No Santuário, no inicio da noite Shina e Marin conversavam na sala da Amazona de Cobra, sentadas no sofá. Shina estava abalada com a mensagem que recebeu de Rubi e desabafava.

– Quando cheguei do treino da tarde e peguei o celular, vi que tinha uma ligação perdida da Rubi e uma mensagem de voz. Escute. – pediu colocando o celular em viva voz.

– “Oi amiga! Saudades de você, mas nos veremos logo, pois eu vou junto com todos aqui para a festa do Rodório. Bem, estou te ligando, pois preciso te contar algo. Logo todos saberão, mas eu prefiro que você saiba por mim. O que você desejou antes de voltar para Grécia aconteceu, tá? O Seiya e a Saori estão juntos, e mais, ficaram noivos. Eu tenho que assumir que me surpreendei e acredito que você também vai. Se precisar, pode me ligar, ok? Beijos.”

Marin escutou a gravação e sentiu uma mistura de alegria por Seiya, de tristeza por Shina e surpresa pela velocidade do acontecimento. Porém não manifestou nenhuma emoção. Sabia que a amiga tinha dificuldades de expor seus sentimentos de dor, então resolveu questioná-la e assim extrair algo mais profundo.

– Quando você resolveu sair da vida de Seiya fazendo o pedido que fez, não esperava que ele e Saori ficassem juntos?

– Sim. Tanto sabia, quando queria vê-lo feliz.

– Então seu objetivo foi alcançado, não? Porque essa angustia?

– É tão complicado de explicar, aliás, eu sou complicada, você sabe disso.

– Sei. E eu sabia que quando esse dia chegasse você ficaria assim: confusa e angustiada. Afinal te conheço bem. Foi minha intuição que me trouxe aqui hoje. Não me pergunte como, mas eu sabia você não estava bem.

– Que bom que veio! É bom desabafa, apesar de ser mestra dele, eu confio em você. – respirou fundo – Eu sempre estou em um eterno conflito comigo, e no momento eu estou entre dois sentimentos: o de alegria e tristeza. Quando imagino a felicidade estampada na face do Seiya, me alegro. Mas, então penso que eles já estão juntos, em tão pouco tempo, e o pior já estão noivos, isso me entristece tanto.

– Bem, o fato de o dois estarem noivos, me surpreendeu também. Porém compreendo a velocidade deles, afinal eu também fui assim. Quando amamos alguém, queremos ficar junto o tempo todo. Foi assim comigo e Aiolia e, com certeza, é o que está acontecendo com Seiya e Saori.

As palavras de Marin fizeram Shina se levanta do sofá com um pouco de raiva e deixando algumas lágrimas brotarem em seus olhos.

– Isso só me confirma uma coisa: ele nunca me levou a sério de verdade.

– Como não Shina? O fato dele não se casar oficialmente contigo não diminui o grão de importância que teve na vida dele. Não seja impulsiva e não deixe que a raiva e o ciúme a dominem. Análise a situação: Você sabe que o Seiya te amou e te levou a sério sim. O fato dele esta com a Saori agora não muda o que ele sentia por você. E mais, a escolha de acabar com a relação de vocês, foi sua e não dele. Eu entendo sua tristeza, mas você não pode culpá-lo de prosseguir com a vida dele.

– Eu sei. – concordou num suspiro e completou voltando a sentar no sofá – Como disse: sou complicada. E estou me sentindo num turbilhão de sentimentos. Ao mesmo tempo em que quero vê-lo feliz, gostaria que ele esperasse uma pouco mais para correr para os braços da deusa. Eu me sentiria mais valorizada, sabe?

– Compreendo você, querida. E eu acredito que, mesmo sendo rápido ao agir, ele deve ter ficado abatido com sua partida, pois eu sei que ele sente algo muito forte por você.

– Na verdade o quê ele sente por mim não importa mais, né? – falou com tristeza na voz – Eu sei que vou precisa ser forte para encarar isso, mas eu terei.

– Isso mesmo. Tem que ser forte e tente manter o controle de seus sentimentos. Pelo que a Rubi disse: eles estarão aqui para a festa do Rodório e você precisa manter a postura para todos, mesmo que seu coração esteja despedaçado. Eu sei que você consegue.

– Sim eu vou ter que conseguir. Obrigada pelas palavras!

Os dias se passaram, Shina conseguiu se manter serena e continuar com seus afazerem normalmente.

Buscou aproximação com Cléa e a convidou para treinar com ela em uma manhã, ficando cada vez mais satisfeita com as técnicas da aprendiza. Shina pensava: “Apesar de Cléa ser irmã do irritante do Milo, eu gosto dessa garota.”

Por falar em Milo, ele manteve uma distancia de Shina. Isso foi um alivio para a amazona, apesar de provocar curiosidade: “O que deu nele? Resolveu me deixar em paz? Graças aos deuses!”

Em compensação assim como Algol, que já mantinha uma amizade com a Amazona de Cobra, Shura também se aproximou da guerreira, e além de puxar alguns assuntos banais, também a convidando para treinar com ele. Shina, apesar de tentar negar a si própria, estava gostando dessa aproximação.

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O dia da festa chegou e de manhã, bem cedo, aterrissou no Santuário um jatinho e todos os moradores sabiam que se tratava de deusa Atena e seus quatro Cavaleiros Bronze.

Shina conversava com Algol na entrada da Vila das Amazonas e sua expressão mudou ao ouvir o barulho daquele motor.

– O que aconteceu, Shina? Você, de repede, ficou triste. – questionou o cavaleiro, mas logo ele percebeu o motivo – E por causa de Seiya, né? Por ele está chegando ao Santuário? – a amazona nada respondeu, mas Algol continuou – Eu nunca te perguntei sobre o motivo de voltar para cá, até porque sei que você não gosta de falar sobre suas intimidades. Contudo não posso deixar de percebe que mesmo seguindo sua vida, alguns momentos, vejo tristeza em sua face e eu sei que é por conta dele. – e pondo uma mão no ombro da guerreira continuou – Tenha certeza que você é uma mulher incrível é não deixe que esse pangaré alado te diminua.

– Não fale o que você sabe. – mandou Shina tirando a mão do amigo de seu ombro – O Seiya foi um companheiro maravilhoso para mim. E o fim da nossa relação foi vontade mim. E não o chame de “pangaré alado”.

Shina foi embora deixando Algol sozinho e sem entender o motivo da amiga venera tanto Seiya.

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Saori chegou ao décimo terceiro templo com seus quatro cavaleiros e suas namoradas e foram recebidos por Shion que, como era de se esperar, se surpreendeu com o corte de cabelo da deusa, porém a elogiou, pois gostou da mudança.

Após a chegada, Saori chamou Shion ao escritório dele e Seiya foi junto. Então ela contou ao Grande Mestre sobre seu noivado com o cavaleiro. O patriarca não pode deixar de se assustar e demonstrou isso com um olhar arregalado.

– Acredito que todos vão esboça a mesma reação, afinal fomos rápidos demais.

– Afinal, nos amamos há anos e agora que resolvemos assumir esse amor não queremos esperar muito. – completou Seiya – Na verdade eu gostaria de já está comunicando nosso casamento. – brincou.

Shion se manteve em silencio por alguns minutos e depois afirmou:

– Na época mitológica Atena preferia se manter pura, nunca deixou nenhum homem tocá-la, porém isso foi mudando no decorrer dos tempos. Na reencarnação passada Sasha e Tehma também se amavam, entretanto, lamentavelmente não puderam viver esse amor por circunstâncias externa, ou seja, a guerra contra Hades. – deu um leve sorriso – Contudo, hoje posso contemplar a felicidade a face de vocês e desejo que possam viver a plenitude desse amor. Até porque vocês, realmente, esperaram muito para ficaram juntos.

– Obrigada!

– Se os deuses permitirem, eu serei e farei de Saori a mulher mais feliz deste mundo.

– Acredito que preciso comunicar isso a todos os meus cavaleiros e amazonas. Não que seja uma obrigação, mas eu gosto de sempre deixar tudo às claras. – comentou Saori – Por isso acredito que hoje, na festa, será uma boa oportunidade. Gostaria de saber sua opinião?

– Na festa estará boa parte do Santuário e todos os moradores da vila, acredito que será uma excelente oportunidade mesmo.

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O casal saiu do escritório de Shion e se dirigiram para um jardim que dava vista à boa parte do Santuário, pois antes de descansara deusa queria apreciar “o seu território”, os dois se aproximaram de uma das sacadas e por alguns momentos ficaram em silêncio.

– Está ansiosa para mais tarde? – Seiya quebrou o silencia.

– Um pouco, afinal será uma noticia bombástica para muitos. – respondeu olhando o horizonte – Mas estou certa da minha decisão e isso que importa. – olhando para ele – E você, como está se sentindo?
– Também ansioso, mas feliz. – respondeu segurando a mão da amada – Porém eu gostaria muito de falar com uma pessoa antes de comunicar a notícia a todos. Nosso relacionamento acabou, mas me preocupo com ela e sua reação.

– Eu sei e concordo. Pelo que conheço da personalidade de Shina, ela pode ficar bastante irritada.

– Já que você não se importa, vou procurá-la agora mesmo.

– Pode ir. É importante essa conversa.

Seiya abraçou Saori e olhou na sua face:

– Eu por isso que te amo, você é incrível, totalmente compreensível. – e a beijou.

– Se estou contigo tenho que confiar e acreditar em você. Não que eu não fique com uma pontinha de ciúme, mas sei que ela é importante para você e ninguém vai mudar isso.

Seiya começou a andar pelo Santuário em busca de Shina, tentou encontrá-la pelo cosmo, mas não conseguia saber onde ela se encontrava. Então ele resolveu ligar para o celular dela, porém, como imaginava, a ligação caiu na caixa de mensagem. A amazona não era muito interessada em tecnologia e quase não andava com o seu aparelho. Assim teve uma ideia, ligou para Rubi, com certeza a namorada do amigo estaria com Shina, ou pelo menos, saberia aonde a achar.

Rubi e Shina estavam sentadas na areia de uma das praias reservadas de Atenas. Conversavam sobre muitos assuntos, afinal tinham se acostumaram a morarem próximas e agora estavam distantes, assim precisavam por os assuntos em dia. De repente o celular de Rubi tocou, ele viu no visor o nome do Cavaleiro de Pegasos, porém não falou nada apenas atendeu.

– Oi Rubi. Você esta perto da Shina? Onde estão.

– Sim. Estamos na praia próxima do Santuário.

– Você pode fazer o favor? Vou agora para ai, pois preciso conversar com ela, você pode segura-la pra mim?

– Ok.

Apesar do olhar questionador de Shina em relação à ligação que Rubi recebeu, as amigas continuaram conversando. De repente Seiya chegou onde elas estavam e cumprimentos às duas.

– Que bom que encontrei vocês. Shina, estava te procurando, quero muito falar com você. Será que podemos conversar?

– Conversar o quê?

– Eu acredito que preciso acertar os ponteiros. Quero esclarecer algumas coisas.

Rubi deixou os dois sozinhos com a desculpa de ir ao encontro de Shiryu. Apesar do olhar de reprovação da amazona sobre a amiga, pois tinha certeza da ajudar de Rubi nesse “encontro” com Seiya.

Seiya sentou na areia, de frente a Shina e ela perguntou olhando o mar:

– O que você precisa conversar comigo?

– Quando você resolveu voltar para cá, nós nos despedimos tão rapidamente, eu queria disser mais algumas coisas.

– Isso não importa mais. Agora você está feliz com a mulher que tu ama de verdade. Então esqueça o passado, esqueça a gente.

– Não é bem assim, pois quero de contar algo que acontecerá mais tarde na festa: eu e Saori vamos comunicar que – deu uma pausa – Ficamos noivos.

Shina já imaginava que essa notícia viria à tona e rebateu ironicamente:

– Hahaha. O que desejava antes, continuo desejando: que vocês sejam felizes. Só espero que não me chame para ser madrinhas, pois irei recusar.

– Por que esse sarcasmo?

– Por quê? – e olhou para o cavaleiro, pela primeira vez – É difícil saber que você já está noivo dela e logo estarão casando. – e antes que ele perguntasse algo ela continuou – Eu sempre agi na diplomacia quando via você perto dela, mas é muito ruim ter a certeza de que eu nunca fui amada como ela é. Ainda mais para eu, que sou uma mulher possessiva e estourada.

Shina se levantou e saiu andando, Seiya foi atrás dela, a chamando, porém a amazona não parou, então ele a segurou pelo braço, a obrigando parar.

– Eu nunca quis te magoar. Eu quis ficar contigo, mas você praticamente me jogou nos braças da Saori e agora age assim. Nunca vou conseguir te entender.

– Eu sei que estou reagindo erradamente. – gritou virando-se para o cavaleiro.

– Você se arrependeu em me deixar?

– Minha razão e emoção estão em conflito. A razão diz que não e fica feliz por você. Mas o lado emocional esta morrendo de ciúme e raiva, e está realmente arrependido de ter desistido de você.

– Shina... – falou Seiya tentando se aproximar mais da mulher em sua frente – Eu me sinto triste em lhe ver assim.

– Eu até estou levando minha vida na boa, mas eu não sei como será minha reação ao ver vocês junto. – revelou se afastando dele, pois não queria ter contatos físicos com Seiya – Te peço que me deixe digerir tudo, deixe o tempo passar, pois vou superar, afinal sou uma guerreira em todos os sentidos. Já passei por muitas coisas e vou te esquece, custe o que custar.

– Shina...

– Fique tranquilo, não estou com raiva de você.

– Tá certo. Eu te entendo, acho que se estivesse em seu lugar reagiria bem pior. Mas antes de ir quero que saiba que eu te acho uma mulher linda e maravilhosa, esquentadinha e complicada, mas incrível. Você pode fazer qualquer homem feliz, afinal eu fui muito feliz contigo. Você sempre estará num lugar especial dentro de mim. – e dei um leve soco no próprio peito.

– Ok. Você já disse tudo, né? Agora me deixe e vá ficar com sua deusa e descanse para a festa. Tchau.

Shina saiu andando deixando finas lágrimas escorrerem por seu rosto. Seiya ficou sozinho olhando a amazona se distanciar. Ele, apesar de está triste em vê-la sofrer, também se sentia mais tranquilo com as palavras ditas por ela. Só o tempo faria as dores passarem para ambos.