Windstorm escrita por Queen of Hearts


Capítulo 3
Somebody That They Used To Know


Notas iniciais do capítulo

Bom, gente aí vai o segundo capítulo.
Espero que gostem. Boa leitura!



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A cidade tinha pouquíssimas ruas e nenhuma delas era asfaltada. Os estreitos caminhos de pedra faziam com que a van chacoalhasse e Adam tinha que segurar seu notebook para que ele não caísse. Não foi difícil para Lauren achar a delegacia. Um homem alto e forte, com pouco menos de 50 anos os aguardava, a expressão cansada. Ele os cumprimentou prontamente assim que desceram da van.

— Sou o xerife Harris. — apresentou-se o homem, apertando as mãos de cada um.

— É um prazer, xerife. Meu nome é Adam Murray, sou o detetive encarregado do caso. — disse Adam. — E esses são Lauren, a legista, e Brian, nosso técnico especializado em computação.

— É um prazer recebê-los em Windstorm. Uma pena que seja sobre circunstâncias tão infelizes. — ele olhou para o chão, tristemente. Com certeza tinha algum laço afetivo com a garota que morrera.

— É realmente uma pena. — afirmou Lauren. — Mas encontraremos o culpado por esse crime.

— Espero que sim. — disse o xerife, secamente. Lauren imaginava como ele estava se sentindo, mas não deixou de se sentir ligeiramente ofendida.

Naquele instante, uma garota loira, de cerca de 16 anos, com os olhos vermelhos de choro, apareceu. Ela lembrava um pouco o xerife, mas Lauren não sabia se era apenas a expressão triste ou se os dois tinham algum parentesco. A fala da garota esclareceu suas dúvidas.

— Papai! — ela disse, chorosa, embora nenhuma lágrima escorresse por sua face. — Alguém ligou para os jornalistas de Londres. Eles estão aqui. A escola está cheia deles. — então, percebendo a presença dos detetives, a garota enrubesceu. — Desculpe, meu nome é Elizabeth. Sou a filha do xerife. — ela disse, estendendo a mão, ligeiramente sem graça. Os três a cumprimentaram e apresentaram-se.

O xerife ia dizer alguma coisa, mas Adam foi mais rápido.

— Eu prefiro não ter que lidar com jornalistas. — ele disse, o mais suavemente que conseguiu. — Tem algum lugar que possamos ficar durante as investigações?

— É claro. — disse o xerife. ­— Liz, querida, poderia acompanhar os senhores até a pensão da Sra. Clarke?

— Tudo bem. — concordou a garota, a voz arrastada.

— Ótimo. Se me dão licença, senhores, tenho que fazer um telefonema para a prefeita.

Elizabeth tinha cabelos loiros, olhos azuis e a pele muito clara. Se parecia muito com o xerife Harris, realmente.

— Se quiserem deixar a van aqui, a pensão não é muito longe. — afirmou a garota, ao ver que Adam ia em direção ao veículo. — Podem usar o estacionamento da delegacia, se preferirem, meu pai não deve se importar. Mas nunca acontece nenhum assalto por aqui.

“Como nunca acontece nenhum assassinato por aqui”, pensou Adam, mas não disse nada.

— Muito obrigado. — sorriu Brian, gentilmente, indo em direção ao carro. O estacionamento tinha apenas cinco vagas, mas ele imaginava que não houvessem muitos carros numa cidade tão pequena. Logo, estava de volta, com a bagagem dos três.

— A pensão fica em Elmond Street. É só duas ruas abaixo. — explicava Elizabeth. Lauren ouvia cada detalhe com atenção, mas Adam parecia distraído.

Percebendo a presença de Brian, Lauren disse que já poderiam ir. Adam não perdeu tempo na investigação.

— Então, Elizabeth... — começou ele, mas a garota o interrompeu.

— Prefiro que me chamem só de Liz. — ela sorriu, gentilmente, embora ainda houvessem traços de tristeza em seu olhar.

— Tudo bem, hm, Liz... Você era amiga da garota que morreu, Rosalie? — perguntou o detetive. A loira fungou.

— Rose era amiga de todos... — ela olhou para o chão. — Éramos mais próximas quando crianças, mas ela sempre me ajudava quando eu precisava.

— Quando ficou sabendo da morte dela? — questionou Adam. Lauren revirou os olhos. Ele não percebia o quanto estava sendo insensível? Liz olhou para ele com estranheza, pensando exatamente a mesma coisa.

— Meu pai me contou. — ela respondeu, ligeiramente na defensiva. Adam, no entanto, continuou com as perguntas.

— E você viu ou conversou com Rose ontem?

Elizabeth parou de andar bruscamente. Lauren imediatamente interviu.

— Vamos deixar as perguntas para os interrogatórios, Adam. — a moça repreendeu. O homem a olhou sem entender, mas não fez mais nenhuma pergunta até chegarem à pensão.

Era uma das maiores casas da rua, com 3 andares, várias janelas e um enorme portão de madeira. Liz tocou a campainha e uma senhora de aproximadamente 40 anos, com um cabelos loiros, pele clara e sorriso simpático estampado no rosto veio atendê-los. Ela poderia muito bem ser a mãe de Elizabeth, as duas tinham uma semelhança incrível.

— Liz! — a senhora deu um abraço na garota. Pela sua felicidade, a filha do xerife percebeu que ela ainda não havia recebido as notícias. — Como vai querida? Prazer, sou Molly Clarke, a dona da pensão. — ela se apresentou, parecendo acabar de perceber a presença dos detetives.

— Estou bem, Sra. Clarke... Quer dizer, mais ou menos... — ela não sabia como dar as terríveis notícias. — Esses são Adam Murray, Lauren Thomas e Brian Willis. São detetives da Scotland Yard. Acabaram de chegar e precisam de um lugar para ficar. Tem quartos disponíveis na pensão?

— Ah, é claro que sim, mas... Scotland Yard? O que aconteceu? — perguntou Molly, preocupada.

— Podemos entrar? — perguntou Lauren, com um pouco de pena da mulher.

— Claro, claro. — ela indicou a entrada para o grupo.

Os cinco passaram pelo portão e pelo jardim bem cuidado, antes de adentrarem a sala de estar aconchegante da pensão, com um enorme sofá e várias poltronas, além de uma grande TV e uma lareira.

— Sentem-se. — pediu Molly.

Liz olhou para o chão, sem saber como dar as notícias. Lauren, Brian e Adam se entreolhavam, sem saber se deveriam dizer alguma coisa ou simplesmente deixarem que Liz falasse em seu próprio tempo. Molly a observava, ligeiramente alarmada.

— Rose está morta. — ela disse, repentinamente, mas imediatamente se arrependeu. Molly a encarou com surpresa, depois com confusão, e por último, com horror.

— Rose? Rose Wilson? Morta? Como...? Quem faria alguma coisa dessas? — ela perguntou, incrédula.

— Ela foi encontrada hoje de manhã... No armário de vassouras do colégio... — disse Liz, a voz fraca. A Sra. Clarke estava em choque.

— É por isso que estamos aqui, Sra. Clarke. — explicou Adam, com cautela. A mulher suspirou, transtornada. Não conseguia pensar em ninguém que pudesse fazer algo tão ruim com uma garota tão boa e inocente quanto Rose Wilson.

― Como estão os Wilson? E seu pai? Ela era a afilhada dele... — Molly não chorava, mas seu olhar deixava claro que ela poderia se derramar em lágrimas a qualquer momento. — Ah, Luke vai ficar arrasado quando souber... E James... Ele e Rose saíram juntos algumas vezes... Eram tão amigos...

Elizabeth pensou em Luke, o filho caçula de Molly. O garoto tinha apenas 9 anos. Rose costumava ajuda-lo com as lições de casa nos fins de semana. Os dois eram muito ligados.

— Bom, os senhores... — ela começou, um pouco confusa. — Temos três quartos disponíveis lá em cima... Eu vou pegar as chaves. – continuou Molly, ligeiramente transtornada. Antes de sair, ela disse à Liz: — Diga ao seu pai que sinto muito, ok? Até mais, querida.

— Até mais, Molly. — despediu-se Elizabeth, acenando para os detetives e saindo da sala.

–---

Owen acordou no enorme sofá da casa. Era tarde: ele não sentia nenhuma necessidade de acordar cedo num sábado. Ele se perguntou o que estava fazendo no sofá, quando aos poucos foi se lembrando da noite anterior, satisfeito, um sorriso abrindo-se em seu rosto. Foi quando Karen apareceu na sala de estar.

— Você dormiu aí? — perguntou a mulher, de pouco mais de 40 anos, com uma roupa elegante demais para o café da manhã.

— Dormi. A prefeita não estava aqui para me colocar na cama, como fazia quando eu era menor. — ele respondeu, num tom de provocação. A mulher revirou os olhos. — Por onde andava ontem, Karen?

— Já disse para não me chamar de Karen. Eu sou sua mãe. —repreendeu a prefeita, enfaticamente.

— Não respondeu minha pergunta. – insistiu o garoto.

— Não seja intrometido, Owen. — Faith entrou na conversa. Ao contrário da mãe, ela ainda usava pijamas e a maquiagem da noite anterior parecia não ter sido removida adequadamente, de forma que seu rosto estava um pouco manchado de rímel e delineador. — Ela deve ter tido outra daquelas tentativas desesperadas de um encontro marcado naqueles sites de internet.

— Vocês dois, não interessa o que fiz ontem à noite! – gritou a mulher. — Estou indo para a cidade. Tentem manter a casa intacta até que eu volte.

— O que vai fazer? — perguntaram os dois ao mesmo tempo.

— Resolver alguns problemas. Quer dizer, um problema. E bem grande. — ela suspirou, como se estivesse muito cansada. Ao perceber o olhar curioso dos filhos, ela continuou: — Uma garota foi encontrada no vestiário feminino do colégio hoje de manhã. Morta. A escola está cheia de jornalistas.

— Que garota? – perguntou Faith, alarmada. Owen, engoliu em seco.

— Rosalie Wilson. Estudava com você, Faith. Você a conhecia? — a prefeita falou com mais tranquilidade do que o normal. A expressão de Faith se atenuou. Ela deu uma risadinha.

— É claro que conhecia. A princesinha Wilson. — ela falou com desprezo. Owen estava ainda mais pálido que o normal.

— Você não deveria agir assim. Pelo menos não em público. A última coisa que preciso é a minha filha como suspeita de um crime como esse. — falou Karen. — Até mais tarde.

Assim que mulher saiu, Faith pulou no sofá, com um sorriso.

— Está gostando disso? — perguntou Owen, franzindo a testa, transtornado. — Ah, por favor! Não venha dar uma de moralista para cima de mim... Essa garota sempre tirou tudo que eu queria de mim. Ela mereceu o destino que teve. — falou Faith, os olhos estreitos.

— Você ouviu a Karen. Não devia agir assim.

— Não se preocupe. Ela disse em público. E eu sei muito bem como devo agir. —replicou a garota, revirando os olhos, como se o irmão a estivesse subestimando. — Então, quem você acha que a matou? — ela questionou, como se aquele fosse um de seus tópicos preferidos.

— E-eu não sei, Faith, que tipo de pergunta é essa? — gaguejou o garoto, saindo do sofá.

— Pare de agir tão estranho, Owen! – choramingou a garota, jogando uma almofada na cabeça do irmão. Ele se virou. — Ou as pessoas vão começar a achar que foi você quem a matou.

Owen teve certeza que viu um olhar de insinuação no rosto da irmã, mas, um segundo depois, ela estava com o mesmo sorrisinho de antes.

— Você deveria se trocar. Não está nada bonita. — ele desviou do assunto, indo para o seu quarto.

–---

Chelsea ouvia o choro de sua mãe enquanto se arrumava para o trabalho. A morte de Rose realmente a abalara. A garota não podia esperar outra coisa: Rosalie sempre havia sido a filha perfeita, a filha mais amada. Chelsea se sentia culpada por não se sentir daquele jeito. Rose era sua irmã, mas naquele momento, ela não se sentia exatamente triste pela morte dela. Claro, odiava ver a mãe daquele jeito. Mas Rose nunca fora nenhuma santa, ao contrário do que todos pensavam. Ela se perguntava se era a única pessoa que conseguia ver como ela era de verdade. E a resposta sempre era sim. Mas não deveria ser, já que fora assassinada de maneira tão brutal. Ela forçou algumas lágrimas antes de sair do quarto.

— Mãe? — ela chamou, calmamente, a voz ligeiramente rouca. — Estou indo para o trabalho, ok? Você vai ficar bem sozinha?

— Não se preocupe, filha. — soluçou Grace.

A garota então saiu de casa e fechou a porta. Ela não precisava de carro. O pub ficava no centro da minúscula cidade, que era apenas alguns quarteirões de distância. Em alguns minutos ela estava em frente ao The Turner’s, ainda fechado. Chelsea revirou os olhos. Henry, o dono, deveria estar ali dentro, bebendo como sempre. Ela tirou as chaves da bolsa e abriu a porta. Dito e feito. Lá estava Henry, atrás do balcão, uma garrafa de vodca quase vazia à sua frente. Chelsea revirou os olhos, com desprezo.

— Você vive disso? – perguntou a garota, dirigindo-se para trás do balcão e colocando seu avental. Ela pegou uma vassoura e pôs-se a varrer o chão do pub.

— Simplesmente faz minha vida melhor. — riu o homem. — Ouvi sobre a Rose. Como estão seus pais?

— Porque não pergunta como eu estou? — questionou Chelsea, encarando-o com braveza. Henry simplesmente riu.

— Eu te conheço desde que éramos crianças, Wilson. Você nunca se deu bem com sua irmã. Além disso, veio trabalhar no mesmo dia em que ela morreu e até agora não derramou nenhuma lágrima. Se não fosse irmã dela, diria até que era você a assassina. — falou o homem. Chelsea parou de varrer por um instante.

— Por que diria isso? — ela perguntou com seriedade.

— Foi só uma brincadeira. — ele riu, nervosamente, estranhando a atitude da garota. Ela voltou para sua tarefa.

— Não é o dia certo para brincadeiras, Turner. — disse Chelsea.

–---

Gregory Stevens, o jovem pastor da Igreja Lychett St. Mary, acabara de atender um dos fiéis que viera se confessar, quando Harry Wilson entrou na igreja. O pastor imediatamente foi até ele.

— Senhor Wilson? Como está? — perguntou Gregory, expressando preocupação.

— Suponho que tenha ouvido as notícias, pastor Stevens. — falou Harry, tristemente.

— É realmente uma pena. Rosalie era uma ótima garota. Estava sempre ajudando na igreja. Me pergunto quem seria capaz de fazer tal coisa com uma garota tão doce. — se lamentou o pastor. — Como estão Grace e Chelsea?

— Ambas muito tristes. Não sei se Grace conseguirá superar essa dor tão facilmente...

— A perda de um filho nunca é uma dor fácil de suportar. — concordou Gregory. — Imagino que queiram fazer o velório aqui...

— É exatamente isso que gostaria de pedir. Poderíamos fazer aqui, amanhã à noite? — perguntou o homem.

— É claro, é claro. Farei questão de uma cerimônia impecável, em memória de Rosalie. — assentiu Gregory.

— Muito obrigado. Grace ficará melhor ao saber disso. — concluiu Harry e se despediu. Segundos após sua saída, Camila apareceu ao lado de Gregory.

— Então, é verdade. Rose Wilson está morta. — disse a garota, com uma naturalidade incomum.

— Você não deveria se comportar dessa forma, Camila. — repreendeu Gregory.

— Ah, me desculpe, titio. — ela falou, ironicamente, com um revirar de olhos. — Você sabe que foi melhor assim. Rose sabia demais.

— Pode ser que sim. Por isso devemos evitar que outras pessoas descubram. Não podemos deixar que nenhuma suspeita caia sobre nós. — Gregory falava com uma seriedade que não era própria dele. Mesmo como pastor, ele sempre estava com um sorriso brincalhão no rosto. Mas nesse momento, sua expressão estava completamente fechada.

— Não se preocupe. Mesmo que algo aconteça, não existem provas contra nós. — a latina tentou acalmá-lo.

— Mesmo assim. É melhor não corrermos nenhum risco.

E dizendo isso, ele se retirou do local, deixando Camila sozinha.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, espero que tenham gostado! Mesmo que esteja no começo da história, já tem algum palpite sobre quem seria o assassino?
Nos próximos dois capítulos devo terminar de apresentar o personagens, aí falo pra vocês como imagino cada um. Devo postar o capítulo três na semana que vem. Enfim, favoritem a história, comentem e façam uma autora feliz ^^
Beijinhos.