Seu último amor - 2ª temporada escrita por Jeniffer


Capítulo 12
Trinta e um sabores de dor


Notas iniciais do capítulo

Voltei rapidinho...
Estava muito ansiosa para escrever este capítulo, pois agora tudo vai começar a se agitar.
Enfim, leiam com atenção e vamos em frente.
Estavam com saudades da Katherine?



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“Existem trinta e um sabores de dor, como uma sorveteria no inferno.”

Sua voz dentro de mim, de Emma Forrest. Citação da página 128 na edição de 2011 da editora Rocco.

(outside view)

Katherine estava revirando os armários da cozinha, impaciente.

― Nada para beber... Que novidade. – diz ela, com um falso sorriso no rosto.

Elijah estava na casa de Klaus, algo que vinha acontecendo muito nos últimos dias. Ela passava a maior parte do tempo sozinha, trancada em uma casa que ela detestava. Elijah insistia que ela ficasse ali, que não se aventurasse em lugar algum, pois segundo ele, Katherine não estava mais acostumada com as fragilidades humanas, logo, seu senso de autopreservação estava comprometido. Uma completa idiotice, na mente dela. Katherine Pierce, uma sobrevivente, com senso de autopreservação comprometido? É claro...

Mas Elijah estava sendo um perfeito cavalheiro com ela, e a estendeu a mão quando todos se voltaram contra ela, mesmo que ela estivesse passando por seu momento mais frágil. Mesmo não concordando, ela seguia seus conselhos, ficava próxima a ele. Entediada, frustrada, mas acima de tudo, segura.

Quando ela parava para pensar, percebia que a vida nunca fora tão boa para ela. Já nem mesmo se lembrava quando fora a última vez em que passara tanto tempo em um mesmo lugar. Até onde sabia, ninguém a estava perseguindo, e não havia nenhuma ameaça de morte iminente sobre sua cabeça. E isso era muito mais do que ela estava acostumada a ter.

É claro que voltar a ser humana estava sendo complicado. Realmente, ela estava acostumada às suas vantagens como vampira. E só não pedira a Elijah que a transformasse por medo da reação de seu corpo, uma vez que ele rejeitava até a mais ínfima gota de sangue de vampiro.

E mesmo que pedisse, Elijah relutaria em aceitar. Ele acreditava que Katherine finalmente encontrara o caminho para a redenção, uma segunda chance, algo pelo qual valia a pena lutar. Outra completa idiotice, na mente dela.

Em algum nível, talvez no mais profundo, Katherine gostava de sua recém adquirida fragilidade. Elijah sempre fora protetor, mas nada se comparava ao comportamento atual dele. Ele faria qualquer coisa ao seu alcance para garantir o bem estar dela. E isso acendeu uma pequena chama de esperança no já desacreditado coração de Katherine.

Ela foi em direção à cozinha e olhou para o fogão. Imaginava-se como uma perfeita dona de casa, cozinhando o jantar enquanto esperava seu marido chegar. Imaginou-se e riu de si mesma.

— Estragar minhas unhas em um fogão? Claro. – disse ela, irônica.

Não que suas unhas estivessem vivendo seus melhores dias. Na verdade, nada em seu corpo vivia seus melhores dias. Seu cabelo precisava do dobro de cuidados atualmente, suas unhas estavam quebradiças e não importava o quanto ela dormisse, as olheiras que se acumulavam debaixo de seus olhos não desapareciam de jeito nenhum.

— Humanity is a bitch. – disse ela, avaliando suas unhas.

Ela voltou para a sala e se jogou no sofá e nem mesmo se importou em ligar a TV. Sabia que não aguentava mais do que cinco minutos avançando por uma infinidade de canais sem sentido. Por mais que tentasse, não entendia como alguém conseguia passar horas olhando para aquele aparelho. Olhou para a estante e não leu nem mesmo os títulos nas lombadas. Katherine Pierce estava acostumada a viver histórias, e não a lê-las.

Alguém bateu à porta.

Katherine levantou-se, intrigada. Elijah nunca batia à porta, e ninguém mais visitava a casa. De repente, todas as terminações nervosas de seu corpo estavam alertas e seu instinto de sobrevivência gritava.

Ela avaliou suas opções. Poderia fugir pelos fundos da casa, pulando a janela. Mas a casa era afastada do centro de New Orleans e ela não tinha muita certeza de qual direção seguir, o que daria tempo para quem quer que estivesse na porta alcançá-la, ainda mais se fosse um vampiro. Pensou nas facas da cozinha, mas novamente considerou a possibilidade de estar enfrentando um vampiro. Ela nunca odiou tanto Elena Gilbert como neste momento. Mas ela sabia que a casa estava em seu nome, logo, nenhum vampiro poderia entrar sem ser convidado por ela. Então, ela pegou o celular em seu bolso e ligou para Elijah, apenas para ouvir sua ligação indo direto para a caixa de mensagens.

— Katherine?

Ela congelou, precisou de alguns segundos para processar a voz que a chamara, e então correu para a porta, abrindo-a atrapalhadamente.

— Stefan. – ela disse, quase sem acreditar.

— Olá, Katherine. – ele sorriu. – Posso entrar.

— É claro, entre. – ela convidou, contrariando uma ordem explícita de Elijah. Ela estava tão surpresa em vê-lo ali que nem mesmo pensou sobre isso.

Ele olhou ao redor, avaliou a casa e sentou-se no sofá.

— Nunca imaginei Katherine Pierce em uma casa no meio do nada, vivendo uma vida normal.

— Não tem nada de normal nisso. – ela respondeu, sentando-se ao lado dela. – Agora que sou humana, posso morrer. Mas nunca pensei que seria de tédio.

Ele riu despreocupadamente, e Katherine observou aquele riso que ela não ouvia há muito tempo. Lembrou-se de quando conheceu Stefan, como sua vida era fácil naquele tempo. Lembrou-se de como gostava da companhia de Stefan, de seu toque, e de como foram felizes, até que ela conheceu Damon.

— O que está fazendo aqui, Stefan? – ela perguntou, baixinho.

— Respirando. – ele disse, hesitante em responder.

— Não há mais ar em Mystic Falls? – ela disse, sarcasticamente.

— Sim, existe ar Mystic Falls. – ele falou, olhando para ela. – Mas ele está impregnado com o amor do Damon e Elena.

— Oh. – ela murmurou.

— É. Não é algo que eu gostaria de discutir.

— Nem imagino o porquê. – ela falou. – Bem, eu te ofereceria uma bebida, mas o máximo que você vai conseguir aqui é chá.

— Nem mesmo Bourbon?

— Nada. Minha tolerância é uma piada agora. – ela admitiu, indiferente. – Duas doses de tequila e eu já estou imitando a menina de “O exorcista” no banheiro.

Stefan riu, e Katherine teve outro dejá vù. Ela não conseguia se lembrar da última vez em que o fizera rir daquele jeito.

— Bem, já que não vamos beber, poderíamos comer. – ele sugeriu, olhando para a cozinha. – Ou aquelas panelas só servem de decoração?

— Stefan, você é um vampiro, e eu sou humana agora. Comer é um assunto complicado entre nós. – ela falou, seriamente.

— Vampiros também comem comida humana, se esqueceu? – ele se levantou. – Você já comeu hoje?

— Não. – ela disse, depois de pensar no seu dia. Uma bolacha talvez, nada demais. Por vezes essa necessidade constante de alimento a irritava tanto que ela nem mesmo se importava em comer.

—Você precisa comer, sabia disso? – ele a alertou, enquanto revirava os armários à procura de alguma coisa.

— Tell me about it. – ela rolou os olhos.

— Sua cozinha está bem abastecida. – ele elogiou, enquanto separava ingredientes em cima da mesa.

—Elijah é cuidadoso. – ela disse, despreocupadamente, enquanto sentava-se à mesa e observava Stefan escolher cada coisa meticulosamente. O celular dela tocou, e ela o atendeu rapidamente.

— Olá, Elijah.

— Está tudo bem? – ele perguntou preocupado. Katherine observou Stefan completamente concentrado em ler a embalagem da massa.

— Sim. Eu só liguei para... – ela pensou a respeito. – Para saber se você pode trazer uma garrafa de uísque quando voltar para casa.

— Katerina, você sabe como se comporta com o álcool. – Elijah advertiu.

— Sei. – ela suspirou. – Valeu a tentativa. Vejo você mais tarde?

— Eu voltarei logo, Katerina. – ele desligou.

— Devo cozinhar para três? – perguntou Stefan, deixando a embalagem de lado.

— Não se dê ao trabalho. Provavelmente Elijah vai passar o dia na casa do Klaus, mesmo que diga que já vai voltar. – ela disse, um tanto chateada.

— Você gosta de massa, não é? – ele disse, sem olhar para ela.

— Claro. – ela o observou escolher cuidadosamente uma faca para cortar um tomate. Ele escolheu a maior delas, e então o cortou com agilidade. – Você parece tão doméstico.

—Você também não está nada mal. – ele sorriu.

— É claro. – ela rolou os olhos. – Sou uma perfeita dona de casa.

— Bem, você é humana agora. E se eu bem me lembro, você nunca soube cozinhar.

— E o seu ponto é...? – ela incitou.

— Você não gostaria de aprender? – ele sugeriu.

— Você me ensinaria? – ela arqueou uma sobrancelha.

Ele sorriu e fez um simples gesto com a cabeça, chamando-a para perto dele. Ela levantou-se prontamente e ele entregou a faca a ela, deixando-a cortar um pequeno ramo de temperos.

— Não com tanta violência, Katherine. – ele riu, ao ver o modo rápido e desajeitado com que ela cortava. – São apenas temperos indefesos.

Ele se colocou atrás dela, envolvendo sua mão e ditando o ritmo em que ela deveria cortar. Simples, calmo e sistemático. Ela ficou surpresa com a proximidade de Stefan, mas ainda mais surpresa com a sua reação. De repente, foi como se ela estivesse de volta a 1864, em um tempo em que Stefan nem mesmo desconfiava de que ela era uma vampira, e ela pode esquecer, mesmo que brevemente, que passaria o resto de sua vida fugindo.

— Eu não sei o que faria se tivesse uma oportunidade como esta. – disse ele, arrancando Katherine de seus devaneios.

— Oportunidade? – ela questionou, atordoada.

— É, oportunidade. Ser humano novamente.

— Oh, please. Você daria a cura para Elena sem pensar duas vezes. – ela acusou.

— Elena não parece interessada em ser curada. – ele deu de ombros. – Então, se eu tivesse a cura, pensaria “por que não?”.

Katherine virou-se para ele. Estava próxima, muito próxima. Ela podia ver os olhos confusos de Stefan, mas relaxados no segundo seguinte.

— Não existe nenhum glamour na vida humana, Stefan. – ela disse, e levemente correu os dedos pelo braço dele. Não sabia o que estava fazendo, só sabia que queria fazê-lo. Ela sorriu ao perceber que Stefan estava afetado com o seu toque.

— Então porque você insiste nisso? – ele sussurrou, aproximando-se. – Você adorava ser vampira...

— Ninguém tomou a cura antes, Stefan. – ela sussurrava também. – Se eu morrer, há uma boa chance de eu nunca mais acordar.

— Mas se você pudesse, se soubesse que tudo daria certo, voltaria a ser vampira? – Stefan correu os dedos suavemente pelo rosto de Katherine, enquanto a respiração dela se acelerava.

— É claro que sim. – ela disse, com a respiração entrecortada. Seu rosto estava muito próximo ao de Stefan, e ela decidiu beijá-lo. Precisava beijá-lo. Mas quando tentou, ele se afastou abruptamente.

— Então é isso que você quer. – ele falou, alto e claro, pegando a faca já esquecida na bancada.

— O quê? – ela estava perdida.

— Katherine Pierce quer ser vampira novamente. – ele sorria abertamente.

— Stefan, o que há de errado com você? – ela perguntou.

— Eu posso transformá-la em vampira novamente, Katherine. – ele apontava para ela usando a faca. – E posso garantir que nada vai dar errado.

— Como você pode garantir isso, Stefan?

— Comece me chamando pelo meu verdadeiro nome. – ele disse, recostando-se na pia. – Meu nome é Silas.

*********

Todas as alternativas de fuga passaram novamente por sua cabeça, e todas se desfizeram em mil pedaços. Ela não tinha como fugir de Silas, ainda mais depois de tê-lo convidado para entrar.

— O que você quer, Silas? – ela perguntou, sentindo-se encurralada entre Silas, a faca na mão dele e a mesa atrás de suas costas.

— Bem, eu vou ser claro e direto com você, Katherine. Sente-se. – ele ordenou, e ela obedeceu imediatamente. – Eu quero me reunir com o amor da minha vida, Amara. Mas para isso, eu preciso destruir o outro lado, que é meu destino como criatura sobrenatural.

— Você ficaria rico produzindo novela mexicana. – ela falou, com um sorriso nervoso.

Silas riu e correu o dedo pela lâmina afiada da faca em suas mãos, silenciando Katherine instantaneamente.

— Mas eu ainda preciso de um ingrediente desta receita. Você sabe qual é, Katerina? – disse ele, ironizando o modo como Elijah a chamava.

— Deixe-me adivinhar. – ela fingiu pensar. – Uma bruxa poderosa.

— Exato! Parabéns! – ele falou, com entusiasmo. – E você sabe onde posso conseguir alguma?

— Na loja mais próxima?

— Em New Orleans. – ele respondeu, um tanto irritado com a língua afiada de Katherine. – Como você deve saber, a bruxa Bennet iria realizar o feitiço, mas ela está... bem, ela está morta. Contudo, felizmente, há uma bruxa poderosa e suficientemente capaz aqui, em New Orleans. O nome dela é Davina.

— Como você sabe disso? – ela perguntou, curiosa.

— Ela realizou um feitiço poderoso nestes últimos dias. Foi fácil rastreá-la. – ele sorriu, satisfeito. – Ela vivia se escondendo, e em um segundo de descuido, aqui estou eu.

— Pobre coitada. – lamentou Katherine. – E o que isso tem a ver comigo?

— Bem, New Orleans atualmente é controlada por Klaus, e um pequeno exército de híbridos. – ele não abandonava os olhos de Katherine nem mesmo por um segundo. – E nisso Klaus merece pontos. Ele tem feito um ótimo trabalho.

— O grande Silas está com medo de alguns híbridos? – ela riu.

— Eu poderia acabar com eles com uma mão nas costas. – ele disse, sem nenhum traço de humor em seu rosto. – Mas isso me atrasaria, o que daria tempo de Davina perceber minha aproximação e se esconder. Ela também merece pontos. Davina sabe se esconder.

— Novamente, o que eu tenho a ver com isso?

— Eu quero fazer isso o mais rápido possível. – ele puxou uma cadeira e sentou-se frente a frente com Katherine. – Entrar, pegar a bruxa e sair. E para isso, eu vim direto à principal especialista em Niklaus Mikaelson. Se você fugiu dele por 500 anos, com certeza pode me ajudar.

— E eu faria isso por quê? – ela perguntou, interessada no rumo da conversa.

— Eu posso transformá-la novamente em vampira.

— Eu bebi a cura. Como você pretende fazer isso?

— Eu inventei a cura. Como não poderia? – ambos estavam sérios, concentrados. Negociando.

— E o que eu preciso fazer? – disse ela, pensando seriamente na possibilidade.

— Preciso desestruturar Klaus. Acabar com este reinado em New Orleans por tempo suficiente para que eu possa conseguir o que preciso.

— Você quer matar Klaus? – ela arqueou as sobrancelhas, surpresa. Ele não podia estar falando sério.

— Se for preciso. – ele deu de ombros. – Mas não é meu objetivo. Eu só preciso desorganizar seu pequeno exército, deixá-lo confuso. E aí que você entra. A pergunta de um milhão de dólares é: como?

Katherine olhou para ele, mas seus pensamentos já não estavam mais ali. Ela estava experimentando o mais básico sentimento humano: esperança. Este sentimento tão simples, que se alastrou por todo o seu corpo e a fez suspirar. Ela poderia ter tudo de volta, toda a sua vida, suas vantagens, suas possibilidades. E ela sabia exatamente como fazer isso.

— E como eu vou saber que posso confiar em você?

— Não vai. – ele falou, rapidamente. – Mas saiba que você só continua respirando por que é útil. Então, eu diria que você deve colaborar.

Ela olhou para a faca que Silas girava despreocupadamente, e pensou em Elijah. Ele poderia estar a caminho.

— Elijah vai chegar daqui a pouco. – disse Silas, assustando-a. – Você tem que tomar uma decisão.

— Elijah nunca permitiria. – ela falou, em um sussurro. – Ele daria a vida para proteger Klaus.

­— Eu pensei que você poderia dizer isso. – Silas falou, abrindo o casaco e acessando um bolso interno. – Por isso trouxe isso.

Ele colocou sobre a mesa uma adaga e um pequeno frasco com cinzas de carvalho branco.

— Como você conseguiu isso? – ela perguntou, surpresa.

— Isso não importa. – ele chamou a atenção dela. – Agora, o importante é que você se livre de Elijah e me ajude. Seja útil, Katherine.

— O único jeito de atingir Klaus é através do filho ou da Caroline. – ela falou, ainda olhando para a adaga.

— Ah, um sentimental... Suspeitei. Tem alguma ideia?

— Ele mantém Tyler e Hayley presos em uma fazenda, e Caroline não sabe disso. – Katherine já sabia o que fazer. – Você me transforma e eu o levo até lá.

— Boa tentativa. – ele riu. – Você me leva até lá e então eu a transformo. Mas quem são Tyler e Hayley?

— Tyler é o ex-namorado de Caroline e Hayley é a mãe biológica do filho de Klaus.

— Você tem razão. Isso daria uma novela mexicana.

Eles ouviram o som de um carro se aproximando.

— Você sabe o que fazer. – disse Silas, levantando-se. – Livre-se dele e você voltará a ser vampira.

Silas desapareceu em um dos quartos e Katherine apressou-se em mergulhar a adaga nas cinzas e a esconder em um buquê de flores horrível que enfeitava a mesinha próxima ao sofá. Ela já pensara em tudo.

Elijah entrou sem bater, e ela se recompôs, fingindo estar tranquila e um tanto entediada para recebê-lo.

— Olá Katerina. – ele disse, suavemente, sorrindo como sempre sorria ao vê-la. Katherine hesitou por um segundo.

— Olá. – ela apressou-se em sua direção, envolvendo-o em um abraço.

— Como foi o seu dia? – ele perguntou.

— Chato, desde que você saiu. – ela olhou para ele e o manteve em seus braços.

— Klaus precisava de mim hoje. Mas eu vou compensá-la. – ele correu os dedos pelos cabelos dela, e delicadamente a puxou para um beijo.

Katherine o beijou sem pressa, com paixão, enquanto discretamente buscava a adaga escondida. E então, antes que Elijah percebesse o que estava acontecendo, ela afundou a adaga na direção do coração dele.

Ela ficou observando o olhar confuso de Elijah se transformar em dor enquanto ele dissecava e caía no chão, completamente imóvel. Silas saiu do quarto batendo palmas.

—And the Oscar goes to... – ele riu. – Eu devo admitir que houve um segundo em que eu realmente pensei que você não iria seguir em frente.

— Elijah me ama. – ela falou, sem tirar os olhos de Elijah. – Uma eternidade é muito melhor do que uma vida. Ele vai me perdoar.

­Silas rolou os olhos, cruzou os braços e disse:

— Então, sobre aquela fazenda...

**************************

Katherine nunca estivera na fazenda, mas ouvira Elijah falar tanto sobre ela que sentia como se já a conhecesse. O lugar era afastado, bem no meio do nada, o que não a surpreendia, sendo ideia de Klaus.

— Não parece muito segura. – disse Silas, enquanto eles observavam o lugar de longe.

— Klaus colocou quase todos os seus híbridos controlando New Orleans. – Katherine respondeu, como se fosse óbvio.

— Eu vou cuidar disso. Venha.

Silas avançou em direção à fazenda, caminhando como se aquela fosse sua própria casa. Estava calmo, tranquilo. Seguro. Havia um híbrido vigiando o perímetro mais próximo da fazenda, e andava ao redor da propriedade com calma e seriedade. Ele ouviu os dois se aproximando antes mesmo de vê-los, e quando não os reconheceu, avançou na direção deles pronto para matá-los, como lhe havia sido ordenado. Nenhum desconhecido deveria se aproximar da fazenda.

Katherine andava três passos atrás de Silas, plenamente ciente de sua fragilidade. Silas pareceu não notar. Quando o híbrido estava muito próximo, ele apenas disse:

— Nem tente. – e rápido como uma flecha arrancou o coração do híbrido, deixando-o caído no chão como um pano velho que já não serve mais para nada. Ele jogou o coração nos pés de Katherine. – Vê? Ele era inútil para mim.

Um pequeno aviso para mantê-la na linha.

Havia apenas mais dois híbridos trabalhando na segurança da fazenda, e nenhum deles foi problema para Silas. Ele permitiu que o terceiro híbrido tentasse se defender, e pareceu se divertir imensamente com a fraca resistência que ele esboçou. Ou ele é extremamente poderoso, ou é completamente idiota, pensou Katherine.

— Klaus perde pontos por isso. – disse Silas, limpando o sangue de suas mãos. – Ele fez um ótimo trabalho em New Orleans, mas aqui ele foi completamente negligente.

Eles seguiram para os fundos da propriedade, até uma porta velha que levava para o porão subterrâneo. Silas a abriu e a madeira emitiu um rangido de protesto.

— Eles estão lá embaixo. – disse ele, sem nem mesmo descer.

— Ótimo. Agora você pode me transformar. – disse Katherine, impaciente. Ela estava fora de casa, Elijah estava com uma adaga em seu coração e ela se sentia exposta.

— Ah, sim. Sobre isso... – ele virou-se em direção a ela. – Eu preciso morrer para poder voltar a me encontrar com Amara.

— Você já disse isso. – ela estava ficando cada vez mais impaciente.

— Eu sou imortal, Katherine. – ele parecia estar explicando porque o céu é azul para uma criança de cinco anos. – Eu preciso da cura.

— Eu tomei a cura. – Katherine sussurrou, entendendo tudo.

— Exatamente.

Ela correu. Correu o mais rápido que suas pernas permitiram. Correu até parecer que o ar já não mais entrava em seus pulmões e seus músculos protestarem. E ele precisou de apenas um segundo para alcança-la.

Silas agarrou seus cabelos, enquanto ela gritava desesperadamente, sentindo toda a esperança se esvair de sua mente. Ele expôs o pescoço de Katherine, nem um pouco afetado pela débil resistência oferecida, e então mordeu seu pescoço, sugando a cura que corria pelas veias dela.

Katherine enfraqueceu, seus golpes ficaram menos frequentes, e ela ficou cada vez mais imóvel. E então ela viu um homem escondendo-se nas árvores, observando-a morrer. Tentou gritar, tentou pedir ajuda, mas sua voz já não mais existia.

Logo, ela também não mais existia.

****************

Silas se divertiu um pouco quando sentiu seus poderes de volta. Agora que não era mais um vampiro, voltara a ser um bruxo, algo que ele sentia falta. Com seus poderes, ele ateou fogo ao corpo de Katherine, inerte no chão.

— Você precisa ser útil, Katherine.

Silas foi em direção ao porão, mas parou no meio do caminho.

— Olá, Jane-Anne. – disse ele, alto e claro.

Jane-Anne hesitou um segundo, mas logo decidiu que não fazia sentido continuar se escondendo, então saiu de trás das árvores.

— Os rumores eram verdadeiros. Você é mesmo poderoso, Silas. – ela disse, tranquilamente.

— Tão poderoso que posso matá-la em apenas um instante se não me disser o que está fazendo aqui. – ele falava com tanta cortesia que poderia muito bem estar convidando-a para tomar chá.

— Eu estava procurando por você. – ela disse, sorrindo. – Vim propor-lhe um acordo.

— E o que uma bruxa medíocre como você teria para oferecer a alguém como eu? – Jane-Anne fingiu não ouvir.

— Você é um bruxo poderoso, Silas. Mas mesmo os bruxos mais poderosos precisam de aliados.

— Claro. Aposto que você diz isso para todos. – ele riu.

— Você quer a Davina e eu posso garantir-lhe acesso total aos poderes e à colaboração dela. – disse ela, finalmente atraindo a total atenção de Silas.

Silas concentrou-se alguns segundos nos olhos de Jane-Anne.

— Você tem o pai dela. – ele sussurrou. – Cruel.

—Você pode ler minha mente. – ela deduziu. – E ainda assim, me fez contar tudo.

— É mais divertido assim. – ele deu de ombros. – Eu ia dizer que salvar esses dois seria perda de tempo, mas eles até podem ser úteis.

— Podem. – disse ela, vislumbrando um novo plano. – Foi uma descoberta e tanto.

—Eu tenho pressa, bruxa. – ele advertiu.

— Eu também, bruxo. – ela falou, séria. – Mas eu sei como fazer isso funcionar. Você ganha, eu ganho, Davina ganha.

— E Klaus perde. – disse ele, lendo a mente de Jane-Anne e sorrindo. – É um bom plano.

— Então, temos um acordo?

— Do you want me to pinky swear?

***************

— É muito simples, Davina! – Jane-Anne falou, exasperada, pela terceira vez.

— Não, não é! – Davina gritava. – Você se aliou ao Silas? Como você pode saber que ele não vai nos matar na primeira oportunidade que tiver?

— Ele não vai nos matar. – ela rolou os olhos. – Nós somos úteis.

— Claro, úteis. Eu só tenho que destruir o outro lado. Simples. – Davina andava de um lado para o outro no terraço do prédio, sem se importar se poderiam estar sendo ouvidas. – Como isso pode dar certo?

— Como eu disse, é muito simples. – ela sentou-se e suspirou. – Você vai destruir o outro lado para que ele possa morrer e se reunir com o amor de sua vida e realizar toda essa baboseira romântica dele. Mas você precisa de algo para canalizar força, caso contrário, nunca conseguiria. E o que é mais poderoso do que um híbrido original?

— Você quer que eu canalize a força do Klaus para realizar o feitiço?

— Exatamente. – Jane-Anne sorriu abertamente. – Você destrói o outro lado, Silas morre, Klaus morre no meio do processo e depois de tudo isso, eu devolvo seu pai para você.

— E depois isso acaba? – Davina ficou quieta, pensativa, pesando as possibilidades.

— É claro. – Jane-Anne levantou-se e colocou as mãos nos ombros de Davina. – Eu lhe devolvo seu pai, e vocês dois podem sair da cidade e serem felizes para sempre.

— É um bom plano. – disse Davina, irônica. – Mas você está se esquecendo de um detalhe importante: Klaus.

— O que tem ele? – Jane-Anne deixou cair suas mãos e olhou intrigada para Davina.

— Você acha que vai ser fácil utilizar o Klaus para este feitiço? Que ele vai se voluntariar como tributo?

— Detalhes, Davina. Detalhes. – ela respondeu, com desdém. – Não se preocupe com eles. Concentre-se apenas em realizar o feitiço e ter seu pai de volta.

Davina olhou para longe e se afastou de Jane-Anne. Ela precisava voltar para casa.

*****************************

(POV Caroline)

Estávamos vivendo o final de tarde mais perfeito que eu já havia presenciado. Eu estava sentada no sofá, admirando Klaus e Henry sentados ao piano, em mais uma lição. Henry estava muito mais disposto a aprender a tocar piano agora que estava bem, e agora até mesmo estava se aventurando a compor canções, o que ele fazia neste momento, com a ajuda do pai. Eles tocavam o início da canção inúmeras vezes, cada vez acrescentando uma nota a mais no final. Era uma melodia doce, ritmada, contagiante.

Klaus estava orgulhoso do avanço de nosso filho, e ficava cada vez mais admirado com o rumo que a composição tomava. Então o celular de Klaus tocou e ele pareceu tentado a não atender, mas uma olhada rápida na tela fez com que ele se levantasse prontamente.

Ele se afastou rapidamente de nós, mas não antes que eu pudesse ouvi-lo dizer:

­ — Victor.

Victor? Victor nunca ligava. A simples menção ao nome dele me trouxe memórias tristes, já que a última vez que vi Victor foi quando nossa antiga casa foi atacada e nós acabamos vivendo naquela fazenda afastada da cidade por algum tempo. Eu comecei a desejar que tudo estivesse bem, e que não precisássemos voltar para lá.

— Caroline. – Klaus me chamou voltando para a sala, logo depois de ter saído para atender o celular. Ele sorria, mas seus olhos pareciam preocupados.

— Sim?

— O que você acha de marcarmos a data do nosso casamento?

— Para quando? – eu perguntei, surpresa com a pergunta.

— O mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

Momento Steferine! Só que não...
Não sei quando vou postar o próximo, pois ele precisa de planejamento. Afinal, vamos ter casório!

Sobre a Katherine: nunca gostei dela. Julguem-me.
Sentiram falta do Tyler e da Hayley??

Até o próximo capítulo, queridos leitores!! :D



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