Windstorm escrita por Queen of Hearts


Capítulo 2
Only The Good Die Young


Notas iniciais do capítulo

Heyy! Então pessoal, acabei de terminar e editar o capítulo. Espero que vocês gostem.



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Kimberly gemeu com o som do despertador. Acordar às 6h30 da manhã, num sábado, era, de todas as suas tarefas – incluindo limpar o banheiro masculino e tirar chicletes debaixo das mesas –, a que ela mais repudiava. Ela se levantou, relutante. Vestiu-se, tomando cuidado para não acordar a irmã, que dormia tranquilamente no quarto ao lado. Tomou seu café rapidamente e foi para a escola. Hoje, pelo menos, não teria que lidar com alunos mimados que a repudiavam por ser a faxineira. Hoje sairia assim que terminasse de fazer a limpeza, que adiantara no dia anterior, com a ajuda de Ella. Hoje só precisaria limpar os vestiários e a cantina e estaria liberada.

Quando ela saiu de casa, às 7h em ponto, o sol já havia nascido, mas quase ninguém se encontrava nas ruas. A maioria dos moradores de Windstorm gostava de acordar tarde nos sábados. Ela, infelizmente, não podia se dar a esse luxo. O pastor Stevens a cumprimentou, quando ela passou em frente à Igreja. Kim retribuiu com um sorriso e um alegre “Bom dia”.

Logo havia chegado na escola. Remexeu a bolsa simples de tecido e tirou o molho de chaves. Demorou apenas alguns instantes para encontrar a chave dos portões da frente. O enorme portão de ferro rangeu, quando ela o abriu. A escola a essa hora sempre tinha uma aparência melancólica. Kim preferia vê-la quando estava cheia de alunos animados, conversando e brincando – aí sim, ela ganhava vida. Ela atravessou o pátio e abriu a porta de entrada, que dava para o corredor principal. Era uma escola surpreendentemente grande, para uma cidade tão pequena.

Passando pela sala de limpeza, deixou sua bolsa e vestiu o macacão que usava durante o trabalho. Fazia se sentir 3 vezes mais gorda e 10 anos mais velha, mas ela recebia um salário razoavelmente bom para um trabalho como esse e era o único jeito que ela tinha de pagar a faculdade e sustentar sua irmã, então não podia reclamar. Calçou as botas cinzas e se dirigiu aos vestiários.

Kim caminhava tranquilamente pela escola até perceber uma espécie de líquido vermelho gosmento em suas botas de limpeza, à porta do vestiário feminino. No primeiro instante, ela se assustou. Seria sangue? Ela riu de si mesma. Deveria ser apenas alguma pegadinha de alguns alunos. Provavelmente era sangue falso, ou até mesmo ketchup. Aquilo era só para assustá-la, ou talvez fosse uma brincadeira do dia anterior que ninguém tinha se preocupado em limpar. Mas a medida que pensava, percebeu que, naquele volume, poderia ser algo bem pior do que apenas uma brincadeira. Ela engoliu em seco. Se aquilo fosse mesmo sangue... Ela não quis nem pensar na possibilidade. Mas precisava averiguar. Ela seguiu o rastro vermelho cautelosamente. Levava para o armário de vassouras. Hesitante, ela tentou abri-lo. Trancado. Seu coração se apertou. Tirando as chaves do bolso, ela destrancou-o. E ali, jazia Rosalie Wilson com o corpo completamente ensanguentado, as roupas rasgadas e os olhos assustados, porém sem nenhum sinal de vida.

–---

O xerife David Harris dormia tranquilamente sobre a mesa de seu escritório na delegacia. O barulho ensurdecedor do telefone despertou-o de seu cochilo. Aquele telefone quase nunca tocava, então o homem, ainda sonolento, logo presumiu que o que quer que tenha acontecido, não era bom. As notícias que ouviu da boca de Kim Fisher confirmaram suas hipóteses. Abruptamente insone, o xerife pulou da cadeira e se dirigiu à Windstorm High, não sem antes ligar para casa da família Wilson.

Kim o esperava na porta da escola, os olhos aguados, o corpo trêmulo, totalmente desamparada.

– Xerife... Eu juro que não sei o que houve! Eu só estava indo limpar os vestiários e... E a Rose estava lá no armário... – ela disse, totalmente desesperada, as lágrimas rolando incontrolavelmente pelo rosto da moça.

– Não se preocupe, Kim, só preciso que me acompanhe até o vestiário. – disse David Harris, a voz anormalmente calma, apesar de que por dentro, se sentia exatamente como Kim.

David ainda tinha uma ponta de esperança de que fosse apenas um engano. De que não fosse sua afilhada a garota achada esfaqueada e morta no armário de vassouras. Mas dava para ver a aflição de Kim – seus cabelos negros bagunçados, seus olhos azuis desesperados e suas roupas de limpeza ensanguentadas – e ele duvidava que aquilo fosse fruto de um simples engano. Ao ver o grande volume de sangue, pontuado por pequenos espaços brancos (provenientes das pegadas de Kim), David teve vontade de se retirar. Não queria ver o que estava ali. Queria simplesmente ignorar tudo aquilo que estava acontecendo e fingir que estava tudo bem. Mas não podia. Por isso, corajosamente, seguiu o rastro ensanguentado para ver a cena insuportável. O rosto da garota, antes alegre e jovial, agora estava completamente desfigurado. Os cabelos castanhos sempre bem cuidados, agora estavam embaraçados e empapados de sangue. As roupas totalmente rasgadas, deixavam a mostra os inúmeros cortes em sua pele. Quem seria capaz de assassinar de forma tão brutal uma garota tão inocente?

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Grace Wilson estava morrendo de preocupação quando recebeu o telefonema de David Harris de manhã. Ela havia ligado na noite passada, avisando que Rosalie não tinha voltado para casa, e quando o xerife ligou de manhã, Grace pensou que se sentiria aliviada. Mas estava ainda mais preocupada. O tom do xerife não indicava boas notícias. Ela mesma, desde a noite anterior, estava com um péssimo pressentimento sobre o sumiço da filha. Ela talvez tivesse ido dormir na casa de alguma amiga ou sair com alguém ou ir estudar na Biblioteca do colégio. Mas qualquer que fosse o caso, ela teria avisado. Rose sempre avisava. E quando o sol nasceu e ela ainda não tinha voltado, Grace sentiu um enorme aperto no coração. Harry tentava acamá-la à caminho da escola, mas ao ver a expressão no rosto de David, suas roupas ensanguentadas e a ambulância na porta de Windstorm High, a mulher sentiu que ia desmaiar. Ela se desvencilhou dos braços do marido e saiu correndo em direção ao xerife, os olhos já cheios de lágrimas.

– O que houve com a minha filha? – ela gritou, desesperada. – O que aconteceu com ela, Dave?

– Rose foi encontrada por Kimberly Fisher no armário de vassouras do vestiário feminino. – disse o homem, calmamente, com a voz triste. Ele encarava o chão, como se não aguentasse ver a expressão no rosto de Grace. Ela olhou para a moça atormentada, sentada nas escadas atrás de David. Ela parecia ter chorado muito, mas nesse momento sua expressão estava vazia. Ela encarava o chão com seus olhos azuis. Grace sentiu as lágrimas descendo por seu rosto. Nunca sentira uma dor tão forte em toda sua vida. Sua filha – a menina mais doce, gentil e carinhosa que já conhecera, a menina para a qual dera toda sua vida – estava morta.

– Posso vê-la? – a mulher perguntou, sem saber se era isso que realmente queria. David a acompanhou até a maca. Ela estava razoavelmente limpa, mas Grace podia ver os ferimentos e cortes em sua pele. Os olhos estavam fechadas, o que a fazia pensar que ela estava dormindo. Quantas vezes ela tinha observado a filha dormir? Chelsea tinha um sono inquieto, mas Rose não. Esta parecia estar sempre em paz, estando acordada ou dormindo. Harry abraçou-a e Grace afundou a cabeça em seu ombro. De repente, parecia que ela tinha 16 anos de novo e acabara de descobrir que estava grávida. Mas aquele sofrimento não podia nem ser comparado ao que ela sentia naquele momento.

–---

Windstorm ficava a cerca de 1h de viagem ao sul de Londres. Mesmo assim, Adam estava achando que aquela viagem estava demorando demais. Talvez porque Brian fosse, apesar de ótimo técnico e ótimo detetive, um péssimo motorista. Ou talvez porque não havia nada de especial naquela paisagem, que pudesse distraí-lo. Ou ainda talvez porque ele era o detetive mais novo da Scotland Yard e tinha acabado de ser designado para um caso simples como um assassinato numa cidade de interior.

– Brian, se importaria se eu assumisse o volante? – perguntou Lauren, tentando ser educada. – Acho que você está meio lento...

Adam agradeceu à Lauren mentalmente por concordar com ele. Brian, revirando os olhos por trás dos óculos de armação preta, encostou o carro e Lauren se sentou ao banco de motorista da van. Adam, distraído, checava os dados do caso em seu notebook.

– Por que está tão calado, Murray? – indagou a legista, olhando para ele pelo espelho de retrovisor.

– Só estou indignado porque acho que merecia um caso mais complicado do que esse. – disse o detetive, a voz indiferente, sem tirar os olhos do notebook.

– Ah, qual é, cara... Não seja tão arrogante. – disse Brian, com um tom ligeiramente debochado. – Você não sabe tudo sobre o caso. Pelo que sei, pode ser muito mais complicado que você pensa.

Pela primeira vez, o homem levantou os olhos do notebook, apenas para lançar um sorriso de deboche ao companheiro, sem acreditar que ele tivesse falado sério.

– Me diga, Brian, o quão complicado você acha que deve ser um caso de assassinato numa cidade de 5 mil habitantes? – ele riu.

– Pessoas do interior costumam ter segredos. Esse caso não vai ser tão fácil quanto você espera, detetive. – disse Lauren. Adam estreitou os olhos e ela deu de ombros. – Só estou dizendo.

Vinte longos minutos se passaram, em silêncio, antes que eles pudessem ver a grande placa de madeira à beira da estrada, que dizia: “Seja Bem-Vindo a Windstorm!”


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Notas finais do capítulo

Heyy! Então, pessoal, esse é o primeiro capítulo. Talvez tenha ficado um pouco arrastado, porque tem pouco diálogo. Por isso é importante que vocês comentem. Me digam o que acharam, se gostaram ou não e o que posso melhorar. Eu postei bem rápido, mas os próximos eu devo demorar mais, pois minha agenda não é tão aberta assim. Mas ainda vou tentar postar com o máximo de pontualidade. Enfim, espero que tenham gostado.