Doors escrita por Story Dreams VC


Capítulo 3
Loucuras e mais loucuras


Notas iniciais do capítulo

Quero primeiramente agradecer ao meus leitores fofos que me deixam cada vez mais felizes ao mandar esses comentarios fofos *-* amei as teorias de vocês xD vamos ver se alguém consegue acertar, né?
Também quero me desculpar pela demora. Só me toquei que o Nyah voltou hj, ao receber um comentário. Obg Acamar xD
E agora, mais um tenebroso cap...



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Assim que os primeiros raios da manhã surgiram, cessaram-se os assustadores estalos na madeira. O resto da noite havia sido horrível. As vezes caia no sono, mas o medo me fazia acordar quase instantes depois.

Fiquei deitada em minha cama olhando para o teto, tentando – E ao mesmo tempo não tentando – Imaginar o que estava me aguardando do outro lado da porta. Porém, o toque que indicava o início da manhã ressoou pela casa, então decidi me levantar, mesmo sem forças.

Não me surpreendi ao me olhar no espelho após o banho e encontrar profundas olheiras e um rosto extremamente pálido. Dei um suspiro e desci para o café da manhã.

A sala de refeições possuía várias mesas circulares de madeira, o suficiente para todos os grupinhos ou panelinhas, e uma mesa de comidas no centro. Decidi sentar em uma mesa vazia em um dos cantos e peguei apenas uma torrada e um copo de leite, pois não tinha estômago para mais que isso. Quando comecei a comer, a pequena Lilian surgiu ao meu lado.

– Você está viva! – Ela exclamou parecendo feliz – Mas sua cara está péssima.

– Por que será? – Perguntei dando um sorriso sarcástico.

– Olhe pelo lado bom, agora você vai saber a verdade! – A garota disse batendo palmas, mas parou como se repensasse – Uma parte dela pelo menos.

– Só conte logo, ok? – Revirei os olhos estressada – Já tive uma merda de noite. Só conte a merda da explicação então.

– Esses adolescentes – Lilian bufou, mas logo adquiriu um ar sério – Não tenho certeza se o que eu irei te contar é real, mas ela serve de aviso desde os primeiros tempos da COSR.

“Dizem que as pessoas dessa vila são descendentes de uma antiga tribo que os colonizadores não chegaram a descobrir. Apenas décadas depois eles acharam vestígios de vida... E uma história.

Essa tribo adorava vários deuses, mas o que elas mais veneravam, era um deus canibal. E era esse deus que influenciava na maior parte dos hábitos da cultura deles. E um desses hábitos que criou a lenda que corre por essa casa.

Tal deus achava que se o ser humano não tivesse nascido disciplinado, fosse rebelde ou sofresse algo na vida que futuramente poderia causar problemas psicológicos deveria ser mandado para um lugar isolado da vila e trancado em um quarto.

A única coisa que as crianças que iam para lá sabiam era: Nunca abra a porta. E então eram trancadas.

Toda noite, elas escutavam arranhões do lado de fora da porta. Uivos, risadas, guinchos. As vezes até vozes, pedindo para elas saíssem, que já estava tudo bem. E algumas saiam. E no dia seguinte eram encontradas completamente dilaceradas no meio da vila.

Os que passavam, recebiam a verdade. Conheciam a existência de tal deus e escolhiam se seriam contra ou a favor de sua existência, mas vendo os corpos dilacerados no meio da praça, que criança teria coragem de dizer que era contra?

E os rituais continuaram até a vila desaparecer completamente. Dizem que essa casa é o que restou das construções feitas para esse deus. E que era aqui que eles guardavam as crianças.”

Assim que ela terminou de contar a história, terminei de mastigar a minha torrada em silencio, pensando no eu havia acabado de ouvir, e obviamente eu conclui que...

– Isso é loucura – Falei negando com a cabeça – Sério que vocês acreditam em uma lenda...

– Você sabe o que ouviu ontem – Lilian disse simplesmente, enquanto se levantava – Lembra do número que você ouviu ao acordar? – Assenti e ela continuou – Qual era o número do quarto da sua amiga?

– 126... – Respondi lentamente. Lilian assentiu com um olhar triste.

– A criatura geralmente sabe quem vai sair, então espera ao pé da porta. Por isso ela estava na sua porta ontem – Ela continuou – Eu sou que nem você May, sofri a mesma experiência e fui obrigada a aceitar que essa coisa existe.

Ela se virou para ir embora, mas então virou, como se tivesse esquecido de algo.

– Mais uma coisa – Ela começou a dizer, indecisa – Pode parecer horrível para você, fingir que as pessoas que desapareceram não existiram, mas caso não faça isso, você vai passar a ouvir mais do que estalos a noite.

E dizendo isso, ela se foi. Me deixando novamente sozinha na mesa. Encarei o prato vazio e percebi que não tinha mais nenhuma vontade de comer.

–x-

Nessas horas, meus pais teriam ficado orgulhosos de descobrir que pela primeira vez que queria muito, muito mesmo, usar a internet para pesquisar coisas uteis. Se bem que – Me desculpe o humor negro – Eles não vão nunca mais poder se orgulhar disso.

O único problema era:

Onde irei achar internet?

– A biblioteca daqui vai ter mais coisa para ler do que você encontraria em qualquer lugar – Alicia me disse quando perguntei onde poderia ter acesso a muitas informações.

E então fui para lá. Fiquei horas procurando um livro sequer que falasse sobre algo parecido. Tribos americanas, deuses canibais, culturas macabras... Nada. Estava quase na hora do almoço e meu estomago estava sentindo falta do que eu não havia comigo no café da manhã.

Me joguei em um dos sofás vazios da biblioteca e dei um suspiro cansado. Provavelmente era apenas um mito que criaram para deixar os desaparecimentos mais interessantes. Talvez fosse até uma brincadeira das crianças, que ficavam de noite fazendo estalos propositais.

Estava quase me rendendo a explicação sobre crianças brincalhonas quando notei que havia um livro jogado embaixo do sofá da frente. Não era possível ver o título, pois estava totalmente empoeirado e gasto. Me agachei para pega-lo e limpei a poeira, revelando uma porta rocha surgindo de uma espiral da mesma cor.

– O Livro da Proteção – As Portas – Comecei a folhear o livro e parei em uma página que achei interessante.

Portas podem ser usadas para trancafiar qualquer tipo de criatura demoníaca, como mostrado no capítulo interior. Mas alguém já se perguntou se elas podem manter algo do lado de fora?

Para prender, é preciso botar o feitiço do lado de fora da porta. Para proteger, o contrário é feito, fazendo com que o interior seja abençoado com o feitiço, como se ressoasse por todo o interior do aposento. Não é necessário trancar, pois o feitiço já a tranca magicamente para as forças maléficas.

Porém, caso a porta não esteja totalmente fechada, o feitiço não tem efeito. Uma mínima brecha pode ser a causa de sua morte. E lembre-se: Quem faz a magia, pode tirá-la mais facilmente ainda.

Agora, vamos ensinar os ingredientes...

Fechei o livro imediatamente ao perceber que aquilo, de um jeito extremamente assustador, estava fazendo sentido.

– Se eu fosse você, botava embaixo do sofá de novo. E rápido – A voz de Lílian fez meus pelos eriçarem com o susto, o que fez ela dizer em um tom sarcástico – Calma, eu não sou a morte.

– Muito engraçado você – Revirei os olhos, mas pus o livro no lugar onde tinha achado – Por que esconder?

– Uma das minhas garotas roubou da sala da Ritchie, da lista de livros pessoais dela – Ela disse com orgulho – Ela nem deve tocar nesse livro de tão convencida que é, pois já roubamos ele faz cinco anos.

– Okay... Explique-me o que você quer dize com “uma das suas garotas”.

– Nós temos uma união... Apenas aqueles que sobrevivem por um ano inteiro entram nela.

– Eu suponho que sejam muitos...

O rosto dela adquiriu um ar sombrio, e ela deu um sorriso sem vida para mim.

– Quem dera... Você não ouviu nada ainda May. Você não sabe o quanto é torturante. O quanto é tentador – Ela fitou o chão com um olhar triste – Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. Ouvimos verdades que nunca deveríamos ouvir enquanto vivos, ele nos faz ter pesadelos que nenhum humano conseguiria ter... Ele nos chama May. E ele vai te chamar logo, se você não tomar cuidado.

–x-

Não havia uma mesa vazia para me sentar no jantar. É a única refeição que toda a casa comparecia, já que não eram permitidos lanchinhos da meia-noite. Decidi me sentar ao lado de Lílian, pois sabia que não iria conversar comigo, e sim com sua tal “união”, e tive um jantar em paz, até ser interrompido por uma das amigas de Lílian.

– Eu tenho que fazer isso... – Sua voz estava trêmula – Eu não aguento...

– Jane, não se atreva – Lílian advertiu, mas ela se levantou e gritou pedindo a atenção de todos.

Como era algo raro alguém chamar atenção por ali, logo todos se calaram e olharam para a garota, curiosos com o que ela iria dizer.

– Vocês todos sabem não é? – Ela disse com a voz vacilante – Ou a maioria pelo menos.

– Jane... Esquece isso... – Lílian foi novamente ignorada.

– Todos aqui sabem o que acontece se você sair do seu quarto a noite.

Se o salão estava silencioso, ele conseguiu ficar ainda mais. Era como se até os grilos e animais noturnos tivessem de calado.

– Agora, digam-me, se todos nós sabemos, por que ELA não sabe?! – Ela apontou a faca que segurava na direção da Senhorita Ritchie – Como ela, sabendo dos desaparecimentos e do mito que ronda por aqui, não faz absolutamente NADA?

– Jane... – Lília agora tinha as mãos segurando a cabeça e fechava os olhos com força. Ela tremia.

– Eu digo o porquê – Ela deu um riso debochado. Seu olhar agora era insano – Ela que comanda isso. No fundo, todos vocês sabem não é?

Olhei para a Senhora Ritchie, para ver qual seria sua reação, mas ela era a única que continuava a comer o seu jantar, ignorando totalmente o que a garota estava dizendo. Jane também percebeu isso, e seu pavor nos olhos começou a crescer.

– Eu vou trancar a minha porta... Ele não vai vir... Se ele vier ela vai revelar a verdade... – Ela sussurrava para si mesmo várias vezes.

E então, ela correu. Saiu da sala de jantar rapidamente. As pessoas só tiveram coragem de voltar a comer quando os passos dela já não se podiam mais ser ouvidos.

– Eu vou me retirar meninas... – Lílian afastou o prato e também seguiu para fora da sala de jantar.

Com relutância, me forcei a terminar meu jantar. Não queria ficar com fome mais tarde, mas aproveitei para pensar. Pensar no quão loucas são as pessoas daqui. E se eu algum dia pegaria essa loucura delas.

Quando terminei o jantar, subi direito para meu quarto e tentei dormir o mais cedo possível. Assim não escutaria estalos, vozes e nem nada do que Lílian disse que eu escutaria. E eu estava certa. Quando fui dormir, não escutei nada. Mais ao acordar, duas coisas estavam sendo repetidas em minha mente.

Jane, 196, Jane, 196...


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Notas finais do capítulo

Leitores, vocês acham que o mistério já está todo resolvido? uahuahaauh, coitados u.u
Vou fritar os miolos de vocês pra tentar resolver esse enigma u.u Quem conseguir resolver ele completamente ele antes da fic acabar ganha...
UM TAPA NA ORELHA pra parar de dar spoiler u.u
kissus! O próximo nao demora!



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