Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 21
Vigésimo Primeiro


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, estava passando alguns problemas pessoais, além da correria do dia a dia e falta de criatividade.
Por conta de demora, fiz um capítulo mais longo.
Espero conseguir postar capítulos mais rapidamente.

Resumo do capítulo anterior: Milo revelou para a irmã sobre o sentimento que tinha por Shina.

O casamento de Gisty e Shiva aconteceu e Shina estava muito alheia a tudo. Depois, acabou sendo levada a Casa de Sagitário e contou, a Marin e a Barbela, que estava confusão sobre que ela gosta. Após a conversa, Shina foi suspendida pela presença de Shura e os dois acabaram se beijando.

Seiya trocou mensagem, de celular, com Shiryu e afirmou está feliz em percebeu que Shina não estava mais chateada com ele.

Quando Shina chegou em casa, viu no seu celular, mensagem de Seiya e Milo.



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Como era domingo, Shina permitiu-se dormir mais um pouco, porém logo que se levantou da cama, resolveu sair. Pôs uma legging preta, uma t-shirt cinza, um tênis e foi correu na areia da praia, aproveitando que o dia estava mais nublado e por isso, menos quente. Era bom sentir a cheiro do mar, isso a relaxava e fazia sua mente refletir melhor.

Depois de algum tempo correndo, sentou-se a areia, como uma toalhinha, enxugou o suor que escoria em sua face, bebeu uma boa parte da água que trazia em uma garrafa e ficou observou o mar.  Mesmo tentando ocupar sua mente, era impossível não pensar em Milo, em Shura e na confusão que sua cabeça estava. Parecia que ela não tinha mais nada para se preocupar, e isso não era verdade, afinal  era mestra de vários aprendizes e isso dava bastante trabalho e preocupação.  De repente ela sentiu a aproximação de alguém e se virou para procurar. Era justamente uma das pessoas que ela não queria encontrar, o Cavaleiro de Escorpião. 

— Os deuses estão trabalhando em meu favor! - brincou sentando ao lado da amazona- Resolvi caminhar um pouco na praia e quem eu encontro? 

— Oi Milo... - cumprimentou não muito animada.

— Você não respondeu a minha mensagem. Está com muita raiva de mim?

— Não. Apenas queria ficar sozinha.

— Acho que isso é uma direta. Se eu fosse mais sensato iria deixar-lhe sozinha, mas não sou, vou ficar. - Shina o olhou com indiferença e cansaço - Preciso falar com você... Eu quero me explicar sobre nosso beijo.

— Explicar o quê? - perguntou ainda desanimada - A culpa foi minha, eu sei, não deveria ter provocado um dos maiores "pegadores" do Santuário.  

Aquela frase incomodou Milo. O mais engraça é que, há pouco tempo atrás, essa característica o deixaria lisonjeado, mas naquele momento, não. Assim, uma pequena careta se formou em sua face.

— O que foi?

— Eu não gostaria que nossa conversa tomasse esse rumo irônico. - ela sorriu incomodando ainda mais Milo - Shina, to falando serio. Fiquei angustiado, não queria perder o que já conquiste, ou seja, um pouco mais de se coleguismo, de poder conversarmos como agora. Eu não queria ter avançado o sinal, mas você me atiçou e eu não sei porquê? 

— Me deu vontade. - e antes que ele falasse algo a amazona continuou - Já que estamos sendo sincera, gostaria que você dissesse qual é seu real interesse em mim.  

— Bem, vamos do inicio: eu nunca te achei atraente, ao contrário, você era o avesso de tudo que eu gostava de uma mulher. E por suas atitudes raivosas, acreditava que você deveria ser muito feia, por isso era tão insuportável. Porém, minha teoria caiu por terra quando seu rosto foi revelado, você era linda naturalmente, mas ainda sim, longe de atrair meus olhares. A não ser depois da feste de aniversário Saori Kido, de Atena, aquela que aconteceu aqui no Santuário. Aquela noite você estava linda demais, mexeu comigo. Ainda mais, depois que você começou a dança. Nossa!!! Que vontade de beija-lá e outras coisas a mais. A parti de então, passei a te olhar de outra forma. Pois apesar no temperamento difícil, você era bonita e poderia ser muito atraente.

— Você nunca consegue responder rápido a uma pergunta, né? - perguntou começando a ficar ansiosa.

— Eu quero que você saiba tudo o que já passou em minha mente, sobre você. Por isso, estou contando tudo. Posso continuar ou você quer que eu pare?

— Continue logo. - perdendo a serenidade.

— Depois que você voltou para o Santuário, fiquei muito curioso para saber o motivo. Uma das coisas que passou pela minha cabeça foi que: talvez Seiya não tivesse cuidado de você como deveria. De repente você precisasse de um homem com um potencial melhor para satisfazer você.

— Que ridículo! - se alterou.

— É. Esses pensamentos fazem parte de mim.

— A resposta foi dada. E fique sabendo que eu NÃO preciso de potência sexo. Eu quero muito mais de um homem. - falou se levantando, porém, Milo a segurou pelo braço e afirmou que ele ainda não tinha acabado.

— Então responde logo, pois estou ficando sem paciência. - pediu ficando de joelhos.

— Ok. O que eu queria de você? Sexo. - confessou  asperamente, também de joelhos - Mas agora não quero só sexo. - a voz ficou carinhosa - Quero sua felicidade, seu sorriso, momentos bons ao seu lado. Eu descobri que além de desejar-te com toda a minha força, eu também te... amo...        

Shina ficou imóvel tentando absorver as ultimas palavras de Milo, que, por sua, vez acariciou seu rosto.

— Sabe, apesar de você ser irritante, eu tenho aprendido a gostar de seu jeito explosivo. - sorriu - Assumo que gosto de ser conquistador, gosto de apreciar as mulheres e ver como elas se satisfazem nos meus braços. Sei que acabo não dando o valor que muitas merecem, mas eu sou assim e quem ficou comigo sabia que nunca havia prometi nada. Porém, com você... Tudo tá sendo diferente. Ter esse sentimento brotando dentro de mim é muito novo, tão novo que eu nem sei como devo agir. Responda-me: Quando amamos alguém é pecado desejar essa pessoa loucamente?

Shina respondeu não com a cabeça, afinal ela sabia o tão bom era desejar e amar verdadeiramente alguém.

 Milo continuou a acariciar a face dela até que resolveu arriscar e encostou seus lábios nos da amazona, que permitiu o contato. Assim, trocaram alguns estalinhos e voltaram a se olhar, porém foi algo mais profundo, como se pudesse ver o intimo de cada um. Então voltaram a se beijar, mas agora como mais profundidade e também se abraçaram. Como Shina se entregou mais, sem ficar questionando as atitudes de Milo, o momento foi mais especial. O toque dele fez um efeito maravilhoso interior da amazona.

O beijo intenso foi diminuindo e eles terminaram com alguns estalinhos.  Porém o contato físico não acabou, Milo foi descendo uma trilha de beijos até o pescoço dela, que murmurou:

— Estou suada.

— E daí? Eu só quero você. Vem comigo. - pediu se levantando e puxando Shina pela mão até próximo a alguns rochedos mais a cima,  encostando a em uma das grandes pedras.

— Milo, eu...

Ele não a deixou terminar de falar e a beijo novamente. Shina não conseguia impedir que ele deslizasse carícias em seu corpo, até que ele adentrou com sua mão por debaixo da t-shit dela, acariciando, parte das costas e a barriga, então chegou aos seios, apesar de haver um tecido para atrapalhar, finalmente pode toca-los.

Com rapidez, Milo pirou a blusa dela e pode ver seu abdome levemente musculoso, próprio de uma guerreira, foi tateando os dedos, do ventre até chegar ao top preto, que ela usava, e apertou de leve seus seios. Shina se arrepiava com cada toque, principalmente no ultimo ato do cavaleiro, tanto que chegou a dar um leve suspiro.   

Ele a olhou nos, lindos, olhos verdes, a beijou como urgência, segurando com uma mão a nuca da guerreira, enquanto a outra continuava a apalpar seus seios, mas agora por baixo do top. Porém quando tentou tira-lo, Shina o empurrou.

— Chega. Já deu por hoje. - afirmou pegando sua blusa do chão.

— Oi? O que eu faço com meu desejo por você?

— Isso eu não posso responder.

— Não faz isso comigo, de novo. - pediu a abraçando - Você me deixa doido quando faz isso. Antes você não sabia do meu sentimento, mas agora sabe. Eu preciso ter você... -

— Quem sabe um dia. - falou saindo dos braços dele.

— Por que faz isso se eu sei que quer, tanto quando eu?

— Tenho os meus motivos. Além do mais, você não acha que com apenas algumas palavras bonitinhos vai me convencer a transar com você? Não. 

— Mas...

— Tem mais, eu te peço: me da um tempo. Eu to confusa e preciso pensar o que eu quero de verdade. Não me procura mais. Você vai respeitar meu pedido?

— Sim. - respondeu baixinho, afirmando também com a cabeça.

Shina foi embora deixando um escorpião tristonho sentado entre os rochedos, olhando para o mar. 

# # # # # #

Como Saori estava em reunião com Shion, tratando de assuntos do Santuário, Seiya resolveu fazer visitas a alguns amigos. A Casa de Leão foi o primeiro lugar que ele foi e lá conversava com Aiolia e Marin, na sala de estar do casal, sentados no sofá, o casal em um e Seiya ao lado.

— Como está o noivado?

— Muito bem, Aiolia. E logo nos casaremos. Antes do Hyoga que ta lerdando muito.

— Se está tão bem, por que eu senti um pouco de insegurança em sua voz?

— Caramba! É difícil passar despercebido por você, né Marin?

—Te conheço como a palma da minha mão.

—Bem, mesmo sabendo do nosso amor, nossas vidas são bastante diferentes, socialmente falando.  Sabe como é: a Saori foi educada com toda a classe. Já eu sou essa pessoa que vocês conhecem: brincalhona, desatenta, sem jeito para questões muito formais. Já tive que acompanhá-la num evento da fundação, e eu fique muito nervoso. Apesar de ser o “cavaleiro que venceu deuses” penso que não posso agregar muita coisa na vida dela. Por isso, ainda me sinto inseguro.

— Pela forma que ela assumiu o amor por você, encarando todos, inclusive quem era contra, acredito que ela não deve está tão preocupada com isso. - comentou Aiolia.

— É. A Saori tem o pulso forte. Não foi somente por aqui que ela se comportou assim. - contou Pégasos.

— Então querido, pare de se inferiorizar. - pediu Marin se levantando do sofá que estava e indo se sentar ao lado do discípulo - Você é o homem da vida da Saori. 

 - E eu a amo mais do que tudo. Está ao seu lado e a melhor coisa da vida.

Conversaram mais um pouco e então Seiya se despediu, porém pediu para Marin o acompanhar até a porta de saída. Queria falar apenas com ela.

— Você viu a Shina ontem? Falou comigo e a Saori. Fiquei muito aliviado, pois percebi que ela não está mais magoada comigo.

— Sim. Ela superou a dor de não esta mais ao seu lado.

— Mesmo assim, pude notar que não estava bem. O que está acontecendo com ela?

— Passando por algumas conflitos pessoais.

— O que seria?

— Seiya, eu não vou falar das particularidades as Shina, com você. Até porque o rumo de suas vidas são diferentes, agora. Ela não gostaria que eu comentasse essa coisa com alguém, mesmo que fosse você.  

O cavaleiro embolsou uma expressão de malvado.

 - Não adianta fazer cara feia.

— Eu não quero xeretar a vida dela, Marin. Só quero ajudar.

— Então faz o seguinte: peça aos deuses que a direcione. Isso deve ajudá-la.  

# # # # # #

Nas escadarias, próximo a Casa de Áries, Kiki e Cléia conversavam, com um tom de voz baixa.

— Então como foi o encontro de ontem? - perguntou a aprendiza.

— Fomos à lanchonete que sempre vou com você e lanchamos mik shake com batata frita. Foi bom, pois nos conhecemos melhor. Apesar da timidez, conseguimos conversar bastante. Ela é legal e... Tem um beijo bom.

— Pensei que você não fosse mencionar isso. – brincou – Afinal um encontro sem beijo, o que seria?

Os amigos sorriam e Kiki completou:

— Já que seu interesse é nesse pequeno detalhe: nos beijamos muito. Mas só no final. Consegui roubar um beijo dela e depois ficamos nos beijando um tempão.

— Uhhh! - sorrindo - Que bom que você ficou feliz com o encontro. A Jenifer parece uma garota legal, mas com autoestima muito baixa.

— Pois é... Nem sei como conseguimos sair e conversar tanto. Mas sabe o que descobrir entre linhas: ela tem ciúmes de você. Ela contou que achava que nós namorávamos.

— Mais uma pessoa? O que a gente faz para todos pensarem isso?

— É natural. Afinal somos muito amigos, vivemos junto quase o tempo todo e, principalmente, somos um rapaz e uma moça. Infelizmente, as pessoas tendem a pensar que amizade entre um homem e uma mulher não existe.

— É bobagem! Ou será que você gosta de mim e eu não sei? - perguntou analisado a expressão de Kiki, que sorriu alto.

— Você é uma linda garota e tem muitas características que eu admiro, porém tem um pequeno problema: é minha melhor amiga. O meu coração escolheu te amar como irmã. O que eu posso fazer? 

— Continua assim, me amando com irmã, pois eu também te amo assim. - os dois se abraçaram forte - Eu sempre vou estar do seu lado, em tudo. Te amo assim como amo Milo. Isso nunca vai mudar.

— Eu sei. O amor pode ter várias formas e o nosso é em forma de amizade.

— Sim.

Nesse momento Seiya estava descendo as escadarias, vi o abraça dos dois e resolveu brincar:

— Quê bonitinho o casalzinho!

Quando os amigos olharam, viram Seiya fazendo gesto de beijo, encontrando as pontas dos dedos de uma mão na outra. Isso os fizeram sorrir.

— Não Seiya. Estávamos justamente fala que nos amamos como irmãos. - explicou Kiki.

— Será mesmo?

— Sim. 

— Já que vocês dizem, mocinha linda, eu acredito. Eu entendo que os sentimentos podem nos confundir. É bom quando se tem a certeza do que se sente.  

Os amigos se entre olharam e Kiki perguntou sobre Saori e o cavaleiro afirmou:

— Ela esta conversando assuntos sobre o Santuário e eu resolvi dar uma volta para rever amigos. Mu está em casa?

— Sim. Vá lá dentro. O mestre vai ficar feliz em revê-lo.

— Vou sim. Olha, mocinha linda, ser amiga de Kiki é uma benção, ele é muito especial.

— Eu sei... – respondei sem entender o motivo àquela afirmação.

— Ah, se casarem, não se esqueçam de me convidar. Fuiiiii. – e entrou na Casa de Áries deixando os amigos incrédulos do que ouviram.

Kiki percebeu que Cléia ficou um pouco irritada e comentou:

— Não fique chateada com o Seiya, ele é muito brincalhão.

— Eu sei da fama dele e agora pude comprovar.

— Ele e os outro quatro Cavaleiros de Bronze são muito importantes em minha vida, aprendi muito com eles, além de serem amigos para todas as horas.

— Foram muitas aventuras, né?  

— É como! Mas o que aconteceu? Ficou estranha de repente. Foi o que ele disse que te deixou assim?

Cléia permaneceu calada por alguns estantes, ponderando o que diria.

— É porque eu percebi, através de comentário de Seiya, que digo que sou sua amiga, que confio em você, contudo, não te conto um segredo meu. Não é nada de mais, na verdade é uma besteira, mas eu deveria te contar. Ainda não disse por vergonha.

— Cléia, apesar de está morrendo de curiosidade, não é necessário contar se você não tiver certeza que quer dividir isso comigo. Eu entendo.

— Eu realmente preciso dividir isso com alguém, e você é a pessoa ideal. Só não ri muito da minha cara, tá? Eu já te disse varias vezes que não quero namorar, que eu não gosto de ninguém, mas é mentira... Eu gosto de uma pessoa... Só que eu sei que nunca será possível ela me notar, até porque ela é comprometida.

— Fala logo quem é, eu estou quase me mordendo de curiosidade.

— É...- ficou muito corada - É o Hy...Hyoga.

— Quê!!! - deu um grito e depois colocou a mão na própria boca - Não acredito!!!

— Nem eu acredito nisso... Mas aconteceu. Do nada comecei a ver coraçãozinhos quando ele ficava próximo de mim. - debochou de si mesma para tentar amenizar sua vergonha - Por isso que eu falei que era besteira.

— Não é besteira, ao contraio, é importante, afinal, pelo que eu saiba, é a primeira vez que você gosta de alguém. Você é boa em esconder as coisas! Eu nunca percebo isso.

— Eu escondi porque eu acha horrível gostar de alguém super comprometido, quase casando. Mas é mais forte do eu.

— Não precisa se justificar, querida. Não escolhemos a quem gostar. Só que o Hyoga ama muito a Eiri e eu não sei...

— Nem precisa terminar a frase. Primeiro: ele olha para mim como uma garota bonitinha que também é discípula do mestre dele. E segundo: eu nunca ousaria a atrapalhar a relação dele. Então, eu só estou te contanto isso para aliviar meu coração. Mas esse assunto morre aqui. Nunca mais vamos falar nisso, tá?

— Como você quiser.  

# # # # # #

Saori e Shion acabavam de conversar e resolver assuntos do Santuário, mas antes que a deusa deixasse o escritório, um cômodo amplo e rústico, com um estante cheia de livros encontrada numa parede revestida imitando tijolos e uma grande mesa de madeira escura.(1) O Grande Mestre perguntou:

— Permita-me perguntar: Como está ser relacionamento?

— Vai bem. - respondeu com um sorriso - Eu estou muito feliz, está ao lado de Seiya ainda parece um sonho.

— E os preparativos do casamento?

— Está caminhando. Já contratei uma equipe de cerimonialistas, eles sempre fazem os eventos para a fundação, e agora, estão trabalhando para o meu casamento. Tem mais: eu e Seiya decidimos que o melhor lugar para realizarmos o enlace é aqui, pois grande parte de nossos convidados são aqui. Gostarias até de fazer algo bem pequeno, mas chegamos à conclusão que é impossível. - contou gesticulando bastante, demonstrando entusiasmos.

— Realmente.

— Amanhã virá dois profissionais para averiguara o local e planejarem a decoração.

— Senhorita, eu posso perceber sua empolgação, porém também percebo que existe alguma coisa lhe preocupando. Desejado, pode se abrir comigo.   

— Obrigada pela preocupação. - agradeceu olhando docemente para Shion - É interessante saber que me conhece tão profundamente!

— Desde que voltei à vida, tivemos várias oportunidades de estreitarmos os laços de amizade. Assim posso disser que lhe conheço muito bem, sim.

 - É verdade. Eu confio em você, Shion, por isso vou me abrir. Apesar de está feliz, tenho me preocupado, um pouco, com a cobrança excessiva que Seiya tem com consigo mesmo. Por mais que eu diga que não me importo, ele parece não acredita. Isso realmente me preocupa. Tenho medo dele acabar desistido de nós.  

— Compreendo.

— É muito bom quando estamos sozinhos ou na companhia de nossos amigos. Ele se comporta com naturalidade, é verdadeiro. Mas quando estamos frente a ocasiões sociais, ele fica travado, quase não fala. Parece outra pessoa.  

— Imagino que deva ser complicado para ele, esses ambientes. Seiya é um cavaleiro com qualidades esplêndidas, mas particularmente, ele nunca foi muito responsável, sempre levou as coisas na brincadeira, correto?

Saori, levantou pensativa e se dirigiu a grande janela do escritório.

— Sim. - afirmou observando o seu Santuário com um olhar triste - Porém eu não me importo com isso. Eu o amo do jeito que ele é. Eu só queria que ele relaxasse. Seria mais fácil para ele mesmo. 

— Se quiser, posso conversar com ele.

— Não quero lhe dar mais preocupação, você já tem muitas.

— Mas se desejar, pode contar comigo.      

— Muito obrigada!

# # # # # # #

Na Casa de Áries, Seiya desabafava sobre o medo de não fazer Saori feliz, com Mu e o amigo, em sua sabedoria fazia Pégasos refletir.

— Seiya. É curioso lhe ver tão preocupado com a opinião alheia. Você nunca foi assim. E pelo posso me lembro, as pessoas nunca acreditaram muito em você, porém isso nunca foi empecilho para se tornar o cavaleiro respirado que é hoje. Com tudo, você treme nas bases quando se trata do seu relacionamento com Saori. Por quê? 

— Já disse: não me sinto na altura dela. Ela é linda, rica, responsável. E eu? Com a Shina, "a vida" era mais fácil.

— Posso fazer uma pergunta indiscreta? Por acaso lhe passa pela cabeça não casar com a Saori e voltar para Shina?

— Não. De forma alguma. - afirmou convicto - A Shina é especial para mim, mas o amor que sinto por Saori é incomparável, eu quero estar ao lado da minha desusa pro resto da vida. Só tenho medo dela se cansar de mim.

 Mu balançou a cabeça negativamente e afirmou:

— Provavelmente você já tenha ouvido o que vou lhe dizer, mas, vou repetir: pare de se cobrar. Saori te conhece muito bem, sabe de todas as suas competências e limitações e mesmo assim, te ama e admira, Isso é tão claro como o dia. O que mais você precisa para viver esse amor sem tanto preso?

Seiya ficou calado por alguns minutos, realmente as palavras de Mu não foram tão diferentes em relação às de Shiryu, Marin ou Shun, mas pareceu que clareou sua mente inquieta.

— Você tem toda a razão. E to sendo ingrato com a oportunidade que a vida me deu. Sou apaixonada pela Saori por tanto tempo e julgava impossível vivermos esse amor. E agora que deveria estar radiante, me cobro e me questiono. Não posso viver assim, do contrário não serei feliz e não a farei feliz, com prometi.    

— Exatamente, cara amigo.

# # # # # # #

 No final da tarde Milo foi até a Casa de Aquário para coversar com Camus. 

Os dois estavam na sala, um ambiente bastante claro e amplo, com sofás brancos, cortinas brancas e moveis brancos. (2) Milo havia se sentado de uma maneira confortável, quase deitando no sofá e abraçando uma almofada. Acabava de contar o ocorrido com Shina, mais cedo.

Camus apenas escutava a história, sentado no sofá ao lado, teve que parar a leitura interessante de se livro para prestar atenção na lamuria do Escorpião. Sua postura era totalmente diferente de Milo, pois estava sentado com o corpo ereto e as pernas cruzadas. Por um momento pensou que parecia um psicólogo.

"- Acho que vou começar a cobrar consulta." - ponderou. 

 Mas Camus sabia que ouvir Milo era papel de um amigo de verdade.

— Então é isso: mais uma vez ele me rejeitou. Tá certo que eu fiz por merecer, na noite do arranhão na cara, mas hoje, creio que fiz tudo certo: fui verdadeiro e falei tudo que sentia. Sei que ela queria tanto quanto eu, pude sentir quando a beijava, porém ela se esquivou de mim parece que sou um monstro, sei lá quê.

— Isso é conflitante para você. Afinal um...

— Um conquistador como eu, que está acostumado a dominar, está sendo rejeitado, pisoteado e arruinado é bastante ruim.- afinou interrompendo Camus.

— Não exagera, Milo. - pediu franzindo a sobrancelha— Com tudo, essa situação tá servindo de ensinamentos para você.

— Nem sempre o mundo gira em torno do meu umbigo, né?

— Sim.

 - Isso deveria me irritar. Se fosse com outra, eu já teria desistido a muuuito tempo, mas ela... Como eu fui deixar uma mulher fazer isso comigo?

  - E você vai aceitar o pedido dela?

— Preciso mostrar que a respeito, do contraio ela nunca vai confiar em mim.

— Creio que isso é um ponto positivo. Você está começando a aprender a lhe dar com a complicação sentimental de Shina.

— Porém o grande problema não é esperar por ela. O pior, mesmo, é saber que existe outro cara a rondando e é um forte concorrente. - respirou fundo e jogou a cabeça para trás - Fico me perguntando o tempo todo: será que eles transaram? Eu morro de ciúme em pensar nisso.

— Isso não é da sua conta?

— Você diz isso porque não esta em minha situação.

— Não. Digo isso porque acredito que as pessoas são livres para viver o que querem. A Shina não lhe pertence e nem tem algum tipo de relacionamento com você para que fique sentindo ciúme dela.   

— Não é possessividade, é... - deu uma pausa longa, buscando coragem - Eu tenho medo de perdê-la.

# # # # # # #

À noite, na casa de Shina, ela desabafava com Barbela:

— Desde que me entendo por gente, nunca quis me apaixonar. Principalmente quando cheguei a esse Santuário. Apenas queria ser uma excelente amazona e cumprir com a missão que o destino me deu, porém parece que a vida gosta de me por a prova. - contou servindo um copo de suco a sua mestra.

— Percebo que, grande parte dos guerreiros, não querem viver uma apaixonar, mas acabei descobrindo que todo precisamos sentir o que é o amor, pelo menos uma vez na vida, seja como for. Afinal, amar é uma das principais características do ser humano.

— Pois é, eu já tinha me apaixonado na vida. A cota deveria ter sido extinguida, mas não, agora veio em dose dupla.

— Pois é. Você acabou de falar do destino, nunca sabemos o que ele quer para nossas vidas, realmente. Podemos planeja tudo, mas é o destino que dará o aval final.

— Porque essa droga de destino brinca tanto comigo. Já passei por tantas coisas por causa de Seiya, agora o amor veio em dose dupla, confundindo ainda mais minha cabeça. Sei que vocês querem que eu fique com Shura, até eu queria, mas não posso negar que também sinto algo muito forte por Milo.

Barbela ficou olhando para sua pupila. Ela era adulta, mas, naquele momento, parecia uma garota com muitas perguntas e respostas insuficientes.

— Venha cá. - pediu puxando levemente a braço de Shina - Deixe eu fazer o "papel" de mãe, por alguns momentos. Deite-se no meu colo. 

 Shina relutou um pouco, não queria demonstra sua fraqueza, mas seria bom deixar o lado de mulher forte adormecido e se permitir ser uma menina novamente.     Então ela se deitou no calo de sua mestra e enquanto Barbela acariciava os cabelos de sua discípula:

— Sabe o que você precisa fazer? Precisa para de cobrar, o tempo todo, uma decisão imediata e também deixar de buscar resposta externas, tente relaçar, pois, do contrário,  você nunca vai conseguir escutar o que seu coração quer realmente.

— E se meu coração me enganar e eu escolher o homem errado? Tenho medo de sofre mais, nessa vida.

— Infelizmente, não podemos garantir felicidade eterna e nem garantir que ninguém vá, um dia, nos decepcionar. Isso, em todos os tipos de relacionamento. Não vê em meu caso? Quando fugi desse Santuário, abandonei você e Geisty e as decepcionei. Eu também fique decepcionada comigo. Na verdade, o ser humano é falho, nós podemos ferir os sentimentos das pessoas sem intenção.

— De fato. - algumas lágrimas escorreram da face de Shina - To parecendo uma menina boba e enrolada chorando por causa de seus sentimentos.

— Chore, pode chora. Isso não é fraqueza, faz parte de ser humano. - Shina chorou com mais ardor - Isso. Não tenha medo de demonstrar o que sente, não para mim. Vou dar o ultimo conselho da noite: deixe, um pouco, de lado os questionamentos racionais. A vezes a razão atrapalha. Nesse momento, siga seu coração e seu que ele vai te guia para a melhor escolha.

— Sim. - sussurrou.

 Barbela começou a cantou uma música, ainda acariciando os cabelos da discupila:

                - Mas é claro que o sol vai voltar amanhã / Mais uma vez, eu sei /Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã / Espera que o sol já vem / Tem gente que está do mesmo lado que você / Mas deveria estar do lado de lá / Tem gente que machuca os outros / Tem gente que não sabe amar / Tem gente enganando a gente / Veja a nossa vida como está / Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar / Confie em si mesmo / Quem acredita sempre alcança! (3)

 Naquele momento, Shina foi relaxando, como há muito tempo não conseguia e por fim acabou adormecendo.  

# # # # # # # #

No mesmo momento, na Casa de Capricórnio, Shura e Aiolos também conversavam sobre Shina, junto a uma garrafa de vinha.

— Tenha quase certeza, que se não fosse por Milo, já estaríamos juntos, afinal temos tudo ao nosso favor, mas esse escorpião... Como ele conseguiu deixa-la tão confusa? - questionou se debruçado na sacado de sua varando.

— Também me pergunto isso. - revelou Aiolos, colocando-se ao lado do amigo – Parece-me que ela gosta de sofrer.

— Acho que não. Acredito que ela já tenha sentindo muita dor por conta do amor e com isso, tende a se resguarda tanto.

— Se fosse assim, seria mais um motivo para não se aproximar de Milo. Porém, vejo ao contrário. Em minha opinião a Shina é, normalmente, confusa. Nunca sabe o que quer.

— Confusa e irresistivelmente linda e atraente. Você sabe que eu não sou de investir a toa. Eu sei que a gente pode dar certo.  Muito. Por isso, estou sendo paciente e deixando-a assumir a situação. Apesar de está louco para ir ao seu encontro e mostrando que sou o cara certo ela.

— E se, por acaso, ela for masoquista e escolher o outro?

— Prefiro não pensar nisso agora, meu amigo. Sei que ela não é a única mulher do mundo. Existem muitas, tão belas e atraentes como ela, mas o que sento por ela vai  além do físico, há sentimento. Por isso, espero que Eros me ajude nessa causa.


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Notas finais do capítulo

(1) Escritório: http://s.glbimg.com/et/pr/f/original/2014/10/23/decor4.jpg
(2) Sala de Camus: https://meucasamento.org/wp-content/uploads/2015/03/decora%C3%A7%C3%A3o-clean-17.jpg
(3) Música: Mais Uma Vez - Renato Russo.



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