Aquele Que Veio do Mar escrita por Ri Naldo


Capítulo 29
Bruxaria




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— Então deixa eu ver se entendi bem… Vocês rodaram os Estados Unidos de leste a oeste, porque o tal semideus chamado Percy foi sequestrado por um ciclope, que se autodenomina o mais forte, e, pelo que tudo indica, seu esconderijo ou seja lá como ele chama está aqui, em Los Angeles? E vocês foram separados porque aquela cadela infernal comeu vegetais ao invés de carne e perdeu o controle durante a viagem nas sombras?

— Sim. Agora deixe eu ver se entendi bem… Vocês, quando tiveram a oportunidade, colocaram um GPS na minha mochila, de modo que eu não pudesse ver, para, em caso de nós conseguirmos tirar a maldição de vocês, então poderiam nos seguir e nos ajudar na missão, mesmo sem saber qual era?

— Sim.

— E como vocês perceberam que a maldição tinha saído? — perguntei.

— Os monstros não apareceram. Mas, afinal, onde fica esse esconderijo, ou seja lá como ele chama? — Ed parecia pronto pra batalha.

— Eu não sei.

— Então como pretende chegar lá? — Anastasius revirou os olhos.

— Eu tive um sonho, e eu meio que vi o local, só não sei onde é. Se chegarmos perto o suficiente, talvez eu possa reconhecer.

— E o que estamos esperando? Olho vivo e faro fino — disse Garn.

— Pra você é fácil…

— Quem sabe se você animar Hermes um pouco ele te dá uma benção…

— Quem, pelos deuses, iria querer uma benção de Hermes? — perguntou Anastasius.

— Tem seus prós e seus contras — falei.

— Mais contras que prós.

— Então, pra que lado nós vamos? — Ed perguntou, interrompendo a discussão.

— Pra qualquer um que tenha uma floresta.

— Cara, você, em algum momento, já viu floresta em Los Angeles? Isso aqui é tudo desmatado! Se brincar, não há uma única área verde sequer.

— Você, em algum momento, já viu isso em Los Angeles? — apontei para o pó deixado por seja lá o que fossem aqueles monstros. Acho que eu não estaria contando isso pra vocês se tivessem se transformado completamente.

— Eu diria que devíamos seguir o rio, sabe… Pelo que aprendi nas aulas de ciências, florestas têm sempre um rio por perto. Então se seguirmos o curso…

— Se dermos de cara em alguma cachoeira, eu corto seu pescoço enquanto caímos — Anastasius analisou a margem do rio.

Começamos a andar.

— Então, quando os outros vão chegar? — perguntou Ed.

— Bom, eu avisei à Julieta que ela devia chamar todos, como vocês ouviram. Acho que estão a caminho daqui.

— E como eles vão saber onde nós estamos?

— Ah, claro, quase ia me esquecendo — disse Garn, estendendo a mão para minha mochila.

Tirei ela dos ombros e entreguei a ele, que abriu e tirou um dispositivo de um lugar que eu nem sabia que existia lá. Ele revirou até achar um botão, e o apertou.

— Pronto.

— O que exatamente você fez? — perguntei.

— Não foi só na sua mochila que eu instalei um GPS.

— Vocês sabiam disso? — apontei para Ed e Anastasius, que assentiram. — Isso é contra a lei, sabiam?

— Ué, as leis gregas perderam suas efetividades uns três mil anos atrás.

— Estou falando das leis dos Estados Unidos.

— Estamos tentando te ajudar — disse Anastasius.

— Então o que exatamente você fez? — eu disse para Garn.

— Ativei um sensor nos outros três GPS, então agora sua posição está brilhando em rosa no visor deles.

— Não podia ser outra cor, né? — falei, pensando no que Louise pensaria disso quando visse.

— Rosa é uma cor que chama atenção, então eles não vão ignorar tão facilmente.

— Tá, mas como eles vão achar o GPS se você escondeu ele no buraco pro inferno de cada mochila?

— Agora eles estão emitindo sons e brilhando, e não pararão até serem ligados.

— Onde você arrumou isso? — franzi o cenho.

Ele pareceu ofendido.

— Eu mesmo fiz.

— É, tem mais prós que contras — virei pra Anastasius, que revirou os olhos e deu de ombros.

Andamos em silêncio por um bom tempo, passando por mais poeira até que a vegetação começou a aparecer. Mínima, mas já era um começo. Pequenas plantas já iam aparecendo às margens do rio. Mas soubemos que aquele era o caminho certo quando vimos a primeira árvore. Estava morta, mas indicava que já houve mais árvores por ali, e talvez alguma viva mais à frente. Então àrvores vivas começaram a aparecer, e de repente estávamos de frente para uma floresta muito extensa.

— Cara, isso realmente é Los Angeles? — falei.

— Nunca imaginei que Los Angeles tivesse uma floresta. Na verdade… — começou Gabriel.

De repente, uma imagem surgiu na nossa frente. Era uma mensagem de íris, de Colin.

— Dylan, é você?

— Acho que sim…

— Quem são es… Ah. Olá, Ed, Garn, Nasty — ele acenou, Anastasius fez uma cara feia. — Onde você tá? Julieta me disse que você tá em Los Angeles, e eu já cheguei aqui, mas bem… Não consigo encontrar você em lugar nenhum.

— Eu tô na floresta daqui. Cadê as outras duas, vieram com você?

— Não, elas ainda não chegaram. San Diego e Sacramento ficam demasiado longe daqui. Mas já estão perto. — cara, quem fala “demasiado”? — Mas, um momento, você disse floresta?

— Sim, olhe ao redor.

— Vocês. Saiam daí imediatamente. — ele franziu o cenho.

— O quê? Mas por quê?

— Não há florestas em Los Angeles.

— Como assim, mas… Nós estamos em uma, não é?

— Não, Dylan, eu sei disso. Não há florestas por aqui. Não tão perto da cidade. Vocês t… DYLAN, ATRÁS DE VOCÊ! — me assustei quando ele gritou, e me virei imediatamente, mas já era tarde demais. Eu estava paralisado.

Odiava esse truque barato. Ela estalou os dedos, e a imagem de Colin, que continuava gritando, desapareceu.

— Ora, ora, semideuses… É só eu “libertar” vocês e já começam a arranjar confusão? Se juntando com esse idiota pra salvar outro idiota? — Talassa passou a mão pelo cabelo de Ed. — Isso vai ser divertido.

É, realmente. Sozinhos, paralisados, sem ajuda aparente, com reforços à dezenas de quilômetros daqui, que decididamente não vão chegar até o anoitecer. Uma bruxa feiosa nos raptando e nos levando para quem quer que fosse seu maldito “chefe”. Claro, mal posso esperar. Muito divertido.


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