Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 4
Quarto




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No aeroporto grego, Shina acabou de chegar e foi recebida por sua amiga Jisty e seu companheiro Shiva (1). As duas amigas se abraçaram fortemente.

– Não entendia nada quando você me ligou dizendo que estava voltando para o Santuário, Shina.

– Teremos muito tempo para conversar. – e olhando para Shiva o cumprimentou – Como vai?

– Bem. Seja bem vinda à Grécia novamente. Deixe-me te ajudar com a mala. – falou pegando a mala do chão.

– Obrigada.

Eles pegaram a táxi e logo chegaram à entrada do Santuário. Ao caminharem até a casa de Shina as amigas conversavam seguidas por Shiva. Na porta da casa Jisty disse:

– Gostaria de conversar mais, porém creio que querida descansar. Fique tranqüila, que já comuniquei ao Mestre sobre seu retorno, como você me pediu. Ele te aguarda, mais tarde. Ah, tirei um pouco da poeira, só não limpei melhor, pois tive pouco tempo.

– Obrigada, querida. E não precisava se preocupar com minha casa.

– Lógico que tinha que me preocupar. Ah! Venha jantar com a gente hoje, ok?

Shina agradeceu e entrou em sua casa. Observou o cuidado da amiga, apesar de afirmar que tinha arrumado superficialmente o local, a casa emanava um cheiro bom de produto de limpeza. Shina pegou sua mala e foi para o quarto. Tirou os sapatos e logo adormeceu em sua cama.

No Japão, Seiya despertou com o sol clareando seu quarto. Ele se espreguiçou e permaneceu ainda por alguns minutos na cama com o pensamento longe. Resolveu se levantar, se vestiu, foi ao banheiro lavou o rosto e antes de sair de casa, viu a anel que ele havia dado a Shina em cima da estante da sala e levou consigo.

Sentado de frente ao mar, Seiya colocou o par de anéis na palma da mão direita e olhando para eles, ainda pensava na noite anterior e ainda sentia um vazio no peito. Ele observou um casal que acabava de chegar à praia, eles pareciam felizes e isso o fez lembrar-se dele e Shina, quando iam naquela praia, desfrutar de dias agradáveis como aquele.

– Por que você fez isso comigo, Shina?

Seiya pensou em algumas dores que já sentiu na vida. Dentre elas estão os anos que passou longe de sua irmã; perda de amigos em batalhas; a ocasião que Shina foi ferida por Aioria e desfaleceu em seus braços revelando que o amava (2) e quando Saori foi morta para ir enfrentar Hades (3). Mas essa sensação de abandono, ele só sentiu quando Saori foi morar com seu irmão Abel e fingiu destituir ele e seus amigos da missão de protegê-la (4). Naquela vez, o abandono de Saori foi forjado, mas agora, o de Shina, era real.

– No passado, quando soube por Rubi do sofrimento que Shina estava passando por minha causa, não sabia bem o que fazer, então fui procurar Marin, minha mestra, com certeza, me ajudaria nessa decisão.

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Em uma área descampada, próximo às doze casas, Seiya e Shiryu conversavam e se perguntava por que Jisty buscou Rubi tão urgentemente. Mas o questionamento de ambos chegou ao fim, pois Rubi acabara de se aproximar deles. Ela possuía um semblante sério.

– O que foi, querida? – perguntou Shiryu depois de beijá-la levemente nos lábios – Algum problema?

– Sim, mas não comigo. – respirou fundo – Preciso falar com você Seiya.

– Comigo? O que eu fiz dessa vez. – defendeu-se levantando os braços ao alto.

– É sobre a Shina.

Aquela resposta surpreendeu tanto Seiya como Shiryu que trocaram um olhar cúmplice e se questionaram o teor dessa conversa.

– Não sei por que, mas imagino que o Shiryu possa ouvir o que tenho para lhe contar. – os rapazes permaneceram em silencia, como uma forma de concordância – Bem, estou vindo da casa de Shina e soube de algo surpreendente, para mim. Ela se abriu comigo e a Jisty e revelou a história de vocês dois. Até ai, nada de mais, o problema é que ela esta muito triste. Muito triste mesmo! – uma pausa – Eu sei que não tenho nada a ver com isso, mas estou aqui para te pedir que tome uma atitude de homem verdadeiro. Hoje vocês precisam decidir o que devem fazer de suas vidas, mas não podem continuar do jeito que estão. Ela não vai agüentar mais viver assim.

Seiya abaixou a cabeça e a cada palavra proferida por Rubi, ele sentia seu corpo estremecer.

Shiryu percebendo o desconforto do amigo, mas ciente da necessidade de resolver o romance de Seiya e Shina, colocou a mão direita no ombro de Seiya e disse:

– Eu concordo com a Rubi. Acredito que chegou o tempo de mudar essa história. Já venho falando isso para você, certo?

– Sim. – respondeu o cavaleiro levantando-se – Me desejem sorte. – e começou a se afastar dos amigos.

– Será que fui muito invasiva? – perguntou Rubi.

– Não. E, às vezes, o Seiya só toma atitudes quando pressionado. – respondeu Shiryu acariciando os cabelos cor de mel de sua namorada.

Seiya caminhou lentamente com as mãos no bolso da calça jeans. Ele sabia que essa decisão precisava ser seria e muito bem pensada. Ele gostava muito da Shina e prezava tudo que eles já passaram juntos: os confrontos que tiveram no começo de sua jornada de cavaleiro, afinal o fizeram elevar seu poder e conhecimento de lutas; os momentos em que ela se ariscou por ele. Mais prezava, principalmente, os momentos bons vividos ao lado dela e que ninguém sabia, exceto Shiryu.

Apesar disso, ele tinha dívidas sobre a atitude a tomar. Então a única pessoa que surgiu em sua mente como auxiliadora foi Marin. Ele imaginou que sua mestra estaria à arena e se dirigiu até lá.

Ao chegar ao local a encontrou treinando com outra amazona e esperou Marin perceber sua presença. Quando ela acabou de se defender de um golpe de sua “adversária” , a atingiu nas pernas, fazendo-a cair. Marin direcionou o olhar para Seiya e sorriu para ele. Olhou sua companheira de treino ainda sentada no chão e entendeu a mão para ela, ajudando a levantar.

– Amanhã continuamos, certo? Preciso falar com meu discípulo e pela expressão dele, não esta bem.

A amazona concordou e Marin foi ao encontro de Seiya.

– Seiya. Saudades...

– Oi Marin, você tem um tempinho para mim?

– Claro. Venha.

Num lugar mais reservado e, embaixo de uma árvore, eles conversavam. Seiya contou o corrido para sua mestra e se admirou com o sorriso formado em seus lábios.

– Por que você sorri? Eu estou realmente sem saber o fazer.

– Eu acho graça, pois sempre soube do romance de vocês. Apesar de ninguém ter me contado. – Seiya levantou as sobrancelhas demonstrando surpresa – Eu te conheço desde pirralho e cresci com a Shina. Sendo assim e muito fácil perceber certos detalhes ocultos.

– Mas o que você acha que devo fazer?

– Não cabe a mim essa decisão. E apesar de você esta confusão, eu sei que, escondido no seu coração, você tem a resposta. – afirmou Marin colocando a mão no peito do discípulo.

Seiya olhou nos olhos de Marin pensativo e depois de alguns minutos sorriu.

– Obrigada, Marin! Mesmo sem dizer muito, você me ajudou bastante. – deu um beijo na bochecha da amazona – Até mais.

#######

– Ao me despedir de Marin, me encaminhei para a casa de Shina e resolvemos nossa enrolação. Agora estou mais uma vez confuso por conta da Shina.

Levantou-se, limou a areia da calça e ainda observando o casal desconhecido na praia, foi caminhando pelo calçadão.

No Santuário, Shina já havia despertado, tomado banho e se dirigido ao Templo do Mestre. Ao chegar foi anunciada por uma serva e Shian a recebeu. Shina entrou na sala do mestre e o encontrou sentado em sua cadeira, usando uma túnica clara, como de costume.

– Bom tarde, Mestre Shion. – cumprimentou fazendo uma reverencia.

– Como vai? – respondeu com uma expressão gentil – Na verdade não entendi quando Jisty me comunicou que você voltaria.

– Reviravoltas...

– Sem quere ser indiscreto: você é Seiya terminaram?

– O senhor, já sabe a resposta. Prefiro não me aprofundar nesse assunto.

– Como quiser.

– Estou aqui para pedir permissão de voltar para minha casa na vila das amazonas e também voltar as minhas atividades.

– Permissão aceita. E quando suas atividades, eu creio que não se importara em dividi-la com Jisty que fez um ótimo trabalho. Ela mudou muito, me parece à mesma de anos atrás.

– Nós devemos aprender com os nossos erros e nos tornarmos pessoas melhores, certo?

– Certíssima.

– Agora, peço licença.

Shina se retirou da sala do mestre e se dirigiu para casa de sua amiga Jisty e jantou com ela e Shiva. Depois do jantar o cavaleiro saiu dizendo que iria encontrar com amigos, mas na verdade, ele queria deixar as amigas mais à vontade para conversarem.

Shina e Jisty sentaram no sofá e assunto não faltavam para elas.

– O Shiva é uma cara legal, né? Pelo menos ele parece ser.

– É sim. No inicio foi mais complicada. Ele é todo soberbo e eu, você sabe, sou geniosa. Tivemos que dar um tempo para saber se realmente seriamos capazes de compreender um ao outro.

– Pelo jeito, esse tempo foi valido.

– Com certeza. Ele aprendeu a ser mais modesto e eu abaixei mais minha crista. E agora estamos felizes.

– Quando vocês pretendem oficializar a união de vocês?

– Não estamos com presa, até porque já estamos juntos, né? Mas mudando de assunto, eu ainda estou passada com a sua atitude. É preciso muita coragem para abrir mão de quem se ama.

Shina deu um sorrisinho leve e jogou a cabeça para trás, encontrado-a no sofá.

– De uma coisa eu tenho certeza. Não esta sendo fácil. Esta doendo muito, mas eu sei que fiz o correto. Agora eu quero é seguir em frente. Continuar meu trabalho aqui no Santuário e não pensar em relacionamentos nunca mais.

– Nós sempre falávamos isso: Nunca vamos nos apaixonar. Homem nenhum vai conseguir nos tira do foco. – falou Jisty fazendo uma entonação grave na voz – No final, eu e você deixamos que o amor nos conduzisse.

– Verdade. E eu aprendi que o amor não nos enfraquece como escutei várias vezes. Ele nos fortalece em muitas situações.

– Hoje eu sinto que se passarmos pela vida sem amar, nada realmente teria valor.

– Já posso afirmar que amei, mas agora meu coração fechou. Chega de amor. Dá muito trabalho. – disse em tom de brincadeira.

As duas sorriram e Shina revelou:

– Amanhã voltarei à ativa. Pronta para um bom duelo?

– Sempre pronta.

– Então amanhã cedo na arena.

– Pronta para os questionamentos? Muita gente vai pergunta ou jogar indiretas sobre sua volta.

– E desde quando deixei os comentários desse povo me atingir? – e sorriu dando uma piscadinha para amiga – Eu sou a Shina de Cobra, meu bem. Tornei-me mais maleável com que merece, agora quem não merece, continuará levando chumbo grosso.

– Gostei da atitude. Essa é muita amiga-irmã.

Elas conversaram mais um pouco e Shina se despediu de Jisty e se dirigiu para sua casa. No caminho ela observou o céu. Estava tão bonito!

– Acho que não existe um lugar no mundo que tenha uma vista tão linda do céu como aqui. – pensou.

Mesmo que ela não quisesse, era impossível não se lembrar de Seiya. Ela gostaria muito de poder esta com ele admirando aquele céu. Então ela parou de andar e sentou em uma pedra. De repente, involuntariamente algumas lágrimas começaram a escorre por seu rosto. Ela sabia que não tinha chorado o suficiente, como sempre, tentou ser forte, mas naquele momento não pode mais suportar. Assim deixou o choro vir.

Perto de onde Shina se encontrava passou um homem que ficou intrigado por ver a amazona sentada ali, sozinha. Então ocultou seu cosmo e se aproximou mais. Percebeu que ela chorava silenciosamente.

– Eu já sabia que ela estava no Santuário, sem o namorado. Porém vendo-a sozinha, chorando dessa forma, acredito que, no mínimo, o namoro chegou ao fim. Se isso for verdade, é interessante! – pensou e se afastou indo embora.

No Japão, Seiya acabava de chegar ao orfanato que foi criado. No pátio encontrou com Mino.

– Oi Mino. – cumprimentou dando um beijo na testa de amiga.

– Seiya. O que te trouxe aqui?

– Minha irmã esta?

– No momento ela saiu, foi ao mercado. Quer espera ela chegar?

– Se não for te atrapalhar.

– Claro que não. Mas, você não me parece bem. Aconteceu alguma coisa?

– Esta tão aparente assim?

– Vamos lá dentro para conversarmos. Acabei de tirar um bolo do forno, que um pedaço?

– Sabe que é uma boa idéia. Não comi nada hoje.


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Notas finais do capítulo

(1) Shiva de Pavão é discípulo de Shaka. Enfrentou Ikki no episódio 54
(2) Episódio 37
(3) (3) Episódio 125 e 126.
(4) (4) Filme: A Lenda dos Defensores de Atena.