Aquele Que Veio do Mar escrita por Ri Naldo


Capítulo 30
Macacos


Notas iniciais do capítulo

ENTÃO MINHA GENTE, OLÁ NOVAMENTE (rimou). Desculpem ficar essa eternidade sem postar, eu só tava sem saco pra escrever, mas eu voltei, não morri, para infelicidade de alguns. E também já estavam me pressionando para escrever, recebi até ameaças de morte (cof cof Mailane cof cof), então, o próximo não vai demorar pra sair, prometo.



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Mordi tanto a mordaça que Talassa pusera apressadamente na minha boca que eventualmente ela saiu. Ela saiu da caverna onde deixou a gente para algum lugar que eu não sabia.

— Vocês estão bem? — perguntei, tentando livrar minha mão, presa por uma corda invisível que Talassa colocara.

— Sim, presos e com fome, muito bem — disse Anastasius.

— Não precisa ser sarcástico.

— Quando você faz perguntas idiotas, preciso sim.

Gabriel fez um sinal com o dedo para nós calarmos a boca, e só então percebi que as mãos dele estavam livres. Ed sorriu.

— Como você… — comecei.

— Ser filho de Hermes não é brincadeira.

— Nossa, preciso de uma benção de Hermes desde já.

— Quem sabe se você sair vivo daqui.

Ele apalpou os pulsos de todo mundo, nos liberando da corda invisível. Fez o mesmo com os pés e retirou a mordaça de Ed, a única que não saiu.

A caverna parecia fantasmagórica. A única luz provinha dos buraquinhos na saída da caverna, que estava tampada com uma pedra enorme, providências de Talassa. O teto, repleto de estalactites — que eram bem afiadas pela minha visão. Tinha quase certeza que se alguém batesse palmas um bando de morcegos voariam pra cima de nós. Mas não era uma caverna pequena, não podíamos ver sua extensão, pois estava muito escuro.

— E aí, como vamos sair disso aqui? — falou Ed, limpando a poeira das mangas.

— Hm, eu posso quebrar aquela pedra com a minha espada — falei.

— Claro, e eu sou o super-homem — respondeu Anastasius.

— Você duvida?

— Não é uma boa ideia, pode chamar atenção de quem quer te esteja na floresta, e Talassa pode ouvir também. Nós devíamos fazer isso do jeito mais silencioso possível — disse Garn. — Que tal ver como essa caverna termina?

— Vamos lá, então.

Começamos a andar pela extensão da caverna, tomando cuidado com qualquer estalactite solta — ah, e caso vocês não saibam, estalactites são no teto, e estalagmites no solo, Colin fez questão de mencionar isso umas sete vezes quando estávamos em Raleigh, então eu acabei pegando a ideia. Então chegamos à outra abertura, mas antes que nós pudéssemos passar por ela, Anastasius estendeu o braço, parando nós três. Depois fez o mesmo sinal que Gabriel, indicando para nós ficarmos calados, depois saiu do caminho nos dando uma visão completa do que era… uma verdadeira horda. Quase soltei uma exclamação em voz alta. Centenas, talvez milhares de monstros de todas as espécies e tipos estavam agrupados em uma espécie de sala subterrânea do tamanho de um depósito aeronáutico. O que achávamos que era um caverna na verdade era um túnel, nos levando diretamente para lá. Talassa realmente queria ter certeza que não fugiríamos. Voltamos silenciosamente pelo caminho que viemos, até chegar na outra ponta do túnel.

— E agora? Que tal a ideia de rachar essa pedra no meio? — sugeri.

— Se você conseguir, quem sabe — disse Gabriel. Anastasius cruzou os braços, desafiador.

Peguei meu mp3 na mochila, e o transformei em espada. Me posicionei na frente da pedra e golpeei-a, rachando-a em duas partes, que caíram uma para cada lado, liberando a luz e o caminho. Virei para Anastasius e pisquei pra ele, que deu de ombros.

— E agora? — perguntei. — Vocês conhecem o caminho de volta?

— De volta pra onde? — indagou Garn.

— Pra cidade.

— Eu acho que estamos perto demais do tal esconderijo.

— E você acha que só nós três daremos conta de toda aquela horda?

— Pensando bem, nem são tantos…

— Ah, é? Então vá lá. Quem sabe eles deixam um osso seu pra gente enterrar — disse Ed, dando um tapa na cabeça dele.

— Psst — ordenou Anastasius.

— O que foi? — sussurrei.

— Talassa. Ela tá voltando. Se escondam, rápido.

Cada um foi pra um lugar diferente. Anastasius subiu como um gato em uma árvore próxima, e eu não pude ver pra onde Garn e Ed foram, só entrei dentro de uma moita, e pisei em alguma coisa que não queria ver o que era. Vi uma silhueta por entre os espaços das folhas, então alguma coisa parecendo palha passou na minha frente, e eu percebi que era o cabelo de Talassa, pior que nunca.

— Ora, ora, ora… Então eles conseguiram fugir, afinal? Acho que subestimei o pequeno cérebro deles… — mas ela parou de repente, e se virou, farejando o ar como um cachorro.

Eu olhei pra baixo para ver no que eu tinha pisado. Era cocô. “Droga”, pensei. Olhei para cima, e vi que Anastasius olhava pra mim da árvore. Quando percebeu o que eu queria dizer com meu olhar, revirou os olhos. Ele levantou os três dedos e foi abaixando um de cada vez, só fui entender quando ele estava abaixando o “três”. Anastasius pulou em cima de Talassa, que, tamanha surpresa, não reagiu, e caiu no chão com um grito. Eu corri, com Garn e Ed — que tinham caído do céu, provavelmente — ao meu lado. Vimos Anastasius se apressar para nos alcançar, com o cajado de Talassa na mão.

— O que vocês estão pensando? Que não posso fazer nada sem meu cajado?! Idiotas! — ela gritou, e levantou a mão, fazendo a terra nos nossos pés nos puxar pra dentro, formando uma fissura em uma linha reta.

— Se pendurem nas árvores! — gritou Ed.

— Tá achando que isso é Planeta dos Macacos, cara? — rebateu Garn.

— Então morra! — ele respondeu, se segurando no galho mais próximo.

Anastasius aceitou o aviso e eu também. Alguns segundos depois, relutando, segurou em um toco, e ficou lá, pendurado, enquanto o chão aonde estávamos um segundo antes afundava como se um abismo estivesse se formando.

Por onde Talassa passava, a terra ficava intacta, e assim ela veio com passos calmos até onde estávamos.

— Subam nas árvores!

— Ótimo, agora estamos no Planeta dos Macacos — disse Garn.

— Isso é tão divertido — riu Talassa.

— Por que não vem nos pegar, então? — desafiei.

— Você quem manda.

Ela começou a correr, explodindo com um movimento de mão as àrvores que estavam no caminho dela, e fazendo o mesmo com as árvores em que estávamos, mas, segundos antes, pulávamos pra outras. Parecia uma verdadeira corrida de macacos. Pulávamos de um galho para outro, cortando nossa roupa e a nós mesmos. Eu deixei minha espada cair em um desses pulos, mas já que ela aparecia novamente, deixei pra lá. Já estava sangrando por uns quinze cortes quando eu ouvi um baque atrás de mim. Ed tinha pisado errado, e caíra no chão de uma altura de três metros, o que significava uma perna quebrada. Confirmei com o grito que ele deu logo após tentar se levantar novamente. Eu voltei, assim como os outros. Não iria deixá-lo para trás, assim como sei que ele faria o mesmo pra mim.

— Que pena… acho que a brincadeira acabou.

— Mas o quê? Ela só está começando!

Talassa caiu no chão, inconsciente, com o golpe que Colin havia dado nela com a parte plana da minha espada.


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Notas finais do capítulo

Por favor, Marina, pegue leve na zoeira com o Dylan



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