escuras que antes era Gai e Yamato desaparecem no ar. Para sempre. Kakashi assistiu a execução dos companheiros e, sem chakra para qualquer último jutsu, via Iori continuar em sua direção.

—... mas julgou errado, Kakashi Hatake — continuou Iori. — Quando usou seu Raiton: Shiden (Elemento Relâmpago: Eletricidade Roxa), você tinha concluído que eletricidade era o elemento que mais resistia à minha escuridão, então usou sua técnica mais poderosa de Raiton contra mim. Só que...

Iori gesticulou e a escuridão serpenteou em tornou do Hokage, envolvendo-o como uma presa. Depois ergueu-o no ar, e assim, imobilizado, Kakashi ficou até Iori estar para alcançá-lo.

Seu erro de raciocínio foi fatal. Quando atacou junto com Yamato, Kakashi percebeu no mesmo instante que o Meiton devorou mais facilmente o jutsu de Mokuton que o de Raiton. Mas deveria ser impossível, pelo elemento madeira se tratar de uma Kekkei Genkai e, além disso, ter um alcance maior. Então, pensou Kakashi, a resposta estaria na eletricidade. Então, depois de Gai usar o Portão da Morte, ele também atacaria com seu jutsu mais forte de Raiton.

O que Kakashi não tinha esperado foi o braço de Meiton que saiu da ferida de Yamato.

“Ele implantou Meiton no Yamato quando arrancou o braço dele. Deixou lá para nos pegar de surpresa depois”, concluiu Kakashi. “Ele roubou o poder da princesa Shion; ele já viu como vamos morrer. Desde o começo”.

Uma distância de aproximados dez passos separavam Iori de seu troféu. Kakashi via a morte iminente: ela vestia preto e manipulava toda a escuridão. Era o fim, e ele sabia.

Então Kakashi ouviu a voz de alguém em sua mente:

 “Hokage-sama! Hokage-sama, aqui é Ino Yamanaka. Pode me ouvir?”

Sorriu por debaixo da máscara. Se Ino o estava contatando, era porque estava junto de Shikamaru, e este com certeza estaria trabalhando em alguma estratégia contra os Yuurei.

Nove passos. Iori continuava.

“Estou aqui, Ino”, respondeu mentalmente. “Pensaram em algo?”

“Shikamaru, na verdade, quer saber se o senhor já tem alguma noção do ponto fraco do inimigo. Com sorte podemos ajudá-lo em poucos mi-...”

“Esqueça, Ino”. Seis passos. Cinco. “Eu não...”. Kakashi parou. A chave nunca foi o Raiton. Talvez tivesse sido por isso que uma técnica comum de eletricidade foi mais efetiva que o Raiton: Shiden. Também tivesse sido por isso que o Mokuton não teve efeito algum. A resposta para enfrentar a escuridão nunca esteve na natureza de chakra, mas em um princípio óbvio da física. A fraqueza do Meiton era aquilo, com certeza.

Kakashi sentiu a mão de Iori em seu pescoço. A escuridão começando a se comprimir contra sua carne para esmagá-lo.

“Luz”. Ino ouviu Kakashi lhe falar em pensamentos antes de a conexão ser interrompida. Tentou reabrir o contato psíquico, mas não encontrou a mente do Hokage. Foi como se ele nunca estivesse lá.

No campo de batalha, Iori dissipou a escuridão. Não havia nada em sua frente.

— Sem deixar corpos — ele disse. — Assim agem os Yuurei.

 

 

 

                                                           * * *

 

 

 

O rosto de Ino estava petrificado. Ela olhou para Shikamaru e procurou o que dizer. Após quase um minuto trocando olhares, ele fez a pergunta da qual já suspeitava da resposta.

— O que aconteceu?

Ino fechou os olhos. Tentou usar o Shindenshin no Jutsu uma terceira vez para restabelecer conexão mental, mas era impossível.

— O Hokage-sama está morto — disse Ino.

Shikamaru detestou estar certo. Cerrou os punhos e xingou baixinho. Não queria olhara para fora; a visão dos tornados de escuridão só o deixaria pior. O tempo estava passando e Shikamaru ainda não tinha desenvolvido nada.

— Diga-me que conseguiu alguma coisa.

Ino fez uma careta de incerteza.

— O Hokage-sama disse “luz” quando perguntei por uma fraqueza do inimigo — ela falou. — Mas isso é muito amplo, Shikamaru. Não existe o elemento luz. O próprio Meiton é uma novidade para nós.

Ino estava certa. Até o surgimento dos Oukami, o grupo de ninjas subordinados aos Yuurei, era de desconhecimento da Vila da Folha o elemento escuridão. Não fosse o duelo contra Iruzu Ibe, o líder, os ninjas da Folha só saberiam do Meiton bem depois com os Yuurei.

Shikamaru estreitou os olhos, pensativo. Como Kakashi teria chegado à conclusão “luz”? Era um conceito irrefutável, ele sabia, que a luz dissipava o escuro, mas naquele momento eles não estavam falando de uma mera sombra, mas de um elemento de chakra. Era muito diferente.

Mas ainda assim, como Kakashi havia chegado àquela conclusão? Shikamaru pensou e pensou. Do lado de fora da janela, o caos tomava a Folha; ele tinha que pensar em algo e rápido. Teria sido este o motivo de os Yuurei terem escolhido atacar de madrugada — sem o sol? Não, para Shikamaru esta resposta não parecia suficiente. Seria alguma fraqueza crônica, como a exposição à luz? Não, pois para Shikamaru seria impossível para o líder dos Yuurei evitar qualquer contato com a luz em uma vila cheia de focos de incêndio.

Shikamaru chegou a pensar nos conceitos básicos de física, mas algo estava faltando naquele quebra-cabeça. Contra um jutsu capaz de devorar tudo, que “luz” seria essa? O que exatamente Kakashi queria dizer. Shikamaru não encontrava uma resposta e isso o consumia por dentro, ainda que não demonstrasse — mas Ino enxergava isso.

— Shikamaru...

Ele ficou quieto, mergulhado nos pensamentos. As habilidades de Iori eram amplas demais, complexas demais. E após a derrota de Kakashi e seu grupo, Shikamaru sabia que estavam perdendo tempo. Passaram-se aproximadamente duas horas desde o início do ataque; muito em breve não haveria nada para os Yuurei destruírem. E Shikamaru ainda não tinha qualquer plano contra nenhum dos sete inimigos.

Bateu na mesa, frustrado.

— Merda! — Olhou para Ino outra vez. Vê-la o incomodava mais. Sabia que a companheira o entendia bem e, mais que isso, ela contava com ele para criar alguma estratégia. Todos contavam. Shikamaru sentia o peso de ter a vida de todos na Folha nas mãos.

— Contate Sai. — Shikamaru fechou os olhos, forçando o autocontrole. — Dependendo de como a ANBU estiver, vou pedir para alguns se deslocarem para cá. O líder deles precisa ser parado a qualquer custo.

Ino prontamente atendeu, com certa satisfação por aquela ordem. Não tinha tido a oportunidade de falar com o namorado desde o início do ataque Yuurei e quando soube que ele liderava os esquadrões ANBU contra as posições inimigas, ficou ainda mais apreensiva.

Ino usou o Shindenshin no Jutsu mais uma vez e ampliou sua sensibilidade psíquica. Era uma sensação estranha. Ela podia ouvir vozes falando desordenadamente e ao mesmo tempo — as milhares de mentes que Ino conseguia tocar de forma superficial. À medida que conseguia separar mente de mente, em um processo árduo de seleção, ela podia distinguir melhor as pessoas cujos pensamentos ela tocava até, finalmente, reduzir o número de mentes tocadas para um: a pessoa com a qual ela faria contato. Era sempre exaustivo.

— É estranho... — Ela apertava mais os dedos no selo manual; um pensamento ruim lhe veio à mente, o qual ela prontamente ignorou — eu não consigo sentir o Sai...

Shikamaru olhou-a apreensivo. Aquilo não poderia estar acontecendo.

E Ino pensava o mesmo.

— Mas como...? — O pensamento ruim voltou mais forte: a possibilidade de ter perdido Sai, como sentira a morte do Hokage não muitos minutos antes, a assombrava; Ino temia o pior.

Desfez o jutsu após quase dez longos minutos de busca contínua. Sentia dores de cabeça e cansaço, mas para ela nada disso importava naquele momento. Não poderia ser possível, pensava ela. Não conseguira encontrar Sai em nenhum lugar da vila.

Era como se ele não estivesse na Folha; a mesma sensação esmagadora que ela teve quando Kakashi morreu.

 

 

 

                                                           * * *

 

 

Quarenta contra um. Pelos números, o que se poderia esperar seria uma massacre e uma vitória fácil, e, de fato, era o que estava acontecendo naquele instante na praça da Folha.

Mira Uzumaki estava aniquilando a força assassina ANBU da Vila da Folha.

Risa saltou para trás de alguns escombros enquanto as correntes de chakra zumbiam por sobre sua cabeça. Sai também estava lá, observando a inimiga e tentando encontrar alguma fraqueza.

— Quinze — ralhou Risa. — Aquela desgraçada matou quinze de nós de uma vez só. Se continuarmos assim vamos todos morrer aqui.

Sai não disse nada. A atenção dele estava voltada para Mira. Por detrás dos escombros de concreto, ele tinha uma visão parcialmente boa, mas suficiente, da Yuurei. O estilo de luta era calmo e despreocupado. Mira invocava correntes de chakra das costas, mas, diferente de Karin — o que deixou Sai surpreendido —, ela também conjurava correntes do chão, o que fazia de sua técnica algo mais imprevisível e mortífero.

— E pensar que eles tinham uma Uzumaki com eles — sussurrou Sai, finalmente. — Está mais que explicado o talento para Fuuinjutsu.

— Me diz que você tem um plano.

Exatamente por Sai demorar a responder, Risa percebeu que não.

— Certo... — Ela riu sem graça. — Então estamos ferrados mesmo.

Sai, infelizmente, não podia discordar.

— Quantos ainda somos, Risa-san? — perguntou sem tirar os olhos de onde Mira estava.

A tenente da Segunda Divisão fez um selo rápido e fechou os olhos. O que sua técnica de detecção havia encontrado não a deixou nem um pouco tranquila. Suspirou antes de dar a resposta.

— Agora somos oito. De quarenta — lamentou. — E não consigo sentir ninguém por perto para nos ajudar.

Sai olhou para cima. A luz lunar passava por um filtro vermelho — a barreira que Mira havia colocado na praça — e iluminava o campo de batalha.

— Enquanto esta barreira estiver de pé, estaremos isolados de qualquer ajuda do resto da vila. Com certeza você não consegue detectar ninguém por causa dela.

— E ninguém conseguirá nos detectar também — completou Risa, cansada. — Então como derrubamos a barreira?

Sai voltou a olhar para Mira, que combatia os últimos seis membros de toda a ANBU. Risa suspirou.

— Entendi. Matando o usuário do jutsu. — Apertou os dedos sobre o cabo de sua katana. — Então, vamos?

Não tinham muita escolha. Se observassem demais, apenas esperariam serem mortos. Os últimos da ANBU não aguentariam para sempre, Sai e Risa eram os últimos tenentes vivos e ainda havia o fato de que Mira precisava ser detida a qualquer custo. Sai estava com medo. Medo de morrer ali, naquela noite. Riu-se discretamente quando uma vaga lembrança de seu passado veio repentinamente. Ele havia entrado para o Time Kakashi, sob o comando do capitão Yamato, para matar Sasuke Uchiha e vigiar a Kyuubi. Era frio e não deixava transparecer seus sentimentos. Bastou aquela missão para ele mudar completamente: fracassou ao matar Sasuke e se tornou amigo de Naruto.

Sai chegou à conclusão de que sentir medo ali era um grande progresso, não exatamente um problema.

Risa estava ao seu lado. Ansiosa, mas igualmente assustada e preocupada — se não mais. Ela era mãe e esposa. Seus filhos e marido eram civis e esperavam por ela no abrigo do Monte Hokage. Como tenente da Primeira Divisão ANBU e, portanto, o primeiro em comando no momento, Sai sentia a responsabilidade pela vida da companheira.

No campo de batalha, as correntes de Mira haviam bloqueado por completo uma técnica de Katon. Segundos depois, o ANBU que soprava fogo contra a Yuurei foi surpreendido por correntes vindas do chão, enrolando-o dos pés à cabeça. Sai tinha observado Mira Uzumaki lutar bastante tempo para saber que, quando as correntes se afroixassem, tudo estaria acabado.

Eram sete agora. E a tendência era chegar a zero.

O tempo deles estava se esgotando. Sai, sem qualquer plano, resolveu agir. Tomou um pequeno pergaminho e pincel e, devagar, punha-se de pé. Parou com a voz baixa, porém firme, de Risa:

— Sai.

O primeiro tenente se virou. Risa não estava olhando para ele, mas para Mira no campo de batalha.

— Só nós sabemos que os Yuurei têm uma Uzumaki do lado deles — falou séria. — Uma Uzumaki bem forte.

Era verdade. Depois que foi descoberto o “Demônio Roxo” em Naruto, concluiu-se que aquilo só poderia ser obra de alguém muito bom em Fuuinjutsu. Agora, Sai e Risa sabiam de quem se tratava. Sai percebia o quão valiosa era aquela informação; as habilidades da vice-líder Yuurei, bem como o clã do qual ela vinha, deveriam chegar ao conhecimento do Hokage.

— Escuta — Risa se ajeitou, aproximando-se do colega —, eu pensei em algo.

E contou.

— Risa-san?! — Sai se amaldiçoou por dentro; sua voz havia saído mais alto do que ele havia desejado. Suspirou fundo para ter certeza de que teria o controle da voz antes de prosseguir: — I-isso... Risa-san, talvez seja...

— Por favor, me ajude quando chegar a hora, Sai. — Ela deu o que para Sai foi um sorriso bem distante; um sorriso conformado com o que estaria por vir. Risa recolocou a máscara ANBU, empunhou a katana e pôs a outra mão sobre o ombro do rapaz. Sai era um menino para ela. Não seria assustador ela chamá-lo de filho. — Você é um grande ninja, Sai. Foi uma honra servir ao seu lado.

Aquela frase, mesmo para ele, foi como um soco no estômago.

— A honra foi toda minha, Risa-san.

Juntos, saltaram para fora do esconderijo. Mira olhava para eles, sem qualquer surpresa; Sai se incomodou em encarar aqueles olhos, tão parecidos com os de Naruto, mas tão assustadores ao mesmo tempo. Risa estava tensa. Tensa pelo que estava por vir; tensa pelo que acontecia ali no campo de batalha.

Mira havia dominado todos os cinco ANBU que lutavam contra ela, enroscando correntes pelos pescoços. Estavam todos de joelhos, com a Yuurei no meio deles. Ela olhou para Sai, depois para Risa, e falou com sua típica voz serena:

— Parece que os dois ratinhos restantes finalmente resolveram sair da toca. E então? Esses foram os melhores assassinos de toda a Vila Oculta da Folha? — desdenhou. — Eu esperava desafio maior.

Risa respirou fundo. Sabia que a provocação tinha sido direcionada para ela.

— Você vai pagar por isso, maldita — ralhou. — Eu mesma vou acabar com você.

A tenente lançou a katana para o alto. Enquanto a arma subia no ar, Risa sequenciou selos manuais.

— Raiton: Gaido Arashi no Jutsu (Elemento Relâmpago: Técnica da Tempestade Guiada).
      A katana ficou flutuando no ar, ganhando carga elétrica a cada selo feito por Risa. Quando ela terminou a sequência de mãos, encarou a Yuurei com todo o desprezo. Mira, porém, desdenhou.

— Raiton, é? Quer matar o que sobrou dos seus companheiros aqui? — Olhou furtivamente para os cinco ANBU ajoelhados aos seus pés. — Não vai funciona-...

De repente ela se calou. Mira sentiu um formigamento terrível descer por sua espinha, também sentiu os músculos das pernas tensionarem. A respiração ficou mais desesperada naquele segundo e Mira buscou fôlego.

Mal respirou quando o segundo golpe veio. Outra vez o formigamento e a falta de ar. Mas era impossível, pensava Mira Uzumaki, pois sempre que lutava, ela precavia-se primeiro com um pequeno jutsu de barreira ao redor de si, como quando tinha enfrentado Beni Makagawa. Sofrer aqueles danos não tinha lógica para ela.

— Confusa? — Risa perguntou. — Meu Gaido Arashi é uma técnica de Raiton voltada para o assassinato, não para a destruição. É um jutsu sutil. Você me parece inteligente, vai entender.

Mira ergueu os olhos devagar.

— Como você fez? — perguntou.

— Risa-san é uma ninja sensorial — explicou Sai. — Ela conseguiu perceber sua barreira individual, Yuurei-san, e adequou o jutsu para conseguir perfurá-la. Mas é claro, você é uma Uzumaki. Se fosse qualquer outra pessoa já estaria morta.

Mira suspirou baixo. Agora, definitivamente, sentia uma raiva particular daqueles dois.

— Por quê? — perguntou Mira. — Se percebeu a barreira ao redor do meu corpo, porque não usou essa técnica antes?

Risa formou outro selo com as mãos.

— Este jutsu não é tão fácil de usar. Tanto a quantidade de chakra quanto o fluxo devem ser muito bem dosados. E perfurar um Fuuinjutsu de uma Uzumaki não é tarefa simples.

— E suponho que para você, por mais que tente, seja impossível atravessar minha outra barreira, não é? — Mira indicou o teto de chakra vermelho que os cobria. — Por isso ficou concentrada em mim. Tudo bem.

Mira atacou com suas correntes de chakra. Sai e Risa saltaram para os lados. Ele olhou para a companheira por um instante e quando ela retribuiu o olhar, percebeu que o momento era aquele. Então, com pincel e pergaminho em mãos, fez traços rápidos no papel. Risa, ainda com as mãos unidas no selo, teve certa dificuldade para desviar dos ataques de Mira. Ela sabia que por ter atacado a Yuurei, seria o centro das atenções.

Até aquele momento, o plano improvisado estava indo muito bem.

As correntes zuniram mais ferozes que antes sobre Risa, que acabou atingida e caindo no chão. Mesmo assim, ela permaneceu com as mãos unidas. Tudo dependia do que ela estaria prestes a fazer. No chão, evitou outras correntes rolando para os lados. Sai estava mais afastado, também com problemas, mas — sabia Risa — com a parte dele pronta e aguardando. Olhou para cima, a katana eletrificada ainda flutuando. Risa fechou os olhos, concentrando-se na arma no céu.

“Minha katana nada mais é que um catalisador, e isso você deve ter ignorado, não é? Não, Yuurei, você deve estar me subestimando. Subestimar um ninja da Folha é um erro. Vou mostrar isso agora para você”.

Risa Tetsuki estava firme. Ela sabia no que tudo aquilo daria. Pensou no marido, pensou nos dois filhos, pensou nos cinco companheiros que ainda estavam acorrentados. Talvez ainda poderiam ser salvos, se tivessem a chance de serem levados ao Hospital.

Mordeu o lábio e respirou fria. Ela era uma ninja. Tinha um trabalho a fazer.

Conseguiu evitar outras investidas de correntes quando foi esfaqueada nas costas pela própria Mira. Sentiu o gosto de sangue subir na boca e caiu de joelhos perante a Yuurei. Mira estava séria. Um ar gelado transbordava nos olhos dela.

— Não se preocupe — disse a Yuurei. — Seu companheiro lá trás e os demais logo se juntarão a você.

Risa abaixou a cabeça. Olhou de esguelho para Sai uma última vez. Então, sorriu.

— Você também, Yuurei — respondeu. — Todos nós vamos morrer aqui.

Mira estreitou os olhos.

— Não vou deixar você usar seja lá qual for o truque que planejou agora.

Risa ergueu o rosto.

— Você já deixou. Esse é o ponto.

Então Risa separou as mãos e sussurrou:

— Raiton: Mizuiro no Jutsu (Elemento Relâmpago: Técnica do azul-claro).

Começou com um brilho claro, mas intenso, na katana eletrificada, que aumentava até se tornar uma luz cegante. Mira não conseguia mais detectar ninguém dentro de sua própria barreira. A luz lhe bloqueava as habilidades sensoriais. No entanto, era impossível não sentir algo a mais naquela técnica.

De algum lugar, ouviu a voz de Risa:

— Toda a área aqui dentro está eletrizada, Yuurei. Como eu disse, vamos todos nós morrer aqui.

Pela primeira vez, Mira se sentiu realmente tensa naquela luta. Ser atingida por choques a irritou, mas isso era completamente diferente; ela sentia. Também se amaldiçoava por ter sido tão desleixada. Agora, se não saísse, não havia garantias de que sua barreira individual aguentaria.

Agitou o braço no ar para criar um portal de trevas.

E então tudo dentro da barreira explodiu em luz azulada.

 

 

                                                           * * *

 

 

 

Era irônico. Do lado de fora da barreira escarlate, ela se sentiu mais tranquila — embora os sons de batalha ainda pudessem ser ouvidos ao longe. Tinha sido muito diferente nos últimos minutos dentro de sua barreira impenetrável, onde quase foi morta por uma tenente ANBU. Mira Uzumaki, como vice-líder dos Yuurei, nunca se viu tão humilhada. Mesmo não sendo arrogante como Suki, aquilo tinha sido um resultado não só inesperado, mas desagradável.

Suspirou.

— De qualquer forma, estão todos mortos — falou consigo mesma. — Pelo menos isso...

Parou. Algo estava errado.

Mira se concentrou nos fluxos de chakra ao seu redor. Sua capacidade sensorial tinha sido prejudicada com o jutsu final de Risa, que por ter eletrizado toda a atmosfera dentro da barreira, envolveu todos ali dentro com o chakra da tenente. Mira ainda sentia os resquícios de Risa sobre ela, como uma camada invisível de chakra em torno de seu corpo. Demoraria para aquilo passar. Entretanto, ela sentia algo, uma presença. Alguém também tinha conseguido escapar da explosão elétrica.

A luz dentro da barreira diminuía aos poucos. Logo ela poderia ver os corpos — que por terem sido eletrocutados, não foram destruídos pelo jutsu —, embora as probabilidades apontavam ou para Risa ou para Sai. Mas Risa tinha sido esfaqueada, pensou Mira, portanto...

Então ela percebeu seu erro.

O pequeno pássaro surgiu ligeiro de dentro do manto da Yuurei. Era anormalmente branco com detalhes em tinta nanquim.

Um desenho.

Mira conjurou correntes das costas para caçar o pássaro, mas ele era pequeno demais e conseguia desviar dos ataques voando. Seguro no alto céu, o desenho explodiu em fumaça, dando forma a outra coisa: outro pássaro desenhado bem maior e Sai em cima dele. O tenente olhou para baixo e viu Mira o observando em silêncio. Ele não conseguia ver a expressão dela. Encarou-a por uns dez longos segundos, viu a barreira escarlate lá embaixo, inofensiva. Estava livre. O plano de distração de Risa havia sido um sucesso. Graças ao sacrifício dela, ele conseguira escapar.

Sai voou para o Edifício Hokage. Mira o acompanhou com o olhar até vê-lo sumir no horizonte. Estava serena. Seus olhos transmitiam uma calma de quem havia aceitado a derrota.

— Entendo. Você se sacrificou para salvar seu companheiro. — Mira voltou os olhos para a barreira escarlate, que se desfez instantaneamente.

Caminhou até onde poucos momentos atrás tinha aprisionado quarenta ninjas ANBU. O campo de batalha repleto de cadáveres, mas Mira queria um. Achou-o. Risa jazia aos pés da Yuurei, que a olhava calma.

— Agora, por sua causa, não só toda a Vila da Folha, mas o mundo ninja inteiro e, principalmente, ele saberão que há mais uma Uzumaki viva. Uma Uzumaki Yuurei. Por sua causa, Risa Tetsuki.

Mira abaixou-se e cuidou de cruzar os braços de Risa, endireitar seu corpo, pôr a katana sobre seu peito e a máscara sobre o rosto. Depois prestou uma breve referência.

— Eu, Mira Uzumaki, vice-líder dos Yuurei, reconheço que você foi uma boa oponente, Risa Tetsuki — falou. — De fato, a Folha está servida de ótimos ninjas

 

 

 

                                              * * *

 

 

Sasuke estava cansado de tudo aquilo.

— Amaterasu! — O fogo negro tremeluziu no vazio quando Ryuumaru, usando sua velocidade, desviou. Imediatamente, o Yuurei avançou, brandindo a espada eletrizada contra Sasuke, que também avançou. A lâmina fina da Kusanagi colidia furiosa contra a lâmina gigantesca. Golpes rápidos demais para os olhos acompanharem.

— Enton: Kagutsuchi! — Sasuke manipulou as chamas do Amaterasu que havia lançado, fazendo-as voar contra as costas de Ryuumaru, que, antecipando o ataque, saltou para longe.

E então, foi sugado de volta para perto de Sasuke.

— Quê...? — Ryuumaru foi lançado contra o fogo negro, sendo engolido e desaparecendo no meio das chamas.

Sasuke olhava fixo para o fogo. Sabia que aquilo não mataria o Yuurei, o que foi confirmado quando uma explosão de raios dispersou o Amaterasu. Ryuumaru não estava mais usando a armadura de Raiton e parte de seu braço esquerdo havia queimado. Sua feição estava bem mais séria que a que ele mostrou no início da luta.

— Então finalmente decidiu usar seu Rinnegan contra mim? — Fincou a espada no chão e estalou os dedos em seguida. — Aquela técnica que me sugou... o líder da Akatsuki a usava também.

— Banshou Ten’in — Sasuke confirmou.

— Então finalmente decidiu levar isso a sério, hã?

Sasuke respirou frio.

— Você não é desafio, Yuurei — disse. — Mas não posso me dar o luxo de demorar aqui. O seu parceiro, o outro Yuurei, é que realmente significa alguma coisa.

Ryuumaru fuzilou Sasuke com os olhos.

— Eu já cansei dessa sua arrogância, Uchiha. Eu sou Ryuumaru, o caçador de dragões, e agora você verá o porquê! — O Yuurei levou os polegares à boca e mordeu-os até sangrar. — Kuchiyose no Jutsu!

Houve uma explosão de fumaça que cobriu quase todo o lado da muralha em que Sasuke estava. Depois que ela se dissipou, Sasuke pôde ver claramente as invocações de Ryuumaru.

Dois dragões um pouco maiores que a serpente Manda. Tinham seis patas, sem asas e as cabeças coroadas de chifres. As escamas eram espessas e revestidas de espinhos. Eram bestas idênticas, exceto por um ser branco como algodão e o outro preto como piche. Ryuumaru estava entre os dois — um verdadeiro inseto diante daqueles dois colossos. Puxou a espada da terra, pondo-a sobre os ombros.

— Shiro e Kuro, os dragões gêmeos que cacei, domei e passei a invocar — falou confiante. — Sua arrogância termina aqui, Sasuke Uchiha, assim como sua existência.

Sasuke empunhou a katana Kusanagi e, usando o chakra de Raiton, eletrificou-a. Tinha o olhar frio e assassino — Fuumetsu Mangekyou Sharingan e Rinnegan — focalizando o Yuurei e os dois novos alvos. Sasuke ainda deixou o chakra roxo crepitar pelo seu corpo, fazendo surgir as costelas do Susano’o ao seu redor.

— Estou esperando, Ryuumaru, o caçador de dragões.


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Notas finais do capítulo

Olha, eu sei. Eu sei quem eu matei. Desculpem, não é sede de sangue (como eu li certa vez hehehe), é querer seguir a história como ela foi imaginada. Eu prometo que depois que tudo isso acabar, oferecerei meu corpo para ser imolado por todos os personagens legais que matei e...

Nah, não vou fazer isso, não u.u


Vou tentar aproveitar o restinho das férias da faculdade e que a criatividade voltou para seguir com a história.

Bom ver vocês de novo ^^

Próximo capítulo: Ruína da Folha - parte 4

Até o próximo capítulo o/