A garota de cabelos ruivos encarava o loiro. O sorriso dela era lindo, mas indecifrável.

— Não me reconheceu de imediato, Naruto? Obrigada pela consideração. — Nami falou brincando.

— O quê? Não, não foi isso! Eu só...

— E você deve ser a famosa Hinata Hyuuga, não é? — Nami se voltou para Hinata. — Você é bem mais bonita ao vivo. Não é à toa que o Naruto falava sobre você o tempo todo.

Hinata permaneceu em silêncio. Seus olhos analisavam friamente a nova amiga de Naruto. Hinata percebeu claramente o que se passava naquele momento: Nami estava afeiçoada, interessada, apaixonada pelo Naruto, o seu Naruto-kun. Controlou os ciúmes que brotavam em seu interior para, por fim, sorrir de forma mais cordial e amistosa possível para Nami.

— Obrigada, Nami-san. Eu fico lisonjeada! — Hinata sorriu encantadoramente para Nami. A ruiva se surpreendeu.

— Poxa, eu pensava que você era metida.

— Quem é esta estranha, Naruto? — Hanabi fixava o olhar em Nami de forma desconfiada. A pequena Hyuuga não se importava em medir palavras ou ações. Não ligava para a presença de Nami ali, a menos, é claro, que a “estranha” significasse uma ameaça ao namoro e à felicidade de sua irmã mais velha, Hinata. Hanabi jamais toleraria isso.

Nami olhou para a morena baixinha que lhe chamara de estranha. O olhar da Shotagiru era de curiosidade.

— Eu sou Nami Shotagiru, muito prazer! — Disse Nami, sorridente — E quem é você, Hyuuga-san?

— Você está dando em cima do meu cunhado? — Uma das marcas de Hanabi era ser bem direta e petulante. Naruto arregalou os olhos, espantando e desentendido. Já Hinata, pela primeira vez, não repreendera a irmã caçula, pelo contrário, tinha gostado da investida da irmã.

— E-Eu... — Nami suou frio com a pergunta — Eu não sei do que v...

— Pare de enrolar! Você não me respondeu! Está dando em cima do meu cunhado? — Hanabi atacou mais uma vez.

— Err... Bem, eu... — Nami estava um pouco nervosa..

— Você, por um acaso, tem um namorado, Nami? — Hanabi foi ainda mais incisiva. Queria extrair informações.

Nami se viu encurralada. Não sabia o porquê, mas Hanabi, de certa forma, era assustadora. Se desse à Hanabi uma resposta negativa, estaria em sérios problemas. Sua paixão por Naruto estaria desmascarada. Nami olhava ao redor, tentando formar a desculpa perfeita.

— Bem... Eu... — Os olhos de Nami, repentinamente, se iluminaram. A solução perfeita surgira diante de seus olhos — É claro que eu tenho um namorado!

Descaradamente, Nami enlaçou o braço do primeiro garoto a passar perto dela. Era um sujeito de, basicamente, igual estatura em relação a ela, os olhos esverdeados do garoto estavam mergulhados da incompreensão. Tudo o que ele queria entender naquele momento era a causa de ter sido agarrado por aquela garota extrovertida e esquisita.

— E-Ei! O que você... — Yasuke, o filho de Yagura, era o garoto em questão. A vítima da desculpa esfarrapada e teatral de Nami Shotagiru.

— Meu amor! É muito bom te ver! Eu estava morrendo de saudades! Onde você estava? Eu fiquei tanto tempo te procurando! — Nami realizava seu teatro improvisado e desesperado, sendo Yasuke seu ator coadjuvante.

A ruiva aprofundou o abraço em Yasuke e sorria para ele. Yasuke, o prodígio da Névoa, engoliu em seco, assustado com tudo aquilo. O sorriso de Nami era muito claro. Significava o bom e velho “Cala a boca e concorde comigo senão eu te mato, entendeu?”. Yasuke não compreendia como as garotas podiam agir de formas estranhas. Ele se lembrava dos treinamentos que teve com sua mestra, a Godaime Mizukage Mei Terumi. Bastava ela ouvir qualquer palavra, que já associava ao vocábulo “casamento”. Aquela palavra, em especial, era um verdadeiro tabu para sua mestra. Yasuke perdera as contas de quantas vezes fora ameaçado de morte por Mei caso não ficasse quieto.

— Eu... Eu... — Yasuke se via perdido naquela confusão.

— E aí, Yasuke! — Naruto cumprimentou o filho de Yagura — Você não tinha me contado que a Nami era sua namorada! Que legal! Quem diria que esse seu jeito chato e entediado fosse só fachada, hein? Vocês namoram há quanto tempo? — Naruto perguntou, ingenuamente.

Yasuke tinha o rosto queimando de vergonha. Hinata apenas sorriu ao ver aquela cena divertida, sem falar que, mesmo sendo um gênio em batalhas, às vezes, Naruto era muito ingênuo. Hanabi, por sua vez, não conseguia acreditar na vastidão da lerdeza de seu cunhado.

— Você está brincando comigo, não é, Naruto? Você vai acreditar em uma mentira esfarrapada dessas? — Hanabi perguntou, impressionada.

— Mentira? — Naruto estranhou — Nami, você e o Yasuke não são namorados?

— É claro que sim! — Disse Nami, rapidamente. — Não é, Yasuke-kun?

— Sim, claro! — Concordou Yasuke, pressionado por Nami.

— Então provem! — Hanabi ordenou.

— Já chega, Hanabi-nee-san Deixe-os sossegados! — A mentira era óbvia. Hinata sabia que Nami havia se encantado por Naruto e, pela pressão aplicada por Hanabi, criada aquela fantasiosa dramaturgia. No entanto, para Hinata, Hanabi estava indo longe demais.

— Só depois que eles se beijarem, Hinata-nee-san! — Disse Hanabi, convicta. Yasuke estava mais corado do que nunca; até Nami estava corada.

— Do que você está falando? — Hinata cada vez mais se surpreendia com sua irmã e com sua petulância. — Naruto-kun, diga alguma coisa! — Hinata contava com o apoio do namorado para aquela situação embaraçosa. Com certeza Naruto diria algo inteligente.

— Hã? Deixe eles se beijarem. — Naruto relaxou os ombros.

— Não, Naruto-kun! Não foi isso que eu quis dizer! — Hinata arregalou os olhos.

— Ouviram o meu cunhadinho, não é? — Hanabi sorria diabolicamente — Caso vocês não se beijem, eu vou entender que tudo foi uma mentira muito ardilosa. Nami, minha irmã vai te trucidar por tentar roubar o namorado dela; quanto a você, Yasuke, terá o mesmo destino por ter colaborado com esta enganação inescrupulosa. — Hanabi ameaçou.

— Trucidar? — Nami perguntou, olhando para Hinata.

— Sim... — Hanabi gargalhou malignamente — E fatiar em pedaços com o poder do Juuken. Uma vez, minha irmã derrotou cinquenta, eu disse CINQUENTA membros da Bouke (Família Secundária) durante um treinamento. Não se deixem enganar pelo rosto gentil dela. Ela é feroz e vai acabar com você! Depois de te aniquilar, qualquer semelhança entre você e uma pessoa normal será só mera coincidência, entendeu... minha querida Nami? — Hanabi gargalhou malignamente mais uma vez

— Hanabi-nee-san, para já com... — Hinata protestou mais uma vez.

Mas foi tarde demais. Antes que Hinata terminasse de falar, Nami agiu. A garota se virou para Yasuke e roubou um beijo rápido do garoto. Assim que os lábios se separaram, Nami demonstrava uma coloração avermelhada nas bochechas; Yasuke havia caído desmaiado. Hinata levou as mãos à boca, incrédula do que acabara de testemunhar. Naruto parecia contente, mas não tanto quanto Hanabi estava.

— Olha só, Onee-chan. Esse garoto desmaiou igual você fazia. — Hanabi falou com sinceridade. — Tá igualzinho a você!

— Eu não sabia que ele era tão tímido assim. Quando lutei com ele, o Yasuke parecia bem mais frio. Isso é um sinal de que ele também é humano. — Naruto comentou.

— Hanabi-nee-san... — Hinata olhava com seriedade para a irmã mais nova — Quando chegarmos em casa, nós vamos conversar, entendeu?

— Tudo bem, mamãe! — Hanabi sorriu travessamente.

— F-Foi m-muito l-legal c-conversar com v-vocês, p-pessoal... — Nami ainda estava corada — A-A g-gente s-se vê p-por a-aí!

Com essas palavras que custaram a sair, Nami deixou o local o mais rápido possível. Yasuke ainda estava desmaiado no chão. Naruto arqueou a sobrancelha.

— Ué? Ela se esqueceu do namorado?

— Me leva para casa, Naruto-kun. É melhor. — Hinata suspirou.

— Sabe, até que eu gostei daquela tal de Nami... — Hanabi sorria inocentemente — Ela é legal!

Assim, deixaram o local. E Yasuke ainda estava caído no chão, desmaiado.

............................................................................................

Caminharam mais um pouco. Mais algumas ruas e estariam nos domínios do clã Hyuuga. Não havia conversa entre os três. Naruto e Hinata andavam abraçados e, enquanto isso, a Hyuuga mais velha olhava desaprovadoramente para a mais nova. Hanabi não se importava.

— Mal posso esperar para chegar em casa, sabe, Onee-chan? — Hanabi provocava a irmã.

O enorme portão do clã Hyuuga era visto de longe. Em breve, Hinata e Hanabi estariam em casa.

Aproximaram-se e neste instante, eles o viram.

— Quem é aquele no nosso portão? — Hinata perguntou. Naruto apenas sorriu orgulhosamente.

— Alguém especial. — Falou o Uzumaki.

— Não... Não pode ser. Ele não. — Hanabi olhava traumatizada e, posteriormente, com desgosto.

Quando estavam a três metros da entrada do clã, conseguiram enxergar com clareza. Era um garoto franzino, da altura de Hanabi. Vestia um terno preto, com uma rosa vermelha na lapela; um protetor ninja azulado estava amarrado em sua testa; sorria descaradamente.

Ele correu na direção do trio. Os braços estavam estendidos, como se fossem abraçar alguém.

— Hanabi-cha... — O garoto correu e tentou abraçar Hanabi, mas foi recebido com um belo soco em seu estômago. Ele caiu de joelhos, sem ar.

— Olá... Sarutobi. — Hanabi disse aquele sobrenome com nojo. O garoto levantou os olhos, que ainda estavam desnorteados devido ao golpe, e sorriu.

— Esse foi o soco mais lindo que eu já recebi de você, Hanabi-chan... — Disse Konohamaru Sarutobi.

— Konohamaru-kun? O que faz aqui? — Perguntou Hinata gentilmente.

— Hinata-onee-san... Eu vim pedir a mão da Hanabi-chan em...

Konohamaru foi interrompido com um forte soco na cabeça.

— Fique quieto, Sarutobi! — Disse Hanabi seriamente.

— Hanabi-nee-san, agora já chega! Pare de bater no Konohamaru-kun! — Hinata falou com seriedade.

— Mas, Onee-chan, ele está pedindo! — Hanabi se justificava.

Enquanto as irmãs Hyuuga discutiam entre si, o olhar duvidoso de Konohamaru se voltava para Naruto. O Uzumaki sinalizava com o olhar para o pequeno Sarutobi, encorajando-o a tomar alguma atitude mais ousada. Eles se comunicavam com olhares, acenos de cabeça e expressões faciais incomuns. Naruto, através destes comandos, instruía ao seu pupilo como agir naquela situação. Hanabi nem Hinata sabiam que o fato de Konohamaru estar ali, vestido daquela forma, agindo daquela forma era obra de Naruto. Konohamaru, vendo que Naruto acenava positivamente com o polegar, tomou coragem e se interpôs na conversa de Hinata e Hanabi.

— Konohamaru-kun? — Hinata estranhou.

— Ei Sarutobi, o que está fazendo? — Hanabi olhava tortamente para o garoto. Konohamaru pegou a mão esquerda da Hyuuga, se ajoelhou e disse:

— Hanabi-chan... — Konohamaru desviou o olhar para Naruto mais uma vez. Naruto o encorajava a continuar a declaração — Hanabi-chan, eu não sou o Kakuzu da Akatsuki, mas eu prometo que vou roubar o seu coração, sua linda! — Disse Konohamaru, convicto. Naruto, de longe, olhava orgulhosamente para seu pupilo.

O silêncio permaneceu por alguns instantes. Hinata estava surpresa com tudo aquilo, sobretudo as palavras ousadas de Konohamaru. Naruto sorria orgulhosamente, pois para o loiro, seu pupilo aprendera perfeitamente como conquistar o coração de uma garota. O problema era Hanabi. A pequena Hyuuga olhava com frieza para Konohamaru. Não era a primeira, nem a segunda, muito menos a terceira vez que Konohamaru lhe oferecia uma cantada ridícula. Para ela, ou Konohamaru estava brincando com ela ou Konohamaru gostava de apanhar e não temia a morte.

Hanabi respondeu a cantada como sempre fazia: um soco forte no rosto do garoto. Konohamaru caiu com violência no chão empoeirado. O nariz sangrava, mas ele estava feliz. Naruto lhe ensinara que quando uma garota bate em um garoto, ela sente afeições por ele. Claro, Konohamaru nunca vira Hinata bater em Naruto e nem acreditava que isso seria possível. No entanto, antes de Naruto e Hinata começarem a namorar, o pequeno integrante do clã Sarutobi era convicto de que Naruto usava este mesmo tipo de tática para conquistar Sakura Haruno.

— A Hanabi-chan soca lindamente... — Falava Konohamaru enquanto limpava o sangue no nariz.

Hinata mantinha o olhar desaprovador fixo em Hanabi, que entendeu perfeitamente o que sua irmã queria lhe dizer. Hanabi bufou, se despediu de Naruto e passou pelo portão de entrada do Distrito Hyuuga.

Após a retirada de Hanabi, Hinata desviou o olhar para Konohamaru penosamente.

— Você está bem, Konohamaru-kun? Desculpe-me pela minha irmã. Às vezes ela exagera, mas é uma boa pessoa. — Hinata sorria para Konohamaru, limpando-lhe o nariz com os dedos.

— Hinata, pode ir, eu cuido dele! — Falou Naruto.

— Mas Naruto-kun, ele precisa de cuidados. Olhe o nariz dele! — Hinata argumentou.

— Fique calma, eu resolvo! — Naruto sorriu para a namorada.

— Você tem certeza?

— Sim! Não se preocupe! Além disso, o Konohamaru é forte! Certo, Konohamaru? — Perguntou Naruto com empolgação na voz.

— É claro, Naruto-nii-chan! — Respondeu o garoto no mesmo nível de empolgação.

Hinata não pôde deixar de rir com aquilo. Aqueles dois eram hilários.

— Tudo bem, então nos vemos à noite, Naruto-kun? — Perguntou Hinata se aproximando do namorado.

— É claro, Hinata! Eu mal posso esperar para passar horas com você! — Naruto estava prestes a beijar Hinata quando a mesma interrompeu.

— Hã? O que foi, Hinata? — Naruto estranhou.

— Naruto-kun... O Konohamaru-kun está constrangido. — Hinata acenava com o olhar para o garoto — Ele acabou de ser rejeitado pela minha irmã. Beijarmos-nos agora seria embaraçoso.

Naruto suspirou. Talvez induzir Konohamaru a fazer uma declaração amorosa naquele instante não fora uma boa ideia. Graças a isso, Naruto tinha sido privado de beijar a própria namorada. Naruto amaldiçoava sua própria mente naquele instante. Como ele queria ser como Shikamaru e pensar em todos os acontecimentos possíveis.

— Tudo bem. — Naruto falou, desolado.

— Desculpe-me, eu não quis... — Hinata foi interrompida pelo dedo indicador de Naruto que lhe tocava os lábios. Naruto sorria gentilmente para ela.

— Eu te entendo. Não tenho pressa, vamos ter muito tempo para nós dois mais tarde. — Disse o Uzumaki.

— Obrigada, Naruto-kun e até daqui a pouco — Hinata sorria, agradecida. — E foi um prazer te ver também, Konohamaru-kun! Volte quando quiser!

— Mas é claro, Hinata-onee-chan! Eu vou voltar pela Hanabi-chan! — Falou Konohamaru, convicto.

— Vamos, Konohamaru! — Naruto ajudou o garoto a se levantar — Vamos conversar mais uma vez sobre aquele assunto.

— Certo, Naruto-nii-chan! Eu quero aprender uma nova tática amorosa. — Disse o garoto, seguindo seu “professor”. Hinata balançava a cabeça, se divertindo com os dois.

.............................................................................

O casal virou à direita. Estavam quase chegando à casa dela. Ele prometeu levá-la em casa. Seu contingente de missões estava parcialmente terminado, restando apenas descobrir o paradeiro e a identidade do assassino de Sema Hyuuga.

Sasuke ainda tentava enxergar uma possível ligação entre as mortes de Sema e Juugo. Diretamente, não havia quaisquer interligações entre os dois assassinatos e o Uchiha não cria em mortes aleatórias; tudo deveria ter uma razão bem mais profunda e nebulosa em relação a tudo o que ocorrera. Também pensava na probabilidade de Juugo ter alguma informação considerável a respeito de qualquer coisa pertinente ao primeiro caso e por isso ter sido eliminado. Aquela investigação era uma empreitada difícil com muitas variáveis envolvidas.

— Sasuke-kun... — A voz tímida e receosa de Sakura esvaneceu os pensamentos do Uchiha — Os meus pais estão na Vila das Fontes, viajando. Se quiser, você poderia ficar comigo hoje. — Sugeriu Sakura.

— Sakura, eu acho que... — O Uchiha, de relance, desviou o olhar de Sakura. Duas pessoas estavam postadas à frente lhes observando. Sasuke encarava a dupla.

A garota dos longos cabelos vermelhos estava com os braços cruzados encarando o casal. Já o garoto ao lado dela parecia não desejar estar ali, no entanto sua parceira, Karin Uzumaki, era uma pessoa impossível de ser persuadida, pelo menos por ele.

Karin nutria uma expressão fechada em seu rosto. Ela se aproximou de Sasuke e de Sakura e, com ironia nas palavras, disse:

— Meus parabéns, Sasuke-kun. Você se tornou um Jounin.

Sasuke mantinha a serenidade, mas era óbvio que ele estava incomodado com a presença da companheira de time ali.

— O que você quer, Karin? — Perguntou.

— Oh! O que eu quero? — Karin arqueou a sobrancelha, alterando sua expressão facial de raiva para sarcasmo — Eu só quero saber, Sasuke-kun, como foi a sua missão sigilosa?

Sakura, que assumia caráter de observadora naquela conversa, compreendera a situação. Karin e Suigetsu estavam ali para requerer satisfações. Juugo morrera enquanto Sasuke estava prestando o Exame Jounin sob a falsa alegação de estar em uma “missão sigilosa”. Mesmo que todos os outros aceitassem, os integrantes do Time Taka jamais aceitariam de bom grato aquilo. Sakura pôs-se a falar:

— Karin, escute bem. O Sasuke-k...

— Cala essa sua boca, testuda chorona! Não estou falando com você! — Disse a Uzumaki rispidamente.

— O que você disse, sua... — Sakura estava prestes a avançar e socar o rosto de Karin.

— Sakura. — Sasuke bloqueou o avanço da Haruno, estendendo o braço esquerdo horizontalmente diante de Sakura. Depois a atenção do moreno se tornou exclusiva de Karin. Os olhares se atritavam. Jamais se poderia imaginar que Karin, apaixonada por Sasuke, o olharia daquele jeito tão hostil.

— Diga-me, Sasuke-kun, por quê? — A voz da garota transmitia certa angústia e indignação — Por que mentiu para nós? Por que mentiu para mim?

Sasuke respirou profundamente antes de responder do mesmo frio e costumeiro:

— Eu não devo satisfações a você, Karin. Eu estava em missão.

— Missão? Suas missões são mais importantes do que nós, o seu time? — A voz de Karin assumia um tom apelativo.

— Eu já lhe disse, Karin. Eu não devo satisfações a você. Agora saia logo da minha frente. — Sasuke disse com frieza.

— O Juugo foi morto, Sasuke-kun. Foi morto aqui, nesta vila. Na mesma vila em que você estava em missão, ou melhor, disfarçado e prestando um estúpido exame!

— Não me faça perder tempo com algo que eu já sei, sua idiota. Eu tenho coisas para fazer.

Ninguém jamais poderia imaginar o que acontecera em seguida. A paciência de Karin havia esgotado. Em um súbito de raiva, a mão da ruiva avançou contra a face do Uchiha, tapeando-a com força e indignação. Todos ficaram surpresos com a atitude inesperada de Karin.

Sasuke levou a mão à bochecha golpeada pela ruiva. Seu rosto assumia uma leve vermelhidão devido ao tapa recebido. A respiração do Uchiha era profunda e assustadora. Karin tinha ido longe demais. O brilho vermelho tomou conta do olhar de Sasuke. A mão direita ia ao encontro da katana embainhada em suas costas. Sasuke liberava um sufocante e aterrorizante instinto assassino.

O Uchiha deu apenas um passo na direção de Karin, mas parou ao ver que outra pessoa estava em seu caminho: Suigetsu Hozuki. Geralmente Suigetsu tremia de medo quando se deparava com ninjas de um nível bem maior que o dele, mas naquele momento não era o caso. Ele empunhava a Kubikiribouchou (Lâmina do Executor), a antiga espada de Zabuza Momochi e se interpunha entre Sasuke e Karin.

— Já chega, Sasuke. — Suigetsu ousou dizer.

E não foi só Suigetsu. Sakura, pelas costas do moreno, envolvia Sasuke em um abraço, de forma que ele não avançasse contra Karin.

— Sasuke-kun, o que está fazendo? — Perguntou Sakura.

O moreno se deparava entre a raiva e a hesitação. Por fim, desistiu de atacar. Por alguns segundos de insanidade e raiva quase atacara sua companheira de time. Por uma simples discussão ele quase avançara contra Karin. O que ele estava pensando? Ele regrediria às trevas? Por meros instantes de descontrole emocional faria com que todos os esforços de seus amigos, sobretudo Naruto, para trazê-lo de volta à Vila e dar-lhe uma nova chance tivessem sido em vão?

Suspirou derrotado. O Sharingan já não brilhava mais em seus olhos. Sasuke vagarosamente se desvinculou do abraço de Sakura e, imediatamente, desapareceu dali, deixando Suigetsu, Karin e Sakura para trás.