Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 17
Décimo Sétimo


Notas iniciais do capítulo

Esse saiu mais rápido.
Um aviso aos leitores que curtem o Shura, esse capítulo está de tirar o fôlego.



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O dia amanheceu na Grécia e, como de costume, as movimentações no Santuário começaram cedo e logo todos estavam se ocupando de seus afazeres.

Na arena muitos treinavam, inclusive as amazonas Gisty, Shina, Marin e Barbela, que revezavam as duplas. No final da manhã elas já tinham terminado, estavam sentadas sobre a sombra de uma árvore e bebiam água para se refrescarem. Entre alguns assuntos, surgiu um comentário sobre o jantar da noite anterior. E Gisty, por curiosidade, perguntou como tinham sido. Marin e Barbela se olharam e a amazona mais velha revelou:

– Foi tenso em alguns momentos, mas o saldo final foi positivo para os noivos.

– Pois é. Vocês conhecem a fama de Shaka: de ser certinhos, né? Ele se pós, abertamente, contra ao relacionamento de Seiya e Saori. - completou Marin - Deu um tumulto, mas Shion e Dohko organizaram a bagunça.

– É, se fosse outra pessoa, todo veriam com maus olhos, mas como a imposição veio de Shaka de Virgem, o Cavaleiro mais próximo de deus, todos respeitam. - comentou Gisty, dando ênfase no nome do cavaleiro.

– Não foi bem assim, não. Shaka ficou sem graça, tanto que pediu perdão à deusa.

– Serio? O tão poderoso Shaka pediu perdão! As coisas mudam até para os mais soberbos. Lembra Shina, como eu sofri para ser aceita como namorada de Shiva?

Shina só afirmou com a cabeça.

– Mas o pior, Shiva era soberbo também, igual a mestre dele. Achavam-se o melhor de todo Santuário. Porém, não tenho mais que reclamar, apesar de nunca ter ouvido do Cavaleiro de Virgem uma desculpa em palavras, ele tem se mostrado redimido, até ofereceu a casa dele para a realização de meu casamento com Shiva. (1)

– Então. Esqueça as coisas ruim que passaram e foque apenas nas boas. - aconselhou Marin.

– O papo ta bom, mas preciso ir almoçar, né Gisty? Logo, logo tem segunda jornada do dia: treinar os aprendizes. - falou Shina se levantando - Tchau e até amanhã.

Shina foi caminhando e Barbela perguntou para Gisty se Shina estava bem.

– Superando o fim do relacionamento com Seiya. Porém, irritada com a investida de outros caras.

# # # # # #

À tarde, a Amazona de Cobra e de Serpente deram o treino normalmente e quando dispensaram os alunos, Shina chamou a amiga para dar um mergulho na cachoeira próxima a Vila das Amazonas, para aliviarem o calor daquela tarde. Gisty aceirou e se dirigiram para o local.

Depois de alguns mergulhos (como a própria roupa de treino) e conversas sobre o casamento de Serpente, ela comentou:

– Você tá estranha, Shina. Tá calada hoje. O que você tem?

– Esses dois dias foram complicados para mim, os dias em que tive a certeza absoluta que o Seiya não é mais meu... Acho que é isso.

– Sei. Mas o pior é saber que é desejado por outros.

– Não começa com isso, amiga. - reclamou.

– Por que isso te incomoda tanto? Tá certo que o Milo abusa da sua paciência, mas Algol é tão amável e Shura tão gentil.

– Gisty, da onde você tirou que Algol e Shura estão interessados em mim? O Escorpião eu sei, mas os outros dois são invenção de sua cabeça.

Gisty sorriu e resolveu não falar mais nada. Na hora certa a amiga conseguiria enxergar ou deixaria de fingir o obvio.

# # # # # #

Já era início da noite quando Shina chegou a sua casa, quando abriu a porta e acendeu a luz, reparou um envelope no chão, intrigada, o pegou e viu escrito: "Para a guerreira mais surpreendente do Santuário". Ela não conhecia aquela caligrafia. Ela deixou o envelope na mesinha de centro e foi se trocar rapidamente, pois estava molhado do banho de cachoeira.

Quando voltou a sala já estava vestida com um short jeans e uma blusa frente única de malha marrom. Sentou no sofá e abriu o envelope para ver o que tinha em seu conteúdo.

– É uma carta, um poema! - e começou a ler em voz alta - Presságio. O amor, quando se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar p'ra ela, mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente. Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente... Cala: parece esquecer... Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar, e se um olhar lhe bastasse p'ra saber que a estão a amar! Mas quem sente muito, cala; Quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe o que não lhe ouso contar, já não terei que falar-lhe porque lhe estou a falar... (2) – em cada frase a amazona se espantava e era possível perceber isso apenas com a expressão em seu rosto – Espero - ti em minha casa hoje à noite: Shura de Capricórnio.

Shina demorou a ter qualquer reação, apenas permaneceu sentada com um olhar vazio tentando processar o que havia lido. Era possível Shura, um homem tão reservado, enviar-lhe aquela carta? Será que ele estava realmente interessado nela, como Gisty havia dito? Será que ele estava querendo caçoar dela? Não, ele não. Era um homem serio para fazer isso. Mas poderia ser outra pessoa querendo brincar com ela, usando o nome dele? Mas por que e para quê fariam isso? Eram tantas as perguntas que a amazona coçou a cabeça.

– Só tem uma forma de tira essa história a limpo: indo até Shura. Se realmente for ele o remetente dessa carta, vai ter que me explicar por que fiz isso. Senão for, vou descobrir quem fez isso e parti a cara do desgraçado.

A amazona se dirigiu as Dose Casas e foi subindo cada degrau. Uma das preocupações era encontra com Milo, o que ela menos queria, naquele momento, era ter que aguentar seus gracejos. Então ela disfarçou seu cosmo para tentar passar despercebida pela Casa de Escorpião e sua ideia foi bem sucedida. Apenas quando chegou à Casa de Capricórnio, a amazona, elevou a energia para anunciar a sua presença.

Shura estava a sua espera e logo apareceu usando uma calça jeans creme e uma blusa pólo preta. Ele olhou o rosto de Shina e reparou que ela não parecia irritada e isso o deixou mais calmo. Pensou: "Como ela pode ser linda, mesmo sem nenhumas artificialidades!". Reparou também que a amazona estava segurando um papel em um das mãos. Porém, o guerreiro não disse nenhuma palavra, esperou ela se manifestar.

– Boa noite. Eu não sei por ontem começar, mas ao chegar a minha casa, agora à noite, me deparei com essa carta assinada pelo senhor. - mostro o papel dobrado em sua mão - Eu apenas gostaria de saber se enviou algo para mim? Por que, se não foi, tem alguém querendo brincar conosco.

– E por que você acha que é brincadeira de alguém?

Shina sentir um frio incomodar seu abdome. Não era preciso ouvir mais nada para ter a certeza que o remetente daquele poema foi Shura. Era mais um pensando que ela era mercadoria fácil e barata? Então, uma fúria ascendeu dentro dela.

– O que faz o senhor cavaleiro pensar que pode escrever isso para mim? - perguntou amassando o papel e jogando em direção a ele.

Não foi surpresa para Shura a reação de Shina, inclusive, lembrou-se da conversa que teve com o amigo Aiolos, no qual Sagitária disse: "Você acredita mesmo que essa estratégia vai dar certo, Shura? Eu acredito que, pela fama que tem, ela ficará muito irritada." (3) Então uma leve curvatura se formou em seus lábios enquanto ele afirmava:

– Não imaginava outra reação sua.

– Então, por que o fez? Por que mandou essa carta para mim? Se queria me ver irritada, conseguiu.

– Te ver irritada? Não. Não era esse meu objetivo. Apenas queria que você soubesse do meu interesse por você.

– Você quer que eu acredite que o que diz aquele poema é verdade? - indagou estreitando os olhos - Que você está.... - pausou.

– Apaixonado por você? - sorriu levemente - Sim. Eu me descobrir apaixonado por você, amazona. É estranho eu descobrir esse sentimento por você, afinal lhe conheço tantos anos e apesar de sempre admirar sua coragem e garra para ser uma mulher respeitada e forte, nunca tive nenhum interesse por você. – Shina permaneceu calada e Shura prosseguiu – Desde uma noite... Eu tinha ido a Vila do Rodório, dar uma circulada, sozinho, e no caminho de volta para as Dose Casas, me deparei com você, sentada olhando para o céu, sua face era lavada por lágrimas e era possível ver muita dor. (4)

Shina ficou pasmada com aquela revelação, ficou com rosto corado, em uma mistura de raiva, nervosismo e assombro, também começou a transpirar.

– Naquele momento algo brotou dentro de mim.... – continuou Capricórnio que resolveu revelar tudo de uma única vez – Algo forte, que eu nunca senti por alguém. Depois ainda tive a oportunidade de lhe ajudar com os aprendizes e ficar mais próximo a ti... Enfim, tudo cooperou para que meu interesse aumentasse. Sabe, não tiro a sua face triste da minha mente. Você sempre demonstrando durasse, mas naquela noite, mostrou, para as estrelas e para mim, que também podia ser frágil. Isso realmente me encantou. Então resolvi escrever uma carta, pois sabia que você viria tirar essa história a limpo e assim eu poderia lhe disser tudo que eu sinto. Acredito que foi algo um pouco infantil, mas deu certo, pois você está aqui.

A amazona estava imóvel, além de corada, e transpirando, suas pernas também tremiam. Ela não estava se reconhecendo. Mas tudo que Shura lhe havia dito era muito surpreendente. Ela tentou dar alguns passos para trás, para ir embora daquele lugar, para fugir daquele olhar penetrante e aquela voz sedutora, mas suas pernas falsearam, e ela quase caiu.

Shura se aproximou e a apoio. Nessa hora, os olhares se fixaram. Ele sabia que a guerreira não estava normal, que ele havia conseguido tocar em algo profundo, dentro de Shina. Seus olhos percorreram a face da amazona e não pode mais resistir e a beijo. Sabendo que poderia ser uma atitude ariscada, mas Shura não se importou com nada, apenas queria sentiu os lábios da amazona tocarem os seus.

Shina tentou interromper aquele ato, mas não conseguiu, parecia que Shura possuía um magnetismo que a prendia. Então, acabou permitindo que ele aprofundasse o beijo, um beijo envolvente e sedutor, que tirava cada vez mais as forças dela. A guerreira apenas conseguiu reagir quando ele a segurou pela cintura e tentou levá-la para a área reservada da Casa de Capricórnio.

– Me solta, agora. - gritou o empurrando.

Na mesma hora Shura a obedeceu. E Shina ofegante continuou gritando:

– Quem você pensa que sou para me beijar?

– Apenas a mulher mais linda e envolvente que conheço. - respondeu calmamente - Eu sei que está nervosa, até porque minha revelação foi inesperada, porém tente se acalmar. E desculpe se você se sentiu desrespeitada pelo meu beijo, mas não foi minha intenção. Aceite jantar comigo e verá que sou um cara que sei respeitar uma mulher. Assim, poderemos conversar mais e nos conhecermos melhor.

"- Como Shura poderia ser incrível aquele ponto?" - pensou Shina lutava com as lágrimas que estavam tentado brotar em seus olhos. Ela não queria que Shura a visse chorar e, sendo assim, virou-se e saiu correndo pelas escadarias das Dose Casas. Desnorteada, Shina só queria ficar longe de Shura aquele momento. Até porque, não sabia ponderar suas reações. Ela queria ficar sozinha.

O cavaleiro permitiu que ela fosse, ele imaginava que Shina não estava bem e precisava por os pensamentos no lugar. O guerreiro se dirigiu até a sala de jantar e aproximou-se da mesa arrumada para o jantar, aviam dois pratos de porcelana, talheres, duas taças de cristal, um richô, aquecido por velas e um balde de aço, cheio de gelo e uma garrafa de vinho. Shura abriu o vinho e encheu uma taça. Enquanto saboreava o liquido de cor clara, sussurrava:

– Teremos outra oportunidade de nos conhecermos melhor e saborear um excelente jantar.

# # # # # #

Shina descia as escadas numa grande velocidade, as lágrimas escorriam por seu rosto, que ainda estava fortemente corado. Ela se sentia estranha, porém não sabia descrever como. Lembrava do beijo de Shura e de suas palavras.

Como os pensamentos fervilhando, ela acabo esquecendo-se de disfarça seu cosmo, pelo contrario, ele estava tão agitado que qualquer um podia sentir sua ansiedade. É claro que Milo percebeu a chegada da amazona em sua casa, porém ele apenas observou seu objeto de desejo passar e analisou o modo em que estava, era nítido que Shina não estava nada bem e se questionou: "O que será que aconteceu com ela? Dê onde será que ela veio?"

Shina chegou a sua casa e desabou na cama. Sentia-se, confusa. Mais uma vez fora agarrada, com o internado de apenas um dia. Com tudo, as sensações foram diferentes. Como o beijo de Milo, ela se sentia invadida, porém, com Shura, o ato não foi invasivo. Mesmo assim, não sabia afirmar o que pairava em sua mente e seu coração estava aflito.

– Pelos deuses! O que está acontecendo em minha vida? Por mais que eu procure por calmaria, a tempestade sempre surge.


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Notas finais do capítulo

(1) Fanfic “Nosso Recanto”: https://fanfiction.com.br/historia/607663/NossoRecanto/
(2) Poema Presságio, de Fernando Pessoa.
(3) Frase contida no décimo primeiro capítulo.
(4) Cena contida no quarto capítulo.



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