Seu último amor - 2ª temporada escrita por Jeniffer


Capítulo 16
O lobo solitário


Notas iniciais do capítulo

Carreguei este capítulo comigo ao longo da semana, escrevendo um ou dois parágrafos sempre que eu tinha a chance. Devo dizer que sofri muito mais com esta temporada do que que com a primeira... E por algum motivo, eu simplesmente não queria que acabasse.
Mas enfim, aqui está.
Todos prontos para a season finale??



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503570/chapter/16

"Mas, em meio à liberdade alcançada, Harry compreendia de súbito que essa liberdade era a morte, que estava só, que o mundo o deixara em paz de uma inquietante maneira, que ninguém mais se importava com ele, nem ele próprio, e que se afogava aos poucos numa atmosfera cada vez mais tênue de isolamento e falta de relações. Havia chegado ao momento em que a solidão e independência já não eram seu objetivo e seu anseio, antes sua condenação e sentença.”

“O lobo da estepe”, de Hermann Hesse. Citação da página 59, na edição de 2013 da editora BestBolso.

Klaus POV

Há certo encanto na inconsciência, algo como estar à beira do mundo, quase intocável. É como estar caindo em um penhasco que não tem fim, sempre preso naquele vácuo, longe de toda a dor, de qualquer pensamento e qualquer acontecimento. É bom, tranquilo. Em meus milhares de anos de vida, pensei sobre a morte incontáveis vezes e a desejei muitas vezes mais. Conheci inúmeros suicidas, com um ardor inacreditavelmente mais forte do que o meu. Contudo, acho que nunca entendi plenamente o fascínio que o descanso eterno causava em algumas pessoas, pois por mais que eu mesmo pensasse sobre ela, nunca desejei abrir mão de tudo o que eu tinha e conhecia por uma eternidade de silêncio. Até agora.

A consciência se infiltrou pela ponta de meus dedos, calma e pacientemente. Avançou por minhas veias, sacudiu meu coração e acordou meu cérebro. E então, em questão de segundos, foi como se o penhasco finalmente mostrasse seu fim, e eu o atingira com força total.

De maneira lenta comecei a tomar consciência do mundo ao meu redor. O leve sacolejar do carro, a sensação do tecido do banco contra o meu rosto, a corrente de ar que vinha da janela e o choro baixo de Caroline dirigindo.

Caroline. Atingi o fundo daquele penhasco mais algumas vezes em apenas um segundo.

Eu me lembro da dor. Na verdade, eu ainda sentia dor. Todavia, a dor física era tolerável, quase risível se comparada à dor em meu coração. Mesmo tendo passado por inúmeras decepções e surpresas desagradáveis em minha vida, não houve nada como aquilo. Condenei-me em silêncio. A vida havia me ensinado a não confiar em ninguém, a não deixar ninguém chegar perto demais... E eu deixei. Deixei Caroline se apoderar de meu coração, minha alma e meus pensamentos. E paguei um alto preço por isso.

Caroline parou o carro e eu presumi que havíamos chegado a casa. Levantei-me com dificuldade do banco traseiro, onde eu estava deitado, e saí do carro, ignorando as patéticas tentativas de ajuda de Caroline. Apesar das dores, eu conseguia me mover sozinho.

— Klaus, por favor... Você está fraco. – ela sussurro, em uma fraca tentativa de me ajudar a caminhar. Contudo, ela recuou quando eu afastei bruscamente minha mão da sua. Da última vez que estive próximo a ela, uma estaca foi cravada em meu coração. Não poderia arriscar, não é?!

Entrei em casa, caminhando da maneira mais calma e digna que consegui, e Caroline me seguiu, sempre dois passos atrás. Quando cheguei ao sofá, a dor em minhas costelas me derrubaram e eu me sentei desajeitadamente.

— Klaus, por favor, deixe-me... – ela começou a implorar.

— Não. – eu a interrompi. – Não ouse.

Ela se calou. Não acho que havia muita coisa para ela dizer, e a verdade é que eu não queria ouvir. Não queria saber o que ela estava pensando, ou entender o que estava acontecendo. Eu queria voltar para a inconsciência.

— Caroline. – eu ouvi a voz vinda do alto da escada e senti meu sangue ferver.

— Hayley... – Caroline sussurrou.

Eu ignorei todas as dores que eu senti ao me levantar bruscamente e encarei aquela visitante indesejada.

— O que você está fazendo aqui? – eu rosnei. Depois de todo este tempo fazendo com que meus híbridos revirassem cada canto desta cidade procurando por ela e Tyler, e ela acabara chegando aqui, em minha casa.

— Vim ver meu filho. – ela falou, com raiva. Eu ainda do dia em que o atrevimento de Hayley me divertiu e me atraiu, mas agora só fazia com que eu imaginasse nove maneiras diferentes de arrancar sua cabeça.

— Ele não é seu filho! – gritei, descontroladamente.

— O quê?! – Hayley gritou também. – Henry é meu filho! Você o tirou de mim!

— Hayley, saia daqui. – disse Caroline. – Por favor, vá embora.

— Eu não vou abandonar meu filho. – ela disse, de maneira petulante. Três novas maneiras dançaram em minha mente.

— Você não precisa. – Caroline soava apaziguadora. – Mas por enquanto, vá embora.

— Você não vai chegar perto do meu filho, Hayley. – eu a ameacei, falando baixo e pausadamente. – Ou eu a matarei com minhas próprias mãos.

—Boa sorte tentando. – ela falou, quase com diversão, e então olhou para Caroline. – Cuide dele.

— É melhor correr, little wolf, pois quando eu a alcançar, não haverá uma única pedra grande o suficiente nesta cidade para protegê-la de mim.

Eu gostaria que minha ameaça fosse verdadeira, pois no momento, eu não acho que conseguiria chegar até a porta. E por um lado, eu não queria levar aquilo à diante. Tyler e Hayley haviam fugido e um complô mágico agia contra mim. Contudo, a fuga, esta grande falha ainda me incomodava, e eu precisava descobrir o culpado para poder puni-lo adequadamente. E acima de tudo, Caroline sabia de tudo, e o mundo perfeito que eu criei se desfizera como vidro barato. Então, nada importava realmente agora.

— Você não pode proibi-la de vê-lo. – falou Caroline, quando Hayley saiu, com uma calma deliberada, enfrentando-me.

— Eu posso e vou. – falei. A raiva me fornecia um ponto vermelho no qual eu podia me concentrar, então a dor poderia ficar em segundo plano.

— Ela é a mãe dele!

— Eu sou o pai dele! – retruquei.

— Você tem mentido este tempo todo... – ela falou, baixinho. Eu congelei, vendo aquele ponto vermelho esfriar. – Você pode fazer isso comigo, mas não faça com Henry. Ele é só uma criança...

— Eu não a quero perto dele. – confessei, com agonia em minha voz.

— Por quê? Ele tem o direito de conhecê-la... – ela argumentou.

— Porque se Henry souber que tem uma escolha, ele vai me abandonar. – falei, sem pensar.

Ambos ficamos em silêncio, enquanto esta simples e pura confissão saía de minha boca e se acomodava no espaço entre nós. A nua e crua verdade que dominava meus medos. Eu sabia que, se Henry soubesse que Hayley existia, que havia a possibilidade de ele ficar com ela, esta seria sua escolha. Por que ele escolheria permanecer comigo, afinal de contas? Talvez, em algum lugar dentro de mim, houvesse um resquício de meu pai. E se isso se manifestar algum dia, Henry não suportaria. Ele não merece tal situação...

—Klaus... – ela sussurrou.

— Não me venha com avaliação sentimental e psicológica, Caroline. – eu falei, dando as costas. – Ela não vai se aproximar dele. E o que você ainda faz aqui?

— Como assim? – ela perguntou, confusa. Eu a encarei.

— Você finalmente tem a sua confirmação. – eu falei, abrindo os braços. – O cruel e monstruoso Niklaus Mikaelson, do qual todos pediram que você se afastasse, está à sua frente. E você continua aqui, ao invés de fugir.

— Klaus, eu não vou simplesmente partir sem saber...

— Sem saber o porquê? – eu completei a sua frase, antes que ela tivesse a chance. – O que você quer que eu diga?

— Diga que eu estou errada, e que isso tudo nunca aconteceu. – ela voltou a chorar. – Diga que eu vou acordar a qualquer instante e perceber que tudo isso é uma obra maligna de meu subconsciente cansado. Diga que não é verdade...

— O nosso mundo perfeito acabou, love. – eu falei, sem emoção. – Não há mais mentiras, e essa é a única verdade.

Ela olhou para mim como se não acreditasse no que estava vendo.

— Por que você hipnotizou Benjamim? – essa é a Caroline Forbes que eu conheço. Não desiste de suas perguntas sob nenhuma hipótese.

— Eu queria que você viesse para New Orleans. – falei, sem rodeios, até mesmo aliviado por acabar com todos os segredos.

— Mas por que minha mãe? – ela tentava secar as lágrimas que escorriam por seu rosto, mas elas continuavam escorrendo. – Não é justo...

— Eu nunca o hipnotizei para se casar com sua mãe. – falei, desgostoso com aquela afirmação. – O relacionamento deles é verdadeiro. Eu só o hipnotizei para ficar próximo dela, protegê-la, me informar de qualquer perigo.

Ela sacudiu a cabeça, contrariada. Ela não acreditava em uma única palavra dita por mim. Bem, eu não podia culpá-la.

— Eu sabia que você nunca deixaria Mystic Falls se sua mãe ficasse sozinha. – expliquei, com um suspiro. – Com Benjamim ao lado dela, você cortou o único laço que ainda a mantinha lá, e então veio para New Orleans. Era só o que eu queria. E eu sabia que alguém poderia tentar me atingir através de você, e Liz é uma maneira muito eficiente de chegar até você. Eu não queria correr riscos.

— E você acha que ela vai ficar feliz com isso? – ela perguntou, sarcástica.

— Ela não precisa saber. – eu dei de ombros. – Como eu disse, ele se apaixonou naturalmente. Eu não fiz isso.

Ela sentou-se no sofá, escondeu o rosto em suas mãos, como se de repente se sentisse muito cansada. Eu não pude evitar pensar que agora poderíamos estar juntos em nosso quarto, em apenas mais uma noite de calmaria, e não lutando no meio deste furacão.

— Por que você me salvou? – ela perguntou, respirando fundo, como se precisasse de toda a sua coragem para fazer tal pergunta.

— Do que você está falando? – eu perguntei, sem entender.

— Marcel. – ela olhou fundo em meus olhos. – Por que você me salvou de Marcel?

— Você está mesmo me perguntando isso? – eu falei, incrédulo.

— Foi por causa dos híbridos? – ela levantou-se e me enfrentou. – Você fez tudo aquilo apenas para finalmente conseguir o seu tão sonhado exército de híbridos?

— Eu precisava deles! – falei, alto demais.

— É claro que precisava... – ela riu. – Você quis tanto isso.

— Você estaria morta se não fosse pelos híbridos! – eu voltei a ferver de raiva. – Se eu entrasse naquele galpão sozinho, Marcel teria tempo de sobra para arrancar seu coração! Eu não podia correr riscos!

— Então por que você mentiu depois daquilo? – ela perguntou, elevando seu tom ao mesmo nível que o meu. – Por que não os deixou ir, como disse que tinha feito?

Eu ri com vontade, ignorando a dor que aquilo causava.

— Às vezes você é tão obtusa, sweetheart. – ela tentou argumentar, mas eu a interrompi. – Você não tem ideia da rivalidade que corre pelas ruas de New Orleans. Cada esquina está cheia de vampiros sedentos de poder, apenas esperando uma mísera chance para tentar tomar esta cidade para si. Para tirá-la de mim.

— Então você apenas os manteve para poder dar continuidade ao seu amor infinito por New Orleans?

— Se você tivesse percebido quantas vezes você esteve em perigo nesta cidade, já teria ido embora. – falei, sem rodeios. – Inúmeras vezes tentaram me atingir através de você, mas cada passo seu foi vigiado. Cada segundo que você passou nesta cidade foi protegido por um, dois, três híbridos. Se você pode caminhar tranquilamente pelo centro é por que eu garanti que você pudesse.

— Eu fui vigiada? – ela pareceu ultrajada.

— Não pense que eu recebi relatórios sobre o que você fez ou quem conversou, Caroline. – eu falei, sem paciência. – Eu precisava garantir sua segurança e a de Henry.

Ela não respondeu.

— New Orleans é o único lugar neste mundo que eu já chamei de lar. – continuei. – Eu achei que aqui teríamos uma chance de ser uma família de verdade.

— Como seríamos uma família de verdade se Hayley estava presa em um porão? – ela falou ultrajada, lembrando-se deste detalhe. – No porão da fazenda para qual você me levou? Onde eu passei dias esperando por você?

— A casa foi atacada, eu tive que improvisar. – falei, dando de ombros. – Era um lugar perfeitamente adequado.

— Como você pôde?!

— Você tinha incontáveis dúvidas sobre mim, Caroline. – eu sussurrei. – Eu precisei eliminar todas elas...

— Com mentiras!

— Com um cenário favorável! – retruquei. – Tyler e Hayley eram desnecessários.

— Então é isso que você faz? Descarta as pessoas que são “desnecessárias”? – ela perguntou, com lágrimas nos olhos. – É isso que vai fazer comigo?

Eu não respondi. Como eu poderia fazê-la entender que ela sempre seria necessária? Que eu necessitava dela para abrir os olhos pela manhã e acreditar que havia razões para acordar?

— Eu fiz tudo o que pude para mantê-la comigo, love. – eu falei, simplesmente. – Mas não posso obrigá-la a ficar. Você me conhece melhor do que qualquer um conhece, ou vai conhecer. Se você vai ficar ou não, já não depende mais de mim.

— Está querendo dizer que quer que eu vá embora? Que não me quer mais aqui? – ela pareceu irritada.

— Não. – eu dei as costas, indo em direção às escadas. – Estou dizendo que não me importo mais.

— Então é assim que vamos terminar? – ela sussurrou.

Eu voltei, olhei nos olhos dela e pensei por alguns segundos, e então deixei que todos os meus pensamentos se condensassem em palavras e saíssem de minha boca.

—Eu fiz de tudo para tê-la comigo, Caroline. Sim, eu menti, escondi coisas de você. Mas fiz tudo isso por que amo você, e não queria que você partisse. Eu fiz o que tinha que fazer para manter você segura e para manter Henry seguro. E se isso faz de mim uma má pessoa, ótimo. Tudo bem, eu posso viver com isso, pois eu fui rotulado assim minha vida toda. Eu sou uma má pessoa, sou aquele que faz tudo o que precisa ser feito sem pensar nas consequências. Eu sou aquele que garante que todas as pessoas que ama fiquem bem, mesmo que para isso, tenha que ferir outras pessoas. E sabe por quê? Porque eu sou egoísta. Eu queria você e Henry só para mim, e para mais ninguém. E eu sei que não posso voltar atrás, e tenho certeza de que não voltaria, mesmo que tivesse a chance. Por que este sou eu. Mas aqui estou, enfrentando você e dizendo tudo o que você precisa ouvir. Isso não muda o fato de que você cravou uma estaca em meu coração e me entregou aos meus inimigos na primeira chance que teve. Mas se acreditar que eu sou a má pessoa desta história lhe traz paz, então que assim seja.

****************

— Papai? – a voz agoniada de Henry surgiu no alto da escada. Ele olhou para mim, olhou para Caroline e então desceu as escadas com pressa, ficando entre nós dois. – O que está acontecendo?

Ninguém respondeu. Ninguém tinha uma resposta.

— Bem, então acho que não me resta alternativa a não ser ir embora. – Caroline falou, tentando parecer leve e casual, mesmo sua voz quebrando no meio da frase.

— O quê? Não! – gritou Henry.

— É preciso, Henry. – ela sussurrou. Notei o fato de ela não mais o chamar de filho, mas não teci nenhum comentário.

— Papai, você não pode deixar ela ir! – Henry chorava.

— Caroline não é minha prisioneira, filho. – falei, sem emoção.

Caroline não disse nada, mas pareceu profundamente atingida por aquela afirmação. Ela abraçou Henry e então foi em direção à porta, tentando ignorar os lamentos e súplicas de Henry.

— Filho, volte para a cama. – falei, com a voz firme.

Henry olhou para Caroline e então para mim. Eu quis arrastá-lo de volta para o quarto e prendê-lo à cama quando vi a decisão em seus olhos.

— Não. Eu vou com a minha mãe.

************

Há certo encanto na solidão. Eu senti o peso do mundo recair sobre meus ombros e meus joelhos não mais me suportavam, então eu me sentei ali mesmo, na escada, enquanto observava Caroline partir com meu filho. Eu não podia detê-los, eu não conseguia detê-los. Eu queria detê-los? Tudo o que eu mais temia estava acontecendo. Tudo o que eu me esforcei para proteger estava acabado, destroçado. Eu havia falhado.

Acho que em algum lugar em minha mente, em algum recôndito escondido, eu sabia que não conseguiria manter aquelas mentiras por muito tempo. E neste mesmo lugar de minha mente eu guardava uma pequena chama de esperança que me fazia acreditar que ela entenderia. Acharia graça, até. Contudo, eu continuei dizendo para mim mesmo que eu não havia feito nada de errado. Eu poderia tê-los matado, mas não o fiz, apenas os mantive presos e sob controle. Isso deveria me garantir perdão, não deveria?

Talvez não. Talvez eu estivesse me iludindo este tempo todo, acreditando que eu poderia ter uma vida feliz e plena, com uma família completa. Eu já deveria ter aprendido que isso está fora do meu alcance, que é apenas uma utopia. Talvez eu não merecesse algo assim...

Levantei-me e decidi procurar Elijah, a única pessoa que continuou do meu lado durante todo este tempo. Rebekah já deveria estar muito longe daqui, decidida a viver uma vida independente. Mas isso era bom, pois eu não queria que ela me visse deste jeito, derrotado e abatido. Eu precisava me reerguer.

*******

Eu encontrei a casa sem nenhuma dificuldade, afinal, eu ajudara a construir. Elijah não queria escolher nenhuma casa pronta, até por que não havia nenhuma tão escondida na floresta quanto ele queria. Então construímos esta a partir do zero, e ele imaginou cada detalhe do lugar.

Eu abri a porta, surpreso ao encontrá-la destrancada. Quando coloquei meus pés dentro da casa, soube que algo estava errado. Avancei cuidadosamente, mas não precisei ir muito longe para encontrar Elijah. Ele estava no chão, logo atrás do sofá, com uma adaga em seu coração. Este dia só melhorava...

— Até você, dear brother...

Eu me ajoelhei ao seu lado, e rapidamente retirei a adaga, deixando-a no chão. Sentei-me ao lado de meu irmão, com minhas costas encostadas no sofá, esperando que o corpo dele percebesse que a ameaça se fora e ele poderia voltar à vida. De repente, ali sentado naquele chão frio, percebi o quão fraco eu estava. Seja lá o que fosse que a bruxa Davina houvesse feito, havia me atingido profundamente. Eu me sentia tonto, com certa dificuldade em me concentrar. Contudo, considerando a situação atual, eu estava contente com este efeito colateral.

Eu só queria ficar aqui, neste silêncio perfeito, sem precisar pensar sobre o que estava acontecendo em minha vida agora. Tentei não pensar em Caroline ou em Henry, tentei ignorar a dor que eu sentia por saber que eles não estavam ao meu lado agora. Eu não estava obtendo muito sucesso...

Elijah acordou, arquejando, forçando ar em seus pulmões. Eu o ajudei a se sentar, tentando fazê-lo se acalmar, perceber que estava tudo bem. Eu não me orgulhava em conhecer tão bem aquela reação, por conta das várias vezes em que eu a presenciei.

— Niklaus... – ele sussurrou.

— Está tudo bem, brother. Você está bem. – falei, baixinho.

— O que está acontecendo? – ele perguntou.

— Esperei que você pudesse me explicar. – respondi.

Elijah se concentrou, tentando se lembrar, tentando organizar seus pensamentos.

— Quem fez isso com você? – perguntei, querendo confirmar minhas suspeitas.

— Silas. – ele falou. – O que ele está fazendo?

Eu me levantei e então ajudei Elijah a se levantar, ambos então descansamos no sofá.

— Eu acho que a história romântica de Silas é verdadeira, afinal de contas. – falei, sem emoção.

— Você está querendo dizer que ele fez tudo isso para destruir o outro lado? – Elijah pareceu surpreso.

— Acho. Como ele chegou até você?

— Katerina.

Eu suspirei. Era óbvio que havia algo errado ali. Katerina jamais cometeria suicídio.

— Presumo que foi assim que ele chegou até Tyler e Hayley. – eu falei, juntando as peças.

— É provável. E então ele a matou. – eu pude sentir a dor na voz dele. – Mas por que Tyler e Hayley?

— Para me atingir, é claro. – eu falei, com irritação. – A primeira coisa que eles fizeram foi contar tudo para Caroline, e agora ela e Henry foram embora.

— Para onde?

— Não sei. – e eu não gostava de não saber.

— Isso não faz sentido, Niklaus... – Elijah se perdeu em pensamentos. – Se ele quer destruir o outro lado, por que atingir você?

— Well, dear brother, eu suspeito que dois motivos o levaram a isso. – eu respondi. – Um deles vem a ser a arma secreta de Marcel para controlar as bruxas.

— Você a encontrou? – ele pareceu surpreso.

— Na verdade, ela me encontrou.

— “Ela”?

— Sim, a arma secreta de Marcel é sua própria filha, Davina. – eu dei um segundo para Elijah absorver a informação. – Que, por acaso, estava escondida em New Orleans.

— Marcel tinha uma filha?

Então eu contei para Elijah como encontrei Marcel, bebendo e caindo pelas vielas de uma cidadezinha próxima a New Orleans, procurando desesperadamente pela morte no fundo de cada garrafa. Ele estava desiludido, tomando pela fúria de ter perdido sua mulher e sua filha. Contou-me sua história, dizendo que o amor dos dois era proibido pela família dela, e que eles fizeram tudo o que podiam para separá-los. Contou-me sobre seu medo e sua felicidade ao saber que ele seria pai, uma alegria que eu só compreendi plenamente há pouco tempo atrás. E então me contou sobre sua dor ao saber que sua mulher e sua filha haviam morrido por consequências de um parto mal realizado.

— Eu nunca desconfiei que a mulher que ele tanto amava era uma bruxa. – eu concluí. – Então nunca passou pela minha cabeça que a criança estava viva. E pelo que vi, ela é uma bruxa muito poderosa.

— O que ela fez?

— Bem, ela controlava todas as bruxas da cidade, e ela é capaz de realizar feitiços poderosos para manter sua aparência física. – eu falei, pensativo. – Davina aparenta ser uma inocente adolescente, mas ela é muito mais velha do que aparenta.

— Bruxas e seus cosméticos mágicos. – disse Elijah, despreocupado.

— E isso não é tudo. – eu falei, lembrando-me do evento macabro que eu presenciara na floresta. – Ela acabou de trazer seu pai de volta.

— Marcel está de volta? – Elijah disse, alarmado. – Como isso é possível?

— Por conta do segundo motivo: Jane-Anne.

Elijah começou a falar alguma coisa, mas parou, suspirando.

— Eis o que eu penso. – continuei. – Silas e Jane-Anne tinham interesses em comum, e isso os uniu. Ela provavelmente quer o controle da cidade, e Silas queria o poder de Davina para destruir o outro lado. Para ter a cidade, Jane-Anne precisaria me matar, e para o feitiço funcionar, Silas precisaria de uma fonte de poder. Um mais um é igual a...

— Dois. – sussurrou Elijah. – Então ele conseguiu? O outro lado foi destruído?

— Não. É aí que fica interessante. – falei, sorrindo. – Eles não esperavam que Davina tivesse seus próprios planos. Ela me usou como fonte de poder, é verdade. Mas apenas para trazer Marcel de volta. Agora, ele habita o corpo de Silas.

— Eu estava ao lado de Jane-Anne quando ela realizou o feitiço. – disse Elijah, furioso. – Eu a vi destruindo a alma de Marcel quando você arrancou o coração dele.

— Ela o enganou. – eu falei, conciliador. – É muito tarde para se censurar por isso, caro Elijah. Ela foi muito esperta. Sabia que Davina seria uma poderosa aliada, e sabia o que a convenceria a cooperar.

— E ela traiu todos eles? – Elijah sorriu em apreciação. – Ela é esperta. E o que você vai fazer agora? Onde estão Tyler e Hayley?

— Os lobos já não me interessam mais. – eu resmunguei. – Eu só os mantinha presos para manter Caroline comigo, então agora não importa mais.

­ — Ela se foi? – ele perguntou, baixinho.

— Eu não sei. – falei, com sinceridade. – Agora, neste exato momento, eu não vejo esperança para nós.

— Você não vai deixá-la ir, não é? – ele arqueou as sobrancelhas.

— Eu não sei. – falei, com sinceridade. Eu não queria pensar sobre isso.

Meu celular tocou em meu bolso. Eu hesitei em atender, pensando em ignorar a ligação. Quando olhei o visor, não reconheci o número. De repente, eu soube que precisava atender. Toquei na tela e aproximei o celular de meu ouvido, mas não falei nada.

— Olá, Niklaus Mikaelson. – eu reconheci imediatamente a voz de Marcel.

— Marcel. – falei, sem emoção.

— Só estou ligando para dizer olá, saber se está tudo bem com você. – ele falou, e eu quase podia ver o sorriso debochado em seu rosto.

— Estou bem, e você? – perguntei, entrando no jogo dele. – Aproveitando o mundo dos vivos?

— Plenamente, pode ter certeza. – ele riu. – É bom respirar novamente!

— Não posso dizer que fico feliz em ouvir isso. – falei, levantando-me. Elijah me observava com atenção.

— Enfim, chega de falar sobre mim. Eu quero falar sobre você, sobre como você tem sido descuidado. – ele ficou subitamente sério.

— Descuidado?

— É muito descuido deixar sua mulher e seu filho passeando sozinhos pela cidade. – eu congelei. – Mas não se preocupe. Eu vou tomar conta deles.

*********************


Caroline POV

A estrada se estendia, longa e deserta, à minha frente. Eu dirigi calmamente, pensando em tudo o que havia acontecido. Henry seguia calado ao meu lado.

— Você está bem? – perguntei, preocupada.

— Não sei. – ele falou, sinceramente, com os olhos focados na janela, observando o mundo que deixávamos para trás.

— Como foi? – perguntei, sem tirar os olhos da estrada.

— Estranho.

— Estranho?

— É. Estranho. – ele deu de ombros. – É estranho conversar com alguém que você nunca viu na vida, sabendo que é sua mãe.

— Eu nem consigo imaginar... – falei, baixinho. – Sobre o que vocês conversaram?

— Sobre tudo. Ela quis saber sobre as coisas que eu gosto, o que aconteceu quando eu estava... doente. – ambos estremecemos com a lembrança. – Ela queria saber se você e o papai cuidavam bem de mim.

— E o que você achou disso tudo? – eu sondei.

­— Ela é legal. – ele deu de ombros.

— Você gostaria de vê-la novamente?

— Acho que sim.

Eu podia ver a incerteza que rondava a mente dele. Tudo era simplesmente... demais para ele. Estávamos jogando tanta informação ao mesmo tempo sobre os ombros dele, e isso o estava afetando. Era muito cedo para dizer o que seria do relacionamento dos dois, mas eu tinha um bom pressentimento a respeito. Eles mereciam isso, não importa como eu me sinto sobre isso. Não depois de saber o que Hayley passou até agora.

— Por que fez aquilo com o papai? – Henry perguntou, arrancando-me de meus pensamentos.

Eu congelei, e quase perdi a direção do carro.

— O que? – sussurrei.

— Ela me contou. – Henry olhava fixamente para mim. – Contou por que estava lá, por que vocês saíram e o que estava acontecendo.

— Por que ela contou isso? – eu amaldiçoei Hayley em minha mente.

— Ela disse que eu não precisava de mais mentiras.

Eu suspirei. Ao menos ela tinha razão.

­— Você quer a verdade? – perguntei, levemente irritada. – Eu não sei. Essa é a verdade. No momento em que vi seu pai gritando de dor eu me arrependi de tudo o que eu fiz. Mas eu estava tão furiosa, tão esperançosa para ter Bonnie de volta que eu nem mesmo pensei. Eu só... fiz.

— Você deveria ter pensado...

— Eu cometi um erro, ok?! – eu o interrompi. – Às vezes as pessoas cometem erros.

Ele ficou em silêncio por conta de minha pequena explosão. Quando eu terminei de falar, imediatamente desejei poder colocar todas aquelas palavras de volta em minha boca. Henry não tinha culpa nenhuma nesta confusão. E se isso estava uma confusão, a única culpada sou eu.

— E agora? – ele falou com cuidado.

— Eu não sei. – falei, com sinceridade.

A variável mais importante nesta equação era Klaus. A verdade é que não importa o quão arrependida eu estivesse, ele nunca iria me perdoar por isso. Infelizmente, eu temia que amor nenhum pudesse superar isso.

— Cuidado! – gritou Henry, assustando-me.

Havia alguém no meio da estrada, e de alguma maneira, eu consegui frear o carro de atingi-la. Contudo, quando percebi quem era, desejei ter acelerado o máximo possível.

Marcel sorria da maneira mais diabólica que eu já vira.

***********************

— Olá, Caroline. Eu senti sua falta.

Olhei em todas as direções, freneticamente, tentando estipular uma rota de fuga. Em questão de segundos o meu sistema nervoso enviou a mensagem mais importante para o meu cérebro: preciso tirar Henry daqui. Olhei para trás e vi Davina no meio da estrada, com seus olhos fixos no carro. Ela não parecia feliz.

— Não há para onde fugir, Caroline. – ele anunciou, alto e claro. Estava muito satisfeito consigo mesmo. – Apenas saia do carro.

— Não saia do carro. – falei, baixinho, para Henry.

— Saia, Henry. – Marcel ordenou, sério, mas voltando à sua face sarcástica quase que imediatamente. – Eu não quero que você perca a diversão.

— Papai. – Davina chamou, temerosa, enquanto eu saia do carro. Ele a silenciou com apenas um olhar.

Em um piscar de olhos eu estava do outro lado do carro, e quando Henry saiu, eu me mantive entre ele e Marcel.

— É tão bom poder finalmente conhecer o filho pródigo de Niklaus Mikaelson. – era-me estranho olhar para Marcel, sabendo que aquele era o corpo de Silas e que ele era exatamente igual a Stefan. Fazia-me desejar que Stefan aqui agora...

— O que você quer, Marcel? – perguntei. Ele riu com vontade.

— Você realmente acabou de fazer esta pergunta idiota, Caroline. – ele riu e então parou gradativamente, suspirando pesadamente no final. – O que você acha que eu quero?

Ele começou a andar de um lado para o outro, vagarosamente, decididamente, como um predador brincando com sua presa, divertindo-se antes do ataque. Os faróis do carro o iluminavam, como um holofote em um palco, e eu sabia que Marcel estava em seu habitat natural. A cena era assustadora.

— Deixe-me recapitular, caso você tenha esquecido. – ele ergueu um dos dedos, contando. – Eu deveria ter matado você, o que é uma tarefa pendente em minha lista. E então Klaus me matou. E aquela bruxa de quinta categoria prendeu minha alma em algum tipo de limbo. Isso tudo me afastou durante todo este tempo de minha filha. Estou esquecendo-me de alguma coisa?

— Você não precisa fazer isso, Marcel. – eu apelei. – Henry não tem nada a ver com isso. Deixe-o ir, por favor.

— Não tem nada a ver com isso? – ele gritou. – Ele me afastou de minha filha. Nada mais justo do que eu afastá-lo de seu filho.

Henry tremia, tentando conter o choro. Meu sistema nervoso voltou a gritar. Eu precisava tirá-lo dali.

— Davina, por favor. Eu sei que você não quer machucá-lo. – eu não sabia nada sobre a ligação dos dois. Era um tiro no escuro, mas eu precisava tentar. – Você sabe que isso não é justiça. Por favor, deixe-o ir.

— Papai. – ela falou, chorosa, olhando para Henry.

— Calada, Davina! – ela gritou.

— Marcel! – eu ouvi o grito de Klaus ecoar pela noite.

Klaus e Elijah avançavam pela estrada decididos, avaliando a situação. Davina começou a se mover em direção a Marcel, afastando-se dos dois. Eu comecei a afastar Henry de Marcel, cada vez mais próximo de Klaus e Elijah, e então apenas sussurrei em seu ouvido:

— Corra.

Ele foi para os braços do pai. Klaus certificou-se o mais rápido possível que não havia nada de errado com ele, e então voltou sua atenção a Marcel. Ele nem mesmo olhou para mim.

— Como você se atreve? – Klaus rosnou.

— Saudades de mim, Klaus? – Marcel riu.

— Você vai queimar no inferno, Marcel. Eu garantirei isso. – Klaus estava furioso, mas visivelmente fraco.

— Estive lá. Voltei mais forte do que nunca. – ele fez um leve aceno com sua mão e o carro foi arremessado contra as árvores ao lado da estrada, deixando todos atordoados. – Um pequeno benefício ao assumir o corpo de um bruxo poderoso. Os poderes ficam.

Não sei como descrever o que aconteceu a seguir. Marcel arremessou todos nós para longe, mantendo apenas Henry na estrada. Eu me choquei contra uma árvore, quebrando vários galhos no meio de minha queda ao chão. Senti uma dor aguda no braço direto e vi que um galho o estava atravessando. Respirei fundo e então o puxei de uma única vez, gritando de dor. Contudo, não tive tempo de me concentrar na dor. Voltei correndo para a estrada, e vi Marcel se aproximando calmamente de Henry. Ele estava aproveitando cada segundo.

No outro lado, Klaus e Elijah também tentavam se aproximar deles, sem sucesso. Eu avancei também e então foi como se um vento muito forte me atingisse e me lançasse para trás. Percebi que esta era a maneira de Marcel nos manter longe. Eu tentei avançar, cravando meus dedos na terra, tentado rastejar até lá. A dor queimava meus braços por conta da força que eu precisava exercer para avançar. Klaus e Elijah não estavam tendo a mesma sorte. Acho que Marcel não se preocupava realmente comigo.

Henry não se movia. Eu não sabia se era por que Marcel o estava impedindo, ou simplesmente estava petrificado de medo. Quando Marcel o alcançou, uma de suas mãos envolveu o pescoço de Henry e o ergueu acima do chão, e sua outra mão se iluminou, como estivesse pegando fogo. Eu exerci o triplo de força em meus braços.

Consegui avançar e em algum ponto invisível o vento parava, como se aquele fosse seu ponto inicial. Rapidamente, me lancei sobre Marcel. Henry caiu no chão. Eu não sabia o que fazer, mas Marcel foi mais rápido, dominando-me, e em questão de segundos eu estava no chão e ele estava sobre mim. E em um piscar de olhos sua mão em chamas atravessou meu peito e atingiu meu coração, e eu sabia que aquele seria o fim.

E então terminou. A dor parou e eu ouvi um grito, que eu não sabia identificar a origem. Só então percebi o pânico nos olhos de Marcel e o vi levitando sobre mim.

— Você disse que ninguém se machucaria. – ouvi Davina dizer, mas sua voz estava muito distante, muito baixa para eu ter certeza. – Você disse que Henry não estaria aqui. Você mentiu para mim.

— Davina, minha filha. – Marcel engasgou-se. – Não faça isso.

— Você não é o mesmo, papai. – ela parecia chorar. – Você nunca faria uma coisa dessas. Eu cometi um erro. Não deveria tê-lo trazido de volta.

— Davina, não! – ele tentou falar.

— Desculpe, papai. – sim, ela estava chorando. Eu olhei em sua direção, apenas uma garotinha com lágrimas no rosto, uma mão estendida e um coração magoado. Eu tentei ver seus olhos, mas minha visão estava ficando embaçada.

— Davina! – Davina apertou seus dedos e fez um gesto brusco. Marcel gritou, e seu grito ecoou por toda New Orleans.

E então veio o silêncio. Contudo, ele não durou muito. Logo, vários rostos entravam e saiam de meu campo de visão, mas eu estava com dificuldades em meu concentrar em qualquer um deles. Eu estava fraca, muito fraca. Queria dormir.

— Caroline! – eu reconheci a voz de Klaus, reconheci o toque de sua mão em meu rosto. – Por favor, fique acordada!

Tentei encontrar minha voz. Tentei responder, mas não consegui.

— Davina! – gritou Henry. – Por favor, ajude-a!

— Eu não posso... – ouvi uma voz chorosa.

— Agora! – Klaus gritou, furioso. Eu queria pedir que parassem, que ficassem em silêncio. Queria dormir...

— Eu não posso... Meu pai usou um feitiço muito poderoso. – ela soluçava. – Está correndo no sangue dela. Vai matá-la logo...

— Se você não fizer alguma coisa, você morrerá em dois segundos, está entendendo? – Klaus ameaçou.

Eu via as estrelas. A noite estava tão bela, tão pacífica. O asfalto não era desconfortável, eu quase não o sentia. Eu só conseguia ver as estrelas, aqueles pontos brilhantes contra o manto negro do universo que se estendia infinitamente diante de meus olhos. Eu queria ver quem estava ao meu redor, mas não conseguia mover minha cabeça. Estava pesada, muito pesada.

— Eu não posso simplesmente desfazer! É muito complicado...

— Descomplique! – Klaus ordenou.

— Eu não tenho nada para canalizar! – Davina falou. – Não tenho forças para fazer algo assim!

— Você tem a mim. – Klaus falou, sério. O que estava acontecendo?

— Klaus você está fraco. Se eu fizer isso, você pode acabar morrendo antes mesmo que consiga salvá-la. – Davina falava muito rápido.

— Faça! – Klaus gritou. Não... tentei falar, tentei protestar. Parem, por favor...

— Papai... – Henry chorava.

— Davina, se você não fizer, eu vou cortar em sua garganta em um piscar de olhos. – Klaus ameaçou.

E então um cântico baixo começou bem ao meu lado, e uma mão pequena descansou em minha testa. Eu ouvi gritos, muitos gritos. O cântico ficou mais forte, quase se transformando em gritos também. Eu senti meu sangue ferver, e olhei para as estrelas.

Eu reconheci Ara. Ou pelo menos, achei que tivesse reconhecido. Gostaria de ser capaz de perguntar a Henry se eu estava correta. Olhei fixamente para ele, enquanto os gritos continuavam.

Uma a uma, as estrelas foram se apagando, até que não restou mais nada além de escuridão e silêncio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E acabou. The end.


Brincadeira, ainda tem um epílogo!
Deixem-me saber o que vocês acham. Quando ver o feedback de vocês, volto com o epílogo. Já está pronto, só quero saber o quanto vocês o querem. :D

Até! :DD



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Seu último amor - 2ª temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.