No dia seguinte Milo estava inquieto, em seu quarto, a possibilidade de Shina está se envolvendo com Shura o perturbava. Então resolveu tira essa dúvida de sua mente. Arrumou-se com a primeira pesa de roupa que viu, saiu de casa decidida. Na subida das escadas em direção a Sagitário encontrou Camus. O aquariano percebeu no exato momento que olhou para o amigo, que ele não estava bem.

            - O que aconteceu, Milo?

            - Preciso resolver um assunto com Shura, depois nos falamos. - respondeu rapidamente, passando pelo amigo.

            Camus pressentiu problemas à vista, por isso não deixou Milo prosseguir, foi atrás dele e o parou.

            - Responda-me: o que aconteceu? Que assunto você tem com Shura? Tem a ver com Shina, né? Não vou deixar você fazer besteira.

            - Camus, obrigada pela preocupação, mas não preciso de babá. - falou irritado.

            - Eu não sei o que você vai fazer, mas seja racional para não se arrepender depois. Vamos até sua casa para me contar o motivo dessa sua irritação?

            Milo ainda estava irritado, mas encarou o amigo e viu a preocupação em seu rosto e revolveu aceitar seu pedido.

            Na sala da Casa de Escorpião os dois se sentaram no sofá e Milo contou a desconfiança de Shina e Shura estarem juntos e a vontade que saber da verdade o quanto antes.

            - E você pensou que indo até Shura era a melhor opção? Que tolice! Ainda bem te encontrei a tempo! Diga-me: O que você é da Shina para tirar satisfação com Shura sobre ela? Pelo que eu saiba, ela apenas te ofereceu a amizade, não foi isso que você me contou?

            - Sim. Mas estou me corroendo de curiosidade. A energia que eu senti ontem foi forte, tenho certeza a aconteceu alguma coisa.

            - E perguntar para Shura é a sua saída? – sorriu ironicamente – Você não pensou que Shina poderia ficar sabendo, não necessariamente por Shura, pois ele não tem esse perfil, mas por qualquer outra pessoa? Tudo que você julga ter conquistado, ontem, iria por água a baixo.

            - Mas eu preciso saber até que ponto Shura foi privilegiado e eu desfavorecido. – revelou pensativo.

            - Por Atena! O que você quer afinal de contas? Vencer uma disputa de conquista barata, aonde você vai provar que é o macho alfa, ou mostra seu verdadeiro eu, resaltando suas qualidades para Shina veja que você é a melhor escolha? – perguntou irritado – Ser for a ultima opção, pode contar comigo.

            Milo ficou parado por algumas estantes pensando nas palavras de Camus.

            - Você acredita que eu devo esquecer sobre Shura e Shina? – Camus afirmou balançando a cabeça – Você acredita que eu preciso continuar minha aproximação sem questionar nada?

            - Exatamente.

            - Você acredita que na medida em que ela for me conhecendo mais é capaz de se apaixonar por mim? – perguntou com um leve sorriso e Camus afirmou com a cabeça – Conte-me como você pode afirmar com tanta convicção sobre conquistar Shina, já que você, nunca teve um relacionamento? Como você pode ter certeza sobre estratégias de conquista?

            - Primeiro, uma correção: já tive envolvimentos amorosos, apenas não preciso ficar divulgando. Segundo, respondendo sua pergunta: simples, tanto no amor como a guerra é preciso analisar todas as situações, do contrário não se vence. – respondeu calmamente – Pense como se você estivesse enfrentando um adversário perigoso e senão for cauteloso o bastante, perderá.

            Milo se levantou e foi até a janela, olhou a vista do Santuário por algum tempo enquanto Camus permaneceu calado esperando alguma manifestação do amigo. 

            - Eu já sei o que vou fazer. Vou fazer uma pesquisa de campo para sabe como conquista-la. Posso conversar com Aiolia, ele a conhece bem.

            - Difícil será ele acreditar em suas boas intenções, mas manda ver.

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            Milo passou pela Casa de Leão, mas percebeu que estava vazia, então foi procurar Aiolia na arena, pois acreditava que ele estaria por lá. Intuição correta, pois o leonino estava treinando com o irmão.

            O cavaleiro aguardou um pouco, sentado na arquibancada, para não atrapalhar a desempenho dos irmãos. Enquanto isso percorreu o olhar pela arena procurando sua amazona preferida e também sua irmã, então ele ficou surpreso, pois encontrou as duas juntas e parecia que Shina estava passando alguns ensinamentos para a aprendiza. Um pequeno sorriso se formou na face de Milo, ele gostou do que viu, apesar de sempre se julgar melhor que os outros cavaleiros de patente menor, avaliava Shina como uma excelente guerreira e sabia que era uma ótima influencia para irmã. Além disso, ele saber que treinar diretamente com Shina deveria deixar Cléia feliz, pois ele já ouviu a irmã elogiar a amazona várias vezes.

            A Amazona de Cobra fez eu gesto, chamando Cléia para ataca-lá e o orgulho de Milo acendeu quando notou o embate acirrado das duas.  Com movimento muito rápidos e concisos. Por muito pouco sua irmã teria acertado o ombro de Shina, porém a professora foi mais ágil e atingiu com um chupe na barriga de Cléia, a jogando no chão, mas ela se levantou rapidamente, assumiu posição de combate e voltou a atacar com a mesma intensidade.

            "- Essa garota está cada vez melhor! Olha a desenvoltura dela! Continue dedicada assim, minha irmã. Você vai longe!" - pensou.

            O pensamento dele foi interrompido por Aiolia que tinha se aproximado dele e tentava obter uma reação do escorpiano que parecia estar com a mente em outro planeta.

            - Oi Aiolia! - respondeu um pouco aéreo.

            - Tava em que planeta? - brincou Aiolos que estava junto do irmão.

            - Desculpe, é que estava admirando minha irmã treinar. - contou sorridente - Poucas vezes eu a vejo treinar longe da minha supervisão.

            - A Cléia é ótima aprendiza, uma das melhores, além de ser muito dedicada.

            - Eu sei Aiolia, poucas vezes a elogio, para ela não ficar se gabando e levar o treino mais a sério. Mas agora estou percebendo o meu erro.

            - Pois é, um aluno gosta de ser estimulado e um elogia é uma forma de estímulo. Ou será que você não se lembra de seu tempo de aspirante. Aproveite a dedicação de sua irmã e a elogie sempre, afinal poucos alunos são como ela. 

            - É verdade. E eu já sei como recompensá-la. Obrigada pela dica, Aiolos! - e se voltando par Aiolia - Gostaria de ter uma palavrinha com você, pode ser?

            O leonino estranho um pouco, mas aceitou, se sentou ao lado de Milo. Já Aiolos se retirou.

            - Bem, vou direto ao ponto: eu gostaria de pediu sua ajuda para saber como agradar a Shina, afinal você a conhece bem.

            - O que te faz pensar que irei te ajudar?  - perguntou franzindo o semblante.

            - Não imaginava uma reação diferente dessa, assim vim preparado para me justificar e conseguir que você mude de pensamento em relação a mim. - Aiolia ficou quieto olhando para Milo - Sei que sou mulherengo e você já escutou de mim, palavras nenhum pouco respeitadoras, sobre a Shina. Mas eu quero deixar claro que, no momento, eu realmente estou afim dela. Eu quero sabe o que a agrada, o que a faz se sentir feliz.

            - Por favor, não subestime minha inteligência. Você é muito egocêntrico para quere ver outra pessoa feliz, além de você próprio.

            - Essa doeu! Não sou assim não. - deu uma pausa e viu o outro esboçando uma expressão de deboche - Tá bom. Sei que já brinquei com muitos sentimentos femininos. Não posso negar que gosto de saber que ela se "rastejam" por mim e também, que estava com muita vontade de fazer o mesmo com a Shina: vê-la comer em minha mão. Mas... - pausou e olhou para a amazona que estava num canto na arena, agora além da companhia de Cléia, também estava com Marin e Barbela.  Elas conversavam - Algo mudou e eu nem sei como, só sei que, além de continuar desejo-a intensamente, quero, também, vê-la sorriu, se querida e especial.

            Aiolia reparou no olhar que Milo direcionava para a amiga e realmente percebeu algo diferente, algo intrigante. O escorpiano sorria e trazia uma expressão doce.

            - Ontem nós conversamos, mas anda sim percebi uma resistência. E eu só queria saber o que faço para ela ficar abaixar um pouco a guarda, sabe?

            Aiolia analisou Milo velozmente.

            - Vou lhe dar uma única dica, mas preciosa. Porém, se eu souber que você a magoou, ignoro a regra do Santuário e travo contigo uma luta de mil dias. - falou sério, mostrando que não estava de brincadeira - A Shina é complicada, porém, assim como todos nós, ela gosta de sinceridade. Se você for honesto em suas intenções, ela vai abaixar a guarda.  - Milo também estava sério, prestando atenção nas palavras do amigo - Sabe? Vou ser bonzinho e lhe dar mais uma dica: Nunca trate Shina como objeto, pois ela odeia isso.

            - Quanto a isso já percebi. - e deslizou a mão na pequena cicatriz em sua face.

            Aiolia percebeu o gesto do colega e adivinho quem foi o responsável por aquele corte no rosto de Milo, sorriu discretamente, porém não fez nenhum comentário.  

            - Obrigado pela confiança. - sorriu - Eu vou te mostrar que sou digno de sua confiança. Agora me de licença que vou tentar uma aproximação.

            O escorpiano se dirigiu ao grupo de amazonas deixando Aiolia intrigado. Quando se aproximou, viu o olhar surpreso delas. Cumprimentou-as e elogiou sua irmã a deixando muito feliz.

            - Para mostrar que estou realmente orgulhoso de você, vou levá-la para ver a peça teatral que você quer tanto ver. - Cléia sorriu alegremente - E ainda vou levar aquele carrapato do Kiki.

            - Sério! Adelfo, você está se sentindo bem? - questiono assentando uma das mãos na testa do cavaleiro.

            - Estou. Isso é para te mostrar que não sou tão chato como pareço. - também sorria vendo a empolgação da irmã - Tem mais: como estou de bom humor, vou convidar também sua mestra para nós acompanhar. - contou olhando para Shina - Espero que goste de teatro.

            - Oi? Eu ouvi direito? - perguntou a Amazona de Cobra muito surpresa junto com Marin e Barbela, que se entreolharam - Obrigada, mas estou muito ocupada, o casamento da Gisty será amanhã e...

            - Ah mestra... Aceita. - pediu Cléia - Ficarei ainda mais feliz se você fosse.

            Shina percebeu o plano de Milo, pôr a irmã como sua ajudadora, sem ela perceber. A amazona ficou incomodada, mas para não contrariar a sua aluna, resolveu aceitar. Porém direciono um olhar fulminante a Milo que não emitiu nenhuma reação apenas disse:

            - À noite, lhe agrado no inicio das espadas das Doses Casas. Você vai gostar de sair um pouco desse Santuário, ir a Atenas, ver gente nova. Vai ser bom para você.

            Os irmãos foram embora e às três amazonas ficaram confabulando qual seria a intenção de Milo.

            - Eu não acredito nas boas intenções dele, até porque é visível como ele usou a irmã para te convencer. Mau caráter! - revelou Marin.

            - Também acho. - concordou Shina.

            - Você não precisava aceitar o convite.

            - Faça o seguinte, Shina: Se divirta, mas fique vigilante e não deixe ele te enrolar.

            - Eu, deixar ele me enrolar, Barbela?  Nunca. E tem mais: ele sabe com quem está lhe dando. Pensado pelo lado da diversão, será bom brincar um pouquinha com a situação. - afirmou sorriu sarcasticamente - Preciso de uma roupa que me valorize. Será que tenho algo assim? 

            Shina não queria incomodar Gisty, mas sabia que ela lhe daria uma boa dica, então telefonou para a amiga que além de emprestar um vestido, também lhe emprestou um batom. Porém, também alertou Shina:

            - Cuidado com o ele, mas sei que você é muito esperta, então dê corda, na hora certa, você puxa e o enforca. Mostra que você quem manda.

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            Quando foi a noite, Shina se encontrou com Milo, Cléia e Kiki e os quatro foram no carro do escorpiano, que era uma linda Mercedes-Benz Classe A, até Atenas.

            Shina foi boa parte da viagem calada, observando tudo e escutando a música que tocava na rádio. Pode perceber que fora do ambiente de treinos Cléia era como qualquer adolescente, ainda mais junto de Kiki, que sempre foi brincalhão. Os dois conversavam bastante sobre vários assuntos e sorriam também.

            Isso fez a amazona lembrar-se de sua adolescência. Ela se preocupava tanto em ser uma excelente guerreira que quase não se dava ao luxo de se divertir, Gisty também. As duas se irritavam quando algumas garotas, do alojamento, conversavam descontraidamente.          

            "- Se fosse há alguns anos atrás eu estaria irritada com essa descontração toda, mas hoje tenho outra cabeça." - pensou - "Como eu fui radical! Não precisa ser sério o tempo integral, podemos sorrir e relaxar de vez em quando. Cléia e Kiki são ótimos aprendizes e estão tendo o prazer de sorri sem perder o objetivo principal deles: serem cavaleiros. É saudável descansar a mente e o corpo, de vez em quando. "

            Milo, que em alguns momentos interagia com a irmã e com Kiki, fingindo se incomodar com o discípulo de Mu, e em outros momentos permanecia calado, percebeu que Shina estava muito quieta perguntou:

            - Algum problema, Shina?

            A amazona, como se acordasse de um transe, respondeu:

            - Não apenas estou curtindo a música que está tocando.

            - Você gosta de rock?

            - Gosto. Rock suave assim é bom.

            - Música faz bem para a alma. - disse aumentando um pouco o volume da rádio e cantando, hora olhando a estrada, hora olhando Shina – “...To take away the pain inside / Levando embora a dor aqui de dentro

Is everything that matters to me / É tudo o que me importa

Is everything I want in life / É tudo que eu quero na vida

(Here he comes) / (Aqui vem ele)

Oh, lay a little lovin', honey /Oh, deixe um pouquinho de amor, baby

To feel you're gettin' close to me / Sentir que você está ficando perto de mim

Is everything that matters to me / É tudo o que me importa

Is everywhere I wanna be / É onde eu quero estar

Oh, lay a little lovin', baby, baby, baby / Oh, deixe um pouquinho de amor, baby, baby, baby

To feel you're gettin' close to me / Sentir que você está ficando perto de mim

Is everything that matters to me / É tudo o que me importa

Is everywhere I wanna be / É onde eu quero estar.” (1)

            Como o olhar e o jeito de cantar do cavaleiro, a amazona acabou ficando sem jeito. Apensar de fazer de tudo para não demonstrar, Milo percebeu e deu um sorriso quase imperceptível, afinal, conseguir fazer Shina se sentir assim, era uma vitória.

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                Ao chegaram ao teatro Shina ficou maravilhada com a beleza do local, lembrava o design antigo do Teatro de Dionísio (2), com os acentos em volta de uma áera central, como se fosse em arquibancadas, porém com cadeiras acochadas. Ao fundo, uma construção em pedras, como se fosse a frente de um castelo. Shina nunca tinha ido a um local assim. Além disso, as pessoas estavam bem vestidas e eram muito educadas.

            O espetáculo foi um musical baseado em uma obra de William Shakespeare: Sonho de uma Noite de Verão.

            Ao final Shina estava impressionada consigo, pois havia amado, nunca tinha ido a um espetáculo assim e sempre pensou ser muito chato, mas tinha se arrepiado.

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            Ao voltar para o carro, Milo anunciou que levaria todos para jantar.

            - Oba! Primeiro me levou para o teatro, agora para jantar, o que deu em você hoje, Milo? Que bicho te mordeu? 

            - Pare que gracinha, Kiki, do contrário te largo aqui, para você voltar sozinho para o Santuário.

            - Que isso! Você não seria tão mal comido, né? Um rapaz tão bonzinho como eu.

            Todos sorriram.

            - Kiki, você nunca vai mudar, não é? - comentou Shina.

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            O restaurante era especializado em massas e além de ser muito bonito: uma área ampla, bem iluminada e levemente arborizada, as mesas eram em madeira redonda e as cadeiras eram acochadas em branco. (3)

            Milo aproveitou que Cléia a Kiki conversavam sobre a peça e perguntou a Shina:

            - Como deve imaginar, procurei um restaurante italiano por sua causa.

            - Pois é , não foi difícil de imaginar. Mas do contrário que você e muitos pensam, eu como qualquer comida. - revelou com um pouco de desdém.

            - Pode ser, mas estou notando que você está saboreando muito seu ravióli. - rebateu - Tenho certeza que nunca experimento uma massa tão saborosa quanto essa. Aproveite. - bebeu um gole de vinho branco - Mas mudando de assunto, tenho que te elogiar: está bonita, está noite. - olhou para a mulher que usava um vestido vinho, frente única, justo e curto (até a metade da coxa), também era decotado, porém com uma transparência na mesma cor do vestido (4)- Isso tudo foi para mim? - sorriu abertamente enquanto Shina permaneceu seria - Brincadeira, ok? Não precisa ficar com essa cara. Eu to te elogiado, tá bom? 

            - Obrigada. - respondeu ainda seria.

            - Preciso lhe dizer que você fica muito mais bonita quando se arruma assim. Pena que esse não é muito seu estilo.

            - Cada um com o seu estilo.

            - Tem razão...

            Cléia resolveu perguntar para Shina o que ela achou de uma determinada cena da peça, cortando sem querer a conversa do irmão. Sendo assim Milo ficou observando a forma com que Shina conversava com Cléia e gostou de ver que a amazona dava atenção a aprendiza e que as duas se davam bem. Até porque isso, de repente, poderia ajudá-lo.

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            Ao retornarem ao Santuário Milo pediu para a irmã ir à frente com Kiki, pois queria falar com Shina.

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Os aprendizes seguiram a caminha comentando, finalmente, como aquela noite foi atípica.

            - Eu amei a noite, mas vamos concordar: Milo ter convidado eu e Shina para sair com vocês foi meio estranho, não acha?

            - Meu irmão pensa que me engana, mas eu entendi a estratégia dele: ele quis convidar a Shina para um encontro, porém quis dar um clima mais familiar, então levou nos dois.

            - É, faz sentido. - deu uma pausa e prosseguiu sorrindo - Bom para a gente, nos divertimos e comemos bem, tudo nas custas do seu irmão. Oh coisa boa!

            Eles riram alto.

            - Se tínhamos alguma dúvida sobre a gata que arranho seu irmão, passamos a ter certeza.

            - Verdade. E mais, se ele estiver mesmo a fim dela e precisar de uma ajudinha, eu dou.

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            - Obrigada pela noite. Foi divertida. Agora, está tarde e preciso dormir. Amanhã será o casamento da minha amiga e será um dia cheio. - agradeceu rapidamente.

            - Ok, mas dois minutinhos não vão te atrasar tanto.

            - Fale então.

            - Obrigada por me ajudar a deixar minha irmã feliz. Eu estava devendo isso a ela, sabe? Sou sempre tão exigente e vivo reclamando no ouvido dela. Hoje resolver fazer diferente e você foi uma peça chave, pois ela admira muito você.

            Shina estava desconfiada da conversa de Milo, teve vontade de falar que ele era uma cara de pau e que usou a irmã para sair com ela, porém resolveu ficar quieta e ver até aonde iria o cinismo dele.

            - Eu também quero dizer que sua companhia foi muito agradável, apesar de suas ironias. Se bem que isso é normal. Espero realmente que tenha se divertido, afinal satisfazer uma vontade de minha querida irmã e estreitar a nossa amizade, foi meu anseio hoje. Não sei se você acredita em minhas palavras, mas seu sorriso é lindo e eu amei vê-lo em sua face durante essa noite.

            A cada palavra de Milo parecia doce, porém não convencia Shina completamente, então ela ironizou:

            - Tão bonitinho! Quem não te conhece até acredita.

            - Puxa, amazona! O que é preciso fazer para abaixar sua guarda e fazer você ficar mais agradável?  - perguntou aborrecido - Tudo que eu faço ou falo você me julga. Sei que minha fama com as mulheres não é a das melhores, mas uma coisa que não sou é falso. Nunca enganei nenhuma que passou em minha vida. Eu tenho caráter! - Shina apenas ouvia o desabafo do cavaleiro - Assumi que desejo suas curvas e tenho que me controlar para não ficar olhando seu decote provocante, mas sei que lhe tratei muito bem e a única coisa que eu queria era um pouco de simpatia de sua parte. Ou será que você só consegue ser "simpática" com um certo cavaleiro dourado?

            - O que você quer dizer com isso? De quem você está falando? - questionou com irritação na voz.

            Milo percebeu que tinha se excedido, respirou fundo e falou:

            - Deixa para lá. Esse seu jeito acabou me levando a falar besteira. Tô tentando ser agradável, mas ao contraio de mim, você fica cheia de ironia. O que quer que eu faça para provar que tô sendo honesto? Me ajoelhe? - sorriu - Isso não.

            O silencio e a expressão de pouco caso de Shina piorou a irritação de Milo.

            - Quer saber? Não vou ficar aqui perdendo meu tempo. Vai dormir e descansar para amanhã, para o casamento da sua amiguinha. Tchau!

            Milo se virou e foi caminhando, realmente estava chateado. Por sua vez, Shina ficou parada pensativa. Ele parecia saber de alguma coisa sobre ela e Shura, mas não aprofundou o assunto. Isso parecia bom, pois mostraria ao escorpiano que ele não era o único a ter interesse nela e com isso mostrava seu valor. Porém não estava sossegada, ao contrário, as outras palavras de Milo atribulou seu coração. Ela caminhou atrás dele e o chamou. Ele parou e a olhou com a expressão chateada e não falou nada.

            - Não quero parecer mal agradecida. Não fica aborrecido comigo, tá? Eu realmente gostei muito de ter saído um pouco desse Santuário. Obrigada! Não sei por que se irritar com minha ironia, você sabe que sou assim.

            O céu estava limpo e era possível ver com clareza o rosto de cada um. Shina conseguiu perceber a cicatriz na face de Milo e seu sorriso, mostrando que ele estava mais calmo. A amazona tocou a cicatriz com o dedo indicador. Esse gesto causou estranheza no cavaleiro, mas logo ele segurou levemente a mão de Shina. Não fizeram nada além se olhares por alguns minutos.

            - Se você queria que eu nunca te esquecesse, conseguiu. Pois sempre que eu vejo essa marca lembro-me de você e daquela noite. Realmente fui um ridículo com. Mesmo eu querendo, não poderei ter lhe tratado aquele jeito.

            Shina resolveu testa à sinceridade do cavaleiro, se aproximou mais de Milo, o fazendo aspirar melhor o seu perfume e ainda rosou os lábios no dele. Isso arrepiou Milo.

            - Shina, o que você está fazendo? O que você quer, amazona?  - perguntou sussurrando – Afinal, foi você mesma que me ofereceu apenas sua amizade e eu concordei. Agora esta me provocando. Quer testar minha força de vontade? Eu não faria isso, pois posso ser um vulcão em erupção.

            Shina não se afastou e Milo, realmente, não conseguiu se controlar, enlaçou um braço na cintura dela e a outra mão segurou a nuca da amazona e um beijo avassalador iniciou. As línguas se acariciavam loucamente e os corpos reagiam com sensações de arrepio e desejo. Por muito pouco eles se entregariam ao prazer total ali mesmo, pois Milo já estava subindo a mão entre as coxas de Shina, mas ela não permitiu, interrompendo o momento.

            - Chega! - e empurrou Milo que emitiu um som, junto de uma careta - Preciso ir.

            - Gata, não faz isso comigo. Estou louco de desejo por você.  Deixa-me ter o seu corpo. - suplicou segurando uma mão dele.

            - Me larga, ok? - puxou o braço se soltando - Não vem atrais de mim, assim vou saber se você está sendo sincero. - e foi se distanciando dele, que resolveu atender ao pedido da mulher.

            Quando Shina já estava distante, pirou o sapato, um salto agulha e disparou até sua casa. Enquanto Milo exclamou:

            - Céus! O que faço com esse desejo dentro de mim? Eu quero essa mulher. Eu a... amo.