Take My Hand escrita por AliceCriis


Capítulo 20
19 – Fogos em La Push.


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOI
Tenho taaaaanta coisa pra falaaar D
nuusa... acho que pensavam que eu morrí. XD faz mais de duas semanas que eu não dou as caras u.u
mais por motivos óbvios... tenho aqui, um capituo fresquinho
com 16 paginas e muita confusão amorosa JAKE&LEAH&SETH&NÉSS

Bom... tive um GRANDE trabalho fazendo tudo isso... ee... espero que tenha mais que 3 reviwes :S



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19 – Fogos em La Push.

          

Eu me perdi em mares de pensamento, e senti todos eles se desaguarem quando não tive ao menos uma lembrança da garota – fedida – que era filha de Edward e Bella. Ah... e nem do tal lobo rejeitado irmão de Leah. Realmente... me senti estranho. No universo de minha vida, eles não existiam. Nada deles fazia parte de mim, eu não os conhecia. Era simplesmente bizarro.

 - Está quieto demais, Jake querido. – Leah soou um tanto preocupada, mais foi evidente que ela tentava esconder aquela parte dela.

 - Eu lembrei... – comentei em voz baixa. Sem um foco em meus olhos.

 - O QUÊ? – ela perguntou estupefata. Ela chegou a frear a grande caminhonete na estrada arenosa.

 - Sim... lembrei de meus pais, minhas irmãs... seus pais. Mais não... – pausei frustrado – Não consigo encaixar aqueles dois garotos nisso tudo! – minha frustração estava dobrando de tamanho, se tornando cada vez mais patética e insuportável.

 - Huhu... – Leah soltou um ruído de alívio.

 - Estamos chegando, não é? – perguntei enquanto ela retomava a direção e acelerava vivamente.

 - Bom... Billy não está mais morando na pequena “caixinha de sapatos” que vocês chamavam de casa. – disse Leah respirando – Finalmente Charlie conseguiu convencer que a casa perto do mar, é melhor para vocês dois... e assim todos que deram sua parte de dinheiro pra que fosse possível efetua a construção da casa, levaram suas coisas todas pra lá. É de fato um lugar bem melhor pra se viver Jake... – ela continuava com a voz trêmula.

 - Eu não acredito! Vocês são ridículos... – eu berrei.

 - Jake? – perguntou ela arregalando os olhos pra mim.

 - Ah... Vocês se aproveitam de um cara que está no hospital de vampiros, e perdeu boa parte da memória e convencem o pai dele, para que mude de casa quando não tem ninguém pra ajudá-lo a recusar essa grande droga que vocês fizeram! – gritei.

 - Jake... você é o cara mais cabeça dura que eu conheço... – ela riu – não poderia morar naquela casinha por muito tempo... – ela afogou mais algumas de suas gargalhadas.

 - Ah... se não se importa, eu gostaria de ser cabeça dura na MINHA casa, ouviu bem? – disse ríspido.

 - Jake... obvio que vou ter que te contar a verdade... – ela revirou os olhos – você é estupidamente masoquista. E ainda não entende nada acima de tudo... – ela bufou.

Hã? Eu não estava entendendo mais nada o que se passava na cabeça daquela criatura.

 - Não estou entendendo bulhufas, Leah. – disse com a voz mais nítida e controlada.

 - Jake, meu bem. Eu nunca fui a favor dessa história de obrigar vocês a mudarem de casa, certo? – perguntou arqueando a sobrancelha e apertando as mãos ao volante.

 - Certo. – me recordei de todas as vezes que ela apoiara as minhas decisões e de meu pai também.

 - A casa foi abaixo... no dia seguinte em que você estava em coma, Jake. Billy não estava em casa, tinha ido visitar Rachel e Paul. – ela suspirou triste.

 - Então... a casa perto do mar foi o que restou? – perguntei dolorido.

 - Foi. E Rachel está com Billy desde então. Rebecca voltou com o marido do Havaí, á uma semana para que vocês o conheçam. Então... você vai ter um bom comitê de boas vindas. – ela riu impiedosamente.

- Ah, que coisa ótima. Não poderia ouvir coisa melhor... – usei o estoque de sarcasmo que ainda me restava.

 Isso não é completamente patético? Um lobo que rachou a cuca e demorou 3 semanas pra voltar a si mesmo e  ainda tem problemas com a memória. Ah, não pode se esquecer da parte em que o pai dele é quase soterrado em sua própria casa. Ótimo. Incrivelmente ótimo.

 - Chegamos... - anunciou Leah.

Bom... não quis exatamente descrever o que vi. Mais era uma cópia muito bem reproduzida da propriedade dos Black. Bom... ao fundo da imagem estava o mar. Ou seja, minha verdadeira casa não tinha isso. E sua propriedade era duas vezes maior que a verdadeira. Mais mesmo assim, a mesma visão estava lá. Minha casa, e Billy – com sua cadeira de rodas – a minha espera na porta. Senti um subido aperto em meu peito. Saudade. Saudade de meu velho. Billy Black. Senti a falta dele. Desci do carro instantaneamente, deixando Leah assustada.

 - Jake, espere-me! – mais era tarde demais. Eu já corria em direção a casa.

 - Jacob! – sorriu Billy, meu pai. Ele se esticou lado a lado com a porta e abriu os braços.

 - Paizão! – sorri e o abracei. Aquele cheiro de tabaco e menta... tão costumeiro dele. Tinha cheiro de segurança. De família... de casa.

 - Estive tão preocupado com você pirralho! – ele me agarrou pelas costas e riu com seu tom rouco e calmante. Sempre Billy, sorri.

 - Estou bem, meu velho. Não vai se livrar de mim tão fácil. Sou um tanto cabeça dura... – apontei para minha testa.

 - Ainda bem... – sorriu Leah, vindo atrás de mim, e enganchou-se em meu quadril, e aceite-a mais que naturalmente. Instintivamente.

 - Hã? – perguntou Billy ao ver Leah comigo, abraçada em mim.

 - É certamente complicado. – ela sorriu e olhou pra mim.

 - Muuuuuuuuuuuuuito complicado... – revirei os olhos e o segui para dentro da casa. Que agora não era pequena. Mais era toda igualmente decorada por dentro.

 - Seu quarto continua o mesmo. No mesmo lugar. – Billy riu – E se te conheço bem garoto, deve estar com saudades do seu néctar de morango, não está? – ele abriu a geladeira, com um estoque incontável de garrafas avermelhadas com rótulos coloridos e chamativos.

 - Você é mil, meu velho! – me desvencilhei de Leah, e ataquei a geladeira recheada de frascos de néctar de morango. Delicia!

Billy trazia todo dia dois litros desse suco para mim. E mesmo eu não estando em casa, ele pareceu continuar ao hábito, e isso realmente estocou boa quantidade de garrafas intactas na geladeira. Abri uma garrafa instantaneamente e...

Engole.

Engole.

Engole.

Acabou? Quando eu tinha ficado com tanta sede? Nossa... aquilo me fez sentir-me mais EU mesmo. Me fez sentir-me mais Jake. Mais o filho de Sarah e Billy Black. Começando a esquecer-me de como era estar ao lado dos vampiros – que bizarramente e quase assustadoramente – eram uma família pra mim.

 - Posso falar com você um pouco, Leah? – perguntou meu pai sério pra ela. Ela assentiu – E você continue a se empanturrar com os donut´s de chocolate, estão no freezer. – ele assentiu e girou sua cadeira até a sala de estar.

Sim, eu fiquei curioso. Tirei os donut’s do freezer e coloquei-os no micro ondas. Servi algumas garrafas de néctar de morango, e deixei que meus ouvidos fizessem o resto. Minha audição apurada contatou os mínimos ruídos que vinham da sala, e nisso eu me concentrei.

 Os donut´s ficaram prontos, e prontamente servi-os em meu prato. Coloquei a garrafa a minha frente e dei algumas mordidas no meu – tão sonhado – donut de chocolate com menta.  Tomei mais um pouco do refresco saboroso, e comecei a ouvir as palavras entre Billy e Leah.

 - Sinto muito mesmo por sua casa, Billy. – Leah suspirou triste – Alice estava tentando ver Jacob, e não conseguiu prever o que a natureza reservada. – senti mais um pouco de tristeza em sua voz sussurrante.

 - Tudo bem, ao menos estou mais perto da casa de Rachel, caso precise de alguma coisa. – respondeu Billy.

- Eu sei muito bem como mudar-se de casa, é difícil. Especialmente quando não se quer fazer isso. – ela deu de ombros.

 - Bom... estamos de acordo com isso. – Billy relaxou – Mas... ele não parece nada abalado com o que a garota fez... – ele calou-se subitamente.

 - SHH! Ele não sabe dela, ele não se recorda dela! – Leah disse num sussurro cortante.

 - Hã? – Billy soou perdido.

 - Ele estava com amnésia... mais ele se lembrou de todos... menos dos dois estrupícios! – Leah cuspiu de mau humor.

 - Como? Como é possível? – expressou-se Billy.

 - Sim, ela era o imprinting dele. E Edward e Alice, trabalharam dia e noite em cima da mente dele pra entender como seria possível que ele “imprintasse” comigo... – ela arfou – E os resultados deles foram: o próprio corpo bloqueou as lembranças doloridas e mortais dele. E ele não se lembra de nada que se refira aos dois: Seth e Renesmee. – ela finalizou, e o silêncio se arrastou entre os dois.

 - Eu ouvi direito? – minutos depois, Billy perguntou a ela – Você é o imprinting de Jacob, agora? – perguntou com uma voz de choque.

 - É. Inacreditavelmente. E não sou só eu. Ele é o MEU imprinting... – ela disse numa voz controladamente estressada.

 - Mas... mas você não pode ter um imprinting! – disse Billy, alto demais.

 - Posso, tanto que Jake é ele. – ela respirou fundo.

 - Isso... isso é maravilhoso... – ele disse emocionado.

 - Sim. Mas temos que contar a verdade a ele. Não podemos esconder a verdade. Ele tem de saber que tipo de pessoas, vampiros e lobisomens o cercam. – contou Leah.

 - Não... ele vai sofrer. Ele não deve saber disso... – insistiu Billy.

E aí eu parei de ouvir. Eu estava calmo, mastigando e bebericando um pouco de néctar de morango. Bom, eu acabara de ouvir que eu já havia tido um imprinting antes de Leah. Mais na boa. Eu não lembrei, não fiquei com raiva. Não senti nada. Foi completamente comum. Bom, Edward  sendo gentil comigo? Rosalie me abraçando? Havia algo de normal com isso? Aquilo sim era assustador. Mais eu estava muito, muito bem nos braços de Leah, e eu sentia segurança e passava segurança a ela. Poderia haver algo melhor que isso pra mim? Não. Com certeza não. Mais não pude evitar a preocupação certa que tinha ao saber que quase deixara meu pai ser soterrado por destroços de uma mini casa. Reprimi mais arrepios por minha volta.

 - Você gostaria que escondessem isso de você, senhor Black? – perguntou Leah, tirando-me de meus devaneios.

 - Não... certamente eu gostaria da verdade. Mais podemos poupá-lo disso. Você sabe Leah. Sabe mesmo. Não vai querer vê-lo sofrer. Ele é o que mais importa a você... – Billy tentou vencê-la com suas artimanhas.

 - Não Billy, esqueceu-se de algo. Daremos tudo o que um imprinting precisa, e isso é a verdade. Ele precisa saber disso. – ela pausou e respirou fundo – e também não conseguiria dormir a noite sabendo que eu estaria escondendo de Jake, boa parte de sua vida. E ele não vai surtar, tenho certeza. – ela riu com sua própria piada.

 - Como pode ter tanta certeza? – interrogou Billy.

 - Por que ele tem a MIM; - ela senti seu bom humor fluindo para a porta e logo vi ela seguindo para a cozinha sendo seguida por Billy.

 - Acho que tem comida de verdade no seu estômago agora, não é Jake? – sorriu meu pai por trás de Leah.

 - É... me sinto um ser humano de novo. – sorri em resposta.

 - Acho que podemos ir pra minha casa agora. – Leah bocejou. – Tenho que tomar e beber algo. E ainda tomar um suplemento alimentar. Estou com anemia... – ela revirou os olhos.

 - Ora, minha nora, digo Leah – brincou meu pai – coma algo aqui. Aposto que Jacob não iria devorá-la também. – riu ele.

 - Acho que não seria má idéia. Está com uma cor de pele horrível – acrescentei e ela se sentou.

 - Cereal? Donut’s? Chocolate Quente? – ofereceu Billy deslizando pela cozinha.

- Cereal e chocolate quente não iria mal, não. – ela sorriu e afagou o braço.

- Sinto que essa anemia é total e completamente culpa minha, senhorita Clearwather. – murmurei de boca cheia.

 - Fiquei preocupada demais com você, e não tive muito tempo pra essas baboseiras de comida saudável. – ela revirou os olhos.

Billy preparou um cappuccino pra ela e pra ele, e depois serviu o cereal.

 - Está realmente acabando com todo o estoque de bebidas, Jake. – riu meu pai, apontando para a enorme quantidade de frascos de Vidor vazio, em minha frente.

 - Ei, estava precisando colocar algo no estômago! – exasperei.

 - Claro, claro, mais cuidado pra não engolir a mesa. – Leah zombou.

 - Huh. – reclamei e continuei a mascar minha comida gordurosamente deliciosa.

  Billy e Leah continuavam a zombar de minha súbita fome, e Billy deu seu relato sobre como foi encontrar a casa completamente desabada ao chegar. Depois como ele conseguiu ligar pra Charlie e Sue viessem ajudá-lo.

Leah continuou se lamentando pela casa, e murmurando alguma coisa sobre telhados falsos e abduções alienígenas.

- Acho que estou cheio... – disse bocejando.

 - Isso é realmente um milagre. – Billy riu.

 - Realmente. – Leah concordou séria, dando o ultimo gole no cappuccino.

 - Hm... o pessoal já começou a decorar a praia. – comentou Billy olhando através da janela.

 - É. Eu prometi a Alice que ajudaria. – Leah disse mal humorada.

 - Bom... já são7 da tarde. Seria uma boa hora pra você dar a boa nova a Charlie e Sue. Eles ficarão realmente contentes com a melhora de Jake. – riu Billy.

 - É. Eu vou levá-lo até lá. Depois arrumamos as tochas e os quiosques. Sem falar nos fogos. – Leah fingiu se cansar só de pensar.

 - Bom... posso falar uma coisa? – perguntei meio perdido, e eles assentiram. – Eu poderia ajudar bastante na praia. Não parece e nem sinto, que acordei hoje de uma maca. – sorri.

 - Bom sinal. – Billy assentiu. – Emily irá adorar sua disposição pra carregar as toneladas de lanches até a mesa central. – Billy sorriu.

 - É... sem dúvidas. – disse Leah suspirando. – Vamos Jake, quero acabar logo com isso. – Ela me levantou e me legou de volta para a Hilux branca; Acenei para Billy, já do banco de passageiros. E lá estava ele, meu velho. Sorrindo e seu rosto enrugando pelo sorriso excessivamente enorme. Senti um enorme aperto em meu peito.

 - Aproveite Jake. Aproveite seu pai. – disse  Leah olhando para meus olhos mareados. – Você nunca sabe quando vai ter de dizer adeus... – percebi a tristeza que inundou sua voz. E algo em mim, dizia que ela estava dizendo toda a verdade.

Assenti de leve e ela voltou para a estrada. Ela segurou a minha mão e a apertou mais um pouco.

 - Não se esqueça Jake. Estarei sempre contigo. – ela suspirou em concordância ao que ela mesma dizia.

Seguimos em silêncio.

 

A estrada estava molhada, o céu nebuloso e assombroso. Todos os calafrios passaram por mim no banco de trás do velho carro.

 - Está tubo bem querido. Estaremos em casa logo, logo. – acalmou-me minha mãe com sua mão agitando-se em meu joelho. Minha cabeça concordou com leves e frenéticos movimentos, para cima e para baixo.

 - A estrada está escorregadia. – meu pai comentou, e percebi um tom de leve e longa preocupação.

 - Não irá acontecer nada. Não há problema em vagar pelo asfalto em menos de 30 km, num dia assim. – minha mãe disse com a mesma positividade que a cercava.

 Voz doce, cabelo e olhos cor de mel, pele bronzeada e fortes expressões. Assim a definia. Sarah Black. Minha doce, amável e corajosa mãe.

 - Oh não... – um suspiro amedrontado de meu pai soou.

 - O freio... – minha mão escondeu o rosto em suas mãos.

 - O declive pro precipício... – continuou meu pai soando desesperado.

 - O que está acontecendo? – perguntei aflito.

 - Amo você, meu pequeno Jake. Estarei sempre contigo meu bem. Independente do que acontecerá, ok? – vi lágrimas de seu rosto enquanto ela tirava meu cinto de segurança e trazia-me para seu colo.

 - Jake. Cuide de Rachel e Rebecca. – completou meu pai. A voz dele estava emaranhada, e se exasperou como uma despedida.

 - O-o que está a-acontec-cendo? – perguntei gaguejando.

 - Salvaremos você, pequeno Jake... – minha mãe limpou a lágrima que escorreu de meu rosto – Estará seguro. Mesmo que... não estejamos mais aqui... – minha mãe forçou um sorriso, que foi uma tentativa triste de seu antigo sorriso dolorosamente ofuscante.

 - Não... quero vocês comigo... por-por que não vão se salvar? – perguntei já desesperado. Senti o carro ganhando mais velocidade.

 - Vai dar tudo certo, iremos fazer o que puder... – contou meu pai. Sua voz tão controlada e forte, me obrigavam a acreditar naquela versão do momento.

Senti-me tomado pelo torpor. Eu estava prestes a morrer, minha família também.

 - Jake... – chamou minha mãe. – Coloque isso. – minha mãe me enfiou em  um colete salva vidas. O único dentro do carro. Ele era do meu tamanho, era meu. Usava-o freqüentemente durante as pescarias de meu pai.

 - E... vocês? – perguntei com medo da resposta.

 - Ficaremos bem. Muito bem, meu Jake. – meu pai beijou minha testa, ainda equilibrando a direção, selou os lábios de minha mãe. Pensei ter ouvido meu pai falar “Em nome de Deus, fiquem bem.”

 O pequeno corredor do asfalto, não foi suficiente, as ferragens não estavam agüentando manter o carro no rumo. E depois... o volante do carro, ficou inútil.

 - É agora... – murmurou minha mãe.

O carro desgovernado seguiu direto para o lado do precipício, e depois... todos nos demos as mãos.

 - Amamos você. – sussurram os dois em conjunto, e o carro estava no ar.

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Splash!

O carro atingiu á água, as portas não queriam abrir. ÓTIMO. Percebi meu pai desacordado. Ele estava com o rosto cheio de sangue, a água estava quase nos sufocando. Minha mãe arrebentou o vidro, e me empurrou para fora, e imediatamente eu boiei indo para a superfície. Alcancei o ar. AH. Eu poderia respirar de novo. Minha mãe chegou á superfície, puxando meu pai com força e estima.

 - Jake, me ajude, meu bem. – ela implorou. Observei o corte em seu rosto, ia ao longo de sua testa á bochecha esquerda.

 Segurei meu pai com um braço e minha mãe apontou para a terra firme. O carro já afundava água abaixo. E minha mãe estava quase inconsciente. Ela... ela estava pálida, seus lábios tremelicavam e o sangue coloria a água onde passávamos.

 - Mãe! Não durma! – implorei.

 - Okay. – ela disse numa voz quase gutural.

Finalmente terra firme. Minha mãe friccionou o peito de meu pai, até que ele voltasse a respirar. Ele soltou um suspiro calmo e seus olhos se mantinham fechados.

 Ela levantou seus lábios, e sorriu. Ela estava tão cansada. Não tinha mais forças.

 - Mãe, fique comigo. Não vá. – eu sentia que se ela adormecesse, ela não estaria mais aqui.

 - Eu amo muito você, meu pequeno. – ela passou a mão em meu rosto e caiu de costas no chão.

 - MÃE! – meu grito foi estridente e ecoou pelas montanhas mais próximas.

Seus olhos se fecharam e sua respiração secou.

 

Foi como acordar de um pesadelo. Meu rosto fechado em uma figura de dor. A dor da perda de minha mãe.

 - Está tudo bem... – Leah percebeu minha frustração e friccionou seus dedos nos meus.

 - Eu sei. Estou só... – tentei acabar... mais foi inutilmente patético.

 - Estava lembrando do acidente... a 20 anos... – ela suspirou. – Seu rosto é a janela de sua mente. – ela sorriu.

 - Foi horrível. – disse fechando os olhos completamente e tentei impedir lágrimas de descarrilarem de meu rosto.

 - Eu também perdi meu pai, Jake. – ela disse numa voz fria. – Mas eu não estava lá. – ela negou lentamente – eu não consegui me despedir a tempo, antes dele partir. – ela engoliu seco.

 - Eu sinto muito mesmo. – disse ainda de olhos fechados.

 - Sei que sente. – Ela suspirou pesadamente e trocou de assunto. – Então, como está reagindo internamente em saber sobre seu imprinting antigo? – pediu ela com um tom maliciosamente divertido.

 - Ah... o que eu ouvi na cozinha... – dei de ombros.

 - Não está nem um pouco chocado? Nem... abismado? – ela perguntava soando divertida e curiosa, mais podia sentir no fundo de seu tom suave, uma face muito estupefata.

 - Não. Meu mundo é bizarro o bastante pra me manter ocupado. – sorri de leve.

 - Melhor assim. – ela disse satisfeita, com seus olhos preenchidos por orgulho.

Ela dirigiu silenciosamente pela auto-estrada. Seus olhos perdidos numa imensidão de pensamentos e expressões indecifráveis.

 - Chegamos de novo. – sua voz soou casada e entediada. Ela apontou para a casa enorme a nossa frente.

 - A sua mansão. – disse como um tonto completo.

 - Não. Me sinto como uma hóspede aqui. É a casa de meus pais. – notei que ela incluiu Charlie, como seu pai.

 - Bom, ao menos tem um bom teto. – mordi o lábio.

 - É... vamos. – ela me empurrou porta a fora, e depois de sair do carro, segui-a para dentro da casa.

 - Hey, Charlie! – minha voz soou entusiasmada quando vi ele sentado ao sofá, quebrando a cabeça para resolver algumas contas. Ele me fitou e depois fitou nossas mãos, a minha e de Leah entrelaçadas. E sorriu instantaneamente.

 - Hey, Jake! – ele se levantou e veio para mais perto de mim. Charlie estava mais velho. Bem mais velho. Cerca de 60 anos. Cabelos brancos apareciam em meio a seu cabelo curto. Sua barba estava esbranquiçada e clara. – Então está bem, e se lembra de mim! – ele sorriu.

 - Yeah! Eu me lembro de quase tudo. Esta bem limpo em minha mente. – sorri e ele apertou minha mão.

 - Leah, querida. Poderia ajudar Charlie com algumas contas pro jantar Quileute de ano novo? – chamou a voz de Sue por de trás de Charlie. – Jacob! Que surpresa super agradável! Como está filho? – ela perguntou em seu tom maternal e carinhoso de sempre.

 - Olá Sue. Estou muito bem... melhor agora que estou entre conhecidos e familiares. – disse num tom formal. – É bom lembrar de vocês. – sorri.

 - Soube dos... imprinting´s. – ela sorriu mais avidamente.

 - É. Estou muito feliz com isso, também. – acrescentei.

 - E... ela...? – a pergunta pairou no ar, enquanto Leah quase explodia.

 - Ele não se lembra da meia vampira, ele... não tem nenhuma ligação á ela. – respondeu Leah em seu tom duro.

 Um longo silêncio ecoou em meio á nós, e o desconforto me causou arrepios.

 - Bom... pode me dar uma ajudinha com o orçamento das bebidas? – Charlie pediu a Leah. Ela assentiu e o seguiu ao sofá.

 Eu e Sue nos olhamos por um longo tempo.

 - Hm... está afim de um pedaço de torta de cereja? – sugeriu Sue.

 - Ah... eu acabei de devorar dúzias de donut´s... – confessei.

 - Bom, se me der licença Jacob, tenho que colocar algumas dúzias de bebidas na caminhonete. – contou Sue, apontando á caminhonete nova de Charlie.

 - Posso ser útil... – sorri de leve.

 - Ficaria grata Jake, as caixas estão absolutamente pesadas. – ela reclamou em voz baixa.

Sue guiou-me para a parte de fora da casa, onde havia uma infinidade de caixas – cheias – de vários tipos de refrigerantes, refrescos, espumantes e vinhos caros.

 - Isso é tudo para a virada? – perguntei estupefato com a quantidade ilimitada de bebidas.

 - É. O pessoal se anima demais às vezes... e estamos cuidado disso. – ela sorriu e abriu a traseira da caminhonete “Blazer”.

Peguei duas caixas e levei com facilidade para onde Sue ordenara.

Continuei colocando as caixas na traseira da caminhonete, até que elas estavam todas lá.

 - Acabei... – informei a Sue, que havia checado a quantidade de caixas mais uma vez.

 - Agradecida. – ela sorriu. – Acho que eles devem ter acabado de fazer a soma e a quantidade de prestações para as bebidas. Volto em um minuto. – ela mostrou seu dedo indicador e correu para dentro, atrás de sua casa.

 Apenas agora eu percebera como o tempo passava. Como as coisas poderiam mudar intensamente em 10 anos.  Mais eu mudei. Mesmo não pelas características exteriores. Apenas por dentro, eu senti-me mais responsável, mais líder de minhas ações. Conseguindo vencer meus próprios impulsos tolos e criancices – que agora – desapareciam.

 As árvores ainda continuavam com seu verde natural e intenso em volta da enorme casa dos Swan; mais a casa pequena e pitoresca, fora trocada por uma bela e ilustre mansão, que ocupou mais que duas vezes mais espaço que ela; e não foi apenas a casa que mudou. Tudo mudou. As pessoas foram o maior foco da mudança... o tempo não lhes fora bondoso.

 Agora Charlie, Sue e Billy não eram mais adultos que se responsabilizavam por todos nossas bobagens e confusões. Senti-me acordando de um longo sono. Acordar para uma nova realidade que nem mesmo eu percebera.

 Eu amadureci, Leah amadureceu. Nossos pais envelheceram, e seus cabelos brancos tendiam a aumentar a cada dia.

Meu peito se comprimiu. Eu poderia ser eterno... eterno até que eu desistisse. Mais não... Billy não era eterno. Billy hora ou outra se uniria a minha mãe e nossos prezados antepassados.

 Três rostos sorridentes cruzaram a porta em minha direção, e espantaram qualquer tristeza que se juntara em minha face.

 - Agora, vamos ajudar Emily. – contou Leah com um longo pacote em sua mão.

 - E nós vamos começar a montar a praia... não demorem. – mandou Charlie, entrando no banco de motoristas de seu carro, e Sue o acompanhando, sentando-se no banco de passageiros.

 - Estamos de acordo. – Leah assentiu e seguiu novamente ao banco de motoristas de minha suposta caminhonete.

 Sentei no banco de passageiros e me calei. Apenas fitei a janela do carro.

 - Tudo bem com você, Jake? – perguntou Leah, com um tom desconfortavelmente preocupado.

 - Sim, ahn tudo bem... – disse com a voz vaga e vazia. Sem expressão;

 - Jake... – ela disse ainda apreensiva.

 - Estou pensando no... Tempo. – suspirei tristonho.

 - Não compreendo. – ela sacudiu a cabeça.

 - Olhe... qual... Qual a graça de ser eterno... ou não envelhecer? – perguntei com a voz fúnebre.

 - Não sei aonde quer chegar. Mais prossiga. – ela assentiu.

 - Ser eterno. Não é legal como todos pensam... percebe? – falei mais suave. – Veja... em 10 anos o que aconteceu com Charlie, Sue e Billy! – exasperei – eles envelheceram. Assim como todos. Mas nós não. Continuamos com os mesmos rostos jovens. E por tempo ilimitado. – terminei.

 - O que quer dizer é: que não é como queríamos que fosse. Continuamos jovens... mais os demais continuam seu processo de envelhecer... e assim eles se vão. – ela entendeu e assentiu.

 - Entendeu exatamente o que eu quis dizer. – suspirei.

 - Jake. Não podemos evitar isso. Trate de não se preocupar com coisas como essas hoje. Tente animar-se. É como um renascer pra você. – ela sorriu com seu rosto corado e feliz.

 - Tem razão... estou com algumas más vibrações hoje. Não sei... – dei de ombros, fechando os olhos e sentindo um arrepio em meu peito.

 - Esqueça. – ela disse calmamente. – Então... cá estamos. Residência da Senhora Uley. – apresentou Leah, a pequena casa.

Bom... aquilo foi estranhamente perturbador. Leah? Bem humorada ao chegar a casa dos Uley? Eu estaria perdido em algum universo alternativo a minha vida?

 - Antes que fale alguma idiotice. – ela estacionou o carro e respirou fundo, tirando a chave da ignição. – Eu me dou bem com Emily. Nada mais me prende a Sam nem coisa parecida. Tudo mudou agora. Eu sinto amizade por ela e Sam. Está tudo bem. Okay? – ela explicou.

 - Sim. Entendido. – ela assentiu.

 - Vamos então. – Ela pegou o longo pacote branco, e desceu do carro, e a segui fazendo o mesmo.

 - Emily? – chamou Leah na frente da casa. A porta estava aberta e as janelas também.

Em frente a casa, farinha misturada a algum líquido não definido, estava espalhada por todo o quintal.

 - Ei, Leah. – a voz dela soou ofegante de dentro de casa. Emily logo aparecera a porta. Ela estava completamente suja. Farinha nos cabelos, ovos quebrados e geléia de uva.

 - O que houve aqui? – perguntei assustado, arregalando os olhos.

 - Olá Jake. Que bom que está bem; parece que retomou a memória. – ela sorriu.

 - Obrigada, Emily. – sorri em retorno.

 - Ahn... sobre a bagunça. A resposta está em dois nomes: Quil e Claire. – ela apertou os olhos. – O que era pra ser uma “ajudinha” tornou-se uma guerra de comidas. – ela respirou fundo – Mas está tudo pronto. Me livrei deles, e consegui limpar o que eles sujaram; Bom... as tortas, os cachorros quentes, enfim. Tudo que me pediram e o que faz parte do ritual do ano novo. – ela sorriu. – Trouxe meu vestido? – perguntou ela animada.

 - Ah. Ta aqui – Leah alcançou o pacote branco e longo para Emily.

 - Obrigada mesmo. – Emily sorriu, e senti um bom clima entre as duas. As duas que nem sempre foram assim... amigas... irmãs. – As comidas estão na cozinha, tudo pronto. E o pacote de colares eu vou pegar.  – ela adentrou a casa e assim eu e Leah a seguimos. Leah me levou para a cozinha, com todos os alimentos e delicias. Tudo estava embalado, e com facilidade carregamos até a caminhonete.

 - Bom... acho que acabamos. – informei sorridente.

 - É... agora vou pegar os colares com Emily, e vamos arrumar as oferendas e reencontrar a matilha. – as palavras mal acabaram e ela já voltara á dentro da casa.

 Fim de ano em LaPush, é a data mais especial para o povo Quileute e a data mais mágica e única para a matilha.

 Por muito tempo, eu estivera com minha pequena matilha, Leah e um rosto que minha mente não se recordava. Mais agora... eu parecia estar em minha verdadeira natureza. Voltar para meus amigos, mesmo não sendo mais o alfa. Eu percebera isso. Nos anos anteriores, nosso ritual foi pequeno e separado. Apenas três pessoas em uma matilha, era curto e sem graça. Mais entre uma matilha maior... realmente era mais honroso e emocionante.

Minutos depois, me peguei lembrando como Leah mudara. Seus cabelos curtos e mal arrumados tornaram-se longos e belos.  Seu rosto não mudara fisicamente. Mais o seu aspecto era outro. Mais responsável, madura; Diferente. Era inexplicável como tudo poderia mudar agora. A falta de minha memória, me trazer tão perto de uma nova realidade. Como eu poderia ter me esquecido da tal garota? Ela fora mesmo meu imprinting? E o terceiro lobo de minha matilha, seria o tal irmão de Leah?

 Nada de fato importava a mim. Eu queria estar com Leah. Protegê-la de qualquer coisa que fosse a ameaçar. Mantê-la em eterno carinho e alento.

 Percebi que elas estavam demorando demais. Esperei mais um pouco e decidi chamá-las.

 - Leah? Emily? – minha preocupação aumentou. Elas não seriam capazes de matarem-se sem fazer barulho algum. Ri com minha patética idéia.

 - Um minuto, Jake. – a voz de Leah soou comum. Sem nenhum stress nem coisa parecida.

 - Não demore... – avisei e sentei-me no banco de motoristas.

Elas deveriam estar confeccionando os colares usados no ritual de passagem.

 Os colares faziam parte da velha tradição Quileute, feita por todo o povo que estava “dentro” do grupo dos “protetores de La Push”.

 O alfa – usava um colar com um pingente de pena. Da qual simbolizava o espírito e o equilíbrio entre o bando

 O segundo lobo da formação – no caso, eu – possuía um colar de folha. Simbolizando a leveza e a seriedade.

 O terceiro era dotado com o colar de concha marinha; demonstrando a sapiência e o conselho do alfa.

 O quarto e o quinto usavam um pequeno pingente de apanhador de sonhos. Que significava a proteção da alma e a convivência do bando.

 O sexto, sétimo, oitavo, nono e décimo; usavam um colar dotado de uma pequena pata de lobo. Aparentando a qualidade de seguir e obedecer ao comando do alfa e de seu conselho. Seguindo suas leis e regras, demonstrando a sabedoria.

 Pensando nisso, ouvi passos chegando até onde eu estava. Virei meus olhos e fitei a mulher que me olhava.

 - E aí? Como ficou? – ela deu uma pequena volta, meio sem graça com as bochechas corando de leve. Leah trocara de roupa, e vestira um vestido ainda mais branco e jeans. Era um pouco mais elevado do que seus joelhos, tinha detalhes com zíperes em suas laterais, e não possuía mangas.

 Pude sentir meu peito começar a martelar mais de pressa, fazendo-me entrar em estado de combustão.

 - Ah...e...ah...uh.. – minhas palavras grudaram em minha garganta e não queriam sair.

 - Eh... ficou meio estranho mesmo... – ela disse desconfortável.

 - Ficou lindo. – eu finalmente consegui dizer.

 - Ahn; obrigada, então. – ela sorriu constrangida e foi para o banco dos passageiros.

 - Direto pra praia? – perguntei fechando a porta da caminhonete.

 - Sim... e os colares estão aqui. – ela pegou uma caixinha e abriu-a para mim olhar dentro dela.

 - Coloco o meu depois, não é? – indaguei.

 - Como preferir. – ela sorriu.

Dei partida na caminhonete, que ligou sem pestanejar.

 - Sabe o caminho, não é? – ela riu de leve.

 - Deduzo que sim. – sorri, e dei meia volta com o carro.

Leah ligou o rádio e ajustou em uma música melodiosa, que eu não soube exatamente quem a cantava. Mais a letra eu lembrava. Sibilei a musica em silêncio, até perceber que chegamos.

 - Acho que não errei o caminho. – sorri.

 - Não... pode ter certeza que não. – ela assentiu e desceu do carro assim como eu.

Havia estacionado em um lugar bom. Era próximo de minha casa, e o estacionamento estava prestes a lotar.

 A praia estava decorada com vários enfeites de flores vivas e tochas espalhadas por toda a extensão da praia. O anoitecer chegava, e eu vira o nosso local em meio ás barracas que acabavam de serem instaladas por turistas.

 - É lá – Leah apontou para onde Charlie e Sue organizavam as bebidas de forma inquieta. Remexendo meus olhos, vi o resto da matilha naquele mesmo local. Jared, Sam, Embry, Quil, Collin, Brady, Paul e seus imprintings. Incluindo a companhia ilustre do “husky” siberiano de Claire, que dançava e se remexia ao redor das mesas. Leah pegou-me pela mão e me puxou para as mesas

 - Hey Pessoal... vejam quem eu trouxe! – disse Leah, mais animada do que seu tom comum.

Todos meu velhos amigos me olharam, com felicidade e um “Bem vindo” estampado em seus rostos estava absolutamente caloroso.

 - Jake! – palavras distorcidas de felicidade ecoaram de suas bocas sem um ritmo certo. Logo eu estava cercado por todos eles. Que falavam de maneira incessível.

 - Que bom que está melhor Jacob. – saudou Sam.

 - Obrigada. – agradeci com uma boa expressão;

 - Está lembrando-se da gente? – perguntou Claire sorridente abraçada a minha cintura.

 - Como poderia esquecer-me de vocês, garotinha de cinco dólares? – sorri.

 - Tio Jay! – essa sorriu mais uma vez e me abraçou de novo.

 - Estamos felizes por termos vocês de novo. – sorriu Quil.

 - Quero parar com tanta maluquice em minha vida. – respondi arfando.

 - Bom... Falando em maluquice... – iniciou Paul com curiosidade.

 - É verdade sobre você e Leah? – terminou Embry, com um tom completamente desenfreado de curiosidade.

 - Sim. é totalmente verdade. – Leah estava a meu lado, e parecia meio constrangida com a situação. Agarrei sua mão e puxei-a pra mim.  Até que seus braços contornaram meus ombros, assim como minhas mãos abraçavam sua cintura.

 E logo encontrei seu lábios e enfim sua boca.

 - Hey hey hoo! – cantarolou Claire saindo de nossa pequena bolha.

 - Não precisava demonstrar, Jake... – brincou Collin;

 - Finalmente alguém esquentou o peito vazio da loba! – riu Jared.

 - O que acham de procurarem um quarto? – sugeriu Embry.

Logo separei minha boca da dela, e percebi seu olhar constrangido e o rubor em sua face.

 - E a meia vampira? – perguntou Brady numa voz baixa.

 - Ela é fedida. – respondi, fazendo todos rirem.

 - Bom... acho que chega de papo; vamos pegar as comidas logo naquela caminhonete. – mandou Sue, com sua voz afastada.

 - Como quiser senhora, Swan; - sorriu Sam, e correu até meu carro, sendo seguido por Brady, Collin, Paul, Jared e Claire.

 Quil e Embry continuaram a minha volta, me olhando de forma esquisita.

 - O que? – perguntei desconfortável. Os olhos dos dois giraram na direção de Leah. E ela logo entendeu o que eles desejavam: Falar comigo... entre homens.

 - Hm... vou colocar alguns enfeites em meio as bebidas... – ela desvencilhou-se de mim e seguiu atrás de Sue.

- Então? O que querem me interrogar? – sorri e coloquei a mão nos bolsos.

 - Hey... estamos mordidos com a história da vidente! – exasperou Embry.

 - Que história? – curvei a sobrancelha.

 - Ela fez questão que todos soubessem que você não se lembra de Renesmee. – completou Quil.

  - Eu sei de algumas coisas sobre essa garota... mais não me lembro dela. – mordi meu lábio inferior.

  - É incrivelmente estranho... – negou Embry.

  - Pra quem passava todos os dias com ela... – completou Quil, mais uma vez.

 - Eu nem me lembro do tal irmão da Leah... – dei de ombros, e os dois trocaram um rápido olhar;

 - Sabe que ele está sendo expulso e ignorado por toda a matilha, não é? – Embry hesitou.

 - É... ouvi uma coisa assim de Leah... mais qual o motivo? – perguntei caminhando de mãos nos bolsos. Segundos depois, ambos seguira-me.

 - Ele foi expulso sim... – concordou Quil sério.

 - Pelo que ele fez... – continuou Embry.

 - E o que ele fez? – perguntei hesitante.

 - Ele traiu você. Ele engravidou Renesmee. – Embry disse numa voz fúnebre.

Um longo silêncio ao nosso redor, ecoou a meus ouvidos.

 - Não importa pra mim. – revirei os olhos – Assim como vocês sabem, eu sou imprinted pela Leah agora. Nada mais me importa a não ser ela. Então... não estou sendo traído. E deduzo que nem fui. – ri de leve sem preocupação.

 - Bom... não tocaremos mais no assunto. – assentiram Embry e Quil, ao mesmo momento.

 - É uma boa escolha, e sábia decisão... – curvei meus lábios para cima, e voltei a fitar o cantinho da praia que a nós era reservado. Agora, não era apenas uma mesa circular cheia de enfeites, comidas, bebidas e flores.

 Ela detinha de um longo toldo de tecido, que causava a presença mais natural e gentil.

 - Acho que vai começar daqui a pouco. – os dois se entreolharam com um sorriso desdenhoso.

 - Começar o ritual? – perguntei erguendo a sobrancelha, e tentando entender a suposta súbita animação deles.

 - Yeep. – assentiu Quil.

 - E qual a animação nisso? – estreitei meus olhos para Embry.

 - Não podemos ficar nem um pouco contente por poder estar num ritual sagrado? – perguntou Embry, forçando inocência.

 - Sei... sei bem o que dizem... – assenti falso.

 Caminhamos novamente na direção de nosso pequeno território, e me acomodei perto de meu pai, que estava surpreendentemente feliz.

 - Há algo errado aqui... – comentei em voz baixa, apenas comigo mesmo.

Tosse.

Tosse.

Tosse.

 Leah se aproximou de mim, e envolveu-me com seus braços e sentou-se ao meu lado.

 - Você logo entenderá. – ela disse ao pé de meu ouvido. Mas a conversa entre os membros da matilha, minha família, os imprintings e enfim. Todos a nossa volta, reagiram de forma normal e pacata ao pequeno gesto de Leah.

 A conversa era ritmada e normal até que...

 - Onde está Claire? – perguntou Quil alarmado. Ele se levantara e caminhava impaciente ao nosso redor.

 - Ela deve estar passeando com Spike. Relaxe. Ela logo volta... – disse Billy numa voz monótona e tranqüila.

 - Quil! – a voz de Claire era assustada. E a velocidade de Quil era mais que inumana...

Todos nos levantamos e olhamos uns por cima dos outros. Eu segui Quil, juntamente com Leah.

 - Quil! – Chamou Claire de novo. Até que meus olhos focaram a menina segurando a guia do cachorro desvairado. A menina estava sendo arrastada de barriga, por toda a extensão da praia. O cachorro mais parecia um touro. O Husky corria como eu jamais vira. Olhando um pouco mais a frente, vi um gato prateado e magrelo. A luz da noite iluminava o pelo que focava em nossos olhos.

 - Ei Spike! – gritou Leah correndo junto a Quil. Logo o passando e conseguindo apanhar o gato.

 - Spike! – gritou mais uma vez Leah, que agora corria do cachorro com um gato no colo.

 - Spike pare! – Quil estava com a guia do cachorro em sua mão. Claire ainda se mantinha exausta no chão.

 - Cachorro idiota! – gritou ela furiosa, levantando-se e raspando a areia de seu corpo.

 - Tudo bem? – perguntou Quil, que era notavelmente super preocupado com o bem estar da menina.

 - Yeah... ele quase arrancou meus braços... – a pequena reclamou, olhando furtivamente ao cachorro, que bebia água do mar como um completo idiota.

 - Ei! – disse Leah da extensão mais longa da praia. – esse cachorro tem de ser adestrado, Clairezinha. – riu Leah afagando os pelos do gato.

Ela foi se aproximando de Quil e Claire, assim como eu.

 - Ei... vai sobreviver minha garotinha de cinco dólares? – sorri, e baguncei seus cabelos.

 - É... achei que aumentaria meu preço, tio Jay! – ela revirou os olhos.

 - Por que não solta logo esse gato? – pediu Quil, agarrando o cachorro irritadiço.

 - Vou ficar com ele. – a voz dela não passou e nem transpareceu emoção alguma.

Quil, Claire eu nos entreolhamos.

 - E... qual vai ser o nome dele? – perguntou Claire esperançosamente.

Quil levantou-se e tentou acariciar o gato, que estava empoleirado no ombro de Leah. De longe ele parecera tão magrelo... mas na realidade ele era o gato mais gordo que eu haverá visto. Ao prever a reação de Quil, o gato guinchou pra ele.

 - Ei! Se acalme! – Quil retirou a mão de perto do gato estressado.

 - Bom... que tal Nype? – sugeriu Claire fascinada.

 - Não... nome estranho. – dei e ombros.

Leah olhou o gato por um longo tempo, enquanto afagava seus longos pelos prateados. Ele espirou na cara dela.

 - Evil. – ela sorriu enfim. – O nome dele é Evil! – ela exasperou e ele ronronou em retorno.

Nos olhamos por um longo tempo, e a atenção se voltou a mim.

“meew”o gato reclamou.

 - Tem certeza? – perguntou Leah numa conversa com o gato. Ele ronronou em resposta, e olhei mais uma vez para Quil

Uma bola prateada e gorda, se lançara em minha direção. E caíra em meu colo.

 - É... Evil é um nome perfeito pra você. – gargalhei baixo, enquanto afagava seu pelo, e escutava o seu ronronar.

 - Estúpido. – xingou Claire em voz baixa, olhando feio para seu cachorro.

 - Que tal colocá-lo na caixa de transporte dele? – sugeriu Leah, afagando o gato em conjunto comigo.

 - É... vou me livrar dessa peste um pouco. – Claire resmungou. Cruzando os braços e fazendo o bico.

 - Ei pessoal da carrocinha, o ritual vai começar daqui a pouco! – Chamou Billy segurando a cestas de oferendas.

 - Vamos? – perguntei a eles puxando Leah comigo.

 - Estamos indo... logo. – completou Quil, pegando Claire em um dos braços, e guiando o cachorro com o outro, para perto do velho carro dos Ateara.

 Voltamos para a multidão de gente que se abrigava em nosso pequeno local.

 - E os Cullen? – perguntou Charlie hesitante sobre o assunto. Ele sabia muito bem que os vampiros não se davam bem com o povo da praia.

 - Eles me ligaram a pouco dizendo que não vêem... – Billy disse calmo e sério.

Algumas pequenas e baixas comemorações vieram dentre os lobos.

 - ... e tomara que o traidor não apareça. – completou Embry em uma voz um pouco mais alta.

E a seguir um silêncio vibrou entre nós.

 - Ah... vamos começar então? – convidou Sam.

 - Estamos indo. – os humanos presentes ali, estavam se dissipando. Saindo da pequena quase-barraca.

 - Ah... e aqui está a cesta de oferendas. – Billy deu a cesta a mim, e coloquei em cima da mesa do ritual.

 - Até. – ele se despediu e seguiu o velho Quil.

 - E pra que esse gato? – pediu Collin confuso.

 - Evil; - corrigiu Quil entrando no pequeno círculo.

 - O nome do gato é Evil? – Paul ergueu as sobrancelhas, admirado.

 - É apropriado, acredite. – sussurrou Quil, colocando-se a frente da cadeira que tinha por direito.

 - Esqueçamos o gato. – disse Sam sorridente – Temos mais coisas com que se preocupar. – os outros assentiram inclusive eu, e nos colocamos nos locais determinados.

 Leah pegou o gato de meu colo, e colocou-o ao lado de uma pilha de caixas vazias. Ele espirrou mau humorado, mais ela ignorou-o.

 Ela pegou a caixa que deixara em cima de mesa, e recitando algumas palavras em Quileute, que seriam: Sagrado seja.

 Leah começou por Sam, depois eu, Paul, Jared, Embry, Quil, Collin, Brady e ela.

 - Estamos unidos nesta noite... assim como os espíritos ancestrais que estão a nosso redor. – Sam usou todo o poder de sua voz-alfa para obter a atenção. – Como quase todos – seu olhar calmo, pacífico e sério, se direcionou á mim – sabemos, a votação foi feita. E o que pertence a ele – Sam indicou a mim – por direito, não será negado.

 Sorrisos alegres e suspiros de animação preencheram minha volta.

Fiquei confuso, extraordinariamente confuso. De repente eu me toquei. Sim. o que era meu por direito? É claro. O que era só possível de se trocar no dia de ano novo? No dia em que representava um novo começo, apartir de um fim?

 É claro – pensei. O alfa. Eu deveria ser o alfa. Ser o sucessor de Ephaim Black. Assim como ele foi. Assim como sempre seria, e como sempre meu pai diria: Está em seu sangue filho.

 Porém ser alfa, não era uma escolha que eu desejasse que estivesse a meu anseio. Mais naquele segundo. Foi o que eu quis. Foi o que meu copo, meus instintos e minha cabeça desejaram. Eu queria ser o alfa. Tornar-me um exemplo a todos e melhorar as coisas da melhor forma;

 - Sam Uley. – Sam recitou seu nome – por motivos óbvios e concretos, nomeamos Jacob Black, descendente e sucessor de Ephaim Black. O alfa. – Sam se levantou juntamente comigo. Ele assentiu em forma de respeito e retirou o amuleto de penas de seu pescoço. Assim como eu retirei a folha que era entalhada em madeira de cedro e a coloquei na mesa. Todos se levantaram e repetiram o gesto.

 - Jacob Black – de repente, eu sabia exatamente o que dizer – Sinto-me honrado e que todas as bênçãos de nossos ancestrais decaiam sobre esta matilha. Juro estar a frente a cada momento de força, perda e glória. – assenti e o colar de penas recaiu sobre meu peito. E me senti completo.

 - Honrado seja Jacob Black. De sangue puro e descendência honrosa. – começou Paul.

 - Homem de confiança e força. – complementou Jared.

 - Instintivo e justo. – ajudou Quil, com um sorriso inegável á seus lábios.

 - Sobretudo amigo verdadeiro e portador de coragem. – assentiu Embry.

 - Líder de garra e persistência – Brady concordou.

 - Acima de tudo honesto – Collin sorriu.

 - O centro de minha vida e universo. – a voz de Leah, doce e sedutora, tocou-me do outro lado da mesa.

Sam colocou os símbolos dos animais em meio á mesa redonda.

 - Buscando equilíbrio da ave. – Sam colocou o símbolo da garça entalhada em madeira. – Tendo a agilidade do leopardo. – acrescentou ele – a sabedoria as cobra, a força do urso e a mente do lobo. – ele terminou a seqüência. – Assim dedico o ritual a vocês. Como meu ultimo comando de alfa. – ele se deslocou ao lado da cabana e assim os demais o seguiram deixando seus lugares da mesa.

 Agora é a hora de dar as posições merecidas – pensei.

 - Agradeço a confiança. – reverenciei-os.

Sim. eu nunca fui uma pessoa que desse valor á todas essas formalidades e coisa e tal. Mais... mais isso era parte de mim agora. Assim como eu nunca fora ligada da maneira romântica e delicada a Leah.

 - Como nem toda matilha, existe uma jóia tão rara. Uma vida tão única e bela. – pausei e sorri. – dou a Leah Clearwather, a posição de segundo lobo da matilha. – ela se colocou sorrindo e assentindo ao lugar que agora ela dela. E logo colocou o colar.

“Obrigada” ela sussurrou em Quileute – assim como todos fizeram;

 - Como a amizade e a familiarização são únicas e nobres, dou a Quil Ateara e Embry Call a posição de terceiro e quarto lobos da formação. – eles assentiram sorridentes e se colocaram brevemente em seus lugares e espelharam Leah.

 - Collin, Brady, Jared, Sam e Paul. Não menos importantes, fazem parte desta alcatéia. Assim como os demais. Aliados na luta contra qualquer perigo a nossa volta. Estaremos juntos. – assenti e sentei-me na cadeira do alfa repetindo o gesto. Olhei para os animais em cima da mesa e sorri.

 - Orador. Prossiga a cerimônia. – dei a passagem da fala a Embry e Brady.

Eles gastaram seu tempo contando a história de “Hemorri Teszú” – um sábio ancestral Quileute, que fora conhecido por gerações, por ter as melhores e mais realistas histórias do mundo.

Depois deles, dei a passagem á Paul, Jared e Collin, que fizeram a parte do cálice: ou seja, uma taça de ouro e cobre era usada como uma pequena fogueira. Cada membro colocava um fio de cabelo próprio no fogo ardente do cálice. Era um rito Quileute... não com um motivo aparente. Apenas mais uma honrosa dedicação ao deus fogo.

 Mais algumas histórias foram contadas por Sam, Leah e eu. Todas haviam algo sobre a luta contra a morte eterna – ou seja, todas sobre a união a seu espírito puro e limpo.

Depois de todos os ritos, e orações – a hora do jantar chegou. Convidamos a todos os humanos e descendentes Quileutes, viessem á nossa ceia.

O gato novo de Leah, mais parecia um monstro pronto a atacar qualquer um – menos eu – que se aproximasse dela. Ele e ela agüentaram algumas ironias dos garotos, mais foram ignorados por eles.

 Depois, levei ao mar as oferendas no mar; todos ressoaram as palavras em Quileute: Seja entregue ao mar, e apreciada por merecidos.

 

Celebramos, bebemos, sorrimos, brincamos. Senti-me completo e integrado. Dentre aquele grupo que agora era MEU.

 

Podia ver o sorriso de meu pai brilhando na escuridão da praia cheia.

 - Estou orgulhoso de você filho! – aquele foi mais que um cumprimento de meu pai. Foi uma saudação Quileute.

 - Eu também pai. – foi o que eu consegui dizer, enquanto cumprimentava-o repetidamente.

A noite fora tranqüila. Totalmente agradável. Sentia meu espírito vibrando dentro de mim, e meu peito quase explodindo de felicidades.

 Alguns minutos para a queima de fogos, e Leah me puxara pela mão para que caminhássemos pela praia.

 Deixando todas as conversas para trás, tirando nossos calçados e segurando sua mão, seguimos em silêncio, observando as ondas que iam e vinham do mar.

 - E aí? – perguntou Leah, com certa curiosidade em sua voz.

 - E aí o que? – perguntei confuso apertando minha mão na dela, e sentindo sua aceitação;

 - Nós... e.. aí? – ela perguntou de novo.

 - Nós? – retruquei.

 - É... nós... – ela pausou esperando que eu dissesse algo a ela. Mais nada partiu de mim a não ser o silêncio – como estamos? – perguntou enfim.

 - Ah... eu.. não sei. – dei de ombro, e fitei seus olhos.

 - Acho... que poderia dar certo. – ela deu de ombros abaixando o olhar.

 - É... é provável. – assenti de vagar. Levantei seu rosto sem nenhum movimento brusco, e me aproximei de seus lábios.

 Senti-me arrepiar ao contato de nossa pele, seus braços tornaram-se á minha volta, e meus lábios colaram-nos dela.

Luzes, estrondos e canções festivas ecoaram a nossa volta.

Meus lábios moveram-se mais rapidamente contra os dela. Meu mundo girava em velocidade anormal, e sentia o vento tocando meu rosto. senti-me completo pela primeira vez. Um renascer de meu corpo. Assim sentindo que jamais a largaria de meus braços.

 - Estarei sempre aqui. – ela sorriu entre beijos.

 - Feliz ano novo. – sussurrei de volta.

 


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Notas finais do capítulo

Bjo e mliigaa



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