Seu último amor - 2ª temporada escrita por Jeniffer


Capítulo 13
Casamento


Notas iniciais do capítulo

Que semana, hein?!



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“— Tentei lutar, mas em vão. Não consigo mais. Não posso reprimir meus sentimentos. Você tem de me permitir dizer com quanto ardor eu admiro e amo você.”

Orgulho e preconceito, de Jane Austen. Citação da página 349 na edição de 2012 da editora Martin Claret.


(outside view)

Jane-Anne, Silas e Davina se aproximaram da casa calmamente.

— Nós precisamos nos apressar. – falou Davina.

— Você os enfeitiçou, Davina. – falou Jane-Anne, com impaciência. – Não há motivo para pressa.

— Aqueles vampiros fazem parte do mais alto patamar de hierarquia do Quarter por uma razão. – Davina estava perdendo a paciência. – Eles foram designados para me proteger. Você realmente acha que eles não vão perceber os lapsos de memória mais cedo ou mais tarde?

— Não, a menos que você permita que percebam.

— Ok, baixem as varinhas. – advertiu Silas, em tom de brincadeira. – Vamos terminar logo com isso.

Silas abriu a porta e as guiou para dentro da casa, mesmo que não fosse necessário mais do que dois passos para encontrar o que eles procuravam.

— Nós realmente vamos acordar um original? – perguntou Jane-Anne, cutucando Elijah com o pé para garantir que ele estava temporariamente morto.

— Ele é um buraco na história, uma ponta solta que precisamos amarrar. – disse Silas, como se fosse muito óbvio.

— Ele parece bem amarrado para mim. – ela deu de ombros.

— E é por isso que eu estou no comando e não você. – Silas sorriu.

— Você deixou este buraco na história. – ela apontou para Elijah. – E é por isso que eu deveria estar no comando, e não você.

— Achei que isso seria rápido. – murmurou Davina.

— E será. – Silas se abaixou e retirou a adaga do coração de Elijah. – Não podemos deixá-lo assim. Logo, Klaus notara o sumiço do irmão, e nós não queremos isso.

— Não, não queremos. – disse Jane-Anne. – Klaus precisa ficar no escuro até que chegue a hora de matá-lo.

— Então, o que vamos fazer? – perguntou Davina.

— Nós vamos acordá-lo e fazer com que ele converse com Klaus, esclareça seu desaparecimento. – explicou Silas. – E depois, esta adaga voltará para o mesmo lugar onde estava.

—Você não acha que isso vai ser estranho? – Davina disse, ironicamente.

— É claro que não. – Silas pareceu irritado.

— Klaus vai se casar. – Davina quase gritou. – Elijah não estar no casamento do irmão é muito mais estranho do que ele simplesmente desaparecer.

— Ela tem razão. – Jane-Anne falou.

— Ok, ok. – Silas disse, cansando. – Vamos apenas mexer com a mente dele, então. Ele não pode andar por aí falando demais.

— É um bom plano. – Davina sussurrou.

— Mas eu vou guardar a adaga. – Silas informou. – Elijah não será útil para sempre.

Davina olhou para Elijah, que já começava a voltar à vida.

— Preparem-se, bruxas. – riu Silas. – Está na hora de derrubar um original.

**************

— Com renda ou não? – perguntei, mas para mim mesma.

— O que você achar melhor. – respondeu Klaus, sem olhar para mim.

Os modelos de convites espalhavam-se pela mesa, em uma profusão de cores, tamanhos e promessas. Klaus não estava necessariamente envolvido na preparação do casamento, por mais que eu tentasse envolvê-lo. “O que você achar melhor” se tornara sua resposta padrão.

O tempo estava passando e eu estava completamente envolvida com a organização do casamento, decidindo e pensando cada detalhe. Não posso dizer que não gostava disso, pois eu gostava. Eu aproveitei a oportunidade para esquecer todas as coisas negativas que caíram sobre mim nos últimos tempos. Mergulhei de cabeça no processo de organização do dia mais importante da minha vida, nadando em um mundo de luzes, vestidos e decoração, onde não havia culpa ou tristeza, apenas esperança.

Klaus ficará à margem, e seus pés mal tocavam a água. Contudo, isso não o tornara negligente conosco. Ele passava o tempo todo comigo e Henry, sempre presente, sempre preocupado. Desde que me pedira para começar a organizar o casamento, Klaus adquirira o hábito de questionar-me o tempo todo, sobre meu bem-estar, sobre meus pensamentos, sobre meu dia. Porém, quando eu falava sobre qualquer detalhe do casamento, ele se tornava vago, distante. Quando o questionei a respeito, ele apenas disse que confiava plenamente em minha capacidade de organizar o casamento, e que gostaria que cada detalhe fosse uma surpresa para ele também.

Quanto a Henry, ele o acompanhava constantemente. Eu me sentia culpada por não passar tanto tempo com os dois, mas de certa maneira, minha distância criou um espaço para que os dois pudessem se aproximar. Agora que Henry estava bem, queria estar próximo de nós o máximo de tempo possível. Ele não abandonara seu hábito de observar as estrelas e ficar sozinho no jardim, e ainda fazia isso de vez em quando. Quando não estava no jardim, estava compondo. Eu nunca tivera a chance de ouvir a música completa, pois ele sempre dizia que faltava uma parte, ou que o começo precisava ser melhorado.

E o tempo todo, Klaus estava atento ao seu celular. Por vezes se afastava para atender ligações urgentes, e às vezes até saía de casa com afobação, sempre prometendo voltar logo. Hoje, ele saíra no meio da tarde, mas retornara em menos de uma hora, parecendo preocupado.

Enquanto eu olhava para as inúmeras opções de convites, o celular dele tocou. Klaus levantou-se e foi em direção à biblioteca.

— Eu gosto deste... – murmurei para mim mesma.

Um convite se destacava e me chamava à atenção, como se brilhasse no meio daqueles papéis. Eu peguei e senti a textura do papel grosso, nobre, suave ao toque. Ele possuía uma delicada renda que o enfeitava até quase o final, e era fechado por um pequeno e meigo laço de fita branca, assim como a renda. Desfiz o laço e li as letras inclinadas e decoradas escritas à mão por alguém com muito talento e que anunciavam o casamento de Tom Marvery e Alice Stohl. O convite não passava de uma folha dobrada ao meio, mas era lindo e cativante.

— O que acha, filho? – perguntei a Henry, exibindo o convite. Ele tirou os olhos do piano por um segundo e o analisou.

— Parece mesmo algo que você gostaria. – ele falou, com um sorriso.

— Por causa da renda? – eu ri.

— Não. Por que é simples, prático e ainda assim, bonito. – ele deu de ombros. – E você sempre faz qualquer coisa simples se transformar em algo bonito.

Ele voltou sua atenção ao piano e eu apenas fiquei olhando para ele, com um sorriso bobo no rosto, até que Klaus voltou para a sala, parecendo preocupado.

— Alguma coisa errada? – sondei.

— Não sei. – ele respondeu, sentando no sofá. Estava confuso, evasivo.

— Quem era no telefone? – incitei.

— Elijah.

— Faz tempo que ele não dá noticiais. – constatei. E com “tempo” eu quero dizer “alguns dias”. Mas isso era muito estranho, vindo de Elijah. – O que ele disse?

— Ele disse... – Klaus parou, buscando as palavras corretas. – Que Katerina cometeu suicídio.

Eu fiquei muda. Henry interrompeu sua composição e olhou para o pai.

— O que? – falei, um tanto alto demais.

— Exatamente. – Klaus deu de ombros.

— Katerina? – Henry parecia confuso. – A namorada do tio Elijah?

— Exatamente. – repetiu Klaus, também com dificuldade para entender a situação.

— Katherine Pierce cometeu suicídio? Isso não é possível. – falei, ainda alto demais. Eu não conseguia entender.

— Elijah está devastado. Aparentemente aconteceu enquanto ele estava conosco. – Klaus olhava para o nada. – Ele está se culpando.

— Ela fugiu por quinhentos anos para terminar se suicidando? – eu perguntei, descrente.

— Katerina nunca se imaginou em uma situação como esta, eu suponho. – Klaus divagou. – Muitos vampiros recém-criados enlouquecem, se desesperam. Acho que o processo inverso tem o mesmo efeito. E o suicídio já foi uma saída para Katerina antes.

— Deveríamos trazer Elijah para cá. – eu afirmei, olhando para Henry, que concordou prontamente. Ele adora Elijah, e adoraria tê-lo por perto.

— Ele não está mais em New Orleans. – Klaus falou.

— Onde ele está?

— Não tenho ideia. Ele disse que precisava de um tempo sozinho. – Klaus franziu as sobrancelhas.

— E você não acha isso uma boa ideia. – eu espelhei sua reação.

— De maneira nenhuma. – ele levantou-se, indo em direção ao jardim. – Mas o que eu posso fazer para impedi-lo?

Eu recolhi a profusão de convites que estava na mesa, arrumando-os em uma pilha perfeita, deixando o escolhido no topo. Olhei uma última vez para os nomes escritos no papel e imaginando-os como um casal feliz e realizado. Secretamente, desejei que a escolha do mesmo convite nos trouxesse a mesma felicidade.

Fui até o quarto, onde deixei a caixa dos convites. Coloquei todos de volta do mesmo jeito que chegaram, para que pudesse devolvê-los e encomendar a produção do convite escolhido. Deixei a casa na mesinha próxima à janela, e quando me aproximei dela, vi Klaus e Tony em um canto afastado do jardim, conversando de maneira preocupada. Apurei os ouvidos para entender sobre o que conversavam.

— E então? – Klaus perguntou, rude.

— Até agora, nada. Já revistamos debaixo de cada pedra desta cidade. – Tony parecia frustrado.

— Continue procurando. Espalhe melhor os outros híbridos pelos arredores da cidade. Não deixe nenhum lugar sem ser revistado.

Eu sorri tristemente com a preocupação de Klaus e sua inutilidade. Se Elijah queria ficar sozinho, ele já estaria muito longe de New Orleans agora...

*********

O tempo passou. Cada dia ficava mais tranquilo, à medida que todas as decisões a cerca do casamento estavam sendo tomadas. Klaus continuava muito próximo, mas ainda procurando por Elijah, que não retornara desde aquela ligação.

— Você vai sair? – perguntou Henry, recostado no batente da porta do meu quarto.

— Vou. – eu disse, recolhendo os convites deixados sobre a cama. – Preciso enviar os convites, caso contrário, ninguém virá ao casamento. Quer me acompanhar?

— Quero. – ele concordou, alegremente.

Descemos as escadas lado a lado, enquanto Klaus nos observava, curioso.

— Qual é o motivo de tanta animação? – ele riu.

— Vamos enviar os convites. – disse Henry, animado. – Que vir também, papai?

— Não, podem ir. – eu me aproximei de Klaus, rindo de sua calmaria, tão contrastante com a animação de Henry.

— Nós voltamos logo. – falei, despedindo-me dele com um beijo.

— Não se apressem por minha causa. – disse ele, baixinho.

Henry chegou ao carro antes de mim, ansioso por partir. Dirigi até o centro de New Orleans onde eu poderia enviar os convites e visitar rapidamente a florista e confirmar meu pedido. Eu me aproximei o máximo que pude do centro, e então desisti de continuar dirigindo. A cidade vivia seu momento de maior fluxo turístico anual, o que significava ruas apinhadas de gente.

— O que acha de caminharmos? – eu sugeri, estacionando o carro em uma rua secundária.

— Não tem muitos convites aí. – disse Henry, apontando para o pequeno embrulho em minhas mãos.

— Não, não tem. – falei, entrelaçando meu braço ao de Henry e tentando desviar das pessoas na calçada. – Não queremos nada muito grande.

A verdade é que não tínhamos muitas pessoas para convidar, e sinceramente, eu não queria ninguém mais além de meus amigos e minha família.

— Papai está ansioso. – riu Henry.

— Sim, ele está. – eu ri também. Inúmeras vezes a pressa de Klaus era um motivo de riso entre nós, pois ele exigia prazos curtíssimos e metas absurdas. Se dependêssemos da organização dele, nós casaríamos em dois dias, em nossa sala de estar, com ninguém mais ao nosso redor.

— Você não está. – ele disse, curioso.

— Este não é o primeiro casamento que organizo, filho. Tenho tudo sob controle. Chegamos – anunciei.

Depois de enviar os convites e visitar a florista, Henry parecia cansado.

— Quer ir para casa? – sugeri, e ele concordou prontamente.

Era um tanto estranho caminhar com Henry pelo centro da cidade. Eu sabia que as pessoas nos olhavam e viam dois irmãos, sem nem mesmo desconfiar que éramos mãe e filho. Voltamos para o carro e eu nos afastei da multidão e do barulho.

—Mamãe?

— Sim?

— Eu posso te ajudar na decoração do jantar? Quero fazer uma coisa.

— É claro que pode. – falei. – O que pretende fazer?

— É uma surpresa. – ele sorriu abertamente.

Então, com aquele sorriso brilhante, eu deixei um pequeno lapso em minha agenda, deixando um espaço para que ele criasse algo na decoração do jantar. Afinal de contas, aquela seria uma cerimônia em família.

*************

Não demorou muito para que os convidados começassem a chegar. Klaus e eu preparamos a casa para receber o maior número de pessoas que pudéssemos, mas Damon e Elena preferiram se hospedar em um hotel no centro. Minha mãe e Benjamim, assim como Matt, Stefan e Jeremy ficaram conosco.

A casa ficou cheia e barulhenta, mas eu estava gostando daquilo. Todos estavam ansiosos e aproveitando a oportunidade de conhecer New Orleans. Henry estava contente por conhecer tanta gente nova, especialmente minha mãe. Eles tinham se tornado inseparáveis desde que se conheceram.

O casamento seria em nossa casa, então, estando tão próximos do grande dia, começamos a preparar a decoração. Contratamos uma equipe que foi supervisionada por mim, mesmo que eu tenha passado para cada um deles um mapa detalhado da decoração. Com apenas dois dias de preparação, a casa estava irreconhecível.

— Você fez um ótimo trabalho, filha. – elogiou minha mãe.

— Espere só para ver tudo pronto. – falei, sorrindo.

— O que vai acontecer lá? – perguntou ela, apontando para o toldo que cobria uma parte do jardim.

— O jantar. – o toldo era quase uma gigantesca cabana, porém leve, bonita, fluída. Apenas uma precaução. Henry estava entrando e saindo dela, carregando luzes e mais luzes. Ele me pediu que organizasse o toldo antes de mais nada, e então deixasse tudo com ele e não entrasse mais lá até o jantar.

— Ele está bem empenhado, não está? – minha mãe riu.

— Está. – e estava feliz também. Henry gostava de se manter ocupado.

— Você deveria descansar. – ela advertiu. – Amanhã é o seu grande dia.

Eu não respondi, apenas saí dali para corrigir a garota que estava colocando as flores erradas no lugar errado.

— Essas flores vão lá atrás, como indicado no mapa de flores que você teve bastante tempo para memorizar.

***************

— Você parece cansada. – disse Klaus, entrando no quarto, enquanto eu estava em frente ao espelho, desfazendo a trança que prendia meus cabelos e desembaraçando os fios de maneira metódica.

— Estou. – eu suspirei. – Mas vai valer a pena. Onde você estava?

— Cuidando de alguns assuntos importantes. – ele respondeu. – Você enviou os convites para as pessoas que lhe disse?

— Enviei. Apesar de não concordar com essa ideia de fazer política no nosso casamento.

—Eles são pessoas influentes na cidade, Love. – ele me abraçou, descansando sua cabeça em meu ombro. – Sempre é bom manter alianças.

— Quais eram os assuntos importantes? – sondei.

— Nada com que você deva se preocupar. – ele plantou um beijo em meu ombro. – Mas talvez tenhamos que adiar nossa lua de mel.

— Nós nem mesmo a planejamos ainda. Você disse que faria isso. – eu falei, tristemente.

— Eu sei. Mas tem algumas coisas acontecendo e eu preciso estar aqui. – ele também parecia triste.

— O que está acontecendo? – eu perguntei, olhando para o nosso reflexo no espelho. Éramos perfeitos juntos.

— Nada com que você deva se preocupar, eu juro. – ele sorriu abertamente. – E além disso, nós sempre teremos Paris.

— Tudo bem. Nós podemos viajar mais tarde. – eu concordei, com desânimo.

— Vamos para a cama. Está tarde e você precisar descansar, afinal de contas, amanhã você se tornará Caroline Mikaelson.

—Eu não quero descansar. – falei, virando-me em sua direção e jogando meus braços ao redor de seu pescoço.

—Eu também não. – ele sussurrou, levando-me até a cama.

Oh, quem se importa. Nós temos uma eternidade para descansar.

************

Acordei suavemente, levemente desorientada. Demorei alguns segundos para lembrar que dia era. Virei para o lado e vi Klaus ainda adormecido. Lancei um olhar fugaz ao relógio na cabeceira constatando que ainda era muito cedo. Eu corri os dedos gentilmente por sua face, observando cada traço do homem que estava prestes a se tornar meu marido.

— Bom dia, love. – disse ele, acordando com um sorriso.

— Bom dia. – eu sussurrei. Eu não me cansava de olhar para ele e ficar admirada com a certeza de meu amor por ele.

— Nós temos muitas coisas para fazer. – eu falei, jogando as cobertas para o lado. Ele segurou meu braço, me impedindo de sair da cama.

— Depois. – ele murmurou.

— Nós vamos nos atrasar. – eu ri.

— A noiva sempre se atrasa. É tradição. – ele disse. – Espere mais um pouco. Quando sairmos da cama, eu só vou voltar a vê-la no final da tarde, para torná-la minha esposa.

— E isso não vai mudar muita coisa. – falei. – Tudo será como tem sido.

— Tudo vai mudar. – ele disse com intensidade. Eu respirei fundo.

Talvez ele tivesse razão. Talvez tudo fosse mesmo mudar. Tudo seria oficial, sério e importante.

— Só mais cinco minutos. – adverti. Ele me beijou e se livrou das cobertas. – Ok, talvez quinze.

*********

Eu praticamente transferi um salão de beleza para um dos cômodos da casa. E foi neste cômodo que eu, minha mãe e Elena passamos a maior parte do dia. Para minha surpresa e alívio, Elena parecia aceitar completamente a ideia agora.

O dia transcorreu de maneira tranquila, totalmente concentrado em mim. Foi bom ter um tempo com minha mãe e Elena. Eu não estava nervosa, mas aquilo me fez bem.

Quando o final da tarde se aproximou, fui buscar meu vestido, guardado no closet. Com uma pequena ajuda, eu o vesti e fui até o espelho.

— Você está linda. – elogiou minha mãe, chorando.

— Fabulosa. – disse Elena.

—Obrigada. – agradeci.

O vestido não tinha alças, e era drapeado até a cintura, onde se abria em uma longa saia com bordados feitos à mão. Era simples e bonito. Levei muito tempo para encontrá-lo, mas era perfeito.

— Está na hora. – anunciei.

Minha mãe e Elena saíram, indo em direção ao altar, assumindo seus lugares. Fiquei sozinha por alguns minutos, respirando fundo, até que alguém bateu na porta.

— Pronta? – perguntou Stefan, quando abri a porta.

— Com certeza. – respondi. Entrelacei meu braço ao dele e seguimos em direção ao altar.

Significa muito para mim, ter Stefan me levando até o altar, ainda mais que ele se oferecera para tal tarefa. Descemos as escadas em silêncio, saímos da casa e paramos próximos à árvore que decorava a recepção dos convidados. Ela fora colocada ali apenas para a recepção, por isso suas raízes estavam cobertas com flores brancas e seus galhos estavam enfeitados flores e luzes em fios pendentes.

— Eu fico feliz que você esteja lutando por isso, Car. – Stefan falou.

— Eu também.

— À propósito, você está linda.

— Eu sei. – sorri.

Uma música delicada começou a tocar e eu precisei lutar bravamente contra as lágrimas.

— É a nossa deixa. – Stefan me guiou em direção ao altar.

— É a música que Henry compôs. – sussurrei para ele.

— Compôs para você. – Stefan esclareceu, enquanto eu tentava não chorar ouvindo aquela melodia.

O jardim estava irreconhecível. O caminho que seria percorrido por mim, entre as cadeiras dos convidados, estava ladeado por luzes e flores, iluminando meu caminho até Klaus. Ao longo do jardim, árvores brancas também enfeitadas com luzes, destacavam-se do verde predominante. Como o sol ainda iluminava o jardim, eu sabia que ninguém notara que toda a decoração era baseada em luzes, mas logo perceberiam, pois agora sua atenção estava voltada para mim. Henry estava sentado ao piano próximo ao altar, tocando aquela melodia tão linda que impulsionava meus passos. E então havia ele.

Klaus olhava para mim como se me visse pela primeira vez. Seu olhar era um misto de alegria, surpresa e deslumbramento. Eu pude ver, com total clareza, que ele me amava.

— Você está linda. – ele sussurrou, quando me aproximei dele.

— Você também. – falei, olhando para a roupa perfeita que ele escolhera.

— Cuide dela, Klaus. Caso contrário, nós vamos matar você. – falou Stefan, com seriedade. – Nós temos muito prática em pensar em planos para acabar com você.

— E ainda assim, aqui estou eu. – Klaus riu.

Todos estavam ali, inclusive as pessoas influentes de New Orleans, convidados por mera política da boa vizinhança. Minha maior surpresa foi ver Elijah e Rebekah no meio dessas pessoas.

— Eles vieram. – sussurrei.

— Sim. – eu pude ver que Klaus estava feliz em tê-los ali.

Optamos por uma cerimonialista que fez um belo discurso sobre amor, esperança e confiança, que emocionou todos os presentes. E então era nossa hora.

— Klaus. – eu comecei, olhando para ele. – Quando te conheci, eu nunca imaginei que acabaríamos aqui, hoje, nos casando. Mas eu sou muito grata que tenha sido assim. Você me mostrou um mundo completamente diferente, um mundo em que o amor supera qualquer coisa e onde as pessoas são muito mais complexas do que nos contam. E mesmo no início tudo tenha sido conturbado entre nós dois, você sempre permaneceu do meu lado, mesmo que eu não percebesse. Você me protegeu e tomou conta de mim, mesmo que eu não tivesse feito nada para merecer tal carinho. Um dia, você salvou minha vida e me disse que eu poderia ter mais mil aniversários, que eu tinha um mundo inteiro esperando por mim. E desde então você não tem me dado nada menos que isso: o mundo. Você me ensinou a viver e a ver o mundo de uma maneira diferente, e eu seria eternamente grata por isso. Você me deu tudo o que eu sempre quis e muito mais do que eu mereço, mas acima de tudo, você me mostrou o quanto é possível amar alguém. Eu te amo, Niklaus Mikaelson. Always and forever.

Ambos estávamos tentando lutar contra as lágrimas, mas era uma luta perdida, eu sabia.

— Caroline. Love. – ele começou, respirando fundo. – Às vezes, uma ideia repetida mil vezes se torna realidade. Uma realidade que aprendemos a aceitar. Eu aceitei, há muito tempo, que viveria uma eternidade de solidão, até que conheci você. Nas centenas e centenas de anos que vivi, não encontrei, em nenhum lugar do mundo, alguém como você. E por mais que eu não acredite em destino, eu gosto de pensar que nada disso foi aleatório. E desde que você me aceitou, a cada dia eu tenho mais certeza de que toda a espera valeu a pena. Eu esperaria uma eternidade inteira por você. Por que eu me encontrei quando encontrei você, pois você traz à tona o melhor de mim, e me faz melhor a cada dia, e eu tenho muita sorte por isso. Eu espero poder cuidar de você, amar você, fazer você feliz para sempre, pois fazer você feliz é o que me faz acordar todos os dias. Eu moveria céus e terras apenas para ver um sorriso em seu rosto e saber que eu sou o motivo deste sorriso. Pois saiba que você o motivo de cada sorriso meu. Eu te amo, Caroline Forbes. Always and forever.

Eu o amava. Se alguém, em algum lugar, ainda tinha dúvidas disso, elas acabavam agora.

— Vamos começar a cerimônia das areias. – disse a cerimonialista, com a voz embargada.

Ela colocou sobre o altar um recipiente de vidro e entregou duas ampolas com areia branca para mim e para Klaus. Nós despejamos juntos no recipiente.

­— A areia branca é o início de tudo, a pureza, a paz. – explicava ela. – E uma vez unidas, as areias não mais podem ser separadas.

Cada pessoa importante para nós teve a chance de despejar um pouco de areia no recipiente, com cores que simbolizavam votos. Stefan despejou areia azul, e nos desejou serenidade. Elena despejou areia amarela desejando alegria. Matt despejou areia laranja e desejou prosperidade para nossa família. Minha mãe e Benjamim despejaram areia roxa que está ligada à espiritualidade

— Para que você nunca esqueça de ter fé. – disse ela, chorando.

Jeremy despejou areia verde, dizendo que Bonnie escolhera a cor por representar a esperança. Eu sorri com o gesto e senti falta dela aqui. Elijah despejou areia vermelha, dizendo que Klaus merecia presenciar o amor. Rebekah despejou areia rosa e disse que desejava um romance, algo bonito e digno de ser contado algum dia. Eu agradeci mentalmente por ela estar presente neste dia tão importante.

No final, o recipiente foi lacrado e era como se nosso futuro estivesse selado. Trocamos alianças e então, eu era oficialmente Caroline Mikaelson. Beijamos-nos ao som entusiasmado de aplausos.

— I Love you, Caroline. – ele sussurrou.

— I Love you, Klaus.

*********

Quando a cerimônia terminou, a noite caiu em New Orleans e todas as luzes foram acessas. Era como se o dia tivesse se prolongado apenas para nós. O jardim e a casa foram tomados por luzes suaves de velas e pequenas lâmpadas que iluminavam e decoravam o ambiente.

Os convidados foram guiados para o toldo, onde o jantar seria servido. Lá dentro, cada mesa tinha uma pequena árvore como decoração central, e os galhos também estavam decorados com fios pendentes e flores. Cada lugar estava marcado com uma delicada borboleta que trazia o nome do convidado. Quando todos estavam acomodados, Klaus e eu entramos e Henry veio nos receber.

— Vejam. – disse ele, apontando para o alto do toldo.

O toldo estava enfeitado com pequenas luzes, e a escuridão fazia o tecido parecer tão negro quanto o universo. Na verdade o toldo parecia mesmo o céu noturno. Até que eu percebi que as luzes seguiam um padrão que era reconhecível.

— É Ara, ou o Altar. – ele explicou.

E então eu entendi. Henry dispusera as luzes como uma exata cópia em escala da constelação Ara. Olhar para o toldo era exatamente como olhar para o céu noturno.

— É lindo. – eu sussurrei. – Muito obrigada, filho.

— É impressionante. – disse Klaus.

— O garoto tem talento. – disse Rebekah, aproximando-se de nós, trazendo Elijah consigo.

— Eu não achei que viria, sister. – falou Klaus.

— Eu também não. – ela deu de ombros. – Mas eu não poderia perder o casamento, poderia?

— Venham. – disse Henry, nos levando até a mesa.

Sentamos-nos observando a alegria que tomava conta do ambiente, enquanto todos eram servidos.

— Senhoras e senhores, eu gostaria de propor um brinde. – disse Klaus, levantando-se e chamando a atenção de todos. – Um brinde ao começo de uma eternidade.

O som das taças foi a abertura oficial da noite. Era hora de celebrar.

*******************

A felicidade tomou conta do ambiente. O jantar foi maravilhoso, recebemos votos de felicidade vindos de todos os presentes. Quando o jantar terminou e a festa se espalhou por todo o jardim, encontrei Elijah sozinho em um canto, bebendo champanhe.

— Você está bem, Elijah? – perguntei, me aproximando dele.

— Oh, Caroline. – ele pareceu surpreso em me ver. – Estou bem.

— Esta é a resposta padrão ou a verdadeira?

— A padrão. – ele sorriu, cansado.

— Como você está lidando com tudo isso?

— Como se lida com isso? – ele olhou para longe e bebeu o champanhe distraidamente. – Ela se matou. Eu poderia ter impedido. Fim da história.

Ele se afastou rapidamente de mim, deixando-me ali, preocupada com sua reação. Elijah estava realmente arrasado.

— Sabe, Caroline... – disse Rebekah, aproximando-se de mim distraidamente. – Eu nunca pensei viver para ver o dia em que meu irmão Klaus iria se casar.

— Você já viveu mais do que qualquer pessoa neste planeta, Rebekah. Com certeza já viu e verá muita coisa. – eu falei. – Mas fico feliz que você esteja aqui. Significa muito para Klaus.

— É, eu sei que sim. Ele pode não admitir, mas é um sentimental. – ela riu.

— Matt voltou há tempo. Achei que você voltaria também. – assinalei.

— Eu não pretendia voltar. – ela deu de ombros. – Mas eu precisava conhecer Henry. Falando nisso, o que aconteceu com Hayley?

— Desapareceu. – eu falei, tristemente.

— Ela abandonou o filho? – ela perguntou, cética. – Isso é estranho.

— Nada que você já não tenha visto antes, eu posso apostar. – eu falei.

— Aqui está você. – Klaus veio em nossa direção. – Tente não manipular minha esposa, little sister. Eu ainda não tive a chance de dançar com ela.

— Você pretende ficar? – perguntei a ela, antes de deixar Klaus me conduzir em nossa primeira dança.

— Não.

— Você sempre é bem vinda, sister. – disse Klaus, com intensidade.

Ela sorriu como se duvidasse da veracidade daquelas palavras, mas eu ignorei aquilo. Não queria lidar com um drama familiar Mikaelson agora.

Klaus enlaçou minha cintura e me guiou em uma dança lenta.

— As lembranças do casamento são lindas. – ele falou, despreocupadamente. – Mas não tenho certeza se as entendi.

A lembrança entregue aos convidados era simples, apenas uma chave com uma pequena etiqueta indicando o dia do casamento e um pequeno agradecimento pela presença. A singularidade era a chave, que era uma cópia exata da chave que eu trazia comigo, e que selou um belo cadeado na Pont des arts.

— É uma cópia de nossa chave, que abre o cadeado que selou nosso amor em Paris. – eu expliquei.

— E por que entregar uma cópia para todos os convidados? – ele questionou.

— É como se cada chave fosse uma nova oportunidade, um novo motivo. – eu falei. – Em alguns momentos nós vamos passar por problemas, e eu quero que nestas horas, nós lembremos que existem outros motivos, e novas chances, e novas chaves.

Ele sorriu abertamente, abraçando-me com força.

— Tudo saiu como planejado, senhora Mikaelson? – ele perguntou, enquanto dançávamos lentamente.

— Muito melhor do que o planejado, senhor Mikaelson. – eu respondi.

A música não era lenta, muito pelo contrário. Mas nós não nos importamos. Todos dançavam acelerados, aproveitando, e nós dois apenas estávamos juntos, dançando uma música lenta que não existia. Estávamos em nossa própria bolha, ignorando os outros. Naquele momento, éramos as únicas pessoas no mundo.

***************

(outside view)

— Foi uma bela festa. – elogiou Davina, olhando ao redor, enquanto Henry a guiava até o toldo.

— Sim, foi. – ele sorriu. – Mamãe se esforçou muito para isso.

A festa terminara há uma hora, e todos já estava dormindo. O sol nasceria logo e Henry queria mostrar sua criação à Davina.

— É Ara, ou o Altar. – ele explicou.

— Muito apropriado. – ela falou, fascinada. Mesmo com o pálido brilho do sol que ameaçava nascer, as luzes ainda brilhavam forte, e ainda era possível ver com clareza a constelação que Henry recriara. – Deve ter dado muito trabalho.

— Valeu a pena. – ele deu de ombros. – Mamãe e papai gostaram muito.

— Você gosta muito deles, não é? – disse ela, olhando para Henry.

— É claro que sim. São meus pais. – ele respondeu, como se fosse muito óbvio. Davina ficou olhando para o rosto de Henry, que olhava para as luzes, até que ele olhou para ela. – O que foi?

­— Às vezes eu me esqueço de como você é jovem. – ela sussurrou. – Eu tenho que ir.

— Você vai voltar amanhã? – ele perguntou, ansioso.

— Não sei. – disse ela, se afastando.

Henry pareceu confuso. Por mais que não quisessem, seus encontros assumiram uma rotina, uma previsibilidade. Não se encontrar amanhã quebrava esta rotina em mil pedaços.

— Por que não? – ele murmurou.

— Tenho algo importante para fazer. – ela parou de andar, olhou para Henry, dois passos atrás dela, e então o abraçou. – Eu tenho que ir.

Davina foi embora sentindo medo do dia que nascia. Pela primeira vez em muito tempo, ela não fazia ideia do que poderia acontecer.

******

— Onde está Davina? – perguntou Silas, jogando-se no sofá da casa que pertencia a Katherine e Elijah.

— Foi para casa. – respondeu Jane-Anne, em um canto.

— Logo, logo teremos que nos livrar desses seguranças. – Silas divagou.

— Ela nunca faria isso. Eles são como parte da família para ela.

— Eu nunca disse que ela teria que fazer isso. – Silas sorriu.

— Isso tudo é bobagem. Quando vamos atacar? – perguntou Tyler, irritado, sentando em uma cadeira da cozinha, ao lado de Hayley, mortalmente silenciosa.

— Calma, cowboy. – advertiu Silas. – Você nem mesmo tem forças para ficar em pé.

— Vocês dois estavam péssimos quando os encontramos naquela fazenda. – comentou Jane-Anne.

— Aquilo não era um SPA. – sibilou Hayley.

Alguém bateu a porta e Jane-Anne foi abrir.

— Welcome back, Elijah. – disse ela, sorrindo.

— Elijah, meu original favorito! – disse Silas, com animação. – Tudo correu bem, eu tenho certeza!

— O que está acontecendo? – Elijah parecia confuso.

— Nossa, você mexeu mesmo com a mente dele. – elogiou Jane-Anne.

— Eu sou incrível. – Silas riu. – Mas agora, você não é mais útil para nós.

E antes que Elijah percebesse o que estava acontecendo, a adaga voltara para o seu peito.

— O que você está fazendo? – Hayley gritava. – Elijah!

— Estou fazendo o mesmo que farei com você se não parar de gritar como uma garotinha histérica. – advertiu Silas, sem nenhum traço de humor. – Mas lembre-se que, se eu retirar esta adaga, Elijah volta à vida. Você, por outro lado...

— Ok, chega disso. – disse Jane-Anne. – Está na hora, não acha?

— Sim. – concordou Silas. – Está na hora.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até! :D