Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 5
Quinto


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram o capítulo anterior. Continuem acompanhando.



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Na cozinha do orfanato Mino serviu Seiya com uma grande fatia de bolo de chocolate e buscou na geladeira uma jarra de suco de goiaba. Enquanto enchia um copo perguntou:

– Então, você vai me contar o que aconteceu com você?

– E que a Shina me deixou e voltou para Grécia. E por isso estou me sentindo triste e abandonado.

– Ora! – exclamou Mino sentou-se ao lado do amigo – Quem diria que ela desgrudaria de você? Mas essa atitude foi uma surpresa ruim para você, certo?

– Sim. – respondeu colocando um pedaço de bolo na boca.

– Você gosta muito dela, né?

Ele balançou a cabeça positivamente.

– Seiya, eu não gosto dela. Eu diria que foi muito bom ela sair de sua vida. Mas se você quer que ela volte precisa fazer algo ao invés de se lamentar.

– A Shina foi bem incisiva, ela não quer ficar mais comigo.

– Ela deve ter um motivo para fazer isso. Porém você não é um tipo de pessoa de desiste fácil. Se você realmente a quer de volta, vai atrás, ora. Insiste até convencer. Afinal, esse é você.

– Não é tão simples.

– Acho que tem alguma coisa que você não quer me contra.

Seiya não conseguiu falar nada. Bebeu um gole de suco e mudou se assunto. Ele não conseguiria falar de Saori com mais ninguém.

– Sabe, é engraçado falar esse assunto com você.

– Só porque fomos namorados? – e sorrindo prosseguiu – Deixe de besteira. Isso aconteceu há tanto tempo. E fazendo uma analise, nós nunca daríamos certo.

– É. Nós sempre fomos muito amigos e acabamos misturando os sentimentos.

– Na verdade, eu realmente gostava de você e fique bastante triste quando terminamos. Mas que bom que tudo isso é coisa do passado.

– Você não sabe como foi difícil para mim, aquela conversar que tivemos. Eu me sentir um monstro te fazendo sofrer.

– Esqueça, meu amigo. Eu já disse: ficou tudo no passando.

– Que bom saber que você tem esse coração bondoso. – falou mexendo com o garfo no farelo de bolo no prato.

– Quer mais um pedaço de bolo?

– Bem, estou pensando qual é a melhor maneira de lhe contar algo muito feio que fiz com você. – a face de Mino demonstrou um questionamento e Seiya prosseguiu – Algo que tenho vergonha de contar, porém sinto que é preciso ser honesto com você, mesmo depois de tanto tempo.

– Então fale.

– Naquele tempo, depois da Batalha das Doze Casas e antes de voltar para o Japão, aconteceu algo comigo, algo que me fez ver que eu não gostava de você como namorada. – mais uma pausa – Espero que você me perdoe mais uma vez. – e falou rapidamente – Eu te trair com a Shina. Pronto falei... Foi isso.

Mino ficou parada sem expressar nenhuma reação e isso preocupou Seiya.

– Mino, você esta com raiva de mim?

– Eu poderia ficar com muita raiva de você e com todo o direito. Eu não sei por que você revirou essa história, porém fique despreocupado. Não estou com raiva. Mas agora entendo o motivo de nunca gosta da Shina. Parece que alguma coisa me dizia sobre essa traição.

– Mas ela não teve culpa, eu te tive.

– Ok. Vamos esquecer isso. Certo?

Seiya deu um sorrisinho de alivio.

– Eu precisava contra, sabe? Eu sempre me sentir com remorso por conta disso. Então fico feliz de sabe que ainda tenho sua amizade.

– Seu bobo! – sorriu – Você sempre terá minha amizade.

– Sabe, eu olho para você é vejo que os anos lhe fizeram muito bem. Você se tornou mais firme e amadurecida.

– Todos nós mudamos e o interessante da vida é isso: a eterna mudança que sofremos no decorrer da vida.

– É verdade.

Seiya pensou nas palavras da amiga, ela realmente estava certa. Tanta coisa mudou no decorrer desses anos. Ninguém mais era igual. Ele olhou para Mino, e lembrou-se de tudo que viveu do lado da moça, desde criança. Ela sempre esteve ao sei lado. Seja nos bons momentos ou maus momentos, seja para dar força ou brigar com ele por alguma coisa. Era uma grande amiga e ele sempre seria grato aos deuses por colocarem alguém como Mino em sua vida. Ele se levantou, se aproximou dela e a abraçou com força. Assim, ela também o abraçou.

– Te amo muito, tá? Não importa o tempo que eu viver, levarei sua amizade até o fim. – revelou o cavaleiro fazendo os olhos da garota se marejar de lágrimas.

Nessa hora Seika entra na cozinha trazendo algumas sacolas nas mãos. Então os amigos se separaram e Seika cumprimentou-os:

– Oi meus queridos! – colocou as sacolas no chão – Seiya, que bom te ver aqui!

– Eu vim conversar com você.

– Que ótimo! – sorriu – Mas antes, vocês podem me ajudar a buscar o resto das compras no táxi?

– Claro. – respondeu Mino.

Com isso os três foram até o táxi e acabaram de trazes o resto das sacolas de supermercado, que eram bastante. A cozinha estava cheia de compras por todos os lugares.

– É, essa garotada consome, não? – brincou Seiya.

Mino e Seika sorriram e Mino contou:

– Sempre foi assim. Essas crianças têm um apetite... Mas vocês podem ir conversar, deixa que eu arrumo as coisas aqui. Vou chamar a Eiri para me ajudar.

Os irmãos foram conversar no jardim do orfanato. Sentaram-se num banco de ripas de madeira pintada de branco, atrás deles se encontrava uma árvore cerejeira.

– Estava com saudades do meu irmãozinho.

– Mas nos vimos há alguns dias atrás.

– Mesmo assim. Sabe aquele estilo de mãe super protetora e carente? Eu me sinto assim. – falou sorrindo.

– Como eu senti falta de sua proteção e carinho... Graças aos deuses eu tenho você de volta para me paparicar muito. – revelou o rapaz abraçando a irmã – Te amo tanto, minha irmã!

– Também te amo, meu querido! – acolhendo Seiya – Mas estou achando você tristonho. O que aconteceu? Brigou com a namorada?

Seiya desfez o abraço e olhou para a face da irmã com uma expressão de surpresa.

– Como você sabe?

– Intuição feminina. – sorriu – Mas por que brigaram?

– Na verdade não brigamos. A Shina resolveu ir embora e me abandonou. Eu estou triste e confuso preciso de seu colo. – contou com uma voz de menino manhoso.

– Não seja por isso, venha, o meu colo está pronto para te receber, meu querido. – disse Seika abrindo os braços para receber o irmão que se deitou.

Por alguns momentos eles ficaram calados. Seika fazia carinho nos cabelos do irmão que se mantinha de olhos fechados.

– Estou parecendo um menino mimado e choram. – analisou Seiya – Que vergonha! Espero que ninguém esteja vendo essa cena patética. – sorriu levemente.

– Não acho patético. Você teve que amadurecer na marra. Desde muito novo precisou enfrentar momento difíceis, os quais você não escolheu, foram impostos pelo destino. Por isso, acredito que você possa se dá ao luxo de fazer uma manha, de vez em quando. Ainda mais com sua irmã.

– Então eu vou continuar... – respirou fundo – Às vezes me bate um desanimo. Sinto-me tão pequeno e sem valor nesse mundo.

– Esse sentimento pode despertar em todos. Se nos comparamos ao universo inteiro, somos pequenos mesmo. Porém, mesmo pequenos temos valor. Pense nas estrelas, vista da Terra, pequenos pontos luminosos no céu. Mas juntos formam a beleza da noite. Cada uma das estrelas são fundamentos, principalmente para vocês cavaleiros. Assim também acontece com nós, podemos parecer pequenos em comparação a quantidade de pessoas no mundo, com tudo, cada pessoa é fundamental para a evolução da humanidade e por isso, cada uma tem um valor inigualável. Você é muito importante para seus amigos, para a Shina, que deve ter tido um motivo sério para tomar a atitude que teve, e especialmente para mim.

Seiya continuou calado e de olhos fechados. Respirou profundamente.

– Meu irmão, eu sei que tem mais alguma coisa te perturbando. Com certeza deve ser pelo fim do seu namoro. Porém, não quero ser invasiva e ficar te questionando. Sendo assim, posso dizer para você escutar seu coração, pois, muitas vezes, a resposta de nossas dúvidas esta dentro de nós. Precisamos apenas estar disposto a ouviu. Muitas pessoas, normalmente, as mais analíticas, dizem que é preciso ouvir a razão, mas eu acredito que o coração é nosso melhor orientador.

Seiya escutava a irmã com muita atenção, afinal tudo que ele falava fazia sentido. Realmente ele não estava ouvindo o que seu coração dizia. Ele tentou, desde ontem, encontrar uma resposta racional para as palavras e atitudes de Shina. Mas o que o seu coração proferia? Ele se lembrou de Marin, uma vez ela havia tido isso a ele: para buscar as respostas em seu coração.

De repente Seiya “ouviu” um “gripo” dentro si. Seu coração estava gritando desesperado. Com certeza ele estava tentando ajudar o cavaleiro a fazer a escola certa, mas Seiya não tinha parado para escutar, sendo assim, o coração passou a “gritar” angustiantemente, implorando por atenção que finalmente foi notada. Então Seiya se levantou dos braços da irmã, segurou a mão dela e falou olhando em seus olhos:

– É isso mesmo! Eu estava precisando ouvir meu coração. Os meus sentimentos confusos estavam abafando. Só agora eu conseguir escutá-lo.

– Que ótimo!

– Obrigado por me ajudar! Suas palavras iluminaram meu caminho.

Os irmãos se abraçaram.

– Vou indo. Preciso resolver minha vida. – disse Seiya.

Seika beijou a face do irmão.

– Que os deuses lhe abençoe.

– Obrigado! Mande lembranças para Mino e Eiri.

Seiya foi caminhando pela orla da praia. A paisagem era outra, agora o céu se encontrava avermelhado pelo pôr do sol. O sentimento que o cavaleiro trazia consigo também era outro, pois agora ele tinha uma certeza em seu coração e isso o fazia se sentir mais leve. Seiya agradeceu mais uma vez os céus por reencontrar sua irmã, porque ela sempre causava paz para ele.

Observando o irmão se distanciar, Seika pensou:

– Como fui imprudente no passado. Fui atrás de Seiya e nada consegui, só trouxe mais dor a ele. Sempre vou senti-me culpada por isso. – olhou para o céu – Deuses ajudem o meu querido irmão a alcançar seu novo objetivo.

###########

Seiya chegou à mansão Kido e foi recebido por uma empregada e ficou sabendo por ela que a Saori não estava. Então resolveu falar com seus amigos para esperá-la. Ele encontrou Shiryu, Hyoga e Shun na sala de televisão assistindo a algum documentário que não fez questão de sabe do que se tratava.

– Boa noite amigos! – saudou.

– Boa noite! – respondeu Shun.

– A Saori não esta, né? Queria falar com ela.

– É, se você chegasse cinco minutos entes a encontraria em casa. Ela saiu para jantar com ninguém mais que Julian Solo. – revelou Hyoga sem imaginar que essa noticia afetaria profundamente Seiya.

– O quê? – perguntou Seiya – A Saori aceitou sair com esse cara? Ela sempre afirmou que ele é uma pessoa esnobe e arrogante, que não gostava de sua companhia. Agora ela aceita jantar com ele. Com que razão?

– Pelo que eu entendi, é um jantar ligado a fundação. – amenizou Shiryu.

– Parece que Julian está procurando uma parceria com a Fundação Graad para um projeto social seu. – completou Shun – Parece, que nós últimos anos, Julian tem se dedicado a trabalhos sociais e foi por essa justificativa que Saori resolveu aceitar o convite dele.

Mesmo com a explicação de Shun, Seiya não conseguiu esconder o incômodo dessa notícia.

Nesse momento entro na sala June e Rubi. As duas haviam chegado da rua e traziam algumas sacolas. Elas cumprimentaram os rapazes e cada uma se acomodou ao lado dos seus namorados.

– Então como foram as compras? – perguntou Shun.

– Foi boa. Comprei algumas coisas que precisava. A Rubi foi uma ótima companhia, já que a Saori não pode ir, pois estava ocupada com assuntos da fundação. Obrigada mais uma vez, Rubi.

– Não foi nada. Quando precisar pode sempre contar com minha ajuda. – afirmou Rubi.

– Eu que gostei da surpresa de lhe ver aqui, querida. – disse Shiryu abraçou a namorada e dando um beijo em seu rosto.

– Eu uni o útil com o agradável. Além de fazer companhia e ajudar a June com as sacolas, também aproveitei a oportunidade para ver meu namoradinho querido. – Rubi observou a expressão vazia e preocupada de Seiya e perguntou:

– Tudo bem Seiya?

– Vou levando... – respondeu com o olhar fixado no chão.

Todos na sala estavam pensando que Seiya estava agindo muito estranho naquela noite, principalmente Shun, June e Hyoga que não sabiam do acorrido com ele. Antes que alguma pergunta fosse feita, uma empregada apareceu para avisar que o jantar estava servido.

Shiryu chama Rubi e Seiya para jantarem com eles.

– Ok. Eu aceito. Na verdade, estou muito abusada. Só falta eu me mudar para cá, pois praticamente fico mais tempo aqui que onde estou morando. Expulsem-me daqui gente... – brincou Rubi.

– Que isso, Rubi, além do Shiryu, nós também amamos sua companhia. – revelou Hyoga.

– E você Seiya? – perguntou Shiryu.

– Ele vai jantar aqui e deixar a Shina jantar sozinha? – questionou Hyoga.

Então Seiya olhar para ele com uma expressão triste e Hyoga continuar questionando:

– Desculpe, falei algo de errado?

– É que na verdade ontem a Shina decidiu que cada um deveria seguir seu caminho e voltou para o Santuário.

– Desculpe meu amigo. Eu não sabia.

– Sem problema. – deu um sorrisinho. – Vamos jantar? Estou morrendo de fome. – tentou disfarçar a sua tensão.

Todos jantaram e então Seiya se despediu.

– Vou dar um de cachorra magro, mas vou indo. Amanhã ou voltou.

Shiryu vai acompanhar o amigo até a porta.

– Shiryu, estou tentando relaxar, mas estou agoniado com esse jantar de Saori e Julian. Eu demorei o dia todo para tomar uma decisão e quando eu resolvo... – uma pausa – Na minha cabeça só passa pensamentos ruins... Minha vontade é de ir agora nesse restaurante para saber o que esta acontecendo.

– Amigo, fica calmo. Não esqueça que não é um encontra de casal. – disse apoiando uma mão no ombro de Seiya – E com certeza será um pouco estranho se você aparecer lá.

– Eu sei.

Na sala de estar Rubi pediu para falar com Shun mais reservado.

– Amigo, eu preciso te contar o motivo que fez a Shina ir embora: ela tem certeza do amor de Saori e Seiya. Ela abriu mão do Seiya para que ele possa ser feliz. Mas antes de ir ela me pediu para ajudar se algo desse errado. Porém não me sinto apta para isso, já que não tenho muita intimidade com a Saori ao ponto de me pôr nessa situação. Mas você é a pessoa ideal. Por isso, se eles precisarem de uma ajudinha extra, será que você podia fazer esse intermédio?

– Você sabe que eu não gosto muito de me envolver na vida das pessoas, inclusive dos meus amigos, mas se for necessário eu posso ajudar, ok?

– Obrigada.

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Em seu apartamento, Seiya, depois de tomar um banho demorado, vestiu uma calça de pijama e ficou na sala, tentando encontra algo interessante na televisão, passando os canais com o controle remoto.


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