Seu último amor - 2ª temporada escrita por Jeniffer


Capítulo 11
Medo


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Sim, eu sei...
O que aconteceu? A vida aconteceu.

Mari, minha querida! Muito, muito, muito obrigada pela linda recomendação! Você não faz ideia do quão feliz fiquei com suas palavras! Este capítulo é para você! :D



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"Sentia medo? Sim, todo o medo do universo agarrado à boca do estômago. Mas sob controle. Domesticado. Sob minhas ordens.”

O tempo entre costuras, de María Dueñas. Citação da página 309 na edição de 2009 da editora Planeta.


Existem momentos que se infiltram em nossa mente através de nossos olhos, agarram-se aos nossos neurônios e nunca mais os abandonam. Alguns desses momentos me fazem desejar uma lobotomia como presente de aniversário.

Um destes momentos foi quando salvamos Stefan. Fiquei no alto da pedreira, assistindo o cofre ser resgatado do fundo d’água e pensando no tormento e na agonia que ele sofrera durante todo esse tempo, afogando-se repetidamente. Repreendi-me por não ter percebido antes que havia algo de errado. É claro que Stefan nunca partiria sem falar com ninguém, sem nenhuma explicação ou despedida. E não importa se Elena estava nos braços de Damon. Nem mesmo eles seriam ignorados.

Acrescentei Stefan a uma lista que já incluía Bonnie. Mesmo sendo tão diminuta, tal lista já me assustava. O que estava acontecendo comigo? Eu estava em New Orleans, vivendo minha vida ao lado de Klaus e Henry, enquanto meus amigos precisavam de ajuda. Como eu não percebi que eles precisavam de mim? Estaria eu tão absorta em meus próprios problemas e em minha própria felicidade que não percebia mais ninguém?

— Como isso aconteceu? – sussurrou minha mãe, que estava coordenando a pequena equipe responsável pelo resgate, quando viu o cofre totalmente fora d’água.

Ninguém respondeu. Ninguém sequer se mexeu. Damon e Elena estavam petrificados, perfeitas estátuas remoendo a culpa que todos compartilhavam. Mas a culpa ficou aguardando uma oportunidade de ser processada, pois agora, estávamos focados no cofre que lentamente se aproximava de nós. Olhei para Klaus, imóvel ao meu lado. Entrelacei meus dedos aos dele, e esperei.

Quando o cofre foi colocado no alto da pedreira, Elena correu para abri-lo, mas foi detida por Damon.

— Espere. – ele advertiu.

— Mãe, tire todos daqui. – falei.

— Ligue-me se precisar de qualquer coisa. – ela disse, e então olhou para Klaus. – Tome conta dela.

— Eu vou. – ele garantiu.

Ficamos ouvindo minha mãe se afastar com a equipe de resgate, esperando o momento certo de abrir o cofre. Quando já não mais podíamos ouvi-los, nos aproximamos. Elena carregava uma caixa com várias bolsas de sangue. Damon e Klaus estavam a postos para conter Stefan. E eu... bem, eu estava ali para o que fosse preciso.

— Ok, todos prontos? – Damon perguntou, olhando para o cofre.

Apesar de todos assentirem, eu sabia que ninguém estava realmente pronto. Afinal de contas, como poderíamos estar prontos para o que iríamos presenciar?

Damon destrancou o cofre e hesitou um momento, então o abriu completamente, de maneira rápida, e se afastou.

— Stefan... – sussurrei, agoniada.

Stefan emergiu do pouco d’água que ainda restava no cofre, segurando-se nas bordas e impulsionando seu corpo em busca de ar, com um arquejo que cortou meu coração em mil pedaços. Ele tossia violentamente, e então olhou ao seu redor. Olhei em seus olhos e vi toda a dor que ele sofrera, o desapontamento e a incerteza. E finalmente vi a sede.

Klaus e Damon foram muito mais rápidos do que eu e Elena, e logo alcançaram Stefan, antes que ele escapasse. Elena abriu uma bolsa de sangue e a levou até a boca de Stefan, segurando-a, já que os braços de Stefan estavam imobilizados.

— Welcome back, brother. – disse Damon.

*************

Foram necessárias várias bolsas de sangue para que Stefan se acalmasse e pudesse pensar com clareza. Depois de um tempo, Damon e Klaus o soltaram para que ele pudesse beber o sangue livremente. Ele agarrava cada bolsa de sangue como se estivesse se agarrando à própria vida. Lentamente, sua respiração começou a se regularizar, e ele respirava com mais facilidade.

Klaus estava próximo a mim, um passo a frente, protegendo-me. Dei um passo a frente, e ele me deteve, preocupado.

— Tudo bem. – sussurrei. – Ele está bem.

Hesitante, ele me deixou passar. Stefan estava sentado no chão, com as costas apoiadas no cofre. Quando eu me aproximei, ele jogou para o lado uma bolsa de sangue vazia e respirou profundamente. Estendi a mão, ele olhou para mim por um segundo, sorriu e a aceitou. Eu não soltei sua mão quando ele se levantou, e então o envolvei em um abraço.

— É tão bom ver você. – falei, com uma nota de dor em minha voz.

— É bom ver você também, Caroline. Você nem imagina o quanto.

Nós levamos Stefan para a mansão Salvatore, para que ele pudesse se recompor. Eu levei Elena e Stefan, enquanto Damon e Klaus seguiram em outro carro. Não achei que jogar tantas novidades sobre ele agora seria uma boa opção. O relacionamento de Elena e Damon provavelmente ainda o entristecia, e não havia motivo para contar sobre mim e Klaus agora.

Ele sentou-se no banco de trás, e eu o observei pelo retrovisor. Apesar de a sede estar parcialmente controlada, apenas o suficiente para que ele se contivesse, era nítido que ele estava profundamente abalado. Seus olhos iam de um lado para o outro rapidamente, como se ele esperasse um ataque a qualquer momento, parecia deslocado, como se estivesse desorientado, sem saber onde estava. Seguimos em um silêncio mortal, e eu não me atrevi a começar um conversa. Não importava o que disséssemos, todos os caminhos iriam nos levar para o mesmo lugar. Aquele terreno perigoso de culpa e arrependimento que nenhum de nós estava pronto para desbravar agora.

Quando chegamos à mansão, ele parecia mais tranquilo. Reconhecia sua casa e se sentia bem nela. Seguiu na frente de todos e deixou a porta aberta. Damon e Elena entraram, seguindo lado a lado, mas ao mesmo tempo, distantes. Klaus veio em minha direção.

— Como ele está? – perguntou, tranquilamente.

— Estranho. – confessei.

­— Bem, não podemos culpá-lo, não é? – ele deu de ombros.

Não, não podíamos. Entramos na casa, ao mesmo modo que Damon e Elena fizeram. Era-me estranho estar ao lado de Klaus, sentar-me próxima a ele, e não entrelaçar meus dedos aos dele, ou descansar minha cabeça em seu ombro, ou sentir o toque suave de seus dedos brincando com meus cabelos. Mas ele também se manteve distante, entendendo a gravidade da situação.

— Este é o comitê de boas vindas mais silencioso que eu já conheci. – disse Stefan, servindo de uma dose de uísque. Eu tentei rir, mas foi uma tentativa tão débil que não enganou ninguém.

Elena olhou para todos, ao contrário de Stefan que ignorava o olhar de todos, e então suspirou pesadamente e eu soube que ela iria falar.

— Stefan, eu sinto muito, eu sinto tanto por não... – ela começou.

— Não. – ela a interrompeu. – Só... Não.

— Come on, Stefan. – disse Damon, tentando parecer despreocupado, mas com um olhar hesitante, até quase assustado.

— Eu preciso dormir. – Stefan anunciou, deixando o copo ao lado da garrafa, e olhando diretamente para mim. – Eu nunca precisei tanto dormir.

— Descanse, Stefan. – eu disse, sabendo que ele olhava para mim tentando evitar Elena e Damon. – Estaremos aqui quando acordar.

**********

— Eu estou preocupada. – confessei a Klaus, sentada na varanda dos Salvatore.

— Ele passou pelo inferno e sobreviveu. – Klaus respondeu, com um sorriso. – Stefan já enfrentou coisas piores.

— E é isso que me preocupa.

— Como assim?

— Ele já passou por coisas piores, e reagiu. Desligou a sua humanidade, se transformou em um estripador. – eu virei meu rosto em direção ao sol. – Mas agora, ele não fez nada. Ele está destruído, mas ainda é o Stefan que todos conhecem e amam.

— Espere ele acordar, Love. Vamos ver como ele vai lidar com a situação então.

— Onde está Jane-Anne? – perguntei, mudando de assunto.

— Eu a mandei de volta à New Orleans. Henry precisa de cuidados. – ele falou baixinho.

— Como ele está? – perguntei, também em voz baixa.

— Não melhorou. – ele admitiu.

— Você deveria voltar e ficar com ele.

Klaus se virou em direção ao jardim, olhou para o céu e eu soube que ele já havia pensando nisso.

— Não há nada que eu possa fazer por ele agora. – disse ele, e eu vi a dor que ele sentia por admitir tal fato. – Eu vou ficar aqui até que você precise de mim, e então voltaremos juntos.

Busquei sua mão e o trouxe para perto de mim. Percorri seu braço com um toque suave até alcançar sua nuca e então o puxei para mim, beijando intensamente. Suas mãos envolveram minha cintura e depois perderam-se em meus cabelos, enquanto nossos lábios buscavam-se com urgência. Nós precisávamos um do outro, agora mais do que nunca.

— Ele vai ficar bem. – sussurrei, quando consegui respirar. – Nós vamos ficar bem.

— Vocês gostariam de um quarto? – disse Damon, abrindo a porta com cara de desagrado.

— O que foi, Damon? – perguntei, sem me afastar um único centímetro de Klaus.

— Eu só estava pensando... Quero dizer, ouvindo a conversa de vocês. – ele disse, apoiando-se no batente da porta. – O seu filho está morrendo, é isso?

— Damon. – eu alertei. Ele estava entrando em um terreno perigoso.

— Seu filho está morrendo em New Orleans, e você está aqui. – Klaus tentou se afastar de mim, mas eu o contive. – O que aconteceu? Vocês cansaram de brincar de casinha?

Antes que qualquer um de nós pudesse reagir às palavras de Damon, um gritou de pura agonia ecoou pela propriedade.

— Oh-oh. – disse Damon. – Stefan acordou.

************

— Estresse pós-traumático. É a única explicação que eu encontro. – falei.

— É provável. – disse Klaus.

— É pior do que isso. – disse Stefan. – Era real. Eu realmente senti que estava... me afogando novamente.

Eu consegui ver nitidamente o quão abalado ele estava. Eu decidi ficar em Mystic Falls e ajudá-lo, e assim, Klaus também ficou. Acompanhamos o comportamento de Stefan por dois dias, e tentamos todas as ideias que tivemos, mas nenhuma delas teve algum efeito.

Stefan fingia que tudo estava bem, mas constantemente tinha a sensação de estar afogando-se, como um ataque de pânico. E então eu decidi que ele precisava de um tratamento de choque.

Conversei com minha mãe, e no terceiro dia em Mystic Falls cheguei na mansão Salvatore bem cedo, sozinha, disposta a tentar uma nova ideia.

— Caroline. – disse Stefan, sonolento, ao abrir a porta para mim.

— Bom dia! – eu disse, animada.

— Nós somos o tipo de vampiro que dorme, Barbie. – reclamou Damon, surgindo na sala.

— Que bom que estão todos acordados, assim podem me ajudar a carregar essa coisa. – falei, entrando na casa.

— Que coisa? – perguntou Stefan, intrigado.

— Aquela. – respondi, apontando para o cofre casualmente deixado na varanda.

Stefan estava assustado e nem um pouco convencido de que isso funcionaria, mas ajudou Damon a trazer aquele pesado cofre para o centro da sala.

— O que isso está fazendo aqui? – perguntou Elena, assim que viu o cofre.

— Terapia intensiva. – falei.

— Você tem certeza, loira? – Damon perguntou em tom esnobe, mas genuinamente preocupado.

— Tenho. – menti. Eu não sabia se isso funcionaria, mas eu tinha que tentar. – Stefan, entre aí.

— O quê? Não. Eu não vou entrar aí.

—Você precisa! Não pode passar o resto dos seus dias tendo ataques de pânico a todo momento. – insisti.

— Você não entende, Caroline. – Stefan falou, baixinho. – Eu não consigo respirar, é como se não houvesse mais ar no mundo, e eu começo a me afogar...

A respiração dele começou a se acelerar e eu entendi que ele estava tendo outro ataque. Rapidamente o sentei no sofá, segurei seu rosto com minhas mãos e obriguei a olhar para mim enquanto o instruía a respirar profundamente e pausadamente. Depois de alguns minutos ele estava mais tranquilo.

— Você não pode viver assim, Stefan. – falei, ainda segurando o rosto dele.

Ele concordou, e hesitante, foi em direção ao cofre. Damon estava segurando o cofre aberto e Stefan entrou sem nem mesmo olhar para ele. Quando o cofre foi fechado eu olhei para Damon e Elena.

— Vocês deveriam sair. – falei.

—O quê? – Elena parecia confusa. – Por quê?

— Ele não precisa de nenhuma dor adicional. – expliquei. – Deem espaço a ele.

Damon concordou prontamente, e então quase teve que arrastar Elena para fora. Enquanto eles saíam, Stefan gritava e implorava para que eu o deixasse sair. Comecei a pensar que talvez não fosse uma boa ideia no final das contas.

Sentei-me no chão, com as costas apoiadas no cofre e esperei. Tempo era tudo o que Stefan precisava.

***********

— Caroline, me deixe sair!

O apelo foi tão doloroso que abri o cofre em apenas alguns segundos. Stefan saiu em busca de ar exatamente como fez quando o resgatamos. Fiquei ao lado dele até que ele percebeu que o ar estava entrando em seus pulmões e não havia nenhuma gota d’água próxima a ele.

— I’m sorry. – falei.

— Não é sua culpa. É... difícil. – Stefan respondeu.

— Eu achei que isso te ajudaria, mas acho que só estou piorando as coisas.

Ele respirou fundo, não querendo admitir que eu realmente só piorara as coisas. Esse é o Stefan que eu conheço, pensei comigo mesma. Está enfrentando uma situação terrível e ainda assim se importa com os sentimentos dos outros.

— Onde estão Damon e Elena? – ele perguntou, mudando de assunto.

— Eu pedi que saíssem. – expliquei, analisando sua reação.

— Good. – ele disse, simplesmente.

— Machuca, não é?

Ele não disse nada, apenas assentiu, com uma expressão que traía todas as suas defesas.

— Eu a amo. – ele falou, como se isso explicasse tudo. E realmente explicava.

— Você acha que é isso que está acontecendo?

— O que você quer dizer?

— Você acha que está focado na sua dor física porque é mais fácil do que pensar na sua dor emocional? – perguntei, depois de avaliar a reação dele ao relacionamento de Damon e Elena.

Novamente, ele permaneceu em silêncio, pensando a respeito. Acho que ele não havia considerado tal hipótese até então.

— Você realmente acha isso? – ele perguntou.

— Sim. – falei.

— Vamos tentar novamente. – ele se pôs de pé e então entrou no cofre.

— Você tem certeza? – eu estava indecisa.

— Não. – ele falou, dando de ombros. – Mas não vou saber até tentar.

Eu fechei o cofre e esperei. Minutos e minutos se passaram e eu não ouvi nada, nenhum suspiro, nem um apelo, nenhuma agitação. Pelo que eu ouvia, ele poderia muito bem estar dormindo lá dentro. Até que ele bateu na porta e pediu que eu a abrisse.

Stefan levantou-se tranquilamente, olhou para o cofre como uma criança quando percebe que a sombra assustadora na parede não passava de uma árvore do lado de fora da janela. De repente, a luz do quarto se acendeu e Stefan percebeu que não havia nada ali para temer.

— Você deveria cursar psicologia, Caroline. – ele disse, sorrindo.

— Acho que Freud não é muito útil para vampiros.

************

—Então, porque Klaus continua por aqui? – perguntou Stefan, enquanto servia uísque para nós dois.

— Bem... – tentei explicar.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? – ele perguntou, me interrompendo.

— O quê? – sussurrei.

— Eu estava traumatizado, não cego, Car. – ele brincou.

— É uma longa história. – falei.

— Eu tenho tempo. – ele checou a garrafa. – E tenho uísque. Vá em frente.

Ali, sentados no sofá próximo à lareira, contei a Stefan toda a história sobre como minha vida mudou completamente enquanto ele esteve preso. Falei sobre o término com Tyler, sobre Marcel, sobre como agora eu morava em New Orleans, sobre a viagem à Paris e o pedido de casamento, e falei sobre Henry e sua situação complicada.

— Diga alguma coisa, por favor. – pedi, quando terminei meu longo relato e ele se manteve em silêncio.

— Honestamente? – ele perguntou. Eu assenti e ele continuou. – Eu sempre pensei que vocês dois acabariam juntos. Klaus é uma pessoa horrível, mas não com você. E eu entendo sua reserva.

— Entende.

— Claro. Sua reserva se baseia na sua maior fraqueza. – ele falou, tomando o último gole de uísque da garrafa.

— Minha maior fraqueza? – do que ele estava falando?

— Você se importa com o que os outros pensam de você. – ele falou, seriamente, olhando-me nos olhos. – Se não existisse mais ninguém ao seu redor, ninguém julgando você por gostar do vilão, quanto tempo você teria levado para ir até New Orleans?

Eu não respondi pois ambos sabíamos a resposta.

— Isso faz de mim uma pessoa horrível?

— Não. Isso faz você humana.

Olhei para Stefan e senti toda a dor por não ter percebido a estranheza de sua ausência, e ao mesmo tempo me senti totalmente agradecida por tê-lo ao meu lado novamente.

— E o que acontece com você e Henry? – ele perguntou, tentando mudar o rumo da conversa, antes que as lágrimas brotassem de meus olhos.

— Eu não sei como agir com ele. – confessei.

— Você acha que Hayley vai voltar algum dia?

— Ela abandonou o próprio filho quando ele nasceu, então eu apostaria em não. Mas quem pode afirmar algo assim com total certeza?

— Como assim?

— Se ela conhecesse Henry, mudaria de ideia no mesmo instante. – eu olhei para a lareira e pensei em Henry, feliz no jardim, observando as estrelas. – Você precisa conhecê-lo, Stefan. Ele é a criança mais doce, inteligente e amorosa que eu já conheci.

— Você ama ele. – ele constatou.

— Sim. – confessei. – Nunca me imaginei nesta situação, mas sim, eu o amo.

— Você quer minha opinião? – ele perguntou, levantando-se e procurando outra garrafa.

— É claro.

— Mesmo que Hayley volte algum dia, você acha que ele a reconheceria como mãe? – ele voltou a se sentar, oferecendo-me mais uma dose, que eu recusei. – Pelo que você me contou, ele já a reconhece como mãe.

— Mas ela tem direitos sobre ele. – falei.

— Que juiz daria a guarda de um híbrido para uma lobisomem, se ele pode ser criado por vampiros? – ele falou, com ironia.

— Você está brincando comigo, Stefan Salvatore? – provoquei.

— Estou. Pense bem, Caroline. – ele me alertou. – Esta não é uma situação comum. Ela pode ter direitos, como você mesma disse, mas que lei garante isso? Isso não se trata de custódia legal ou adoção, se trata de sentimentos. Não importa que ela seja a mãe biológica, quem está desempenhando este papel é você.

— E o que você acha eu devo fazer? – perguntei, desesperada por finalmente ter orientações concretas de alguém.

— Abraçar sua nova vida. – ele falou, olhando para o nada. – Você tem o que muitos vampiros matariam para ter: uma família. E isso é tudo o que importa. Afinal de contas, a luz não pode existir sem a escuridão. E eu nem precisei estudar Freud para saber disso.

Eu olhei para ele até que seu olhar abandonou o vazio e olhou para mim.

— Eu senti sua falta, Stefan Salvatore.

— Eu também senti sua falta, Caroline Forbes.

************

Eles estavam bem, na medida do possível. Stefan estava encarando a situação sob uma nova perspectiva. Ele amava Elena, mas também amava Damon, e por mais que fosse difícil para ele admitir, os dois estava felizes juntos.

Assim sendo, estava na hora de voltar para New Orleans, voltar para Henry. Despedi-me de todos com lágrimas nos olhos, e fui até a delegacia me despedir de minha mãe. Depois, trilhei o já conhecido caminho até o local onde realizamos o funeral de Bonnie. Criamos um pequeno santuário ali, onde eu depositei flores amarelas.

— Para iluminar seu dia, Bon. – falei, não tendo certeza se ela estava me ouvindo.

—Está pronta, Love? – perguntou Klaus, quando voltei para o carro, onde ele me esperava.

— Pronta. – falei. Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida.

***********

— Home, sweet home. – anunciou Klaus, estacionando na frente de nossa casa.

—É bom estar de volta. – falei, saindo do carro. Ele veio até mim e me abraçou.

— Como você está se sentindo?

— É difícil dizer. – confessei. – Eu sei que ainda vou levar um tempo para conseguir lidar com tudo isso, mas eu ainda posso falar com ela através do Jeremy, e isso me dá a sensação de que ela continua aqui.

— Ela continua aqui, sweetheart. – ele sussurrou. – Não como costumava, mas continua.

— Eu sei. – falei. – É só... estranho. Vamos ver Henry.

Fomos recebidos antes mesmo de alcançar a porta.

— Brother. – disse Elijah, extremamente feliz. Fiquei confusa. Por que Elijah estava tão feliz em ver Klaus. – Sejam bem vindos de volta.

Klaus nada respondeu, e trocamos um olhar intrigado. Ele também não entendia o motivo de tanta alegria. Elijah nos deixou na porta e foi para a sala, e nós o seguimos em silêncio.

— Ótimo, eles voltaram. – ouvi Jane-Anne falar antes mesmo de vê-la na sala, nervosa, andando de um lado para o outro.

— O que está acontecendo? – perguntou Klaus, perdendo a paciência.

— Ok, antes de você dizer qualquer coisa eu tenho que dizer que só tínhamos uma chance e eu tive que... – ela falava rápido demais, atrapalhando-se com as palavras. Em um piscar de olhos Klaus saiu do meu lado e estava jogando Jane-Anne contra a parede, com as mãos firmes em seu pescoço.

— O que você fez? – ele gritou.

— Eu tive que fazer. – ela tentou falar, sem muito sucesso.

— Oi, pai.

Eu me virei em direção à voz de Henry. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz desapareceu como se as mãos de Klaus estivessem apertando meu pescoço e não o de Jane-Anne.

Klaus também ficou sem palavras. Henry estava descendo as escadas, tranquilamente, sem nenhuma ajuda. Ele estava bem. Na verdade, muito mais do que bem, estava radiante. Ninguém poderia dizer que o Henry que estava ali, em nossa frente, era o mesmo Henry doente que deixamos em New Orleans alguns dias atrás.

Eu corri em sua direção e o abracei.

— Oi, mãe. – ele disse, rindo.

— Oi. – eu sussurrei.

Olhei para ele sem acreditar no que via. Ele não parecia frágil ou debilitado. Ele parecia normal. Ele ainda aparentava ser um adolescente, mas não envelhecera mais do que quando o deixamos.

Klaus se aproximou dele, também duvidando de seus próprios olhos. Ele o abraçou, e eu pude ver as lágrimas que escorriam por sua face ao ver que Henry estava bem. Toda a preocupação e a dor por se sentir impotente desapareceram. Olhei rapidamente para Elijah, que estava radiante com a reação de Klaus.

— Como isso é possível? – Klaus perguntou.

— Bem, um cometa estava muito próximo da Terra há dois dias, e eu achei que poderíamos substituir a bruxa poderosa por um evento poderoso. – explicou Jane-Anne. – Então, juntei todas as bruxas de New Orleans e fizemos o feitiço.

— E você fez isso por que achou que poderia funcionar? – Klaus sibilou, irado.

— É. – ela deu de ombros.

— Você arriscou a vida do meu filho por uma suposição? – Klaus urrava.

— Ele teria morrido! – Jane-Anne também sabia gritar.

Klaus recuou. Ele sabia que as condições de Henry não eram as melhores quando partimos para Mystic Falls.

— Nós perdemos algumas bruxas durante o processo, se isso te deixa mais feliz. – ela disse, com petulância.

— Muito mais feliz. – respondeu Klaus, ameaçador.

— O que importa é que Henry está bem. – disse Elijah, apaziguador.

— You’re welcome. – disse Jane-Anne, com um sorriso zombeteiro. – Agora o resto é exatamente como foi para você. Se ele quiser ativar a parte lobisomem de seu DNA, é só realizar o mesmo ritual que você realizou.

— Acho que está na hora de você ir, Jane-Anne. – disse Elijah, indicando a porta.

Ela concordou e saiu sem dizer mais nada. Eu olhei para Elijah, que nos observava conversar Henry, perguntando como ele se sentia. Ele sorria e eu sabia o que ele via: uma perfeita família feliz.

***************

— Não precisa mais me colocar para dormir, mãe. – disse Henry, rindo.

— Velhos hábitos nunca morrem.

O quarto dele já havia sido mudado para comportar uma cama maior e mais adequada para ele. Uma mesa desnecessária desaparecera e a estante de livros aumentara consideravelmente.

Eu o cobri e ajeitei os cabelos rebeldes que cobriam parte de seus olhos.

— Você precisa cortar o cabelo. – falei.

— Mãe? – ele me chamou.

— Sim? – falei, deixando seus cabelos soltos e revoltados.

— Eu sinto muito por sua amiga. – ele falou sinceramente.

—Eu também.

— Mas agora você está de volta. E aqui comigo, com o papai e com a Alexia, tudo vai ficar bem. Você vai ficar bem. – ele disse, com aquela fé de criança que se conforta com a companhia daqueles que ama.

— Você roubou minha frase? – eu ri.

— Agora não sou mais eu quem precisa ficar bem. – ele disse, dando de ombros. – Boa noite, mãe.

Eu aproximei-me dele e deu um beijo em sua testa, aproveitando o alívio por vê-lo bem.

— Boa noite, meu filho. Eu te amo.

***************

(outside view)

­ — Como ele está? – perguntou Davina do alto daquele prédio abandonado, olhando para a cidade que se estendia aos seus pés.

— Não poderia estar melhor. – respondeu Jane-Anne. – Você fez o feitiço muito bem.

— Ninguém desconfiou de nada? – Davina estava fria, impassível. Agora, era ela quem estava negociando.

— Não. Esta parte eu fiz muito bem. – disse Jane-Anne, gabando-se.

— E agora?

— Agora vamos seguir em frente com o plano.

— E que plano é esse? – Davina virou-se, olhando para Jane-Anne, levemente irritada com a falta de objetividade da bruxa.

— Vê esta cidade, Davina? – disse Jane-Anne, abrindo os braços para mostrar a extensão de New Orleans. – Lar de meus ancestrais.

— Parabéns. – ironizou Davina.

— E tudo isso, hoje, é controlado por Klaus. – ela continuou, como se não tivesse sido interrompida. – E eu não quero que seja assim.

— Você quer dominar New Orleans? – perguntou Davina, perguntando-se como não percebera isso antes.

— Bingo.

— E o que isso tem a ver comigo?

— Tudo. – Jane-Anne colocou as mãos nos ombros de Davina e a olhou nos olhos. – Por que antes que eu devolva seu pai a você, você precisa me ajudar a fazer uma última coisa.

— O quê?

— Nós vamos matar Niklaus Mikaelson.


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Notas finais do capítulo

Já vou começar a escrever o próximo! Não vejo a hora de escrever o que está por vir!!

Até lá! :D