O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 70
Konohamaru Sarutobi vs. Hanabi Hyuuga


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, pessoal! Como cês tão?

Como foram de carnaval? Eu fiz o que sei fazer de melhor nessa época do ano (não, eu não saí pela rua fantasiado): fiquei em casa sem fazer nada. Ah, não há nada melhor que a nossa casa, né?

Antes de começarmos, quero agradecer ao Victor Sena pela vigésima quinta (vigésima quinta, cara, VIGÉSIMA QUINTA!!!) recomendação desta história. E não somente isso, ele foi a primeira pessoa a recomendar também a minha One shot de Fairy Tail. Eu fiquei muito feliz em ver que a minha pequena "Sem você" também ganhou atenção. Valeu, xará! Obrigado mesmo (duas vezes)!!!

Bem, chegamos à luta KonoHana (virou nome de shipp, se bem que eu os shippo mesmo (não, isso não significa que eles ficaram juntos nesta história) isso, não?). Konohamaru ou Hanabi? Hanabi ou Konohamaru? De um lado o pupilo e fã número 1 do Naruto. Do outro a nossa queridinha comediante, a "Hyuuga assustadora". Espero que gostem da luta, e se divirtam com ela.

Boa leitura para todos! Nos vemos nas Notas Finais o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504689/chapter/70

Silêncio nas arquibancadas. Silêncio na arena. Konohamaru Sarutobi ainda mantinha o selo do Tigre nas mãos. Hanabi, com o Byakugan ativado, observava-o. Nenhum ruído além da brisa que corria e balançava as copas das árvores do estádio era ouvido.

Hanabi pôs-se a falar.

— Seu coração está batendo rápido, Sarutobi — ela falou com um sorriso de triunfo. Eu posso ver o medo em você. O que foi? Você não disse que hoje, na nossa luta, você iria me impressionar? Estou esperando.

E era verdade. Konohamaru estava com medo, e se amaldiçoava por isso.

“Não esquenta! A Hanabi-chan é forte! Ela vai aguentar!”, pensava.

Hanabi parecia adivinhar os pensamentos de Konohamaru, pois sorriu sarcástica.

“Ótimo! Aí vem ele!”

Konohamaru sequenciou selos nas mãos a uma velocidade impressionante. Inspirou para trás e anunciou a técnica.

— Katon: Haisekishou (Elemento Fogo: Campo de cinzas flamejantes). — Pela boca, o garoto expeliu uma densa nuvem de cinzas e pólvora, encobrindo Hanabi de tal forma que a garota sumira por completo no meio do campo de fumaça escura.

— Aquele é o jutsu do Asuma-sensei! — Shikamaru reconheceu a técnica do velho mestre. — Naruto, você conseguiu fazer com que o Konohamaru dominasse-o tão cedo, não?

Naruto estava um pouco encabulado e, coçando a cabeça, riu.

— Fazia parte do programa de “Treinamento extremo e mortal com o Naruto-sensei”. Eu mesmo montei; o Konohamaru queria muito aprender esse jutsu, então eu o ajudei — gabou-se Naruto. — Só não entendi por que a Hanabi-chan não fugiu. Quer dizer, ela não aprendeu nenhuma técnica nova.

E Hinata deu uma risadinha baixa, mas suficiente para Naruto perceber.

— Ei, Hinata, o que foi?

— Eu sempre soube que você estava espionando o treinamento da Hanabi-neesan, Naruto-kun. Só isso.

— O quê? Mas como...

— O sapo verde que sempre ficava sob o cipreste perto do campo de treinamento. Era você, não é mesmo, Naruto-kun? — Hinata sorriu singelamente.

Naruto sentiu o rosto perder a cor. Fora descoberto.

— Como você me descobriu, Hinata? Eu estava...

— Você sempre se transformava naquele sapinho verde quando fazia espionagem, Naruto-kun, eu me lembro! — afirmou Hinata, comendo um pouco de pipoca.

— Que idiota. Sempre tão desleixado — Sasuke escarneceu. Naruto, de olhos semicerrados, apontou para o Uchiha.

— Maldito! Você não...

— Eu faria, sim, algo melhor que você, Naruto. Deixe de ser estúpido.

— Você me paga, seu maldito.

— Enfim — Hinata retomou a palavra, tentando apaziguar os dois amigos —, eu sabia que você estava nos espionando e resolvi treinar com a Hanabi-neesan de madrugada também. Assim ninguém nos incomodaria.

— Quer dizer que... — Naruto estava boquiaberto. — Não, isso significa que...

— Sim, Naruto-kun. A Hanabi-neesan sabe técnicas novas; eu a ensinei, e ela não teve dificuldade, pelo menos penso eu, para dominá-las. Ela é um prodígio, a minha irmã.

— Hinata — Naruto engoliu em seco, temendo mais do que nunca pelo pupilo que lutava naquele exato momento. — O que você exatamente ensinou à Hanabi-chan?

— Ah, foram só três técnicas. — Hinata relaxou os ombros. — A primeira é... olha, Naruto-kun! Veja! Ela vai usar agora mesmo! — Hinata sorria, apontando para a arena.

A nuvem de cinzas e pólvora ainda envolvia Hanabi. Konohamaru, que expelia a substância explosiva, trincou os dentes, cessando o sopro.

Do nada, as cinzas se converteram em labaredas inflamadas. Uma explosão de larga proporção eclodiu exatamente onde Hanabi estava. As chamas — Konohamaru enxergava — rodopiavam como um redemoinho poderoso e veloz; algo estava errado.

E as chamas cessaram. Hanabi Hyuuga, a segunda combatente, estava exatamente no mesmo lugar. O chão ao redor dela estava um pouco escavado; as roupas estavam da mesma forma como antes, sem qualquer sinal de queima, nem mesmo um chamusco, nada.

Konohamaru arregalou os olhos. Hanabi sorriu.

— C-Como? Meu jutsu... como não surtiu efeito?

— Ei Sarutobi — Hanabi jogou uma mecha dos cabelos para trás. — Era só isso? Que chato!

“Tem alguma coisa errada, eu sei! Por que as chamas rodopiaram e sumiram? Por que a Hanabi-chan, digo... oponente está intacta? Isso só seria possível se... não! Não pode ser! Ela é nova demais para aprender isso”, meditava Konohamaru.

Konohamaru juntou as duas mãos em um selo que Hanabi até gostava de ver, aliás, ela adorava.

— Kage Bunshin, é? — Ela arqueou a sobrancelha. — Pode vir.

Ignorando-a, Konohamaru berrou:

— Kage Bunshin no Jutsu (Técnica dos Clones das Sombras)!

Quatro cópias autênticas do garoto foram conjuradas. Elas cercaram Hanabi, que pouco se importou; ela parecia se divertir com a luta.

— Você foi esperto, Sarutobi. Distribuiu seu chakra igualmente entre as cópias. Assim, eu não posso distinguir quem é o original e quem não é. Inteligente! Você é mesmo um admirador do Naruto, mas... isso de nada vai lhe servir, Sarutobi.

— KATON: HAISEKISHOU! — diversas vozes berraram ao redor de Hanabi ao mesmo tempo. Em poucos segundos, ela se viu envolvida por uma massa de cinzas cinco vezes mais densa que a anterior.

Naruto não piscava nem por um momento. Mesmo o público atento ao combate, Naruto conseguia se destacar no quesito concentração.

— Eu sei que técnica é essa — ele murmurou, por fim. — Hinata, isso é...

— Exato — disse Hinata. — A primeira técnica que ensinei à minha irmã, Hakkeshou...

— KAITEN! (Oito Trigramas: Rotação) — gritou Hanabi, excitada com a luta.

Novamente as chamas rodopiaram devido à técnica aplicada por Hanabi, a defesa absoluta dos Hyuuga, Hakkeshou: Kaiten.

Hanabi conseguia sentir a emoção do combate. Ela podia ver — ainda usando o Kaiten — o fogo mirrar e sumir. Estar ali, sobrepujando nada mais, nada menos, que o neto do Sandaime Hokage, o pupilo de um de seus heróis, Naruto, era maravilhoso para a pequena Hyuuga. E melhor, ela se sentia tão grande quanto a adorada irmã mais velha.

“Você está me vendo, Hinata-neesama? Está gostando de me ver lutar?”, os pensamentos de Hanabi fluíam ligeiramente.

A técnica de Hanabi cessou. A garota jogou os cabelos para o lado num gesto um tanto arrogante para Konohamaru, que estreitou os olhos.

— Kaiten... eu deveria ter imaginado — ele murmurou.

— Então, Sarutobi, seu inventário de jutsus já acabou?

— Você está me subestimando, Hanab... oponente!

— Não. Eu o desafiei, Sarutobi. A batalha de verdade começa agora!

Konohamaru não esperou outro convite. Com as mãos no estojo de shuriken, ele se armou, lançando com os clones um enxame de estrelas metálicas contra Hanabi.

— E isso não é tudo, oponente! — Konohamaru posicionou as mãos em selos; o rosto sério. — Kage Bunshin Shuriken! (Shuriken Clone das Sombras.)

Pela primeira vez naquele combate Hanabi se sentiu realmente ameaçada. O número de shuriken era indefensável, pelo menos para ela, a menos que ela usasse o Kaiten pela terceira vez, o que de certo modo incomodou Hanabi. Ser forçada a alguma coisa era algo que Hanabi detestava.

Bastou a rotação de Hanabi terminar que Konohamaru atacou, tentando surpreender a garota. O original estava mais afastado, moldando selos de mãos; os quatro clones agora estavam em duplas, e se lançavam impetuosamente contra Hanabi, que naquele instante terminara o Kaiten.

— Rasengan! — berraram os quatro ao mesmo tempo. Estavam a poucos metros de Hanabi, depois a poucos centímetros...

— ACERTEM ELA! — berrou Konohamaru às cópias.

Hanabi pareceu dar ao garoto um sorriso debochado.

Quando a primeira dupla de clones a avançou, Hanabi apenas executou uma simples esquiva para o lado, e, usando o ombro de um deles como apoio, girou o corpo, postando-se atrás das réplicas do garoto, golpeado-as com força nas costas e, consequentemente, fazendo-as explodir em fumaça. Os outros dois clones atacaram com um segundo Rasengan às costas de Hanabi, que saltou para trás, lançando certeiras Kunai nas cabeças de seus atacantes, desintegrando-os.

— Fuuton: Fuujin no Jutsu (Elemento Vento: Técnica da nuvem de poeira) — com as mãos sobrepostas à frente da boca, Konohamaru expeliu uma corrente de vento cinzento contra Hanabi, que girou horizontalmente o corpo para o lado, fugindo do ataque e, automaticamente, lançando Kunai e Shuriken contra o oponente. Sem escolha, para não ser pego, Konohamaru foi forçado a interromper o jutsu.

E era o que Hanabi queria.

A garota correu desesperada contra Konohamaru enquanto este ainda se defendia das armas que Hanabi lhe lançara. Agora, estando a menos de dois metros de distância, Hanabi atacou Konohamaru, saltando sobre ele e estendendo os braços.

Por pouco Konohamaru não foi capaz de desviar dos ataques de Hanabi, que insistiu. O combate estava como a Hyuuga queria: curta distância. Hanabi metralhava uma sequência do Juuken contra Konohamaru, que desviava como podia; estava na desvantagem.

“Droga! Eu preciso sair daqui! Eu preciso...”

E os braços de Hanabi haviam alcançado a perna direita de Konohamaru, que desabou no chão na hora, sentindo a perna fisgar, os músculos latejarem.

Hanabi não sorriu nem fez piada alguma. O rosto dela estava feroz. Konohamaru era para ela uma presa, uma presa a ser aniquilada.

— Acabou, Sarutobi. Você perdeu.

O garoto pôs a mão sobre o ponto em que Hanabi lhe tocara. Fechou os olhos por um instante, tentando se concentrar. Sentiu que o fluxo de chakra ainda estava normal, o que significava que Hanabi não havia acertado em um de seus Tenketsus, felizmente.

— V-Você errou... não é? — ele falou com a voz trêmula. — Errou.

Hanabi cerrou os punhos e contra a própria vontade admitiu.

— Sim. Foi por pouco, muito pouco, mas eu errei — e acrescentou. — Mas isso não significa nada, não é, Sarutobi? Você continua caído e eu de pé. Admita, você perdeu.

Foi aí que o sorriso irônico de Konohamaru incomodou Hanabi.

— Do que você tá rindo?

— Sabe, eu não desisto tão fácil assim, afinal, eu sou aluno do Naruto-niichan. Desistir quando ele está aqui, me observando, seria um insulto a ele.

E Konohamaru explodiu em fumaça.

— Kage Bunshin? Quando foi que ele...?

Hanabi mal virou para trás — o Byakugan já reativado — e viu o verdadeiro Konohamaru vindo em sua direção. Ele chutou alto, e Hanabi, devido a surpresa do ataque, não conseguiu fazer nada além de um bloqueio medíocre com os antebraços; foi arremessada para trás, caindo sobre o gramado.

A multidão comemorou. De fato aquela luta ainda renderia muitas emoções. Se Hanabi era de longe a favorita, Konohamaru estava conseguindo segurá-la muito bem.

— É isso aí! É isso aí! Você viu, Sasuke? Você viu aquele chute? Foi do jeito que eu ensinei! O Konohamaru me enche de orgulho! — Naruto berrava euforicamente e gesticulava como se estivesse brigando contra um oponente imaginário.

— Pare de berrar no meu ouvido, Naruto. Quero ver a luta — reclamou.

— É Naruto. Foi só uma recuperação — Ino também falou, mas ria do loiro.

— Um chute maravilhoso, isso sim! — Os olhos de Lee ardiam como chamas. — Isso é que é Juventude! Só podia ser um aluno do Naruto-kun.

— Legal... agora são dois idiotas eufóricos — murmurou Tenten.

— Devo admitir — Sakura também estava impressionada —, foi incrível que o Konohamaru conseguiu chutar mesmo tendo uma das pernas atingidas pela Hanabi-chan. De fato ele é duro na queda... como o ídolo dele — completou por meio de risos.

— Que bom que o Konohamaru-kun se recuperou — disse Hinata. — Estou feliz.

Na arena, era Konohamaru quem estava de pé e Hanabi quem estava no chão naquele momento. Encaravam-se os dois.

— Maldito... Eu fui descuidada — murmurou, apoiando-se sobre o joelho. — Não vou te subestimar mais, Sarutobi. Vou com tudo agora.

— Fico satisfeito em ouvir isso, oponente.

— Quer parar de me chamar assim!

— Só depois dessa luta... oponente. — E juntou as mãos para executar o Kage Bunshin no Jutsu mais uma vez.

— Tá bom... Foi você quem pediu — Hanabi sussurrou ameaçadoramente.

Hanabi Hyuuga fechou os punhos e juntou os braços flexionados ao lado do corpo. A quantidade absurda de chakra que Hanabi concentrava assumia formas animalescas nos punhos da garota.

Do outro lado, Konohamaru invocou dois clones. Com a mão direita aberta, ele aguardava suas duas cópias moldarem e adicionarem chakra para ele. Uma esfera espiral, maior que um Rasengan comum, era criada na mão direita de Konohamaru.

Um dos clones explodiu como Konohamaru sabia que faria. O outro, porém, estava ao lado do original; os dois atacariam Hanabi.

“Eu não sei fazer isso sem usar dois clones. Espero que o Naruto-niichan não se decepcione comigo por copiar tão mal o jutsu dele”. Konohamaru fixava os olhos em Hanabi.

— Naruto, você ensinou o Oodama Rasengan para o Konohamaru também? — Kiba perguntou enquanto assistia ao desenrolar do combate.

— Hã? Não... ele aprendeu sozinho. — A voz de Naruto saiu baixa demais, preocupada demais. — Hinata, aquilo que a Hanabi-chan tá fazendo não seria o que eu acho que é, seria? O jutsu que você criou, sabe.

— Sim. Ela não consegue mantê-lo ativo por muito tempo, mas, para idade dela, saber usar um jutsu Rank S é admirável.

— Então — Sakura se virou surpresa para Hinata —, aquilo é mesmo...

Hinata confirmou com a cabeça.

— A Hanabi-neesan sempre quis aprender meu jutsu.

— Garota interessante, essa — Sasuke arqueou a sobrancelha, levemente admirado.

O chakra de Hanabi estabilizou. Duas cabeçorras bestiais estavam manifestadas em suas mãos. As veias pulsavam devido ao Byakugan. Ela observava Konohamaru e a técnica dele; seu oponente estava pronto para atacar.

Os dois avançaram um contra o outro, decididos.

— Oodama Rasengan! (Grande Esfera Espiral) — bradou Konohamaru.

— Juuho: Soushiken! (Punho Gentil: Punho dos Leões Gêmeos) — gritou Hanabi.

Ouviu-se um baque ensurdecedor vindo do meio da arena. Uma nuvem de poeira emergiu, fazendo com que todos os espectadores perdessem, por breves minutos, a completa visão do que ocorria no campo de batalha. Konohamaru ou Hanabi, quem havia vencido?

Naruto estava aflito; queria saber o que havia acontecido mais do que qualquer pessoa naquele estádio. Foi o toque de Hinata em sua mão que o acalmou.

— Eles estão bem, os dois. — Ela ativara o Byakugan.

Era verdade. Quando a poeira finalmente baixou, lá estavam os dois. Ambos arfavam de exaustão. Konohamaru trazia arranhões no rosto e cortes no braço que usara o Oodama Rasengan; a manga do casaco dele fora destruída com o choque. Já Hanabi parecia ter sofrido menos. Os cabelos estavam desarrumados, alguns cortes — em um número menor do que os de Konohamaru — nos braços, a roupa empoeirada. No mais, ela estava bem.

Hanabi endireitou o corpo, reassumindo a postura de combate.

— E aí, Sarutobi? Ainda consegue se manter de pé?

— Tá brincando comigo, não é? Eu não caio só com isso!

Hanabi sorriu satisfeita.

Ela se precipitou contra Konohamaru, feroz pela continuação da batalha. Konohamaru Sarutobi sequenciava selos à medida que Hanabi se aproximava; o Byakugan fitando-o como se o penetrasse. Hanabi continuava a se aproximar; dez metros dele, cinco metros, três metros...

— Kage Bunshin no Jutsu! — Quatro clones surgiram à frente de Konohamaru.

Depois, os clones de Konohamaru usaram o Henge no Jutsu (Técnica de Transformação).

Hanabi parou a menos de um metro. O Byakugan dela estava desativado, os olhos estavam vidrados, hipnotizados. O rosto estava corado, muito corado. Um pouco de sangue escorria do nariz da garota.

— Mas... mas o quê...? — ela gaguejou tímida.

Todo o estádio se aquietou do nada. Alguns olhares estavam arregalados, outros envergonhados demais para ver o que acontecia lá embaixo. Apenas uma pessoa conseguiu falar em meio àquele peculiar ocorrido.

— O QUE DIABOS ESSE PIRRALHO MALDITO FEZ? — O rosto de Naruto estava vermelho de raiva, os punhos cerrados em volta dos braços do assento. — ELE... ELE...

— Tsc. Isso também fazia parte daquele treinamento, Naruto? — Sasuke desdenhou sarcástico. — Bem que você disse que ele te dava orgulho... Fez igualzinho a você, não?

— VAI SE FERRAR, SASUKE MALDITO! VÁ SE FERRAR! EU VOU... EU VOU MATAR AQUELE GAROTO MALDITO! AQUELE PERVERTIDO DE MERDA! EU VOU... EU VOU...

— Tenten! — Lee cobria os olhos da namorada desesperadamente. — Não olhe para aquilo! Não olhe, Tenten!

— Hinata... você tem mesmo bom gosto — Ino se virou para a amiga, rindo de forma maliciosa. Naruto olhou torto para ela.

— Desnecessário... — Sakura cobria os olhos, raivosa. — Realmente desnecessário.

— O c-corpo d-do N-Naruto-kun é t-tão... — Hinata não conseguiu terminar a própria frase. O rosto dela corou abruptamente. Em poucos segundos, Hinata desmaiou. A cabeça dela caiu sobre o ombro de Naruto.

— Hinata! Ei, Hinata! — Naruto se voltou para a namorada, antes de sussurrar com raiva: — Eu vou matar o Konohamaru.

Hanabi ainda estava imóvel. Diante dela, os quatro clones de Konohamaru haviam se transformado em réplicas de Naruto; todas elas estavam completamente despidas.

O verdadeiro Konohamaru aproveitou a oportunidade para se lançar sobre Hanabi, derrubando-a e caindo sobre ela. Com uma Kunai erguida a poucos centímetros do rosto da oponente, Konohamaru falou sorridente:

— Te peguei, Hanabi-chan!

Demorou a Hanabi despertar do transe repentino. O cérebro dela tardou a assimilar a situação.

— V-Você... Ei, você!

— É. Eu — falou com um sorriso de triunfo.

— De novo com aquela técnica pervertida? Você é desprezível, Sarutobi!

— Serviu como distração. Agora, eu a tenho impotente, Hanabi-chan!

— Voltou a me chamar pelo nome?

— Claro! A luta já terminou.

— Quem disse que terminou? Você?

Uma dor inimaginável foi sentida entre as pernas de Konohamaru, onde Hanabi lhe aplicara uma joelhada. O garoto rolou para o lado e Hanabi, num salto, se ergueu. Ela atacou Konohamaru, que estava indefeso sobre o chão, golpeando-lhe no coração com o Juuken.

Hanabi não se surpreendeu quando Konohamaru explodiu em fumaça. No último segundo possível ele usou o Kawarimi no Jutsu (Técnica de Substituição) e trocou de lugar com um dos Kage Bunshin.

A Hyuuga se virou, os três remanescentes clones de Konohamaru vinham ao seu encontro. Graças a visão privilegiada do Byakugan, Hanabi também percebeu que outro Konohamaru — o verdadeiro — saltava por cima dela. As mãos unidas em um selo.

“Um ataque combinado, não é? Inútil!”

Hanabi correu ao encontro das réplicas de Konohamaru Sarutobi. Ela chutou a barriga da primeira, se esquivou do soco da segunda e contragolpeou na cabeça; o terceiro e último clone avançou com uma Kunai. Hanabi deu uma cambalhota e chutou rasteiro, derrubando o clone e destruindo-o segundos antes de Konohamaru lançar, pelo alto, um jutsu de fogo. Hanabi rolou para o lado e viu as chamas jorrarem a menos de um metro de onde ela estava.

Quando Konohamaru aterrissou, Hanabi o aguardava. Os braços dela estavam estendidos. Ela usaria a última técnica que aprendeu com a irmã.

Konohamaru fez apenas um selo antes de Hanabi, furiosa, o atingir.

— Ni Shou — Ela deu os dois primeiros toques no garoto. — Yon Shou — Somavam-se quatro golpes. — Hachi Shou — Depois eram oito. — Juuroku Shou — Dezesseis.

Por fim, veio a última rodada de golpes.

— Hakke Sanjuuni Shou (Oito Trigramas: Trinta e Duas palmas de ataque)! — urrou Hanabi, finalizando o ataque.

Konohamaru gritou de dor... e explodiu em fumaça. Era outro Kage Bunshin.

Hanabi respirou profundamente. Não precisou se virar para saber quem estava ofegando há alguns metros em sua retaguarda.

— Fez esse clone após usar o jutsu de fogo, tentando me enganar, certo? Cinco clones? Pelo que eu saiba, quatro é o seu limite, Sarutobi. Você não tem chakra extra, você não tem um poder oculto como o Naruto. Você, Sarutobi, não é o Naruto! — Hanabi se virou para encarar o rosto sôfrego de Konohamaru Sarutobi. — Eu posso ver o seu chakra. Eu diria que você só pode usar um ou dois jutsus, no máximo; depois disso... bem, você estará acabado.

O garoto estava exausto. Conseguira ir além das próprias perspectivas. Usar o Kage Bunshin, uma técnica de nível Jounin, e conjurar perfeitos cinco clones de uma vez não eram coisas que qualquer ninja, ainda mais um Gennin, pudesse fazer. Era verdade tudo o que Hanabi falara, ele, Konohamaru, não era Naruto. O que mantinha o garoto em pé era a vontade de se parecer com Naruto, de deixar seu herói orgulhoso, de impressioná-lo.

— Hanabi-chan — ele dizia ofegante —, você é mais forte do que eu... mas eu ainda não estou disposto a me deixar levar pelas suas palavras. Desculpa, mas quero lutar.

O estádio inteiro vibrou com aquelas palavras. Hanabi pareceu surpresa, ela achava incrível como ele, Konohamaru, era um garoto teimoso, persistente. O desejo de lutar, de não se render... Hanabi não conseguia negar, Konohamaru era uma cópia legítima de Naruto.

— Sarutobi — ela chamou-o —, vamos terminar isso de uma vez.

Estava aí algo que os dois concordavam. Konohamaru conjurou mais dois clones e os fez moldar quase todo o chakra que possuíam em sua mão direita. Como anteriormente, um dos clones explodiu. O segundo estava ao lado do original, fixando os olhos em Hanabi Hyuuga. A garota estalou os dedos e avançou contra Konohamaru, que também correu na direção dela.

— O que a Hanabi-chan está pretendendo fazer? — Chouji disse enquanto ingeria o sexto pacote de batatas.

— Eu não sei. Ir de encontro ao Oodama Rasengan me parece suicídio — Kiba comentou.

— Essa luta acabará, de fato, agora — Shino falou, por fim.

Konohamaru estava a menos de dois metros de colidir com Hanabi. A Hyuuga parou de correr na hora. Quando Konohamaru se aproximou, Hanabi liberou chakra por todo o corpo, girando à maior velocidade que conseguia.

— OODAMA RASENGAN! — bradou Konohamaru.

— HAKKESHOU: KAITEN! — urrou Hanabi.

O impacto foi demasiado maior que o primeiro. A nuvem de poeira fez desaparecer tudo o que acontecia na arena; nada era visível. Após quatro minutos, aproximadamente, era possível ver algo.

Konohamaru estava estatelado sobre o chão, sangrando. Os braços estavam ralados, o corpo estava coberto por hematomas. A visão dele estava turva.

Hanabi também estava ferida, com a visão embaçada — o Byakugan estava desativado agora —. Apenas um fator diferenciava a situação de Konohamaru da de Hanabi: a garota ainda estava de pé.

Parte da multidão comemorou, outra lamentou. Ao que parecia, o favoritismo de Hanabi prevalecera.

Genma Shiranui, o árbitro do combate, aguardou Konohamaru se levantar, mas o garoto não conseguiu se manter em pé. O Hakkeshou: Kaiten era uma técnica que usava o poder de um ataque inimigo contra seu respectivo usuário. Era dificílimo romper a defesa absoluta dos Hyuuga.

O Jounin apontou o braço direito para Hanabi e bradou:

— A vencedora: Hanabi...

Mas Hanabi fez um gesto, interrompendo o anúncio de Genma. Ela nada disse, apenas gesticulou. Em seguida, caminhou a trôpegos vacilantes até onde Konohamaru estava caído.

Estava a menos de um metro de Konohamaru, que, caído, observava a Hyuuga se aproximar sem entender o que ela queria fazer.

E Hanabi sorriu para ele. Um sorriso tão gentil que parecia surreal para o pequeno Sarutobi.

— Você é durão, Sarutobi... Eu adorei lutar contra você... Que tal outra a qualquer dia desses?

Hanabi, após dizer isso, caiu também.

* * *

Horas depois, as duas irmãs, como combinado, estavam comendo na Lanchonete de Dangos. Por haver desmaiado, Hinata não vira o término da luta; naquele momento, Hanabi estava lhe narrando o que havia acontecido detalhadamente.

— Um empate? Ninguém esperava que isso fosse acontecer justamente na Final do Exame Chunnin — Hinata falou.

— Pois é. — Hanabi levava, sem qualquer cerimônia, meio palito de Dangos à boca. — Aposto que perdi todas as chances de me tornar uma Chunnin! — A garota riu de boca cheia.

— Não, você foi ótima, Hanabi-neesan.

— Nee-sama, você acabou de me dizer que passou quase metade da minha luta desmaiada. Como pode dizer que fui ótima? — Hanabi arqueou a sobrancelha, cética.

— Você tem uma incrível habilidade de deixar narrações emocionantes. Pelo que você me contou, sua luta foi, sim, incrível.

— É, talvez eu seja um pouquinho boa demais em contar as coisas — gabou-se. — Tá, e em lutar também — gabou-se Hanabi mais uma vez. Hinata riu.

— Foi muita gentileza da Sakura-san cuidar dos seus ferimentos. Seus e os dos Konohamaru-kun também. Nem parece que você lutou hoje — Hinata dizia enquanto ajeitava uma mecha solta do cabelo da irmã caçula.

— Sim, claro. A Testu... quer dizer, Sakura-san — Hanabi corrigiu-se, pois Hinata a olhava torto —, é uma médica de alto nível. Como esperado de uma discípula da Tsunade-sama.

— Ela é uma pessoa adorável, Hanabi-neesan. Não quero ver você falando mal da minha amiga.

— Nee-sama, eu falo mal do Naruto, seu futuro marido — Hinata corou —, logo, posso falar mal de todo mundo.

— Vamos evitar falar desses assuntos embaraçosos, por favor? — sugeriu Hinata.

— Namorada hoje, mãe de trinta filhos amanhã. — Hanabi piscou.

— Hanabi-neesan! — protestou Hinata.

— Ah, eu adoro ver você corada, eu já te disse isso, não? Você fica engraçada... e fofa.

— O que achou da luta, Hanabi-neesan? — Hinata mudou imediatamente de assunto. — O que me diz dela?

— Como assim? — Hanabi perguntou antes pôr a boca sobre o canudo do refrigerante.

— Você apenas narrou como foi, mas ainda não me disse o que achou da luta em si. — Hinata apoiou a cabeça sobre as mãos, observando Hanabi atentamente.

— Ah, a luta foi legal. Eu gostei de lutar contra o Konohamaru... Sarutobi — Hanabi acrescentou o sobrenome rapidamente, endireitando o corpo sobre a cadeira. — Ele é meio cabeça-oca, estúpido, paspalho, idiota, pervertido, irritante, mas ao mesmo tempo é um cara engraçado, extrovertido, persistente, forte... que foi? Tá olhando o quê? — Hanabi parou de falar, pois Hinata lançava sobre ela um olhar penetrante.

— E bonito, não é? — Hinata completou, sorrindo.

— Bonito? Bonito? Ah, Nee-sama, você está brincando, não é?

— Ele vem pra cá, você sabia?

— Quem vem pra cá? — perguntou Hanabi inquieta.

— O Konohamaru-kun — explicou Hinata. — Pedi ao Naruto-kun para que o trouxesse junto. Vamos comemorar nós quatro.

— Mas Hinata-neesama, não seria apenas o Naruto, você e eu? O que aconteceu com o nosso encontro perfeito?

Hanabi abaixou a cabeça, derrotada. Hinata achou graça da feição da irmã mais nova. A relutância dela de querer se mostrar simpática a Konohamaru era, de certo modo, cômica. Hinata sabia que Hanabi via o garoto com afeto, mesmo que não quisesse demonstrar essa sensibilidade; sempre foi assim.

Um sino pequeno foi ouvido acima da porta assim que esta foi aberta. Um Konohamaru muito cabisbaixo passou por ela seguido por um Naruto um tanto sério. Hinata na hora havia compreendido: Naruto brigara com Konohamaru por usar indevidamente o Oiroke no Jutsu (Técnica Sexy), o que era até engraçado, visto que Naruto era o pioneiro das técnicas mais pervertidas da Folha. O que mais divertiu a Hyuuga foi o murmuro de Konohamaru (Eu só segui seus ensinamentos, Naruto-niichan!) e o rosto corado de vergonha de Naruto ao ouvir aquilo.

Os rapazes se dirigiam à mesa das garotas e antes que eles se sentassem Hanabi perguntou, cochichando, à Hinata:

— Ei, Nee-sama, é verdade que o tal Oiroke no Jutsu pegou a própria Kaguya Ootsutsuki? — Hanabi cobria a boca com a mão.

Hinata assentiu com a cabeça.

— Sério? Um jutsu ridículo daqueles funcionou contra uma deusa? Bem, acho que me sinto um pouco melhor depois de saber disso.

— Perdi alguma coisa? — Naruto se aproximou e deu beijo em Hinata. — Sobre o que estavam conversando?

— Sobre...

— A minha luta — Hanabi cortou Hinata, prevendo que a irmã recomeçasse a falar a respeito dela e de certo Sarutobi.

— Ah, parabéns Hanabi! Você lutou muito bem, eu fiquei impressionado! — elogiou Naruto.

— Espero que agora você queira me treinar, Naruto! — Hanabi cruzou os braços. — Você prometeu faz dois anos, lembra?

— Ah, bem... — Ele coçou a cabeça, constrangido.

— E você, Konohamaru-kun — Hinata mudou de assunto —, meus parabéns pela luta! Eu soube que você foi maravilhoso!

— O-Obrigado, Hinata-oneechan — disse o garoto carinhosamente. — Pelo menos você apreciou a minha luta, sabe. — O garoto, contrariado, gesticulava com o polegar, indicando Naruto, que também o olhava torto. Hinata não pode deixar de achar graça naqueles dois.

— E então, vamos comer logo? Eu tô morrendo de fome — Naruto desviou o olhar de Konohamaru para Hinata.

— Vamos, sim, Naruto-kun, mas — Naruto a olhou surpreso quando ela contrariou sua vontade de comer —, eu prefiro ir lá fora por um instante. Naruto-kun, quer ir comigo? — Hinata piscou e sorriu para o namorado, que demorou um pouco para entender onde a garota queria chegar.

— Ah, sim! Claro! Vamos Hinata! — Naruto estendeu o braço para a garota, que se levantou da cadeira. Hanabi, desesperada exclamou:

— Hinata-neesama! Hinata-neesama! E-Espere! Eu também quero i...

— Nós voltamos daqui a pouco, Hanabi-neesan. Não vamos nos demorar, prometo.

— Mas...

— Konohamaru — chamou Naruto. — Tome conta da Hanabi-chan, está bem? — O loiro deu uma piscadela travessa. Konohamaru compreendeu e, em seu íntimo, comemorou por ver que Naruto, finalmente, não o olhava atravessado.

— Naruto! — protestou Hanabi. — Como assim “tome conta da Hanabi-chan”?

Mas Naruto ignorou a cunhada e a deixou a sós com Konohamaru, que agora tinha inúmeros motivos para sorrir.

Um silêncio absurdamente constrangedor se instalou na mesa. Hanabi, que já havia terminado o copo de refrigerante, agora brincava com os palitinhos de Dango, evitando ao máximo olhar para o rosto do garoto que a encarava idiotamente.

— Boa luta a nossa — disse Hanabi, por fim.

— Ah... s-sim! Foi sim, Hanabi-chan — distraído, ele comentou.

— Finalmente.

— O quê?

— Eu já não estava aguentando ouvir você me chamar de “oponente” — Hanabi suspirou. — Era irritante, sabe. Tipo, “oponente” pra cá, “oponente” pra lá... Ainda bem que acabou!

— Desculpa. Eu estava tentando me concentrar — confessou o garoto.

— Ah, tudo bem. — Hanabi entendeu o que o garoto quis dizer e desviou o olhar, levemente corada.

Novamente houve silêncio entre os dois.

— Então... belos golpes os seus, Hanabi-chan. Você é forte demais — Konohamaru já não tinha assunto para puxar conversa. Hanabi deu uma risada.

— E você tem um belo chute de direita — ela falou entre risos.

Houve, pela terceira vez, silêncio.

Hanabi baixou a cabeça e voltou a atenção para os palitinhos de Dango. Konohamaru a observava. Os cabelos negros dela desciam em cascata pelos ombros; os lábios entreabertos. A garota estava calma, sem as feições enérgicas que lhe eram costumeiras. Para Konohamaru, Hanabi estava mais linda do que nunca. Ele sabia, a cantada infalível proibida de dois anos atrás que Naruto lhe revelara. O momento finalmente havia chegado.

— Hanabi-chan. — Hanabi se espantou; Konohamaru falara com uma voz rouca que ela jamais havia ouvido. Corada, ela perguntou:

— O que foi?

— Me chama de Yamato-taichou que eu te mostro meu Mokuton... sua linda!

Se alguma magia deveria ter acontecido, Konohamaru não sabia. Tudo o que ele viu foi Hanabi fazer uma cara de nojo, se levantar e socá-lo no meio do rosto. Os demais clientes se escandalizaram com a cena.

— Você é um idiota, Sarutobi — resmungou Hanabi com uma expressão fechada no rosto.

Do lado de fora da lanchonete, sentados nas mesas, Hinata e Naruto conversavam animadamente sobre o Exame Chunnin.

— No fim, eu acho que foi um bom Exame. Foi uma ótima experiência para a Hanabi-neesan. Participou apenas uma vez e conseguiu ir à Final, sendo até mesmo a favorita da luta.

— Ela é talentosa, não há como negar isso — concordou Naruto. — Diferente do Konohamaru. Ele é como eu.

— Mas vocês dois são ótimos ninjas. Para um Gennin, o Konohamaru-kun lutou muito bem. Eu daria o título de Chunnin para ele.

Naruto sorriu timidamente.

— Ele tem muito de você, Naruto-kun — continuou Hinata. — É um reflexo seu, eu diria. Eu ficaria feliz se você pedisse a Hokage-sama para continuar a ensinar o novo Time Sete.

— É irônico, não é, Hinata? Sasuke, Sakura-chan e eu formávamos o primeiro Time Sete. Depois Ukon, Moegi e Konohamaru tomaram o nosso lugar. Droga, tô me sentindo um velho! — exclamou Naruto, fazendo Hinata rir.

— Só temos dezoito anos, Naruto-kun. E vamos completar dezenove só no fim do ano. Isso é velho o bastante para você?

— Não exatamente, mas... Ah! Você em entendeu! — Naruto gesticulou. — A questão é que, às vezes...

— Você se vê no Konohamaru-kun, acertei? — adivinhou Hinata.

— É. Como você disse.

Calaram-se por alguns minutos. O céu, outrora ensolarado, exibia nuvens negras de tempestade. O vento soprava.

— Vai chover. — Hinata contemplava os céus.

— A chuva... é claro — murmurou Naruto, com a voz mais baixa.

Para a infelicidade de Naruto, a mente dele se dirigira para uma lembrança dolorosa. Recentemente, durante aquele mesmo Exame Chunnin, Naruto reencontrara na vila um conhecido do Exame Jounin de dois anos anteriores: Hadame Tsukiaru, um homem contra o qual Naruto duelara e vencera enquanto prestava a prova para galgar ao posto de Jounin. Tornaram-se amigos posteriormente, Naruto e Hadame. Nesta última vez que se encontraram, Naruto perguntou por uma velha amiga e coaluna também oriunda da Vila da Chuva, Konan. Com pesar, Hadame lhe contara que Konan fora assassinada por Madara (na verdade, Obito), acreditando cegamente que Naruto seria capaz de alcançar a paz para o mundo ninja. A Vila Oculta da Chuva, sem sua líder, ficou abandonada até que, por azar, um banqueiro malicioso chamado Kira Toraiyama se apoderou da vila. Desde então, todo o povo da Chuva vive engaiolado nas mãos de um homem perverso, e Naruto lamenta, pois mesmo havendo prometido que Chuva e Folha seriam aliadas, esquecera-se completamente de Konan — que morrera defendendo os ideais de Naruto — e, consequentemente, de toda a Vila Oculta da Chuva.

A expressão de Naruto era deprimente; a voz fraca. O cair daquela chuva lembrava-o de Konan, e do terrível pecado que ele cometera ao se esquecer dela.

Hinata pegou na mão de Naruto e o observou silenciosa. Pingos de chuva, aos poucos, caiam dos céus vespertinos. Nada, todavia, tirava a atenção de Hinata Hyuuga do rosto de Naruto Uzumaki.

— Pensando nela? — Hinata perguntou com a voz terna, pronta para ouvi-lo falar.

— É... — E Hinata apertou ainda mais a mão na de Naruto.

— Não foi culpa sua, eu já te disse. Não foi culpa de ninguém.

Mas Naruto negou com a cabeça.

— Reconheço quando falho, Hinata, e foi o que fiz. As coisas aconteceram tão de repente. Sasuke na Akatsuki, os Cinco Kages e Danzou... a guerra. Mas mesmo assim, se eu quisesse, eu poderia ter me lembrado dela, da Konan. Poderia ter mantido contato se quisesse. Quem sabe ela...

— Ninguém sabe, meu amor. Ninguém poderia saber. Ninguém — Hinata o interrompeu. — Pare de se martirizar, isso não faz bem para você.

— Tsc. Ontem era eu quem estava te consolando; hoje a situação se inverteu — ele disse por intermédio de um sorriso triste.

— Significa que precisamos um do outro. Você disse que estaria ao meu lado sempre, não é? Bom, o sentimento é recíproco. Eu também estou ao seu lado. Temos nossos problemas, mas temos um ao outro também, não é? Isso basta.

Naruto apertou a mão de Hinata, sorrindo discretamente para ela. Hinata ainda estava com aquele dilema envolvendo sua posse no clã. As palavras que ela disse serviam de remédio tanto para o namorado como para ela mesma.

— Você está tentando se convencer também, não é? — Naruto a encarou sem piscar. Hinata corou.

— Do que está...

— De Ontem. Você estava triste com alguma coisa, eu percebi.

— Ah, sobre aquilo.

— Você não vai me dizer, não é? — Hinata se sentiu amargurada com aquela pergunta de Naruto. Era justo ele saber, ele tinha que saber, afinal, ele era parte da vida dela também.

— Não é isso, Naruto-kun. Não é nada demais, não precisa se preocupar comigo. E estávamos falando de você, lembra?

— Para de fugir da pergunta, Hinata. Meus olhos conseguem ver através dos seus. Tem algo errado com você também.

— Ver através dos meus olhos? É engraçado você dizer isso a uma Hyuuga — ela falou involuntariamente.

— Não brinque comigo, Hinata! — ele vociferou para ela, que arregalou os olhos.

— Me desculpe. — Ela se encolheu temerosa.

Naruto suspirou e fechou os olhos. Desde que a conhecera, aquela fora a primeira vez que falara rude com Hinata. Naruto se sentia estranho, mal por ter gritado com ela. Ele estendeu a mão pela mesa e tornou a pegar na mão fria e pequena de Hinata Hyuuga; ela tremia, e Naruto teve a impressão que não era necessariamente de frio.

Ele suspirou mais uma vez.

— Me desculpa, Hinata. Eu não tive vontade de gritar com você — falou sinceramente. — É só que...

Hinata apalpou a mão de Naruto com um pouco mais de força, fazendo com que Naruto se calasse e olhasse para ela. Depois, a garota envolveu a mão de Naruto com a outra dela.

— Eu é que peço desculpas. Falei demais, e sei que estou brincando com a sua preocupação ao não contar... — ela hesitou. — Ao não contar o que estou passando.

Naruto tentou falar, mas Hinata pôs o polegar nos lábios dele e continuou:

— Quando chegar a hora, eu vou te contar. Eu prometo, eu prometo. Só peço que confie em mim. Por favor.

Naruto ficou longos minutos calado. A chuva apertara; se não fosse pela cobertura do lado exterior da loja, os dois estariam encharcados. A mente de Naruto reproduzia diversas vezes as palavras de Hinata, memorizando-as. Ela prometera, ela cumpriria; Naruto confiava nela.

— Tudo bem. Eu acredito em você, Hinata — disse Naruto. Hinata sorriu aliviada.

— Obrigada.

— Agora vamos entrar. Tenho certeza que aqueles dois lá dentro vão fazer centenas de piadas sobre nós.

Hinata sorriu e acompanhou o namorado para o interior da loja.

* * *

Vila Oculta da Nuvem.

O céu nublado escurecia, ameaçando chover. Infelizmente para Omoi e Karui, seu professor não parecia se incomodar com o clima desagradável.

— Lutem direito, seus idiotas, seus babacas! Se não querem treinar, não conseguirão melhorar! — Um velho gordo, de cavanhaque e cabelos loiros, óculos escuros, dizia para os dois jovens que treinavam Kenjutsu (Técnica Espadachim).

— Bee-sama, chega... por favor. Eu não aguento mais! — falava uma garota de pele negra, cabelos ruivos e belos olhos claros, Karui.

— Viu, Bee-sama? Até a chata da Karui está reclamando! É melhor pararmos, penso eu. Um chocolate quente seria muito bem-vindo, não? — Omoi, um rapaz de cabelos brancos, pele morena, olhos tediosos, dizia. — E ainda vai chover... que azar.

— Chover não é importante. Mais vale um treino emocionante — rimou Bee.

— Não... de novo não — gemeu Karui.

— Parem de reclamar! — Uma garota, mais velha que Omoi e Karui, observava a cena mais ao longe; de braços cruzados. A feição dela era séria.

— Samui-san, não seja dura conosco! — reclamou Karui.

— Será que hoje vai cair granizo? — Omoi olhava, distraído, para o céu. — O que acha, Karui?

— Quem se importa com granizo, neve, meteoro ou sei lá o quê? Vem cá me ajudar. Argumente comigo, idiota! Estou sozinha!

— Bee-sama, o que acha? — perguntou Omoi, ignorando Karui, que enrijeceu o rosto, irritada.

— Granizo não cai, não. Não é chuva de verã...

Uma sensação desgostosa tomou conta de Killer Bee. Pressentindo perigo, o ninja desviou o olhar para a direita — a entrada da montanha onde Bee costumava morar.

Foi aí que ele os viu.

Duas pessoas trajadas com longas vestes negras e encapuzadas estavam a observá-los, a todos os quatro ninjas da Nuvem. Pareciam ser dois homens. O primeiro deles, mais alto, carregava nas costas uma gigantesca foice prateada com seis lâminas — três para a direita, três para a esquerda —, estando estas sujas de sangue. O segundo, um pouco mais baixo, porém — pressentiu Bee — possuía uma quantidade de chakra absurdamente maior que a do companheiro, não portava arma alguma.

— Quem são vocês? — adiantou-se Samui — Como conseguiram passar pelos vigias?

O portador da foice deu apenas um passo à frente e gargalhou. Ele possuía uma voz debochada.

— Cinquenta homens para guardar esta montanha? Que sem graça! Se o Raikage prezasse isso aqui, colocaria trezentos homens, no mínimo. Desta forma eu me divertiria mais. Foi muito rápido.

— Calado, Kan — repreendeu o segundo homem. — Você foi demorado demais. Eu já estava entediado. — Virou-se para Bee e continuou: — O homem cuja metade Yin do chakra do Hachibi (Fera de Oito Caudas) está selada no corpo... Killer Bee.

— Quem são vocês, seus idiotas, seus babacas? — perguntou Bee, estreitando os olhos.

Os dois invasores fixaram os olhos em Bee, e removeram os capuzes. O portador da foice, chamado de Kan, era branco, de olhos castanhos e cabelos cinzentos e curtos. O segundo era um homem de pele clara, cabelos castanhos e longos, olhos esverdeados e frios.

— Meu nome é Juha Terumi. Este é o meu companheiro, Kan. Nós somos os Yuurei, ou seja, somos o seu fim... Hachibi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ahá! Eles chegaram, senhoras e senhores. Para quem sentiu falta deles, os fantasmas voltaram. Os Yuurei deram as caras após dois anos em silêncio absoluto, e logo contra o Bee (eu estava ansioso para introduzi-lo na história).

Próximo capítulo: "Você tem medo de fantasmas?"

Não tenho muito o que dizer a respeito deste capítulo. Estou à expectativa de postar o próximo (e eu ainda nem terminei de escrevê-lo).

Espero que gostem de ver o Bee em ação, bem como espero que gostem do que esses dois Yuurei são capazes de fazer.

Acho que por hora é só isso mesmo.

Até o próximo capítulo, pessoal o/