Seu último amor - 2ª temporada escrita por Jeniffer


Capítulo 17
Epílogo - O outro lado


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
Aproveitem o final!



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“Era bom preencher o vazio que havia em mim, há tempos, com algo digno de nota. Com algo que se sentia, porque, afinal, toda pessoa com um buraco interno, inicialmente, precisa urgentemente de algo que a faça se sentir viva.

O interessante desse tipo de aprendizado é que ele é um caminho sem volta. Porque logo que você espia pelo buraco do muro e descobre o que existe do lado de lá, fica difícil retornar à mesma visão do mundo do lado de cá.

Espíritos de gelo, de Raphael Draccon. Citação da página 91, na edição de 2011 da editora Leya.

(outside view)

Caroline olhava o jardim através da janela, um sorriso tranquilo em seus lábios. Klaus se aproximou vagarosamente e a abraçou, descansando sua cabeça no ombro dela.

— É quase irreconhecível. – ele falou, referindo-se ao jardim.

— Sim, é mesmo. – ela concordou.

— É difícil de acreditar que nosso casamento foi mesmo aqui. – ele perdeu-se na lembrança. – Estava tudo tão...

— Mágico? – ela sugeriu o complemento da frase.

—Exato. – ele sorriu.

— Como você está? – ela virou-se na direção dele, eles ficaram frente a frente. Um vinco de preocupação se formou em sua testa.

— Eu estou bem. – Klaus acariciou o rosto de Caroline.

— I’m so sorry... – ela sussurrou, com a voz embargada.

— Não, love. Não fique assim. – ele a abraçou, aninhando-a em seu peito, tentando acalmá-la.

— Eu me arrependi tanto... – ela irrompeu em prantos, soluçando.

— Eu sei.

O sol do meio da tarde iluminava a sala, e o dia estava tranquilo. O choro de Caroline, por alguns minutos, foi o único som emitido na casa.

— Eu estava tão furiosa, tão cega...

— E com razão, sweetheart. – Klaus a soltou, fazendo com que ela olhasse para ele. – Eu nunca deveria ter mentido para você. Eu estava tão desesperado pelo medo de perder você que agi sem pensar.

— Eu achei que tinha perdido você... – ela sussurrou.

— Eu também pensei isso. – ele suspirou dolorosamente. – Eu não via como poderíamos continuar depois de tudo. Mas quando me vi sem você, não sabia como continuar. As coisas não faziam mais sentido. Eu sempre fui solitário, love. Não fazia ideia que poderia sentir tanto a falta de alguém.

— Eu também não sabia o que fazer. – ela entrelaçou seus dedos com os de Klaus, olhando rapidamente para sua aliança, no lugar onde pertencia. – Eu desejei tantas vezes voltar no tempo e consertar tudo.

— Temos muito que consertar, love. – ele falou. – Mas o que importa é que vamos consertar juntos.

— Você já resolveu tudo com Tony? – ela perguntou.

— Sim. – Klaus recostou-se na parede ao lado da janela. – Os híbridos estão com Tyler e Hayley. Os que sobraram, ao menos. Tony concordou em continuar protegendo a cidade, para evitar uma nova onda de caos. Contudo, ele dá as cartas de agora em diante, é claro.

— E isso incomoda você?

— Não tanto quanto achei que incomodaria. – ele deu de ombros. – New Orleans ainda é meu lar. Eu apenas perdi burocracia e responsabilidades.

— E Elijah? – ela perguntou, cruzando os braços.

— Com Rebekah. Ele merece um tempo longe daqui... – Klaus suspirou e então sorriu. – E sua mãe?

— Está bem. Decidi não contar nada a ela. – ela respondeu, pragmática.

— Tem certeza disso, sweetheart? – ele perguntou, preocupado.

— Tenho. Ela merece ser feliz, e isso é só o que importa para mim. – Caroline suspirou, aliviada. Ela estava tranquila por saber que a mãe estava bem. – E Davina? Ela foi uma surpresa e tanto...

— Sim, foi mesmo. – Klaus pareceu preocupado por um instante. – Mas ela gosta genuinamente de Henry, e provou que nunca faria nada para machucá-lo. Isso me acalma...

—Sim, é verdade. Nunca pensei que ela seria capaz de matar o próprio pai... – Caroline falou, baixinho. – E Jane-Anne?

— Outra surpresa. Mas não tão surpreendente. – Klaus falou. – Ela desapareceu. Acho que está se escondendo, mas não me importo com ela, para falar a verdade.

— Está quase na hora. – disse Caroline, checando o relógio em seu pulso.

Klaus sorriu e eles foram em direção à sala de estar, e se sentaram no sofá, observando a janela. Passados alguns poucos minutos a sala começou a ser preenchida por diversos pontos de luz, como pequenos arco-íris. O cristal, agora no alto da janela da sala, fora finalmente atingido pela luz solar e difundia a luz por todo o ambiente.

— Até mesmo as pessoas mais desacreditadas poderiam criar coisas fantásticas, se forem estimulados pela força correta. – disse Caroline, lembrando-se de Paris. – Acho que essa é a resposta, afinal de contas.

— Resposta para qual pergunta? – Klaus questionou.

— Para a pergunta: “O que aconteceu conosco?”. – ela olhou para ele. – Fomos estimulados pelas forças erradas. Enfrentamos um período de escuridão.

— Mas há luz agora. Isso é só o que importa. – Klaus olhou para o cristal. – Fico feliz que você tenha entregado cópias da nossa chave aos convidados.

— Outros motivos, e novas chances, e novas chaves. – disse ela. – Espero que nós nunca nos esqueçamos disso.

—Há algo de eterno em nós, love. – disse Klaus, em tom solene. – Algo de insubstituível.

—Acho que isso é amor. – falou ela, com um sorriso nos lábios.

— Talvez esta seja a resposta, no final das contas.

********

Henry entrou na casa, feliz e descontraído.

— Encontrei vocês! – falou ele, quando viu Klaus e Caroline.

— Nós sempre estamos aqui, filho. – falou Klaus, sorrindo.

— Eu queria conversar com vocês... – ele falou, sentando ao lado dos dois.

— O que foi, filho? – Caroline perguntou, preocupada.

— Eu estivesse conversando com a Davina, e ela quer viajar, me mostrar outros lugares. – ele falou animado, mas logo se contendo. – Nada muito longe daqui, não se preocupem.

— Eu não vejo problema nenhum nisso. – Klaus falou, divertindo-se com a preocupação do filho. – O mundo tem muito a oferecer. É um desperdício permanecer apenas em New Orleans.

— Pois é. – disse ele, concordando. – Por isso eu pensei em levar Hayley conosco.

Klaus ficou em silêncio e Caroline discretamente tomou sua mão, indicando que estava ali, que o estava apoiando.

— Eu acho uma ótima ideia. – Klaus falou, com sinceridade. – Ela é sua mãe, afinal de contas. Você merece conhecê-la.

— Legal! Isso é ótimo! – Henry levantou-se, feliz. – Eu vou contar à Davina!

­— Mas é melhor você planejar muito bem esta viagem, filho. – Caroline o advertiu. – Quero saber onde você vai, onde pretende ficar, por quanto tempo e o que vai fazer.

— Tudo bem, mãe. – disse Henry, rolando os olhos para a superproteção de Caroline. – Eu vou lhe dizer tudo isso quando decidirmos tudo isso. Agora preciso ir, pois Davina está me esperando.

— Onde vocês vão? – perguntou Caroline, rapidamente.

— Passear por aí. – Henry foi em direção à porta, mas voltou para abraçar os dois. – Eu volto cedo. Prometo.

— Estaremos aqui, filho. – disse Klaus, abraçando-o. – Aproveite o dia.

Henry virou-se para um último aceno e então saiu. Klaus e Caroline estavam à porta, acenando, como dois autênticos pais orgulhosos de seu filho. Quando Henry desceu às escadas em direção à rua virou-se para mandar um beijo aos dois, mas já não mais os viu. Ele baixou a cabeça e partiu.

— Ele vai ficar bem. – falou Caroline, observando-o sair.

Klaus não respondeu, apenas a abraçou, enquanto Henry se afastava. Sim, Henry ficaria bem, ele sabia. Todos ficariam bem. E ele, assim sendo, seria feliz. Tão feliz quanto estava neste exato momento. E pela primeira vez isso bastava.

********

Davina estava sentada placidamente em um banco da praça, os olhos fechados, o rosto voltado para o sol, um sorriso nos lábios. Estava aproveitando o dia de calmaria depois da tempestade.

— Oi. – disse Henry, fazendo-a abrir os olhos.

— Oi. – disse ela, seu sorriso se expandindo.

— Eu lhe trouxe um presente. – ele estendeu uma caixa branca, que Davina já havia notado antes mesmo de ele mencioná-la.

Ela abriu e então analisou o presente, fascinada.

— É o esqueleto vitrificado de uma esponja do mar. – esclareceu Henry. – E os esqueletos de um casal de camarões dentro.

— Eu sei. – Davina sussurrou. – Li sobre eles, mas nunca tinha visto um.

— Você gostou? – ele perguntou, ansioso.

— Eu adorei. – ela falou, em tom de pura admiração. – É um belo jeito de dizer que amor e casamento são prisões que duram a vida inteira.

— É o que minha mãe diz. – disse Henry, rindo. – Mas é só uma metáfora.

— Como assim?

— Bem, meu pai diz que é algo para nos fazer pensar. – Henry explicou. – O casal de camarões está preso, mas com o amor de suas vidas. Então, isso é algo ruim?

Davina ficou em silêncio, ponderando.

— É uma bela metáfora. – ela sussurrou, guardando o presente de volta à caixa.

— É mesmo.

****************

— Você vai para casa? – Henry perguntou. A noite já caíra em New Orleans e ele estava ansioso para voltar para casa.

— Agora não. Tenho algo para resolver antes. – disse Davina. Ela ficou nas pontas dos pés e beijou Henry delicadamente, fazendo-o enrubescer. – Cuide-se, ok?

— Tudo bem. Você também.

Davina foi embora, decidida. Ela sabia para onde ir. Avançou pelas ruas de New Orleans como se estivesse lendo um mapa. Sabia onde virar, que direção seguir, que beco servia de atalho. Até que encontrou o que procurava.

O prédio estava na área mais afastada do centro, e estava em ruínas. Ela avançou com cuidados, com medo de ver tudo desabar. Nem mesmo precisou procurar por muito tempo, pois a respiração alta e sofrida de Jane-Anne era audível a uma distância considerável.

— Eu sabia que você me encontraria. – disse ela, com dificuldade.

— É claro que sim. – Davina exibia um semblante fechado. Uma predadora com um alvo, totalmente concentrada.

— Você estragou tudo, Davina. – Jane-Anne riu debilmente. – E agora veio até aqui para me matar. Ah, a ironia...

— Você não merece viver, Jane-Anne. – ela falou, como se fosse óbvio.

— Eu sei que você vai me matar. – ela deu de ombros, como se já tivesse aceitado tal fato. – Mas antes me diga como você o encontrou?

— Este foi o seu maior erro, Jane-Anne: subestimar-me. – agora foi a vez de Davina rir. – Quando você disse que estava com meu pai, eu comecei a procurar imediatamente. Não demorei muito para encontrá-lo. Seu feitiço de ocultação era uma piada.

— Hey, era muito bom! – ela protestou, debilmente.

— Pequena dica para o futuro: sangue humano é a melhor opção. – disse Davina, divertida.

— Boa dica. – ela respondeu, impressionada. – Mas não acho que eu terei um futuro para testá-la.

— Não, não terá. – disse Davina, erguendo sua mão na direção de Jane-Anne, mas parando quando a viu tossir violentamente. – O que há de errado com você? Por que está tão fraca?

— Fiz um feitiço grande, e isso me consumiu. – ela falou, debilmente.

— O que você fez? - Jane-Anne não respondeu, apenas tossiu. Davina ergueu sua mão e em um segundo Jane-Anne estava suspensa no ar. – Eu perguntei o que você fez!

— Tirei um peso da minha consciência, ok? – ela falou, irritada.

— Que feitiço pode ter te consumido desta maneira? – Davina não entendia.

— Eu derrubei o véu. – finalmente ela confessou.

— É um feitiço grande, mas nunca a deixaria deste jeito. – observou Davina, astuta.

— Não, mas quando você derruba o véu apenas um lugar, e para pessoas específicas, isso quase mata você. – disse Jane-Anne, como se explicasse um mais um.

— Onde você derrubou o véu? – Davina perguntou, baixinho.

Jane-Anne, com um sorriso, apenas disse:

— Na casa do Klaus. – ela engasgou-se, tentando explicar. – Eu delimitei o espaço e ao menos lá, não há véu que separe os dois deste mundo. Assim eles ainda podem cuidar do filho, desde que estejam dentro da casa, onde podem ser vistos. Mas eu ainda precisei garantir que só eles pudessem ser vistos, para evitar outros seres do outro lado aproveitando-se desta brecha.

— Por que você fez isso? – Davina estava estupefata.

— Todos nós cometemos erros.

Davina girou seu pulso e o pescoço de Jane-Anne se quebrou. Um estalo de seus dedos e o corpo estava em chamas.

Enquanto se afastava, Davina pensou em Klaus e Caroline, e no casal inusitado e ainda assim perfeito que eles formavam. Lembrou-se de Henry,seu delicado presente e sua pressa de voltar para casa.

Então Klaus e Caroline estavam presos para sempre... Mas estavam presos com o amor de suas vidas. Isso não pode ser algo negativo, não é mesmo?

— Definitivamente, uma bela metáfora.


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Notas finais do capítulo

Meus queridos, este é o final de “Seu último amor”. Espero que todos tenham gostado, que ninguém esteja me odiando agora, mas principalmente, que entendam o rumo que eu dei para as coisas. ;)
Eu amei escrever a história, aproveitei cada segundo. Muito, muito, muito obrigada a todos que comentaram, acompanharam, favoritaram e recomendaram a fic! Eu não consigo expressar o meu carinho por vocês e por esta experiência! Eu poderia escrever outro capítulo de 6 mil palavras só com agradecimentos a vocês!
Caso vocês tenham perguntas, deixem nos comentários, ou por mensagem. Responderei todas elas. Mas já digo aqui que não penso em escrever uma terceira temporada, simplesmente porque não planejei nada além disto.
Aos leitores me acompanham desde o começo, todo meu amor à vocês!
Aos leitores que perdi, espero vê-los por aqui novamente algum dia.
Muito, muito, muito obrigada!
Nos vemos por aí... :D
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(22/12/2015)
Estas notas estavam em um capítulo separado, algo proibido pelas regras do site (o que me rendeu uma bela advertência), então vou deixar algumas explicações por aqui.
Acredito que o final tenha ficado um tanto confuso para algumas pessoas, mas a intenção era deixá-lo aberto à interpretações.
Em todos os casos, o véu foi derrubado somente na casa do Klaus, assim sendo, eles só podem ser vistos e só podem interagir com outras pessoas quando estiverem por lá. Foi apenas uma maneira de complementar a metáfora e encerrar a história.

Também gostaria de dizer que não tenho palavras para agradecer todo o carinho que esta fic recebeu, e continua recebendo de vocês! Muito obrigada! Vocês são incríveis e eu os amo por isso!