O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 92
Ruína da Folha - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Opa, bom dia!

Esse capítulo deveria ser postado anteontem, mas eu tive que fazer uns ajustes e acabei por retardar mais dois dias. Sorry guys u.u

Enfim, espero que gostem ^^

PS.: só queria deixar claro que eu não sou mau (como já disseram hauhsuahsua); sou muito fofo, na verdade. Um amor de pessoa. xD

Ah, se der, contem nos comentários o que acham que vai acontecer no próximo capítulo (sim, imediatamente no próximo). Agora que todos os Yuurei foram introduzidos (não é necessariamente spoiler, vocês vão ler isso daqui a alguns minutos; considerem "pseudo-spoiler"), fica bem fácil adivinhar o que pode rolar ^^

É isso. Boa leitura a todos. Nos vemos nas notas finais o/



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Ouvia-se gritos desesperados. Dezenas de vozes que iam e vinham de todas as direções, sem saber para onde fugir, como baratas. Ela as silenciou com um único golpe.

Particularmente, atacar pela madrugada era um tanto desagradável para ela, já que o lugar em sua frente nada mais era que um prédio vazio àquela hora da noite. Depois de derrubar um pequeno prédio residencial, lá estava, diante de Suki, a Academia Ninja da Vila da Folha.

— Patético — disse consigo.

Com o leque aberto em um terço, Suki conjurou uma onda de vento que reduziu a Academia a escombros em um segundo. Tediosa pelo feito, bocejou.

— Deveríamos ter atacado pela manhã. Pelo menos teria algo lá dentro para morrer.

Suki era uma Yuurei extremamente leal a Iori. Sempre foi. Mesmo quando era a vice-líder, antes de Mira Uzumaki entrar para a organização, Suki cumpria à risca todas as ordens dadas pelo líder dos fantasmas. Considerava-se uma Yuurei exemplar, e por isso, quando foi substituída por Mira, passou a odiá-la com todas as forças; nunca a Iori, a culpada era Mira e só ela por ter desvirtuado a mente do líder dos Yuurei. Kioto Hyuuga — Suki considerava — foi uma das muitas provas da influência de Mira sobre o julgamento de Iori. Fora Mira quem havia indicado Kioto ao posto de Terceiro-Oficial, o que foi prontamente sancionado. E restou a Suki se rebaixar outra vez, agora ao posto de Quarta-Oficial.

E lá estava ela, atacando prédios civis e academias. A poderosa Suki, a Assassina de Kages, com seu potencial vergonhosamente desperdiçado.

Lembrou-se da ordem para matar Tsunade e, mais uma vez, Mira havia interferido, suspendendo o ataque. E, três meses antes, usado Hana Sakegari para impedir que o parceiro de Suki, Taka Kazekiri, executasse Hinata Hyuuga.

Sentiu um ódio crescer desenfreadamente dentro de si, e, com um movimento rápido do leque, pôs outro prédio abaixo. E outro. E outro.

— Maldição! — gritou.

Continuou o trajeto, usando tudo ao redor para extravasar a raiva que sentia. Olhou mais adiante e viu o Hospital da Folha a cerca de 800 metros de onde ela estava. Provavelmente Kan já havia chegado até lá. Considerou por alguns instantes.

Até que um sorriso maligno lhe tomou os lábios.

— Você não vai morrer com isso, Kan. — Ajustou o leque nas mãos, abrindo-o mais um pouco. — O seu tal deus Jashin não vai deixar, certo?

Fazendo um leve movimento de braços, Suki brandiu o leque e disse eufórica:

— Fuuton: Kamaitachi (Elemento Vento: Foice da doninha). — E liberou o vendaval na direção do hospital.

A expressão no rosto de Suki mudou quando viu uma cortina de fogo bloquear seu ataque não muito longe dali. Pelo resultado que se sucedeu, a técnica de Katon não era de um nível elevado, mas serviu para o que mais importava: defender o distante hospital. De uma forma um tanto estabanada, mas, ainda assim, eficiente.

Quem quer que fosse o autor daquilo, havia chamado a atenção de Suki.

Procurou com os olhos, afoita. Não demorou para encontrá-lo. Na sacada de um dos prédios à frente, recuperando o fôlego devagar, ele também a via. Parecia ferido, o que significava que havia recebido parte do ataque de Suki, provavelmente.

Finalmente, alguém para Suki gastar um pouco de tempo.

Saltou para a sacada do mesmo prédio e pôde ver melhor seu novo oponente. Era um garoto com seus catorze ou quinze anos. De perto, Suki viu dor e medo nos olhos dele. Achou divertido.

— Vocês, ninjas da Folha, são verdadeiras baratas — disse Suki. — Cheguei a achar que nunca fosse encontrar alguém no meu caminho. Mas, confesso, estou um tanto decepcionada com os seus homens. Diga-me, garotinho, eles são tão covardes assim que mandam crianças no lugar deles? Eles têm medo de uma mulher?

A ferida no ombro esquerdo incomodava bastante, mas Konohamaru conseguiu se recompor.

— Técnicas de fogo são a especialidade do meu clã — rebateu. — Além disso, eu carrego a Vontade do Fogo do meu tio, do meu avô e do meu mestre, que se tornará o Sétimo Hokage. Sou homem o bastante para você, Yuurei maldita.

Suki sorriu. Um sorriso diabólico.

— Quem é você, garotinho?

Konohamaru pôs o punho cerrado sobre o peito, os olhos fixos nos de Suki.

— Konohamaru Sarutobi, neto do Terceiro Hokage e discípulo do Naruto-niichan Uzumaki. Chuunin e futuro Oitavo Hokage.

 — Entendo... além de ser próximo do Alvo Primário se diz futuro Hokage, não é?

O ar da Yuurei estava diferente de antes, Konohamaru conseguia sentir. Ela não estava mais séria ou mais raivosa; estava em expectativa, como um animal feroz perto de uma presa.

Konohamaru fez um selo de mãos.

— Kage Bunshin no Jutsu! — Dois duplos surgiram à esquerda e à direita de Konohamaru. Suki observava atentamente.

Viu os três inimigos levarem as mãos até os estojos de shuriken e imediatamente estreitou os olhos.

O golpe veio antes que Konohamaru sequer piscasse. Os clones explodiram em fumaça enquanto ele caiu no chão com um corte feio no lado direito da barriga. Suki agora estava atrás dele; o olhar dela era de clara desaprovação.

— Shuriken? — ela disse com desprezo. — Contra alguém muito mais forte que você, nunca use algo tão patético como distração. É um erro.

O corpo de Konohamaru tremia. A ferida não era fatal, mas doía demais. O sangue empapava-lhe a camisa e, se não bastasse, ele havia caído com o lado esquerdo do corpo, justamente sobre o ombro ferido.

— E eu esperando que você poderia dançar um pouquinho comigo, garoto. Pelo jeito uma mulher mais velha é demais para você.

Konohamaru fez uma careta.

— Cala a boca.

Em seguida, explodiu em fumaça. Suki se surpreendeu.

— Quando-

— Rasengan! — Por cima da Yuurei, Konohamaru e outro clone atacaram com uma esfera de chakra. Suki viu o ataque muito próximo de atingi-la nas costas.

E contra-atacou em um súbito.

Usando o leque em um movimento rápido, Suki conjurou uma palma de vento. O clone explodiu na hora, o Rasengan se desfez e Konohamaru Sarutobi foi arremessado até a outra ponta da sacada, batendo as costas com força na murada de proteção. Se Suki tivesse convocado uma ventania mais forte, o garoto estaria despencando naquele exato momento de uma altura superior a vinte metros. Porém estar completamente indefeso contra uma Yuurei não melhorava nem um pouco sua situação.

— Você tinha mais clones prontos — apontou Suki. — Menino esperto. Usou uma técnica de substituição e trocou de lugar com um deles para me atacar pelas costas.

A dor na coluna não dava para ser ignorada, muito menos os ferimentos na barriga e no ombro. Já não tinha qualquer clone pronto e qualquer movimento brusco fazia seu corpo explodir de uma dor cruciante. A cabeça começava a sangrar também. Imóvel, Konohamaru viu Suki se aproximar a passos lentos, fitando-o com um olhar indecifrável. Ele não sabia dizer se ela o provocaria ou simplesmente o varreria da sacada com outro ataque de vento.

Era uma presa, e Suki era a predadora.

— Não posso morrer aqui... — gemeu inaudível. — Não desse jeito... Não hoje. Eu não-

Suki desferiu um golpe duro com a haste do leque contra o estômago do garoto. Konohamaru vomitou sangue e caiu para o lado, o corpo trêmulo. Queria chorar, queria muito chorar.

Era o fim, ele sabia disso.

“Velhote, tio Asuma, Naruto-niichan, Udon, Moegi, Ebisu-sensei, Hanabi-chan...”, pensava, “sinto muito”.

Suki brandiu o leque pronta para o golpe terminal.

— Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei.

Estava prestes a executar o ataque quando percebeu algo. De forma abrupta, Suki foi forçada a desviar a atenção de Konohamaru para centenas de Kunai que lhe atacavam de frente. A onda de vento que deveria destroçar o jovem Konohamaru agora lançava o projéteis para longe. Uma investida dessas só significava apenas algo: distração. Suki constatou isso quando olhou para baixo e Konohamaru não estava mais aos seus pés.

— Estava me perguntando até quando os homens desta vila iam se esconder de mim. — Suki deu um sorriso antes de olhar para trás e conhecer o novo oponente. — O garotinho conseguiu ser mais corajoso que muitos homens por aí.

— Konohamaru-kun é muito corajoso, realmente. — Ebisu segurava uma kunai em cada mão, encarando a Yuurei. — Ele percebeu a sua presença, separou-se do time e veio até você sozinho.

Olhou para o discípulo por um instante. Semiconsciente, Konohamaru tinha a cabeça sobre o colo de Moegi. Udon também estava do lado do amigo.

“Perdoe-me, Konohamaru-kun. Eu deveria ter percebido que você não estava junto de nós mais depressa. Você não teria que enfrentá-la sozinho”.

— Udon, Moegi! — chamou Ebisu. — Levem o Konohamaru-kun daqui. Eu enfrentarei a inimiga.

Udon exclamou:

— M-Mas Ebisu-sensei, o senhor não pode-

— Entendido, Ebisu-sensei. — Moegi já havia entendido. Pôs um dos braços de Konohamaru sobre o próprio ombro. — Udon, ajude-me com o Konohamaru-kun.

O menino olhou das costas do professor para o corpo ferido do companheiro. Olhou para frente outra vez e encontrou Suki o observando. A mulher tinha um rosto muito bonito, mas o sorriso assassino que ela tinha no momento o aterrorizava. Para Udon, era como se aqueles dentes quisessem devorá-lo.

— E-Entendido.

Os dois alunos, Udon e Moegi, olharam uma última vez para as costas de Ebisu. Udon mordeu o lábio inferior, tenso. Moegi sentia um aperto no coração.

— Fique bem, Ebisu-sensei — disse a menina.

E saltaram para longe dali, abandonando o professor contra a invasora.

Suki deu um muxoxo escarnecedor.

— Oh, que alunos fofos você tem. Talvez eu vá despedaçá-los depois — disse. — Bem devagar.

— Eu não vou deixar que encoste um dedo nos meus alunos!

Suki riu.

— Não vai, é? Então você deve ser forte o bastante para pensar que pode me encarar sozinho.

Ebisu apertou as duas kunai com mais força.

— Não penso — confessou. — Mas, como Jounin de elite da Vila Oculta da Folha e professor do Time Sete, eu vou lutar até...

— Jounin de elite? — Suki fez pouco caso, interrompendo Ebisu. — Diga-me: você tem alguma ligação com Naruto Uzumaki?

Ebisu não entendeu o porquê da pergunta.

— O que tem o Naruto-kun?

— Diga-me de uma vez. Você é alguém especial para Naruto Uzumaki?

Ebisu fitou Suki nos olhos. Agora tudo estava claro. A Yuurei o estava avaliando.

— O Naruto-kun considera todos na vila especiais — respondeu Ebisu. — Creio que ele me vê assim.

Suki pareceu desapontada.

— Entendo. Um genérico. Neste caso...

Um frio percorreu a espinha de Ebisu. Não havia sequer piscado quando Suki desapareceu de sua frente, reaparecendo à sua esquerda. Ela não o observava; olhava para baixo. E quando falou, tinha a voz fria e terminal:

— Você não é um Kage, é um mero Jounin que se considera forte por pertencer à elite desta vila patética. Além disso, você não é nada para o Alvo Primário. Portanto, você não serve nem para matar o meu tédio. Então apenas morra.

Ele não viu quando começou, mas já era tarde demais de qualquer forma. O corpo de Ebisu foi devorado por diversos bolsões de vácuo conjurados por Suki, nos quais microlâminas de Fuuton giravam em altíssima velocidade. Bastaram segundos para qualquer parte do corpo de Ebisu desaparecer no pequeno tornado.

Passados aproximadamente dois minutos, o vento havia cessado.

— Você não deve estar muito longe daqui, não é, garotinho?

 

 

 

— Você está bem, Konohamaru-kun? — A voz de Moegi andava na linha tênue entre alívio e preocupação. Já completamente em si, o garoto fez que sim com a cabeça.

Então a ficha caiu. Konohamaru sentiu como se levasse um tapa forte no rosto. Com os olhos arregalados, perguntou:

— Espera! Como vocês me acharam? Cadê aquela Yuurei?

Moegi olhou aflita para Konohamaru antes de trocar olhares tensos com Udon. Sentindo a respiração da amiga pesar, ele insistiu:

— Ei, respondam! O que houve?

Udon gaguejou algo ininteligível e procurou não encarar Konohamaru. Moegi respirou fundo; sabia que seria ela a responder.

— Ebisu-sensei percebeu que você não estava mais procurando civis em perigo conosco, então resolvemos te procurar. Nós te encontramos lutando com aquela mulher e... — Moegi hesitou.

— E o quê, Moegi? — Konohamaru perguntou ansioso.

A menina ficou quieta por longos segundos, evitando olhar nos olhos do companheiro.

— Ebisu-sensei ordenou que levássemos você para um lugar seguro.

O rosto de Konohamaru empalideceu. Pouco a pouco, ele havia juntado as peças.

— Não me diga que... Moegi, não me diga que...

A garota afirmou com a cabeça. A expressão triste.

— Ebisu-sensei escolheu enfrentar a inimiga para que fugíssemos.

Konohamaru mordeu o lábio, sentindo uma mescla de preocupação, culpa e raiva. Ele sabia que se não tivesse deixado a formação e atacado a Yuurei sozinho, nada teria acontecido, mas o que ele poderia fazer? Ele era um ninja da Vila da Folha; seu dever era proteger seu lar a todo custo. Havia sentido a presença do inimigo e não havia tempo suficiente para contatar o resto do time, que procurava civis em perigo. Não se arrependia do que fizera, mas detestava estar sendo salvo enquanto outra pessoa se sacrificava por ele.

— Precisamos voltar, Udon, Moegi! — disse enfático. — Agora!

— O quê? Não, de jeito nenhum! — Udon exclamou, não fazendo questão de esconder o medo.

— Deixe de ser covarde, Udon! — repreendeu Konohamaru. — O Ebisu-sensei jamais daria conta da inimiga sozinho. Precisamos dar suporte a ele-

Parou de falar, percebendo algo estranho em Moegi. Olhando melhor no rosto dela, descobriu do que se tratava: ela estava chorando em silêncio.

— Ei, Moegi...

A garota olhou-o; a boca trêmula.

— Você ainda não entendeu, Konohamaru-kun? — Moegi falou triste. — O Ebisu-sensei não vai voltar. Ele sabia disso.

Konohamaru pensou em gritar com Moegi também, mas o rosto de choro dela o partia em dois. Tentou, então, ser o mais brando possível.

— A gente não pode deixar o sensei lá. O Naruto-niichan jamais abandonaria um companhei-

— Nós não somos o Naruto-niichan, Konohamaru-kun. — Moegi falou em lágrimas. — Você não é o Naruto-niichan. Acredite, eu também quero ir lá e ajudar o Ebisu-sensei, mas aquela mulher, não, todos esses caras fazem frente ao próprio Naruto-niichan. Eles conseguem lutar de igual pra igual com o ninja mais forte do mundo. Se fôssemos lá...

—... o sacrifício do Ebisu-sensei seria em vão — completou Udon, pesaroso.

Konohamaru xingou e estreitou os olhos. Os ferimentos pelo corpo ainda doíam e muito, mas parecia que durante aquela pequena discussão a dor havia sumido. Como se a vida do professor fosse mais importante.

Era mais importante.

Sem ação, Konohamaru se deixou vencer. Udon e Moegi estavam certos. Se tentassem voltar até onde Suki estava só conseguiriam ser mortos também. Konohamaru já era um Chuunin, mas Moegi e Udon ainda não. Fazê-los voltar para tentar algo contra uma ninja do calibre de Suki, a assassina de Kages, seria sacrificar os companheiros. Ele não podia fazer nada a não ser se deixar levar pelos dois.

— Para onde vamos? — perguntou Konohamaru.

— Para o abrigo de civis no Monte Hokage — respondeu Udon. — Lá é o local mais seguro da vila no momento. Têm alguns ninjas médicos lá também, além de algumas partes da Katsuyu-sama.

Quando Udon mencionou ninjas médicos, Konohamaru se lembrou imediatamente de Suki tentando atacar o Hospital da Folha à distância. Se Ebisu já tivesse sido abatido, ninguém poderia detê-la.

— Tem alguém protegendo o Hospital? — perguntou Konohamaru. — Aquela Yuurei estava tentando atacar o Hospital antes de eu chegar.

Moegi e Udon se entreolharam.

— A Sakura-san está lá — respondeu Udon.

— Alguém precisa ir ajudá-la agora! — disse Konohamaru. — Ela pode ficar com problemas logo.

Udon suspirou.

— A Sakura-san já está com problemas.

— Como assim, Udon? — perguntou Konohamaru.

Estavam quase chegando a uma das entradas secretas dos abrigos. O Monte Hokage bem à vista. Em breve estariam em segurança, diferentemente do resto da vila.

Udon respondeu:

— Quando fomos te procurar, passamos pelo Hospital e...

— Fala logo, Udon!

Udon fez uma careta apreensiva.

— Se aquela Yuurei também for pra lá, a Sakura-san...

— Espera! — interrompeu Konohamaru. — Como assim também?

 

 

                                                           * * *

 

 

— Shannaro! — Sakura gritou furiosa, após saltar e socar o chão violentamente com a força sobre-humana. Infelizmente seu adversário, além de hábil, era bem irritante e conseguia evitar todos os golpes. Sakura também não havia sido ferida pelo inimigo — e nem poderia. Lembrava-se muito bem do primeiro encontro que tivera com os Yuurei, de como Omoi, da Vila Oculta da Nuvem, havia morrido, e pior: quem o havia matado.

Kan sorria para Sakura, brandindo a foice monstruosa de seis dentes.

— Jashin-sama me deu o lugar certo para atacar, de fato — disse. — O hospital, além de haver muitas almas esperando para serem imoladas, também tinha uma ótima surpresa. Quem diria que eu fosse encontrar alguém conhecido aqui?

Sakura olhou rapidamente para trás. Já estava a uma boa distância da entrada do hospital, mas, apesar disso, não poderia lutar com todo seu potencial ali. Se ela conseguisse acertar o Yuurei, de modo a arremessá-lo para longe, poderia combater sem se preocupar com quais prédios pudessem cair.

Mas Kan sempre escapava, e aquela batalha não podia se prolongar ou o Hospital da Folha estaria comprometido.

— Por que você não cala essa sua maldita boca e me deixa te acertar de uma vez? — Sakura estacou os dedos, preparando outra investida.

— Curioso... — Kan girou a foice com a mão direita, enquanto a esquerda ia para dentro das vestes, pegando uma estaca de metal. — Eu ia dizer a mesma coisa. Pelo jeito essa batalha vai ser um jogo de quem acerta o outro primeiro.

— Concordo — disse Sakura. — Pronto ou não, aqui vou eu.

E avançou correndo, pronta para socar o Yuurei.

 

 

 

                                                           * * *

 

 

 

Ele era imparável. Tudo o que estivesse no seu caminho era devorado em questão de minutos pela escuridão que o cercava. Nada nem ninguém sobreviviam ao poder incomensurável do líder dos Yuurei, Iori. Podia-se dizer que ele era um buraco negro em forma de homem.

Mas mesmo cientes disso, eles estavam lá, bloqueando-lhe a passagem.

— Você deve ser o líder, não? — disse Kakashi. — Não deveria estar na Ilha Misuto? Mandei dois ninjas lá para te matar, sabe.

Silêncio. Iori respirava profundamente por baixo do capuz negro.

— Tsc, esse aí não é do tipo que fala muito, Kakashi — desdenhou Gai. — Está perdendo o seu tempo.

Diferente dos outros dois, Yamato não se sentia à vontade para falar. Não ali, não contra aquele adversário. Não precisava se esforçar muito para sentir o chakra gigantesco que vinha do líder dos Yuurei — muito maior que qualquer coisa que ele já tinha visto, incluindo Naruto e as nove Bijuu juntas. Perguntava-se como alguém com um poder daquela magnitude poderia existir e estar ali, diante deles.

Pensar isso era perturbador, e Yamato sabia muito bem que Kakashi e Gai tinham ciência disso. Mas o inimigo tinha que ser detido. Custasse o que custasse.

— O Sexto Hokage... — A voz de Iori era pesada. — Kakashi Hatake, a Fera Vermelha da Vila Oculta da Folha, Gai Maito e... — Olhou para Yamato. — uma cópia malfeita do Primeiro Hokage, Hashirama Senju. Eu tenho bons oponentes diante de mim. Bons, mas não excepcionais.

A escuridão que serpenteava ao redor de Iori atacou. Os três ninjas da Folha saltaram para fugir dos tentáculos de trevas, que se ramificavam para continuar a perseguir as presas. E como Iori já havia devorado tudo ao redor, manobrar por meio de construções seria impossível; estavam em campo aberto.

O que dava a eles só uma opção.

Kakashi fez selos manais e conjurou uma técnica ainda no ar:

— Raiton: Raijuu Hashiri no Jutsu (Elemento Relâmpago: Técnica da besta corredora de relâmpago). — Kakashi conjurou uma fera feita de eletricidade para se defender e contra-atacar a escuridão. Yamato atacou ao mesmo tempo:

— Mokuton: Daijurin no Jutsu (Elemento Madeira: Técnica da Grande Floresta). — Estendeu o braço esquerdo contra a escuridão que avançava, transformando-o em uma série de troncos de árvores.

Exatamente no mesmo lugar, acompanhando a batalha, Iori sussurrou:

— Inútil.

A escuridão pareceu vibrar enlouquecida e intensificou o avanço. As técnicas de Kakashi e Yamato iam sendo engolidas à uma velocidade assustadora. Kakashi foi forçado a desfazer o fio de raios que manipulava o Raijuu Hashiri no Jutsu e afastou o braço para trás. Por pouco escapou.

Yamato não teve a mesma sorte.

O tentáculo de trevas fez desaparecer os troncos de árvore nos quais o braço de Yamato havia se transfigurado, e continuaram avançando até ganharem o ombro do ninja. Naquele instante, Yamato sentiu como se sua carne e ossos estivessem sendo esmagados e retorcidos ao mesmo tempo; uma dor indescritível. E então, uma puxada violenta para trás.

— Yamato! — Gai gritou.

O ninja caiu com um baque. Tinha a testa encharcada de suor e a dor fazia sua visão embaçar e sua consciência não pensar em mais nada além da agonia.

Na agonia e no braço que já não tinha mais.

Kakashi e Gai reagruparam à frente de Yamato, defendendo-o. Estavam a uma distância de aproximados dez metros do inimigo. O rosto de Iori estava completamente oculto pelo capuz, mas eles sentiam como se os olhos do Yuurei os estivessem encarando claramente.

Estavam com medo. Todos eles.

— Yamato, você está bem? — Notoriamente não; a expressão dolorosa do companheiro falava por si só.

Yamato tentou se levantar, mas caiu sobre um dos joelhos. Respirava com bastante dificuldade.

— Fui descuidado... — conseguiu dizer. — Droga.

Kakashi estreitou os olhos, fixando-os em Iori.

— Não, não foi — disse, ainda vigiando o inimigo. — Eu percebi uma coisa.

— O quê? — Gai perguntou, ansioso.

— Não tenho certeza. Preciso confirmar — respondeu. — Mas se eu estiver certo... — Olhou para Yamato por um instante. — Ainda consegue lutar, Yamato?

Ouviu-se um lamento baixinho. Com dificuldade, ele conseguiu se levantar.

— Não vou ser mais que um peso morto para vocês — disse. — Mas acho que ainda consigo fazer alguma coisa.

Concentrou-se na ferida no ombro esquerdo, transformando a carne ao redor dela em madeira para fechá-la. Assim, ainda que de uma forma bem rudimentar, poderia evitar morrer de hemorragia.

— Espero que perder um braço tenha valido a pena para seja lá o que você percebeu, Kakashi-senpai.

— Não adianta. — Os três foram atraídos pela voz de Iori. — Eu roubei a Kekkei Genkai da princesa Shion. Agora sou capaz de prever a morte... e eu já vi as mortes de vocês. Todos os três.

Iori ergueu os braços ao céu noturno. Tinha os dedos semicurvados, como se agarrassem alguma coisa no ar.

— Meiton:  Yami Daihendou (Elemento Escuridão: Cataclismo de trevas).

Um, dois, três, quatro. Kakashi viu a escuridão do céu tomar a forma de quatro poderosos tornados e descer sobre as extremidades direita e esquerda da Vila da Folha. Com os olhos atônitos, ele via a extensão dos poderes de Iori aniquilar seu lar ao longe, varrendo tudo no caminho.

— Considerem isso um estímulo para não haver uma batalha longa — disse Iori para os três. — Se não me deterem, em poucas horas, esta vila terá desaparecido. Ela e todos que nela vivem. Quando o Alvo Primário chegar, não haverá nada para contar a história a não ser o vazio.

Um nó se formou na garganta de Kakashi. Não havia tempo para criar um plano tático; a cada segundo que passava os tornados avançavam rumo ao centro da vila. Como Hokage, era dever dele deter o inimigo ali e agora.

— Gai. Comigo. — Formou o Raikiri na mão direita.

— Entendido. — Concentrou-se, liberando uma imensa quantidade de chakra. — Hachimon Tonkou: Keimon, kai! (Oito Portões: Sexto Portão — Portão da Visão —, liberar)

Juntos, os eternos rivais atacaram.

 

 

                                                           * * *

 

 

Hana Sakegari pôs a mão sobre a testa, focalizando a visão ao longe.

— Oh, veja só, Kioto-sama — Hana apontou para o horizonte. — O Líder-sama usou aquilo!

Kioto se virou, observando os tornados de escuridão, distantes dali, erradicarem a Folha.

— Parece que o Líder-sama está com pressa. — Voltou-se para a parceira. — E nós também.

— É claro, Kioto-sama. — A menina sorriu.

Continuaram caminhando. Kioto sequer havia movido um dedo desde que chegara na Folha. Tinha sido Hana a completa responsável por derrotar cada inimigo até aquele momento. Um rastro de mortos — ninjas e civis — decorava o caminho tomado pela dupla, o que de certa forma deixava Hana incomodada por ser uma clara violação à regra principal dos Yuurei: a de não deixar corpos Mas Kioto havia dito que seria melhor assim. E o motivo não poderia ser mais óbvio.

— Tem certeza de que o Hiashi Hyuuga vai chegar a tempo, Kioto-sama? — perguntou Hana, tirando um doce das vestes. — Agora que o Líder-sama usou o Yami Daihendou, essa vila está sumindo mais rápido.

Kioto continuou andando, tinha o olhar fixo no caminho há muito conhecido dele.

— Ele virá — disse, por fim.

Dobraram uma esquina e alcançaram a Área Distrital da Folha. Sua vingança tão desejada aproximava-se da consumação a cada passo dado. Kioto sentia. Depois de longos anos sonhando com aquele momento, ali estava ele. Nada nem ninguém ficaria em seu caminho.

Nem mesmo quem queria recepcioná-los naquele instante.

— Hana.

— Já percebi, Kioto-sama.

Os Yuurei saltaram em uma manobra evasiva segundos antes do Gatsuuga inimigo os atingirem em cheio. Kioto e Hana viram-se cercados. Os inimigos estavam em oito. Três ninjas e cinco cães.

— De todas as coisas estranhas que estão acontecendo hoje, essa eu nunca poderia imaginar. — Tsume Inuzuka falou debochada. — Bom te ver de novo, Kioto. Você não mudou nada.

O Yuurei olhou frio para a líder do clã Inuzuka.

— Tsume. Realmente faz tempo.

Kiba olhou desconfortável dos invasores para a mãe.

— Ei, mãe. Você conhece esse cara?

Tsume respirou fundo. Sim, ela conhecia.

— Desde os meus tempos de Academia. Ele era do meu time.

Tanto Kiba quanto Hana Inuzuka arregalaram os olhos.

— Este homem foi seu companheiro de time, mãe?! — exclamou Hana Inuzuka. — Por que ele é nosso inimigo agora?

Mas Tsume não respondeu. Reencontrar Kioto era, literalmente, como estar vendo um fantasma. Sempre soube por Hiashi que ele havia sido morto durante a Terceira Grande Guerra Ninja. Pelo jeito, estava errada; Kioto estava bem ali, vivo — agora, um Yuurei —, exatamente com o mesmo rosto que anos antes marchara nas fileiras da Folha durante a guerra.

Havia alguma coisa nele. Alguma coisa maligna, Tsume não sabia descrever, mas sentia. Fosse lá o que fosse, ela suspeitava ter algo a ver com a premissa de que todos os Yuurei tinham reais condições de combater Naruto Uzumaki de forma equilibrada.

— Vocês dois — Tsume disse aos filhos. — Tomem bastante cuidado. Ele já era forte antes. Agora deve estar bem mais perigoso.

— Entendido — Kiba e Hana disseram juntos.

Kioto olhou ao redor. Três ninjas, cinco cães e seu tempo se esgotando.

Virou-se para a parceira.

— Hana, cuide disso. Tenho mais o que fazer.

— Ah — Terminou de mascar o doce —, pode deixar comigo, Kioto-sama.

Deu um sorriso quase imperceptível de satisfação. Apesar do jeito excêntrico, Hana Sakegari era de longe a melhor parceira que ele poderia ter.

Kioto virou-se para Tsume.

— Perdoe-me, mas preciso rever uma pessoa e estou atrasado. — Pôs o capuz sobre a cabeça. — Foi bom vê-la, Tsume. Adeus.

E seguiu em frente, ignorando o cerco dos ninjas da Folha. Tsume trincou os dentes e flexionou os joelhos, preparando-se para atacar.

— Aonde pensa que vai, desgraçado? — Saltou junto com seu cão, Kuromaru, contra Kioto.

Ambos se estatelaram no chão. Kioto, de alguma forma, já estava a metros dela. Nem Kiba e Hana pareciam entender como o Yuurei havia se movimentado daquele jeito.

— O quê?! — Kiba exclamou. — A mãe errou?

Tsume levantou-se. Kioto estava quase fora de alcance, no final da rua. Se o deixasse passar...

— Gatsuuga! — Girou junto com Kuromaru, tentando alcançar o Yuurei distante.

Para a própria incompreensão, Tsume e Kuromaru chocaram-se contra uma árvore que estava não mais que dois metros de distância dela. Olhou para frente, Kioto havia desaparecido por completo. Nem mesmo o cheiro dele Tsume sentia. Era como se ele nunca tivesse estado ali.

— Mas que merda, como ele...? — Parou de falar. Olhou para trás e viu Hana Sakegari dar um risinho. — Foi você? O tempo todo?

A Yuurei tirou o capuz. Tsume sentiu como se os olhos verde-esmeralda de Hana Sakegari a perfurassem. Era uma sensação estranha.

— Vocês, Inuzuka, são especialistas em combate corpo a corpo, certo? — Olhou para Tsume, depois para Kiba e Hana Inuzuka; sorria divertida. — Neste caso, vocês estão muito ferrados.

Fez um selo com as mãos, ainda encarando os três oponentes.

— Eu sou meio sádica, sabe. — Deu uma risadinha. — E vou fazer um belo estrago nas mentes de vocês. Vai ser bem divertido.


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Notas finais do capítulo

Rapaz, eu que não queria ser o Naruto (se bem que ele ficou com a Hinata e eu tenho mó queda por ela desde que Naruto passava no SBT, pronto, falei!). Imaginem quando ele chegar -- se ele chegar a tempo -- e encontrar a vila caótica como está.

Se bem que ele chegando a tempo ou não a vila estará bem caótica. '-'

Ah, tem uma cena em especial que eu quero escrever muito. Ela, muito provavelmente, aparece no próximo capítulo. Deixo isso em aberto.

Agora eu vou dormir. "Amanhoje" tem aula de ciência política ^^

Até o próximo capítulo o/