CAPÍTULO 6 - A Escolha de Amar

Meu coração ainda está acelerado. Depois que nos entregamos completamente aos nossos desejos, foi difícil nos separar, mas era necessário, estava faltando alguns minutos para Emily chegar para seu encontro. Antes de deixá-lo ele sussurra em meu ouvido algo que não consigo esquecer, suas palavras estão se repetindo a cada segundo em minha cabeça, eu tenho quase certeza que estou apaixonado por você. Meu peito parece que vai explodir de emoção e o engraçado é que já se passou duas horas, depois que o deixei fui para o meu quarto e com um sorriso no rosto durmo.

Meu encontro/jantar romântico será um almoço romântico na verdade, mas não ligo, o que importa é com quem eu esteja e se for com ele, será perfeito. Durante o café da manhã não consegui olha-lo com medo de ficar sorrindo como boba, por esse motivo não disse uma palavra; Emily Bonan contava seu encontro para todas, dizendo como tudo estava perfeito, feito com carinho e muito romântico. Ela apenas se lamentou que o príncipe não tentou fazer nada com ela, no fundo eu fiquei muito feliz, não quero imaginar aqueles lábios em qualquer outro a não ser no meu. Estou tentando escolher uma roupa para vestir, mas não consigo decidir. Enquanto estou desesperada no que fazer Ally aparece segurando um vestido vermelho com flores brancas, ele vai até o joelho e têm pequenas alças, seu tecido é leve e muito macio.

“Nossa Ally, que lindo” – ela me entrega animada.

“Obrigado senhorita, eu fiz especialmente para esse dia” – eu não consigo tirar o sorriso do rosto. O vestido ficou muito lindo em meu corpo. Ally arruma meu cabelo em um coque deixando minha franja solta, faz uma maquiagem leve. Olho-me no espelho e agradeço a Ally por tudo. Sinto nervosismo se formar em cada centímetro do meu corpo quando vou em direção ao local que Emily me informou onde seria o almoço. Guardas olham para mim quando eu passo.

Ela me informou que seria no final do corredor leste, a primeira porta a esquerda. Demorou alguns minutos para encontrar, pois me perdi; quando a encontrei me alegrei ao ver uma escada, a subo. Chegando ao final da escada percebo que estou no segundo andar, um local fechado, mas dá para ver todo o Palácio. Uma pequena mesa está disposta no final do pequeno local aberto, com talheres, pratos e muitas rosas brancas. Quando vi as rosas brancas, me assusto; meu pai me dizia que rosas brancas são usadas em funerais, isso me dá calafrios. O Príncipe Noah ainda não está aqui, então me sento em uma das cadeiras.

Sinto minha mão suar e para tentar seca-la pego o guardanapo na mesa e começo a esfrega-lo na mão lentamente, mantendo meus olhos fixos em minhas mãos.

“Está nervosa?” – me assusto ao escutar a voz que deixa os pelos de meus braços arrepiados. O olho. Seus olhos azuis parecem mais azuis, seu sorriso um pouco maior, seus cabelos esvoaçam com o vento, ele esta usando uma camisa social branca que deixam seus olhos em destaque.

“Talvez.” – sorrio e coloco rapidamente o guardanapo sobre a mesa; ele ri do meu movimento desesperado.

“Esta tudo bem?” – ele pergunta vindo se sentar ao meu lado. Ele se senta, pega minha mão e lhe dá um beijo, mas não se contenta e me puxa para perto dele, seus lábios doces tocam os meus delicadamente e maravilhosamente.

“Melhor agora” – digo quando ele me libera de seus braços. Estou sorrindo sem parar e ele também está.

“Como foi o encontro com a Emily?” – pergunto com uma ponta de ciúmes na voz.

“Foi bem, mas não estava prestando muito atenção” – ele diz misteriosamente.

“Por quê?”

“Porque eu fiquei pensando nos nossos momentos” – eu sorrio com vergonha. A comida chega e nos mantemos calados, não precisamos dizer nada, apenas compartilhamos da companhia um do outro. Enquanto colocamos a comida em nossas bocas, nossos olhos conversam; de repente agua começa a cair nos molhando. Assustamo-nos e corremos para a segurança das escadas. Estamos molhados e ofegantes por causa do susto; começamos a rir quando percebemos o quão feia nossas roupas ficaram. Nossas não, a minha, pois a de Noah está me dando uma visão privilegiada de seu abdômen, tento não ficar olhando, mas é quase impossível.

O Príncipe me olha com ternura e chega bem próximo, levanta seus braços e solta o coque do meu cabelo – “Bem melhor agora.” – sorri.

“E agora?” – pergunto olhando para a água. Não é chuva, são pequenos chuveirinhos que ficam nas paredes, devem ter disparado sem querer.

“Vamos dar um jeito, fique aqui” – assim ele me deixa e desce as escadas. Encosto na parede e observo a água estragar o nosso momento. Ele volta correndo e puxa minha mão, em seus olhos vejo diversão a caminho.

“Para onde estamos indo?” – pergunto enquanto ele me puxa correndo pelo corredor. Ele não me responde, apenas fica quieto e sorrindo para si mesmo.

Depois de alguns minutos entramos em uma sala. Ela se parece com um escritório, Noah solta a minha mão e vai para perto de um armário, ele o abre.

“Vem” – ele me chama. Não sei para onde estamos indo, mas o obedeço, ele me empurra para dentro do armário revelando uma pequena biblioteca. Eu não consigo acreditar, impressionada eu olho para Noah.

“Nossa” – digo. Ele abre um pequeno armário e tira duas camisas.

“Desculpa só tenho camisas aqui, mas deve servir” – ele me entrega uma camisa azul. Ele fica me olhando.

“Pode se virar?” – digo rindo. Ele sorri timidamente e vira de costas. Quando ele esta de costas, tento tirar meu vestido, o que foi em vão, pois não conseguido abrir o zíper que fica nas costas.

“Noah?” – pergunto com vergonha.

“Hum?” – ele diz sem se virar para mim.

“Eu preciso de ajuda com o zíper” – ele fica desconfortável, mas se vira para mim. Ele esta me olhando nervosamente, viro-me de costas. O zíper vai da minha nuca até a minha cintura, ele o abre rapidamente e se vira sem parar para me olhar, o que agradeço mentalmente. Tiro o vestido e coloco a camisa, que é praticamente um vestido para mim.

“Pronto” – digo sorrindo. Ele se vira e me observa por alguns segundos.

“Ficou boa em você” – diz apontando para mim.

“Obrigado” – digo sorrindo. Ele sorri e começa a tirar sua camisa molhada, com vergonha viro para o outro lado de maneira que não posso ver nada.

“Que lugar é esse?” – pergunto curiosa.

“Meu esconderijo secreto” – o príncipe responde. Eu tinha um esconderijo secreto.

“Meu estúdio era o meu esconderijo secreto, passava horas e horas lá” – digo sorrindo. Escuto um barulho e instantaneamente eu me viro. O príncipe esta com uma bandeja cheia de frutas em sua mão.

“Sei que não é um almoço digno, mas é a única coisa que tenho aqui e não quero que saibam que estamos aqui” – ele coloca sobre uma pequena mesa, puxa dois bancos; eu me aproximo e sento em um dos bancos. A iluminação é fraca, os moveis são de madeira e dão um ar para o lugar de aconchego.

“Esta bom pra mim” – rio. Ele se senta no outro banco que esta a minha frente. Pega um faça e corta uma maça ao meio, dá metade para mim e fica com a metade.

“O que se faz num encontro?” – pergunto. Nunca sai com nenhum garoto, muito menos fui a um encontro.

“Estou aprendendo ainda” – dá um sorriso malicioso e morde sua maça. Depois disso ele me dá uma serie de frutas, sempre as dividindo ao meio; começamos a conversar sobre o que eu gostava no Palácio entre outras coisas.

“Meu aniversário esta chegando” – diz Noah.

“Dia 18” – sorrio e coloco na boca o ultimo pedaço de morango. Ele sorri e afirma com a cabeça.

“Vão fazer um baile para comemorar...” – ele começa, sua voz hesita algumas vezes – “...papai quer que eu tenha uma acompanhante e quer que seja uma das selecionadas. E eu escolhi você.” – eu não sei como reagir, então escolho não reagir. Ele se endireita e me olha com o olhar determinado.

“Eu já conheci todas as selecionadas, esses encontros dificilmente mudarão meus sentimentos e não vejo outra pessoa melhor para me acompanhar”

“Sendo assim, até você encontrar outra pessoa, eu serei a sua acompanhante.” – sorrio. Agora ele me olha estranhamente.

“Eu não quero outra nenhuma outra pessoa...” – ele olha para baixo, e novamente me olha – “...eu quero você e apenas você.” – ele se levanta do banco e vem em minha direção; me levanto.

“Não acha que nós estamos rápidos demais?” – pergunto.

“Esse é o problema...” – ele para antes de colocar suas mãos em meu quadril – “...eu não consigo explicar, me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi, você estava tão linda, tão nervosa, tão divertida. Eu não consegui resistir. Há sim, varias garotas lindas, boas e amáveis na Seleção, mas nenhuma supera a você. Nenhuma me faz passar vergonha como você faz, nenhuma consegue me inspirar como você faz, nenhuma me dá a paz que sinto quando estou com você e também nenhuma deixa meu coração acelerado como você deixa quando estou perto de você. Sei que é rápido e por isso te perguntei aquele dia sobre amor á primeira vista, pois eu acho, acho não, tenho certeza que isso aconteceu comigo e receio que não há mais volta.” – ele despeja essas palavras para mim, vejo em seus olhos a sinceridade e no mais profundo de seus olhos vejo que esta falando a verdade.

“Eu te amo Scarlett e mesmo que isso seja repentino e estranho, eu te amo” – eu não consigo mais segurar, o abraço e sem mais esperar eu o beijo. Seus lábios se encaixam perfeitamente em minha boca, como se fossem feitos um para o outro. Eu me afasto, separando os nossos lábios.

“Eu nunca pensei que isso um dia aconteceria, mas Noah Schreave, eu o amo, eu o amo.” – o beijo novamente. Como essa sala ficou tão quente? – penso.

É engraçado como você se apaixona sem ao menos perceber e quando percebe não consegue mais fugir. Assim esta acontecendo comigo. Quando disse que acreditava em amor á primeira vista eu estava fantasiando, no fundo sabia que esse tipo de coisa não existe, mas agora sei que existe. Eu sem perceber entreguei meu coração a Noah e ele entregou o seu a mim e ambos aceitamos de bom grado.

“O que faremos agora?” – pergunta Noah logo após nossos lábios se separarem. Nós nos sentamos no chão, ele com as costas apoiada na estante de livros e eu deitada no chão com a cabeça em uma almofada muito macia por sinal.

“Diga-me você, Alteza” – digo o cutucando no braço. Ele sorri e assume uma expressão séria.

“Quer casar comigo?” – eu quase engasgo com a minha própria saliva.

“Como?” – digo assustada e me sentando. Ele mantém sua expressão séria.

“Eu já achei a mulher com quem quero passar o resto da vida.” – afirma.

“E se eu não for? E se os nossos corações apenas estejam nos enganando?” – digo. Não que eu não queira me casar com ele, eu quero, cada centímetro do meu corpo quer, mas eu não quero ser o empecilho para que ele não encontre outra; isso soa idiota até pra mim, eu não quero ser objeto de sofrimento para ninguém.

Eu o olho e sei que não vai aceitar não como resposta.

“Vamos fazer assim, no seu aniversário você faz novamente essa pergunta para mim se ainda me amar e eu responderei sim, minha resposta nunca mudará para você” – tento convencê-lo.

“Tudo bem, mas prepare-se.” – diz sorrindo maliciosamente. Ele se aproxima de mim. Ele passa sua mão esquerda pelo meu rosto, passando eletricidade de seus dedos para meu rosto.

“Eu não consigo resistir a você Scarlett, eu já tentei, foi em vão.” – diz lentamente, olhando para cada parte de meu rosto.

“Não tente nunca mais” – eu o abraço, como daquela vez em que ficamos abraçados por horas. Em seus braços me sinto segura, quando estou em sua companhia parece que os meus problemas são diminuídos e sei o porquê, eu divido o peso com ele e ele aceita. Às vezes não sei o que fazer, não sei quem sou, mas sinto que com ele, esses sentimentos irão embora de vez, pois onde era escuridão, dor e medo, agora é esperança, amor e luz, e tudo por causa de uma escolha. A escolha de amar.