– Eu nunca senti algo por alguém como sinto por você...por favor acredite quando eu digo que quero passar todo o resto da minha vida do seu lado não importando se isso vai ferir alguém...eu só quero acabar com toda a dor que eu posso ver que está enraizada dentro de você e te ver sorrir mais uma vez. – Estou completamente sem palavras e vidrada no olhar de culpa que Ame trás.

– "O que eu faço agora?” – Eu nem sei direito o que sinto por ele nem se o que ele está me dizendo é mesmo verdade, como posso responder ao que ele está falando?

Tá bom que a resposta mais certa para isso agora seria eu concordar, mas eu simplesmente não consigo me mexer, não só pelo fato de que ele está me prendendo no chão, mas também pelo fato que meus olhos estão praticamente grudados nos dele.

– Só me diga que acredita em mim... – Por um segundo pensei que ele leu minha mente, mas acho que ele leu foi a minha cara de dúvida, finalmente consegui me mexer e pisquei os olhos, mas não consegui responder a pergunta dele.

Acho que isso pode não ter sido uma boa ideia, porque ele começou a se afastar, se sentou no chão perto do sofá e escorou as costas dele lá. Tenho a leve – só que grande – impressão de que ele está esperando eu responder, a única coisa que consigo fazer é me levantar e me sentar ao seu lado. Posso ter olhado por um segundo apenas, mas pude ver o leve sorriso que surgiu no rosto dele, dessa vez não é tão solitário como os anteriores, está mais pra alívio.

– Acho melhor a gente ir dormir... – Murmuro.

Quando finalmente consigo falar alguma coisa sinto algo bater no meu ombro e me viro para ver, a cabeça de Ame está caída no meu ombro, ele devia estar mesmo cansado por que não se passaram nem dois minutos que estávamos ali.

– “E-Ele...dormiu aqui mesmo?!” – Estou quase tendo um ataque de pânico quando me lembro que ele está tentando dormir e resolvo ficar quieta.

Do nada a cabeça dele escorrega e cai no meu colo, sinto um arrepio no corpo todo e fico ali vendo ele se aconchegar e cair no sono novamente.

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Ame

Tem alguma coisa incomodando meus olhos, tento abri-los, mas sou forçado a fechá-los novamente enquanto a luz do nascer do Sol quase me cega. Abaixo um pouco a cabeça e percebo que há algo diferente no meu travesseiro, abri novamente os olhos, agora com menos luz direta neles posso perceber que não estou deitado num travesseiro – um arrepio me desceu pela espinha, eu tinha certeza de que tinha voltado pro quarto – mas no colo da Yuki, por sorte ela está dormindo.

– “Dessa vez foi sorte...mas como foi que eu acabei assim?! – Me pergunto tento me levantar e posso sentir alguns fios de cabelo serem puxados, procuro a fonte da repreensão e encontro a mão de Yuki enrolada a umas mechas pequenas. – “Será que ela...Não, não pode ter sido isso...” – Despisto da minha cabeça a ideia que me ocorre de repente e me levanto do chão. – Não posso deixa-la aqui, mas também não acho que ela vá gostar que eu a tenha carregado...”

Fico uns cinco minutos pensando no que fazer e decido por leva-la ao quarto dela. Seguro em meus braços o corpo leve de Yuki.

– “Olhando assim ela parece tão...frágil...” – Penso observando seu rosto sonolento deitar no meu peito do nada. Colo-a de volta na cama e a cubro com uma das cobertas do guarda roupas.

Me agacho a sua frente e fico observando os mínimos sons que sua respiração fazia e as mexidas repentinas das orelhas de raposa.

– “Tenho que tomar cuidado...se não me controlar posso acabar quebrando a promessa...uma hora ou outra ela vai acabar quebrando por causa disso...” – Penso deixando um beijo na testa da raposa.

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Yuki

Acordo com um ranger de uma porta e me levanto rapidamente, acabo ficando sentada na cama e encarando o rosto surpreso de Ame do outro lado da porta do meu quarto – perai ele me trouxe aqui então?! – Ficamos em silêncio por alguns segundos até que ele se aproxima com um sorriso no rosto, parece mais animado que ontem.

– Que bom que já acordou! – Começo a puxar um pouco as cobertas para perto do peito enquanto ele vem e se senta na borda da cama. – Eu acabei acordando um pouco tarde, mas já vou começar a arrumar o café da manhã tem preferência por alguma coisa? – Ele pergunta agora olhando para mim. Sem conseguir responder de verdade eu simplesmente faço sinal que não com a cabeça e desvio o olhar para a coberta, ele parece fazer o mesmo. – Ok então, quando terminar venho te chamar.

Ele sai do quarto e ouço os barulhos na cozinha de pratos e passos. Por uns 10 minutos eu fico jogada na cama encarando o teto e pensando no que aconteceu ontem, pra falar a verdade eu ainda não pensei numa resposta direta pra ele, mas eu sei que tenho que responder logo antes que acabe corrompendo a confiança que ele – parece – depositar em mim.

Quando finalmente me levanto, visto um short preto e meu top bege antes da blusa – um arrepio me desce pelo corpo todo – ouvi passos no corredor e me apresso em pegar a blusa de ombro caído amarela que é na verdade a minha favorita.

– Yuki! Já acabei aqui-----------

Ele entrou no quarto do nada, talvez fosse porque a ‘esperta’ aqui fez o favor de deixar uma fresta da porta aberta, ele deve ter pensado que já havia me arrumado, mas...Eu não consegui vestir a blusa a tempo...ou seja...ele acabou de me ver só de sutiã...Ele simplesmente não consegue se mexer – nem eu – ficamos assim até que eu, por mais que estivesse um mínimo tampada, não consigo reagir de outra maneira a não ser ficando completamente vermelha e vendo ele gaguejar e ficar corado também...

– “E-Eu d-definitivamente ainda não estou preparada pra isso!!!” – Não sei se desmaio ou se dou um grito, mas que sentido faria gritar agora se ele é “quase” meu marido e desmaiar não vai ajudar em nada também.

Estamos travados, encarando um ao outro, esperando alguma coisa que possa nos trazer de volta a realidade.

– IIAAAAAAH! - É...eu gritei mesmo...