Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 3
Terceiro




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Shina tirou o anel e o beijo, colocou sobre a estante e foi para o quarto. Ao chegar ao cômodo abriu o armário, pegou sua bolsa de viagem e começou a guardar seus pertences. Quando estava tudo arrumado, pegou seu celular, procurou um número na agenda e ligou.

– Boa tarde! Gostaria de reservar um vôo para a Grécia ainda hoje.

Depois ligou para outro número.

– Oi Rubi! Você ainda esta na mansão?

– Sim. Todos estão.

– Você pode vir no apartamento do Seiya? Preciso conversar com você.

– Logo estarei ai.

Não demorou muito Rubi chegou ao encontro da amiga.

– O que aconteceu, Shina? Você foi embora tão de repente.

– Pois é. Eu precisava decidir algo que estava adiando, mas agora fiz minha escolha, preciso dividir com você, já que nos tornamos tão amigas. – disse sentando no sofá da sala e puxando levemente Rubi para acompanhá-la.

– Que ar de suspense é esse? Fala logo que decisão é esse.

– Eu pensei muito é achei melhor ir embora. Terminar tudo com Seiya e voltar para Grécia.

– Hã! – assustou-se Rubi – Como assim?

– Eu sei que parece loucura. Tudo que eu queria era estar ao lado do Seiya e quando consigo, decido acabar com tudo. Mas acredite, eu pensei muito para tomar essa decisão, não é um impulso. E eu não estou fazendo isso por mim, mas por ele.

– Por que esta fazendo por ele?

– Eu já te contei sobre o sentimento que o Seiya tem pela Saori, né? É por isso que estou saindo fora. – deu uma pausa e olhou para o alto – Ele não precisa me disser nada, mas eu sei quem ele ama de verdade, sei que ele sofre calado, mas não tem coragem de assumir o que sente. Então eu tomei essa decisão drástica de ir embora, quem sabe assim ele vá, finalmente, atrás da felicidade verdadeira.

– Puxa Shina! O que você esta me dizendo é tão bonita! Mas ao mesmo tempo, tão dolorido. Você esta abrindo mão do seu amor para que ele seja feliz com outra. É preciso ter muita coragem para isso!

– Lembra quando você me falou um trecho da bíblia? – relembrou olhando nos olhos da amiga – Falava de amor.

– Sim, eu lembro. Foi primeira Coríntios 13.

– Pois é. Eu nunca me esqueci daquelas palavras, principalmente onde diz: “Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é grosseiro, nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1). Eu entendo que preciso ser bondosa, e deixar meu orgulha e vaidade de lado. Vir mora com ele foi umas das minhas maiores vitórias. Vibrei de felicidade, mas sinto que se permanecer, não estarei agindo com amor e sim com egoísmo, pois ele não me ama de verdade, sabe? – e os olhos dela se encheram de lágrimas.

Rubi abraçou Shina com força demonstrando apoio.

– Obrigada por me ajudar, por ser minha amiga. Eu não sou uma pessoa muito fácil de lhe dar. Mas você conseguiu, com um jeito muito especial, conquistar minha amizade e meu carinho.

Voltaram a se olhara e Shina deu um leve sorriso e continuou falando:

– Depois que passei a conviver com você, me tornei mais maleável. Percebi que eu não preciso ser tão dura, para conseguir o respeito das pessoas. Obrigada por isso também.

– Para de ficar me agradecendo. Eu não fiz nada.

– Fez sim e sentirei sua falta.

– Eu também... – revelou Rubi chorando – Mas nunca perderemos o contato. E quando eu for acompanhar o Shiry na Grécia, eu vou te ver.

– É.

– Eu fico feliz em saber que aprendemos uma com a outra. Isso é uma das leis dessa vida, e com a gente não poderia ser diferente. Eu deixei um pouco de mim em você e você esta levando um pouco mim. A sua essência nunca vai se perder. A Shina durona esta ai, ponta para bater de frente com quem merecer, porém seu novo lado, mais suave, também vai está presente nos momentos certos.

– Vou te pedir um favor: Se por acaso o cabeça dura o Seiya ficar indeciso em tomar uma atitude, dê um empurrão nele. Você é boa nisso.

– Pode deixar.

Elas se abraçaram por um longo tempo. Só se separaram quando escutaram um barulho na porta, era Seiya chegando.

– Rubi! Não sabia que você estava aqui. Vocês estão chorando? Por quê?

– Logo você saberá. – disse Rubi – É melhor eu ir embora. Tchau, Shina. Boa sorte.

Rubi foi embora deixando Seiya curioso para saber o que ela queria disser com aquelas palavras.

– Senta aqui, Seiya. – chamou Shina apontando para o sofá – Quero conversar com você.

– Sobre o quê? – perguntou sentando ao lado dela e dando um beijo em seus lábios.

– Sobre uma decisão que tomei.

O cavaleiro manteve um olhar questionador para sua namorada. Ele sabia que algo estava acontecendo, mas não fazia idéia o motivo daquele clima.

– Vou ser direta: Eu decidi que nossa história precisa chegar ao fim, por isso vou embora ainda hoje.

Seiya cerrou os olhos tentando entender o que escutou e respondeu de uma forma irônica:

– Ah sim, você decidiu... – e declarou se levantando – Você tem essa mania mesmo: Decide apenas por você. Como se eu não fizesse parte da sua vida e não tivesse direito de opinar em nada.

– Isso não é verdade. Eu fui assim antes de virar sua namorada, pois a vida me ensinou a ser determinada. Mas agora aprendi a dividir meus pensamentos, meus sentimentos e decisões.

– Aprendeu mesmo? Não parece, pois sua frase não foi de uma pessoa que sabe dividir.

– Eu sei que parece que estou passando por cima de sua vontade, mas é o melhor para você. É por você que estou fazendo isso.

– Não. – interrompeu – Não coloque a culpa em mim. Só quero saber se ainda me ama? – perguntou se sentando ao lado da namorada novamente.

– Sim. – respondeu olhando dentro dos olhos do namorado – Amo demais. Não sei se vou deixar de te amar algum dia.

– Então porque esta história de terminar comigo?

– Quer sabe? Esta escolha dói muito em mim, mais do que você imagina. Porém eu tenho amadurecido esta escolha há algum tempo. Não é uma decisão impulsiva. – passou as mãos pelo rosto e respirou – Eu tenho visto você nos últimos tempos e também analisei nosso namoro. Sabe aquele jeito extrovertido seu? Pois é ele sumiu. Tudo bem que você amadureceu, mas sinto falta daquele sorriso gaiato que tem ficado tão apagado... E o seu desejo por mim? Ele vem diminuindo a cada dia. Eu sei que te amo. Com tudo a pergunta é: Será que você me ama? Acho que não.

– Isso não é verdade! Eu te amo sim. Não sei se é da forma que você espera, mas amo. E entanto a questão do desejo, eu acredito que, com o tempo e a convivência, aquela vontade louca de sexo vai diminuindo. Mas isso não quer disser que não sinta mais desejo por você.

– Eu sou observadora e vejo tudo que acontece ao meu redor. Por isso, afirmo que suas atitudes mudaram. Não somente o anseio sexual, mas também sua alegria ao meu lado. Nos últimos tempos, canso de lhe ver cabisbaixo, porém isso se transforma quando você esta ao lado da deusa, não precisa de muita coisa, basta esta no mesmo ambiente que ela esta.

– Você esta com ciúmes da Saori? Por isso esta criando toda essa situação ente nós? – perguntou coçando a cabeça.

– Não. Não é ciúmes e nem estou criando situação alguma. Tudo é uma constatação e se você for sincero, contigo mesmo, verá que eu estou falando a verdade.

Seiya ficou parado olhando para Shina, pensando nas palavras dela. Por mais que ele não quisesse assumir, era tudo verdade. Ele sabia que estava desanimado há algum tempo e era só escuta a voz de Saori que produzia nele uma alegria sem explicação, uma alegria que somente ela proporcionava.

Shina acariciou o rosto de Seiya, com as pontas dos dedos de uma de suas mãos.

– Te amo, meu querido! Eu só quero te ver feliz de verdade, mostrar aquele lindo sorriso seu. Se para isso for preciso me imolar, eu farei. Por isso vou voltar para Grécia ainda hoje, até já fiz minhas malas.

A amazona fez menção em se levantar, porém Seiya segurou os braços dela, o olhou dentro de seus olhos e pediu com um tom triste:

– Não vá embora. Fica comigo. Eu quero você.

Ele a beijo ternamente e surpreendeu Shina, pois ela não lembrava ter experimentado um beijo assim antes. Era como se ele implorasse para ela ficasse. Após o ato a amazona perguntou em um soluço:

– Por que é tão difícil você admitir que ama a deusa? – segurou o rosto dele – Para de fazer de mim um “porto seguro”. Para de fugir de sua real felicidade. Você é um guerreiro tão determinado e teimoso, faça o mesmo na sua vida pessoal.

– Mas eu não sei...

Shina imaginou o que Seiya iria falar e o interrompeu:

– Seiya, eu não preciso ser observadora, como eu, para ver claramente o cuidado e a dedicação que ela tem por você.

– Isso não quer disser nada, afinal a Saori é muito zelosa com todos os seus guerreiros. E comigo não é diferente.

– Deixa de ser burro, Seiya de Pégasos! – gritou Shina se levantando.

– Caramba! Precisa falar assim?

– Precisa! Porque você me irrita. – respirou fundo para se acalmar – Você é muito cabeça dura. Como você não consegue perceber o sentimento da deusa por você? – deu uma pausa – vou te contar algo, preste atenção: lembra quando a deusa foi rapinada por Jamian? (2)

– Não tem como esquecer, até porque passei maus momentos com você e ele tentando atacar a mim e Saori.

– Pois bem. Assim que o dia clareou eu sair em sua busca. Quando o encontrei presenciei uma cena que me deixou com muita raiva: você estava desacordado e a deusa estava a ponto de lhe beijar, mas eu interrompi.

– Oi? Você ta falando sério?

– É claro. – respondeu já perdendo a paciência de novo – Por isso eu estou dizendo que ela te ama.

Seiya ficou estático com aquela revelação e Shina completou antes de ir ao quarto:

– Vai á trás da sua felicidade, assim eu também ficarei feliz.

No quarto Shina ligou para um táxi e voltou para a sala com sua mala, encontrou o namorado ainda sentado no sofá com a cabeça baixa. Ela se aproximou se ajoelhou á frente dele e disse:

– A táxi esta a caminha para me levar ao aeroporto. – ele a olhou – Antes de ir quero revelar que o tempo que passei aqui foi inesquecível e eu fui muito feliz. Obrigada por tudo que fez por mim! – beijo o rosto de cavaleiro demoradamente – Seja muito feliz, ta? Eu te amo!

O táxi chegou e buzino. Shina se levantou pegou sua mala e foi embora dizendo:

– Até breve.

Seiya acompanhou seu caminhar até a porta e sua despedida como se fosse câmara lenta. Ele deveria se sentir livre e até feliz, pois com a revelação de Shina, ele teve a certeza do sentimento se Saori por ele. Mas será que depois de tanto tempo e tanta coisa vivida ela ainda guardava algo por ele? Ele se lembrou da frase de Shina: “Para de fazer de mim um porto seguro.” Realmente ela se tornou isso para ele, um porto segura. Alguém que o amava sem limites, que estava sempre ponta para ajudá-lo, a dar carinho e atenção. Advertir-lo quando era preciso. Além de ser linda e despertar um desejo incontrolável nele. Mas será que isso era amor? Ele acreditava que sim. Um amor diferente do que sentia por Saori. Mas era amor, e o melhor, um amor real, palpável. Não um amor fantasioso como ele tem por Saori.

Seiya tirou os tênis sem desamarrar os cadarços, se deitou no sofá e agarrou uma almofada. Ficou olhando para o teto e pensando em Shina.

– Ela sempre foi um enigma, assim com toda amazona, no período que usava máscara. Eu tinha muita curiosidade de saber como eram os rostos delas, principalmente da Marin e Shina. Uma por ser minha mestra e a outra pelo jeito bravo que tinha. Era incrível como Shina tinha uma autoridade com os soldados. Sempre produzia medo em muita gente. Mas eu não, na verdade eu tinha curiosidade. Ela não ia com minha cara por ser discípulo de Marin e sabendo disso, sempre que podia, gostava de provocá-la. Marin dizia:

– Não faça gracinhas com a Shina. Porque quando você sentir as garras dela em sua pele se arrependera. E ficará sabendo que não se brinca com Shina de Cobra.

O tempo foi passando e a curiosidade de Seiya só fez crescer e o interesse também. Por muitas vezes se imaginou arrancando aquela máscara e a beijando, mas ele guardava essas ideias apenas em sua mente, até porque se isso chegasse aos ouvidos dela, ele estaria acabado.

– Eu viraria picadinho de aprendiz. – disse sorrindo.

Seiya finalmente conseguiu ver o rosto da amazona quando a enfrentou pela primeira vez, na ocasião que Shina queria tirar a Armadura de Pégasos do recém cavaleiro. (3) Ele foi irônico no comentário:

“- Ora o que temos aqui? Com a máscara você era o diabo, mas sem ela, nem tanto.

Mas na verdade ele pensou: “Como ela é linda!

– Quando ela me prometeu revanche eu gostei. Porém não sabia que Shina me daria tanto trabalho. Eu tinha que me preocupar com tantas coisas, como recuperar as partes da Armadura de Sagitário, enfrentar Cavaleiros de Negros, de Prata etc, e a perseguição dela me atrapalhou bastante. Mesmo assim, devo minha vida a ela, em algumas ocasiões.

Procurar Shina depois da Batalha das Doses Casas foi algo que Seiya precisava fazer. Precisava esclarecer algumas questões. Mas principalmente precisava acabar com sua curiosidade. Sim, ele queria beijá-la. Contudo ele não imaginava que um beijo geraria tudo o ocorrido. Uma noite inteira de prazer. Seiya gostou muito, apesar das dúvidas que estavam presentes em sua mente. Além do sentimento que ele nutria pela guerreira, carregava em seu peito sentimentos por Saori e também por Mino. Todos com suas devidas particularidades, mas todas eram especiais para ele.

– Apesar de aquela noite ter sido maravilhosa, eu não agi bem com a Mino, pois naquele período estávamos namorando e eu tinha prometido que voltaria do Santuário são e salvo para que continuássemos juntos (4). Mas isso serviu para me mostrar que eu nunca amei a Mino como namorada e sim como uma amiga especial, era um amor fraternal. Um sentimento tão grande que me confundiu. O ruim foi disser isso a ela.

O celular de Seiya tocou e ele atendeu desanimado:

– Oi, Shiryu.

Oi. Como você está?

– Para você esta me perguntando isso, já deve esta sabendo, né? A Rubi deve ter contado sobre a Shina.

– É. Ela me falou que a Shina ia embora e fique preocupado com você.

– Ela já foi. E sinceramente? Não sei disser como estou. Sinto-me num misto de sensações.

Imagino. Quer conversar sobre isso?

– Seria uma boa.

– Está em casa, certo? Quer que eu vá ai?

– Senão for incomodar...

Logo estarei chegando.

– Valeu!

Enquanto Shiryu não chegava, Seiya se lembrou de um aniversário de Saori.

#######

O evento foi um baile realizado no Santuário, ao ar livre numa noite muito bonita. Apesar de Saori não se importa mais com muito luxo, a deusa quis fazer uma festa muito bonita, com uma bela iluminação e decoração. Além de comidas e bebidas variadas.

Haviam pouquíssimos convidados de fora do Santuário, como as irmãs Hilda e Fleer e algumas pessoas da Fundação Graad. Todos bem vestidos, traje passeio completo. As amazonas já estavam sem usar máscaras e era possível admira-las por completo.

Saori estava usando um lindo vestido logo, rosa bebê e de apenas uma alça. Cabelos ondulados enfeitados com uma presilha. Para completar o visual, um lindo conjunto de brincos e cordão de pérolas. Seiya ficou encantado com a beleza de sua amada deusa. Aliás, todos estavam e a elogiavam muito. Alguns elogios incomodavam o Cavaleiro de Pégasos, mas ele tentava se manter sereno.

Porém havia outra pessoa na festa que atraia Seiya, era Shina, que usava um vestido preto, longo e decotado nas costas. O tecido discreto, mas delineava o seu corpo. Seiya pensava: “Apesar de discreta, ela estava linda.” E não era só Seiya que reparou, Milo e Algol também não paravam de a observar.

Seiya se sentia entre o anjo e o demônio. Saori era o anjo que o levava ao céu de ternura e Shina era o demônio que o levava à total luxaria.

Depois de algumas taças de champanhe, a Amazona de Cobra se soltou, deixou os lugares mais reservados da festa e passou a dançar e ser mais aparente. Dessa forma, passou a provocar Seiya com jeitos e olhares, ou seja, com uma linguagem que só eles sabiam o que significava. Num determinado momento ela se aproximou do cavaleiro e falou em seu ouvido, com uma voz provocante:

– A festa está boa, né? Mas você quer se divertir de verdade? Dá um tempo e me siga.

A voz da amazona arrepiou Seiya dos pés a cabeça. Ele acompanhou o caminhar de Shina até aonde pode, pois ela se dirigiu para fora da festa. Alguns minutos, que pareciam intermináveis para Seiya, passou e ele seguiu os passos de Shina, que deixou seu cosmo aparente para guiar seu amado.

Quando Seiya chegou o local, onde a única luz que existia era a das estrelas, Shina estava a sua espera encostada em uma enorme pilastra, totalmente nua. Ao ver Seiya ela foi a sua direção e o beijou vorazmente. O cavaleiro a abraçou com força e enlaçou as penas dela em sua cintura. Entre beijos ele falou:

– O álcool em excesso não fez bem a você, pois esta totalmente louca.

– Você gostou disso?

– Amei.

– Então deixa eu te ajudar a se livrar dessas roupas, porque a diversão vai começar agora. – pediu tirando a gravada se Seiya.

Ele a empresou na pilastra e se amaram intensamente, misturando gritos e sussurros, beijos e mordidas, apertos e arranhões.

Algum tempo depois, somente Seiya retornou a festa, um pouco descomposto, mas em êxtase.

######

Seiya teve suas lembranças interrompidas pela chegada de Shiryu. A Cavaleiro de Pégasos atendeu a porta e os dois sentaram no sofá.

– Meu amigo, eu estou muito confuso! A sensação que eu tenho e que levei uma rasteira. – afirmou Seiya jogando a cabeça pra trás. – Sabe, sem aviso a pessoa que você escolheu para ficar ao seu lado, resolve te deixar.

– O que ela disse, qual foi o motivo?

– O motivo? Ela disse: que é por amor, que eu tenho que pára de fazê-la meu “porto seguro” e eu preciso ir atrás do amor da Saori.

– Realmente o amor da Shina virou algo seguro para você. E, é claro, que você gosta disso. Afinal como é bom saber que tem alguém que nos ama, cuida da gente, que é capaz de tudo por nós? Deixar uma pessoa assim ir embora é muito ruim mesmo. Pois, tira você da área de conforto e te causa receio.

– É. Eu tenho um fato para te contar, algo que ninguém nunca soube a não ser a Shina e a Saori. Quando Saori foi rapinada por Jamian e eu fiquei desacordado pela fuga, a Shina presenciou a Saori tentando me beijar. Eu fiquei abismado quando ele me contou.

– Não é para menos.

– Mas apesar dessa informação, eu não me senti seguro. O amor que sinto por Saori é algo ilusório, não é concreto, como sinto por Shina. Por isso, não acredito que seja possível acontecer um relacionamento ente eu e Saori.

– E por que você acredita nisso?

– Analisa comigo: eu sou apenas um simples Cavaleiro de Bronze e não tenho nada para oferecer. Ela além de ser uma deusa é milionária, herdeira de uma fundação importantíssima. – deu um sorrisinho desanimado. – Eu comparado a ela, sou irrelevante, em todos os aspectos.

Apesar de Shiryu não concordar com nada que Seiya disse, preferiu deixar o amigo desabafar.

– Por esse motivo eu escolhi deixar esse amor abafado dentro de mim. Embora quase tenha me declarado, quando enfrentamos Artemis e Apolo. Cheguei muito perto, quase assumi que eu a amava. – pausou por alguns Minotos, lembrando desse dia (5) – Mas deixei passar esse acontecimento. E quis assumir minha história com Shina, ela é a mulher certa para mim.

– Seiya, não aceito nada que você falou. A Saori é uma deusa milionária, mas acima de tudo, ela é uma mulher apaixonada por você. Talvez, no passado, quando ela era uma garota mimada, esses requisitos fossem relevantes. Mas hoje? Sabemos que não. Você nunca se perguntou o motivo dela nunca namorar ninguém? E não é por falta de pretendentes. Eu acredito que seja por te amar. Tenho certeza que ela não vai se importar com opiniões contrárias e com censuras. Ela só vai se preocupar em ser feliz. E enquanto a você cabeçudo. – falou batendo levemente o dedo indicador na cabeça do amigo – Para de se rebaixar. Você é um Cavaleiro de Bronze, mas já lutou bravamente e venceu incontáveis desafios. Porque você se acha tão pouco?

O Cavaleiro de Pégasos olhou para o amigo, analisando os apontamentos de Shiryu.

– Eu sei que você gosta da Shina, mas não a ama de verdade. E eu preciso elogiar a renuncia dela. Foi muito bonito o que ela fez. Agora chegou à hora de você parar de se questionar e agir. A pior das hipóteses é a Saori dizer não. Porém, pelo o que já observei durante esses anos, e pelo que você contou. Não acredito que a Saori negara seu amor.

– Aiii, minha cabeça vai explodir! – reclamou Seiya colocando as mãos sobre a cabeça.

Shiryu sorriu com o drama do amigo e aconselhou:

– Quer saber? Vai dormi, descanse. Como diz meu mestre: nada melhor do que um dia após o outro.

– Obrigado por me escutar.

– Amigos são para todas as horas.

Seiya resolveu seguir o conselho do amigo. Tomou uma chuveirada e deitou na cama, apenas de cueca, e antes de dormir ainda lembrou-se de Shina e algumas ocasiões boas que eles viveram juntos naquele apartamento.

– Gostávamos de assistir filmes na nossa TV. Sempre fazíamos toneladas de pipocas ou brigadeiro, e raspávamos a panela até ao fim.

######

Naquela noite o casal estava vendo mais um filme e cada um segurava uma bacia com pipocas. De repente, Seiya botou sua bacia de lado e começou a fazer cócegas na cintura de Shina que, no mesmo momento, reclamou:

– Para. Tô vendo o filme.

– Esse filme esta muito chato! – falou fazendo bico – Vamos ver outra coisa?

Shina não respondeu, deixando o namorado mais inquieto. Alguns minutos depois ele se levantou, segurando a sua bacia, deu uma distancia e começou a jogar pipocas na sua namorada, que ficou irritada.

– Deixa de ser chato! – gritou.

Mas ele não parou e pior, ficou na frente da TV. Então Shina em reação a perturbação do namorado, também jogou pipocas em Seiya.

Quando se deram conta, os dois estavam numa guerra de pipocas e a sala estava toda suja.

– Chega. – falou Shina sentando no sofá – Olha o estado dessa sala!

Seiya não se preocupou com a bagunça, olhou para ela com um sorrisinho travesso e se aproximou da moça fazendo, novamente, cócegas em sua barriga. No final os dois estavam rolando no chão e morrendo de rir.

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– Sentirei muita falta de minha esquentadinha... – sussurrou antes de se entregar ao sono.


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Notas finais do capítulo

(1) 1 Coríntios 13:4-7
(2) Episódio 30
(3) Episodio 1
(4) Episódio 40
(5) Final de Prólogo do Céu

O que estão achando?
Obrigada Rafaela Guerra! Seu comentário me impressionou a postar mais este capítulo.