Mistérios do coração escrita por Anjo Doce


Capítulo 11
Décimo Primeiro




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À noite num barzinho na Vila Rodório, Shina, Gisty e Barbela conversavam sentadas em uma mesa de madeira escura. Comiam petiscos e bebiam chopp.

O local era rústico e todo em meia luz, as paredes eram de pedra, fazendo uma bela textura. No fundo do ambiente tinha um pequeno palco onde um cantor tocando um violão e distrai as pessoas com uma serie de músicas. (1)

– Então, Barbela, você “fugiu” do Santuário, pois não aceitou a substituição de Shion? – perguntou Shina.

– Não foi só por isso. Mas o que me revoltou mesmo foi à acusação contra Aiolos e sua punição. Isso foi um absurdo! Ele nunca tentaria contra a vida de Atena. E por todos esses anos guardei rancor de Shura. Como ele foi capaz de matar Aiolos? Ele era nosso amigo! – deu uma pausa – Mas hoje, finalmente conversamos e todo o rancor passou. Eu percebi o quanto ele se arrependeu, além disso, o próprio Aiolos o perdoou, por que eu não o perdoaria?

– Isso é bom! O perdão nos deixa mais leves... Mas por que “fugiu” do Santuario? – indagou Gisty.

– Eu não poderia ficar neste Santuário, pois acabaria morta. Afinal, nunca me submeteria às ordens de Ares. Ele era um louco e sádico. Eu não sei como vocês conseguiram ser fies a ele.

– Não lembre essa fase negra de nossas vidas... – pediu Shina – Eu tinha raiva de Shion, pelo que ele fez com Gisty e não pensei duas vezes em seguir um novo Mestre. Sei que errei...

– E eu? Imaginem a raiva que eu tinha de Shion. – contou Gisty – Quando tive a oportunidade de ganhar a liberdade, não pensei duas vezes. – deu uma pausa – Mas, hoje eu me arrependi de tudo mesmo. Tive, realmente, uma nova vida e desde então tenho tentado fazer, cada minuto, valer apena.

– Excelente querida! – elogiou Barbela – Vocês me perdoam por ter sumido no mundo e nunca mais ter procurado vocês?

– Perdoar? Você teve seus motivos, e não cabe a nós te julgar. – assegurou Shina.

– Com certeza. Além do mais você esta aqui agora. – sorriu Gisty – Mas, posso te fazer uma pergunta indiscreta, mestra?

– Pode, Gisty.

– Desde nova eu apostava que você era apaixonada por Aiolos, estou certeza?

Shina revirou os olhos, insatisfeita com a amiga, já Barbela sorriu levemente envergonhada.

– Sim, mas isso foi coisa de menina.

– Coisa de menina? Você quer enganar quem? Hoje, mais uma vez, percebi esse sentimento apenas no modo que você fala de Aiolos. Vai dizer que seu coração não sobressaltou do peito com você o reviu mais cedo?

A amazona mais velha ficou com as bochechas rosadas de vergonha. Ela não esperava ser conformada dessa forma.

– Ai, Gisty!!! – cutucou com o dedo indicador o braço da amiga – Não repare, mestra, essa aqui só pensa em amor, depois que começou a namora.

– Você me critica como se nunca amasse ninguém. – continuo Gisty – Sabe mais uma coisa que aprendi? Não deixar as oportunidades que a vida nos dar escapar pelos nossos dedos. Tenho certeza que você sofreu boa parte de sua vida por ter perdido Aiolos. Estou errada? Agora a vida lhe deu outra oportunidade? O que você vai fazer com ela?

Tanto Shina, quanto Barbela ficaram em silencio analisando o que Gisty falou. Era uma verdade.

– Eu acho que precisava ouvir isso. – afirmou Barbela – Você tem toda a razão. Preciso confessar para alguém. – disse com uma expressão pensativa – Eu acredito que vocês são as pessoas certas para este desabafo: eu nunca, nem por um minutinho, consegui esquecer Aiolos, sofri muito com a sua morte. Com tudo, o tempo foi me ajudando a acalmar o coração e cicatrizar as feridas. Mas hoje ao revê-lo, as minhas emoções emergiram com um turbilhão. Porém, sei que o sentimento é meu, nunca percebi por parte dele uma reciprocidade.

– Você vai se dá por satisfeita sem sabe a verdade? Descubra mestra! É melhor saber a verdade do que viver o resto da vida se questionando. – opinou Gisty.

– É, tenho que concordar. Até porque já passei por isso. Ás vezes a dúvida é pior que veneno, nos corrói por dentro. – revelou Shina.

Nesse momento entraram no bar dois homens que fizeram a Amazona de Cobra respirar fundo. Eram Camus e Milo.

– Não acredito! Com tanto lugar neste mundo, ele resolveu vir aqui juntamente hoje?

– Dê quem você está falando, Shina?

– Daquela criatura de cabelos longos azuis e blusão preto, que esta acabando de sentar no balcão.

Gisty levantou uma das sobrancelhas e deu um sorrisinho discreto.

– Ah sim, o Cavaleiro de Escorpião, junto do Cavaleiro de Aquário. Mas por que tanto incomodo?

– Porque ele é um safado! – falou com raiva – Desde que voltei ao Santuário ele não para de me secar com um olhar devorador.

Discretamente Barbela olhou para a dupla de homens sentados num banco alto no balcão do bar e reparou no olhar que ele direcionava a mesa em que elas estavam.

– Então ele anda te observando?

– Observar é pouco, ele me devora com os olhos e isso me incomoda profundamente. É como se eu fosse um objeto. Você sabe que sempre fugi foi desses olhares, agora vem essa criatura e revolve me perseguir assim. Estou me segurando bastante para não me indispor com ele, mas não sei até quando vou conseguir. - olhou a amiga - E essa daí não me ajuda, ou contrário, fica com essa cara de cínica.

Gisty riu alto.

– Eu já falei com ela: deixe-o olhar bastante, desde que não a toque, tá tudo bem.

– Gostaria de pensar assim, mas não consigo.

Barbela preferiu não se manifestar, apenas analisou sua disciplina e sua reação. Alguma coisa lhe dizia que nem tudo que Shina falava, condizia com o que ela sentia. Ela realmente estava incomodar com aquela situação, mas, Barbela sabia identificar as suas emoções. O motivo da irritação de sua pupila era o ego que crescia dentro dela, por gostar de ser desejado, mesmo que fosse um homem como Milo. Claro que era algo escondido tão profundamente dentro de si, que Shina não conseguia perceber e se percebessem, talvez, não teria coragem de assumisse para ninguém.

No balcão, os dois Cavaleiros de Ouro, também conversavam.

– Milo, pare de ser indiscreto, tire o olho daquela mesa, por favor!

– Ah! Eu não consigo, meu caro amigo, que bela surpresa tivemos hoje! Uma coisa rara, já que ela não é de sair muito.

– Sinto que ela não gosta nenhum pouco dessas suas indiscrições. Até que ela esta se comportando bem, pois em outros tempos não deixaria barato.

– E eu a botaria no lugar dela.

"- Falta pouco para isso..." - pensou bebendo um gole de uma drik - Milo, seja sincero comigo: por que esse interesse repentino pela Shina? Você mal olhava para ela no passado.

– Falou bem, no passado. Mas, as coisas mudaram - sorriu e mexeu com o canudo o líquido azul dentro do copo - Você sabe que ela nunca foi uma pessoa que passou despercebida no Santuário, podia ser por sua coragem, sua força, por ser mandona e atrevida. Lembrar que as más línguas até a chamavam de "mulher macho"? – sorriu.

– Isso é verdade. Sobre essa última característica: "mulher macho". Eu achava um absurdo, uma falta de respeito! Era por que ela era durona? Muito preconceito.

– Podia ser realmente preconceito, mas ela era muito masculinizada mesmo, muito mais que as outras amazonas. E era por isso que eu não a reparava. Porém depois daquela festa de aniversário de Saori, eu fique bobo com ela ficou atraente! Nunca mais a esqueci... E depois daquele dia, ela começou a ficar mais feminina. Agora que voltou, reparei que está mudada. Não paro de pensar que ela esta precisando de um trato bem especial e eu sou o único no Santuário que posso fazer isso por ela.

– Lá vem você com essa mania de grandeza. É sempre o melhor. - recriminou Camus fechando os olhos e balanço a cabeça negativamente - O que leva você a pensar que Shina vai aceitar o seu trato? Ela é muito esperta e conhecer bem sua fama. Você acha que suas cantadas baratas vão conquista - lá?

– Mas você e o Aiolia me julgam um otário, só pode. Claro que eu sei que com ela não será fácil, porém tenho uma carta escondida na manga.

– Mesmo assim, acredito que você terá que ralar muito para conseguir.

– Nada melhor que um bom desafio.

#########

Na casa de sagitário, na sala reservada, os amigos Shura e Aiolos estavam apreciando um excelente vinho e conversando.

O local era aconchegante, mas rustico, com paredes imitando madeira, sofá claro e acolchoado, um tapete marrom felpudo e luzes indiretas. (2)

Aiolos estava sentado no chão, como um lado da coluna escoltada no sofá, uma perna esticada e a outra dobrada, ao seu lado, uma garrafa de vinha e em sua mão em taça. Shura estava sentado no sofá, do lado oposto ao amigo, encostado no braço do móvel.

– Você acredita mesmo que essa estratégia vai dar certo, Shura? Eu acredito que, pela fama que tem, ela ficará muito irritada.

– Tomara. - bebeu o último gole de vinho e estendeu o braço para o amigo - Ponha mais um pouco, por favor.

– Claro

– Na verdade, essa é minha estratégia. Por isso, estou torcendo que ela fique bem irritada e venha tira satisfação comigo. Então será o momento em que poderei dizer o que sinto.

– Eu acho arriscar. Será que não tem outra forma?

– De atrai - lá para dentro de minha casa, acredito que não.

– Quando você pretende fazer isso?

– Ainda não sei. Quero me aproximar mais dela antes.

– É interessante ver seu interesse inesperado por ela.

– Sabe que eu também me surpreendo com isso? Agora mudando de assunto: O quê você sentiu quando reviu Barbela depois de tantos anos?

– Não sei o que dizer em palavras. Uma coisa é certa: ela é linda, muito mais bonito do que imaginávamos quando novos.

– Realmente. Agora que ela não usa mais aquela máscara, podemos ver que erramos feio em nosso imaginário. E eu estou muito feliz de acabar com as mágoas do passado. Como ela ficou com ódio de mim quando eu te matei! Abordou-me e falou tantas coisas duras... Na época eu fique revoltado, mas com o tempo, principalmente depois de conseguir enxergar a verdade, também tive ódio de mim. Eu me perguntei: Com fiz algo tão desumano com meu melhor amigo?

– Isso já foi zerado entre nós.

– Eu sei que você me perdoou, mas eu não sei se me perdoarei um dia. – revelou encostando a cabeça as costas do sofá.

– Amigo, prefiro não voltar a este assunto, pois é dolorido para mim também. – e sorriu – Vamos voltar a falar coisas boas?

– Como, por exemplo: Barbela? – com um sorrisinho safado.

– Com certeza e não só dela, não é? – brincou.

Os dois riram e continuaram conversando.

– Sobre Barbela, sei que a volta dela mexeu com você, mas ainda não me contou o que pretende fazer.

– Fazer algo? Por que esta me perguntando isso? Na verdade não sei o que farei ainda. Não consegui definir meus sentimentos e nem sei o que ela sente.

– Você pode não sabe, mais eu sei o quanto ela te ama. Nunca vou esquecer a forma que ela me encarou no passado, era ódio puro. Aquilo não era sofrimento apenas por amizade, ela estava sofrendo por perder o homem que amava.

– Pode ser. - falou pensativo, se levantando e se dirigindo a janela da sala - Mas muitos anos se passaram e muita coisa mudou. Nós mudamos. Eu por exemplo, no passado, apenas a tinha como uma queria amiga, e agora esta tudo tão confuso.

– Eu vi os olhos dela brilharem mais que diamante ao lhe ver... Sabe o que eu acredito? Que você precisa passar mais tempo com ela. Assim tudo vai ficar mais claro. Esqueça o passado, pense apenas nos seus sentimentos de hoje. Vocês vão voltar a se conhecer e se descobrirem. Afinal, tenho certeza que ela também deve está confusa.

– É, você tem razão. É isso que vou fazer, vou ficar mais próximo dela. – afirmou olhando as estrelas.


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Notas finais do capítulo

Eu sugiro que leem " Olha o que o Amor me", uma fanfic paralela a essa, que conta a história de Barbela e Aiolos. O link é:
http://fanfiction.com.br/historia/591767/Olha_o_que_o_amor_me_faz/
1. Inspiração para o bar: http://www.ionline.com.br/wp-content/uploads/2013/07/modelos-de-decoracao-rustica-para-bares-e-restaurantes-3.jpg
2. Inspiração para a sala de Aiolos: http://www.decoracaointeriores.org/wp-content/uploads/2013/05/decoracao-salas-rusticas-8-5.jpg9
Para quem quiser saber o visual da Barbela, eu a imagino assim, porém com a pele morena: http://images.clipartlogo.com/files/ss/original/506/50620006/beautiful-woman-with-long-curly.jpg
Link para a fic "Olha o que o amor me faz": http://fanfiction.com.br/historia/591767/Olha_o_que_o_amor_me_faz/



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