O Guardião e a Raposa escrita por Nemui


Capítulo 12
A dor que a angústia pode causar...


Notas iniciais do capítulo

Yoo!
Vocês pediram caps maiores então aqui está!
Ele era pra ser maior só que se fosse assim não teria um final "legal"
Já devem ter me entendido hehehehehehe
Espero que gostem desse cap...
Jay ne!



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Passaram 5 dias até que eu pudesse ser liberada pela minha mãe pra voltar pra casa de Ame. Ele ficou aqui esse tempo todo e vez ou outra me fazia uma visita no quarto, é na verdade ele que me impede de levantar da cama a menos que seja para ir ao banheiro. Estamos tentando – ele mais que eu – conversar um pouco e não comentar sobre o que aconteceu quase virou uma regra.

– O que mais você precisa? – Ele está me ajudando a pegar as coisas que ficaram em casa, as que não tivemos como levar da outra vez.

– Mais nada que eu me lembre. – Começo a olhar pro quarto agora quase vazio, ficaram apenas os móveis e uns porta-retratos que minha mãe quase me condenou quando disse que levaria.

– Yuki espere! – Falando nela. – Quero que levem isso. – Ela vem com duas sacolas e entrega uma para mim e outra para Ame.

– O que é isso? – Eu sendo a mais curiosa quase abri quando minha mãe me dá um tapa na mão. – Ai!

– Só abram quando estiverem sozinhos em casa. – Ela começa a encarar as sacolas, suspira e abre um sorriso. – Pois bem...é bom você cuidar bem da minha filha ouviu? Da próxima vez que algo assim acontecer ela não sai mais daqui! – A velha ficou séria e começou a encarar Ame de um jeito que até eu fiquei com medo.

– Pode deixar. Não vou mais cometer esse erro eu garanto. – Ele disse seriamente e eu não pude evitar encarar por alguns segundos o rosto de determinação que Ame fez, por algum motivo, uma pontinha de felicidade se abriu em meu interior.

Nos despedimos e fomos de volta pra casa, já que pegamos o atalho não demorou muito, mas também não trocamos uma palavra se quer durante o caminho. Pude ouvir até o vento bater na grama enquanto andávamos.

– Eu vou guardar as malas. – Peguei as alças das malas e voltei pro meu quarto, está um pouco abafado por causa dos vários dias em que esteve trancado, na verdade entrar novamente ali não me trás um bom pressentimento. – “E-Eu tenho que esquecer isso...” – Penso balançando a cabeça de um lado pro outro tentando esquecer dos dias em que passei quase o tempo todo jogada pelos cantos da casa.

Quando percebi, estou sentada em frente a uma das malas abertas e olhando fixamente para as roupas e pertences ali guardados tão cuidadosamente pela minha mãe - eu tinha visto ela arrumando as coisas - estava com um sorriso solitário estampado no rosto o tempo todo.

– “Será que...ela sente falta do meu pai?” – Me pergunto, mesmo não tendo sido muito próxima dele eu também sinto como se algo faltasse o tempo todo.

– Yuki... – Uma voz me chama, direciono o olhar para a porta e encontro Ame me olhando um pouco triste, ele não está como normalmente seria, acho que nenhum de nós está depois do que aconteceu.

– Ame...e-eu já vou terminar aqui, pode deixar que eu preparo o jantar hoje. – Digo voltando a atenção para a mala.

– Ok. – Ouvir e ver ele daquela maneira é o que me deixa pior do que já estou, ainda não entendi direito essa história, mas não quero perturbá-lo e pretendo esquecer tudo o mais rápido possível.

– “Por que...esse aperto?” – Sinto um aperto no coração ao lembrar por acaso da cena que vi no castelo, Ame abraçado com a Ka-alguma-coisa, ele parecia tão em paz que realmente me incomodou. – “Foco Yuki...ele espera que você acredite no que ele disse...porque é verdade não é mesmo?!” – Eu realmente continuo me questionando quanto a isso, mas quanto mais pensava nesse assunto pior eu ficava.

O tempo passou bem rápido, não foi muito diferente dos outros dias em que estive aqui com ele ou sem, preparei o jantar e comemos em silêncio, logo em seguida ele tomou um banho e foi direto pro quarto dele, eu devo ter levado umas duas horas mergulhada na banheira de água quente tentando evitar que o choro que eu estou escondendo de Ame continue da mesma maneira, em secreto.

Saio do banho com algumas partes da pele um pouco enrugadas e me sentindo meio fraca, o que me traz a sensação de estar novamente sozinha em casa. Visto meu pijama – uma blusinha cavada e um shorts lilás – e me jogo na cama, por mais que eu tentasse esquecer ou me distrair com alguma coisa logo as memórias voltavam a mente o que fazia uma ou duas lágrimas rolarem. Quando já é quase meia noite eu noto a sacola que minha mãe me entregou em cima de uma das malas.

– “É mesmo, eu esqueci de ver o que tem lá dentro.” – Me levantei e fiquei de joelhos em frente da sacolinha rosada, agora iluminada pela fraca luz da lua. Abro e encontro um porta retratos com uma foto. – “Mas é...” – Fico surpresa ao ver a foto que minha mãe bateu no dia em que saí de casa. Nela estamos eu, com cara de assustada e com o rosto meio vermelho... e Ame sorridente e um pouco corado também, dentro da sacola haviam outras fotos, eram de quando Ame vinha me ver nos dias em que fiquei de cama por causa da perna e da cabeça machucados, nelas ele permanece sorridente e eu com a mesma cara de assustada na maioria delas ou com um sorriso leve em poucas.

A fotografia que mais me chamou a atenção foi a última, nela Ame estava cozinhando algo, mas a expressão dele, era a de alguém solitário e perdido no tempo, mesmo que o sorriso disfarçasse um pouco. Por mais que tudo isso tenha acontecido, eu me sinto mau por continuar duvidando dele...e ainda acredito que ele continua a mesma pessoa que eu conheci naquele dia na chuva...o homem estranho e ao mesmo tempo...atraente...

...............

Ame

– “Eu odeio isso...” – Já se passa das 3 horas da manhã e eu não consegui pregar os olhos por mais de 15 minutos. Virei para todos os lados da cama e nada de conseguir dormir. – “Ms qual é o problema comigo...foi só eu pensar naquilo que...” – Eu até imagino o que deve ter me tirado o sono, a pouco tempo estava pensando na reunião que tive com meu pai, isso me deixou um pouco nervoso.

Flashback:

– O que você quer que precisa tanto assim da minha atenção a ponto de fazer Kaori ficar me importunando por dois dias? – Ele já reclama logo que entro na sala de reuniões.

No centro do local uma comprida mesa rodeada por cadeiras, no teto não muito alto, um lustre que deixa a luz da sala amarelada e no fundo uma janela que vem desde o teto até o chão.

– Precisava falar com você, mas parece que nem liga pro filho que não vê faz seis anos... – Fecho a porta e observo ele olhar pela janela seriamente.

– Tinha que jogar isso na minha cara não é... – Ele só murmurou, mas minha audição sempre foi melhor que a de um Guardião puro então pude ouvir. – Pois bem, me diga o que tem lhe afligido tanto? – Ele se senta na ponta da outra mesa, está com a aparência de mais velho.

Meu pai está de cabelos curtos e grisalhos, mantém uma barba rala e a pele clara, vestindo uma yukata vermelha com desenhos em dourado – típico da realeza - os olhos profundamente azuis são o que mais me incomoda nele, ainda mais por que puxei essa característica.

– Eu escolhi uma noiva pra mim. – Uma frase curta e rápida, mas o suficiente para deixar explicita no rosto de meu pai diversos tipos de sentimentos, primeiro surpresa, espanto, dúvida e por último, raiva.

– Você já tem a Kaori---

– Pai eu não sinto nada por aquela mulher a não ser raiva e o senhor sabe disso! Não sei nem por que ela ainda permanece aqui! – Começo a gritar.

– ‘Aquela mulher’ é sua noiva por direito! Nossos reinos serão prósperos se nos unirmos e a única prova de que não haverá traição é o casament---

– Um casamento forçado?! Sem um sentimento que uma os dois não há como permanecer em pé! Eu não quero a Kaori como minha esposa eu quero a que eu escolhi para mim! – Estava bem nervoso, me segurando para não jogar uma rajada de vento na cada dele e me lembrando que ele tem mais força física que eu.

– Eu não quero saber o que você sente por ela! Se você não obedecer terá que desistir do trono e sabe bem as consequências que isso acarreta. – Ele se levanta e apoia as duas mãos na mesa e continua a me encarar.

– Sim eu sei o que isso quer dizer...mas não vou deixar que a mulher que eu escolhi seja afastada de mim por causa daquela mariposa. – Viro as costas e quando estou prestes a sair ele me impede.

– Espere! – A voz grossa me faz recuar a mão de perto da maçaneta e voltar o olhar para ele. – Venha aqui... – Falou mais calmo, obedeço e me aproximo com alguns passos enquanto ele dá outros em minha direção, paramos com m metro de distância entre nós. – Você...não escolheu uma raposa não é?! – A expressão de dor no rosto dele me fez recuar o olhar para o chão. – Meu filho...quantas vezes eu lhe disse pra ficar longe das raposas...não vê o passo por causa de sua mãe? – É verdade que meus pais sempre estavam em desacordo, em grande parte das vezes foi por minha causa. Fiz uma visita a ela antes de vir aqui, me ajudou a confrontar aquele home.

– Eu sei o que vocês dois passam, mas não é a gente que escolhe por quem sentir algo diferente. – Começo a encará-lo. – Me deixe ao menos trazê-la aqui...apresentá-la pra você...sei que ela pode mudar seu jeito de ver a mamãe... – Sem receber uma resposta direta eu vou novamente até a porta. – Assim que puder vou trazê-la aqui. – Fecho a porta. Foi nessa hora que encontrei com Kaori e logo em seguida com Yuki.

Presente:

– Dentre todos os tipos de agradecimentos ela tinha que ter escolhido um abraço... – Murmuro para mim mesmo.

Já sem conseguir me manter deitado sem dormir eu jogo uma coberta nos ombros e vou diretamente para a sala, me deparo com uma luz estranha vindo da lareira. Ela está acesa.

– “Mas eu ainda não...!” – A surpresa maior foi que Yuki estava lá, deitada no chão sem nenhuma coberta e com aquele olhar perdido, olhando para as chamas consumirem a lenha vagarosamente.

– Y-Yuki? – Chamei surpreendendo-a, no instante em que nossos olhares se encontram ficamos paralisados até que ela consegue dizer algo.

– Ame...o que foi? – Ela se senta e volta a observar a lareira.

– Também não consegue dormir? – Pergunto diretamente, ela não me responde, por que será que eu tenho a impressão de que ela ainda não está muito convencida do que eu disse?!

Com um nó preso na garganta e com um desejo guardado em sete chaves eu decido botar tudo o que eu quero dizer para fora.

– Yuki... – Chamo novamente sua atenção, ou quase, ela só olha pra mim e depois desvia novamente para a lareira, o que me deixa furioso. Num ato de quase desespero eu me agacho e fico de joelhos do lado dela e seguro seus ombros. – Por favor acredite no que eu digo... – Puxo o corpo dela para perto de mim, o suficiente para tocar os lábios dela com os meus mais uma vez.

.................

– M-Me---A--------

Não consigo me soltar dele, tento me afastar, empurro Ame de todas as formas possíveis, mas isso só faz com que ele segure meus braços com mais força, eu não quero isso...não quero que ele me toque ainda...mas ele insiste em se forçar, quando desisto de lutar – que querendo ou não agora é muito mais forte que eu – já estou prensada contra o chão, Ame está do meu lado quase que em cima de mim e eu posso sentir as lágrimas voltarem a escorrer molhando uma boa parte de meu rosto.

Eu sei que ele não fez nada, mas ainda assim algo em mim não consegue perdoá-lo – isso é o que me deixa mais frustrada – e ao mesmo tempo que eu não o quero perto de mim eu sinto sua falta, não consigo entender o que deu em mim...Finalmente ele começa a se afastar.

Ainda me segurando com força e me olhando dentro dos olhos Ame toma fôlego para falar, mesmo que não me segurasse eu não conseguiria me mexer...ele conseguiu drenar toda a força que restava em mim com as palavras que vieram em seguida.

– Eu nunca senti algo por alguém como sinto por você...

– “Eh?!” – Por mais que ele tivesse acabado de dizer eu não consegui acreditar no que ouvia. – “Ele está...se...declarando??”


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Notas finais do capítulo

*^* Uma declaração era tudo o que faltava pra mim...mas ainda tem muita coisa pra acontecer...
Alguém consegue imaginar como a Yuki vai reagir a isso? Ou como a vida deles vai seguir depois desse monte de dúvidas?
Bem só eu mesmo pra saber né hehehehe
Espero os comentários...Jya ne!