A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 37
O segredo de Hermione




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— Uma história chocante... Chocante... Milagre que ninguém tenha morrido... Nunca ouvi nada igual... Pelo trovão, foi uma sorte você estar lá, Snape…

— Muito obrigado, ministro.

— Ordem de Merlin, Segunda Classe, eu diria. Primeira Classe, se eu puder convencê-los.

— Muito obrigado mesmo, ministro.

— Que corte feio você tem aí... Obra do Black, suponho?

— Na realidade, foram Black, Potter, Weasley e a Granger, ministro... Black havia enfeitiçado os garotos, vi imediatamente. Um feitiço Confundus, a julgar pelo comportamento deles. Pareciam acreditar que havia possibilidade de o homem ser inocente. Não foram responsáveis por seus atos. Por outro lado, a interferência deles talvez tivesse permitido a Black fugir... Os garotos obviamente pensaram que iam capturá-lo sozinhos. Têm-se livrado de muitas situações de perigo até agora... Receio que isso os tenha feito se acharem superiores... E, naturalmente, Potter sempre recebeu uma extraordinária indulgência do diretor…

— Ah, bom, Snape... Harry Potter, sabe... Todos somos um pouco cegos quando se trata dele.

— Contudo... Será que é bom para ele receber tanto tratamento especial? Por mim, procuro tratá-lo como qualquer outro aluno. E qualquer outro aluno seria suspenso, no mínimo, por colocar seus amigos em situação tão perigosa. Considere, ministro: contrariando todas as regras da escola... Depois de todas as precauções que tomamos para sua proteção... Fora dos limites da escola à noite em companhia de um lobisomem e de um assassino... E tenho razões para acreditar que ele andou visitando Hogsmeade ilegalmente, também... Além da Susana Black, mesmo tendo entrado apenas este ano, já se encontra em bastantes problemas, ela é uma garota bem problemática e a prova é o comportamento dela na sua antiga escola. Ela não está nem aí para regras e faz o que bem quiser. Claro, filha de um assassino e criado por um lobisomem, não se pode esperar muito da educação dela.

— Bem, bem... Veremos, Snape, veremos... O garoto sem dúvida foi tolo... A garota é a mesma coisa, querendo ou não, Black é o pai dela…

Ainda me sentia tonta, minha cabeça latejava e bem aos poucos fui recobrando a consciência, conseguia ouvir vozes muito bem conhecidas, mas não conseguia abrir os olhos e muito menos dizer algo, apenas digerir cada palavra lentamente. Entretanto, nada disso impediu as náuseas que sentia com cada palavra dita por Snape; por causa disso que me obriguei a abrir os olhos.

Abri um pouco os olhos, mas logo os fechei só que ainda escutando da palavra dita pelo meu professor de Poções.

— O que mais me surpreende é o comportamento dos dementadores... Você realmente não tem idéia do que os fez se retirar, Snape?

— Não, ministro... Quando recuperei os sentimentos eles estavam voltando aos seus postos na entrada…

— Extraordinário. E, no entanto, Black, Harry e as duas garotas…

— Todos inconscientes quando cheguei. Amarrei e amordacei Black, naturalmente, conjurei macas e os trouxe diretamente para o castelo.

Abri os olhos. Não sei da onde consegui tanta força, mas abri os olhos depois de ouvir as últimas palavras de Snape; não me surpreendo se mais mentiras foram ditas bem antes, lotando a cabeça do ministro de bosta.

Fui me acostumando aos poucos com a pouca iluminação do hospital, assim que me acostumei, vi os cabelos ruivos de Rony na maca ao meu lado. Ele parecia estar desacordado ainda. Agora preciso saber onde estão Hermione e Harry.

Virei a cabeça para o outro lado e a maca vazia, mas pude ver a porta da enfermaria, entreaberta. Pelo jeito era de lá que vinha as vozes do ministro e Snape.

Sem enrolar mais levantei-me com tudo, minha cabeça doeu, mas não voltei a deitar. Hermione e Harry estavam nas macas da frente com o meu e do Rony. Ambos acordados. Madame Pomfrey se encontrava de costa, junto deles e nem deve ter reparado que acordei.

Sentei na maca, fazendo menção em levantar, mas antes de firmar os pés no chão cai. Ao ouvir as palavras de Madame Pomfrey.

— Apanharam Black. Ele está trancado lá em cima. Os dementadores vão-lhe dar o beijo a qualquer momento…

Só de ouvir aquilo, senti como se o chão tivesse desaparecido e isso me fez perder o controle de fixar as pernas.

Madame Pomfrey veio correndo até mim.

— Srta. Black! — ela se ofereceu para me ajudar, mas recusei e me esforcei para levantar de novo, me apoiando na mesa-da-cabeceira.

Parece que não tinha sido a única a pular da cama, Hermione e Harry fizeram os mesmo, mas ao contrário deles eu tinha perdido a sensibilidade das pernas.

Pelo jeito meu grito deu para ser ouvido do lado de fora; em segundos, Fudge e Snape entraram na enfermaria.

— Quem foi que gritou? — perguntou ele, parecendo ansioso. — Por Merlin, o que houve com a garota?

— Ministro, por favor, o senhor precisa me ouvir! — pedi desesperadamente e finalmente me pé.

— Srta. Black, por favor, volte para cama... — diz Madame Pomfrey, mas a ignorei e continuei.

— Pegaram o homem errado! Sirius Black é inocente!

— Minha cara, se acalme, acho melhor voltar para cama — disse Fudge em um tom calmo. — Está muito nervosa.

— É verdade, senhor, Sirius é inocente! — disse Harry. — Pedro Pettigrew fingiu a própria morte! Nós os vimos hoje à noite. O senhor não pode deixar os dementadores fazerem aquilo com Sirius, ele…

Mas Fudge estava sacudindo a cabeça com um sorrisinho no rosto.

Aquilo fez meu sangue ferver.

— Harry, Harry, você está muito confuso, assim como a Srta. Black, passaram por uma provação terrível, deitei-se, agora, temos tudo sob controle…

— Não tem, não! — Harry e eu berramos ao mesmo tempo.

— Ministro, por favor, ouça — suplicou Hermione. — Eu também o vi. Era o rato de Rony, ele é um Animago. O Pettigrew, quero dizer e…

— O senhor está vendo, ministro — disse Snape. — Confusos, os três... Black fez um bom serviço…

— CALA A BOCA! — berrei.

Snape me fuzilou com os olhos.

— É tudo mentira o que ele disse — e apontei para Snape. — Não estamos confusos, estamos dizendo a verdade!

— Ora, se acalme é natural a senhorita defendê-lo, ele é seu pai e vai defendê-lo…

Escorreguei até o chão, apoiando a mão na maca e socando o colchão de raiva.

— Será que é difícil de entender, que pegaram a pessoa errada? — murmurei em um tom misto de raiva e choro contra minha vontade.

Senti uma mão nas minhas costas, me ajudando a levantar e sabia que era Madame Pomfrey.

— Ministro! Professor! — ela disse aborrecida. — Essas crianças precisam de cuidados médicos. Por favor, saiam…

A porta tornou a se abrir. Era Dumbledore. Senti um enorme alívio, talvez, ele possa nos ajudar, Harry parece ter pensado o mesmo, mas foi ele quem disse:

— Prof. Dumbledore, Sirius Black…

— Pelo amor de Deus! — exclamou Madame Pomfrey, histérica. — Isto é ou não é uma ala hospitalar? Diretor, eu devo insistir…

— Eu peço desculpas, Papoula, mas preciso dar uma palavra ao Sr. Potter e as Srtas. Granger e Black — disse Dumbledore calmamente. — Acabei de falar com Sirius Black…

— Suponho que ele tenha lhe narrado o mesmo conto de fadas que implantou na mente da filha dele e de Potter? — bufou Snape. — A história de um rato e de Pettigrew ter sobrevivido…

— Está, de fato, é a história de Black — disse Dumbledore, examinando Snape atentamente através dos seus óculos de meia-lua.

— E o meu testemunho não vale nada? — rosnou Snape. — Pedro Pettigrew não estava na Casa dos Gritos, nem vi qualquer sinal dele nos terrenos da escola.

— Isto foi porque o senhor foi nocauteado, professor! — disse Hermione com convicção. — O senhor não chegou em tempo de ouvir…

— Srta. Granger, CALE A BOCA!

— Não fale assim com ela — digo com rispidez.

— Calada, Srta. Black!

— Ora, Snape — disse Fudge, espantado — as mocinhas estão perturbadas, precisamos dar o devido desconto…

— Eu gostaria de falar com Harry, Susana e Hermione a sós — disse Dumbledore bruscamente. — Cornélio, Severus, Papoula – por favor, nos deixem.

— Diretor! — repetiu Madame Pomfrey com veemência. — Eles precisam de tratamento, eles precisam de descanso…

— Isso não pode esperar — disse Dumbledore. — Devo insistir.

Demorou um pouco, mas acabou que Madame Pomfrey cedeu e saiu em direção à sua sala, na extremidade da enfermaria, batendo a porta ao passar. Já o Ministro consultou o relógio que trazia pendurado no colete.

— A esta hora os dementadores já devem ter chegado — disse. Vou ao encontro deles. Dumbledore, vejo você lá em cima.

O ministro se dirigiu à porta e a segurou aberta para Snape passar, mas o idiota não se mexeu.

— O senhor certamente não acredita em uma palavra da história de Black? — sussurrou Snape, os olhos fixos no rosto do diretor.

— Eu gostaria de falar com Harry, Susana e Hermione a sós — repetiu Dumbledore.

Snape deu um passo em direção ao diretor.

— Sirius Black demonstrou que era capaz de matar com a idade de dezesseis anos. O senhor se esqueceu disto, diretor? O senhor se esqueceu que no passado ele tentou me matar?

— Minha memória continua boa como sempre, Severus — disse Dumbledore, em voz baixa.

Snape girou nos calcanhares e saiu pela porta com o ministro. Assim que o Seboso saiu, Dumbledore virou para nós três e não perdemos tempo e começamos a falar ao mesmo tempo.

Mas fomos interrompidos pelo mesmo, quando ergueu a mão.

— É a vez de vocês ouvirem, e peço que não me interrompam porque o tempo é muito curto — disse Dumbledore em voz baixa. — Não existe a mínima evidência para sustentar a história de Black, exceto a palavra de vocês... E a palavra de três bruxos de treze anos não irá convencer ninguém…

— Então vão entregá-lo assim na bandeja?

— Susana, eu pedi para não me interromper — repetiu Dumbledore me olhando, apenas bufei e revirei os olhos. — Continuando. Uma rua cheia de testemunhas jurou que viu Sirius matar Pettigrew. Eu mesmo prestei depoimento ao ministério que Sirius era o fiel do segredo dos Potter.

— Mas ele não foi o fiel... O meu padrinho pode lhe contar... — falei, mas logo parei ao receber outro olhar do diretor.

Será que ele não entende que não consigo ficar quieta?

— O Prof. Lupin no momento está embrenhado na floresta, incapaz de contar o que quer que seja a alguém. Quando voltar à forma humana, será tarde demais, Sirius estará mais do que morto. E eu poderia acrescentar que a maioria do nosso povo desconfia tanto de lobisomens que o apoio dele contará muito pouco... E o fato de que ele e Sirius são velhos amigos…

— Mas…

— Ouça, Harry e Susana. É tarde demais, vocês entendem? Vocês precisam admitir que a versão do Prof. Snape sobre os acontecimentos é muito mais convincente do que a sua.

Sério mesmo que ele quer dar apoio ao Seboso?

— Ele odeia Sirius — disse Hermione, desesperada. — Tudo por causa de uma peça idiota que Sirius pregou nele…

— Sirius não agiu como um homem inocente. O ataque à Mulher Gorda... A entrada na Torre da Grifinória com uma faca... Sem Pettigrew, vivo ou morto, não temos chance de derrubar a sentença de Sirius.

— Mas o senhor acredita em nós.

— Acredito — respondeu Dumbledore com a voz mais baixa. — Mas não tenho o poder de fazer os outros verem a verdade, nem de passar por cima do Ministro da Magia…

Dessa vez não consegui segurar as lágrimas e elas acabaram escapando. Então seria assim as coisas? Fiquei doze anos sem ele e sem minha mãe, passei esses doze anos com um suposto sumiço dele, sem nem ao menos saber quem ele era e quando descobri, era um suposto criminoso que cheguei a odiar. Quando finalmente fico sabendo da real verdade, me acontece isso. Perdi minha mãe para uma das seguidoras de Voldemort, agora vou perder meu pai para um dementador; tudo por culpa de um dos seguidores de Voldemort.

— Precisamos — disse Dumbledore lentamente, me fazendo voltar a si e encarei os claros olhos azuis do diretor que olharam para de mim para Harry e depois Hermione — é de mais tempo.

Franzi levemente o cenho. Do que ele estava falando? Ele não acabou de dizer que não temos mais tempo?

— Mas... — começou Hermione. Então seus olhos se arregalaram. — AH!

— Agora, prestem atenção — continuou o diretor, falando muito baixo e muito claramente. — Sirius está preso na sala do Prof. Flitwick no sétimo andar. A décima terceira janela a contar da direita da Torre Oeste. Se tudo der certo, vocês poderão salvar mais de uma vida inocente hoje à noite. Mas lembrem-se de uma coisa, os três: vocês não podem ser vistos. Senhorita Granger, a senhorita conhece as leis, sabe o que está em jogo... Vocês... Não... Podem... Ser... Vistos.

Do que ele estava falando? Não tinha a menor ideia do que ele estava falando.

Dumbledore deu as costas para a gente e virou-se para nos olhar ao chegar à porta.

— Vou trancá-los. Faltam... — ele consultou o relógio — cinco minutos para a meia-noite. Srta. Granger, três voltas devem bastar. Boa noite.

— Boa sorte? — repetiu Harry quando a porta se fechou. — Três voltas? Do que é que ele está falando? Que é que ele espera que a gente faça?

Harry não era o único que fazia as perguntas, tentei raciocinar para entender ao que ele se referia, mas não conseguia pensar em nada até que minha dúvida foi respondida. Hermione puxou de dentro do decote do uniforme, uma corrente de ouro muito longa e fina. Quando olhei melhor vi que tinha uma minúscula ampulheta. Parece que uma luz se acendeu na mente — como não percebi que era isso a que Dumbledore se referia? É claro que o homem mencionou sobre voltar no tempo. Não era desconhecido aquele acessório no pescoço de Hermione, era um vira-tempo.

Ela colocou a corrente em torno do meu pescoço e de Harry — que não deveria estar entendendo nada —, pois fazia várias perguntas. Até tentou tocar, mas levou um tapa na mão de Hermione que começou a girar a ampulheta três vezes.

A enfermaria desapareceu. Tive a leve sensação de que estava voando muito rápido, para trás. Via vários borrões de cores e formas passou veloz. Até que consegui sentir novamente o chão e tudo tornaram a entrar em foco…

Junto de Hermione e Harry, estávamos parados no saguão deserto do castelo e um feixe de raios dourados de sol que entrava pelas portas de carvalho abertas incidia sobre o piso de pedra. Olhei para Harry e ele parecia estar um pouco confuso.

— Hermione, que...?

Ela logo tirou a corrente dos nossos pescoços e disse:

— Aqui!

Hermione agarrou o braço de Harry e o arrastou pelo saguão até a porta do armário de vassouras, eu fui logo atrás; abriu o armário, empurrou ele, ela entrou e depois eu fechei a porta.

— Quê... Como... Hermione, o que foi que aconteceu?

— Voltamos no tempo — sussurrei para ele que me olhou espantado como se aquilo pudesse ser um sonho.

Lhe dei um beliscão com muita força na perna. Ele ia soltar um gemido, mas logo coloquei a mão na boca dele, para não dizer nada. Harry me olhava com reprovação, parecia não ter gostado do que fiz, mas foi apenas para mostrar que não era um sonho.

— Ouçam! Tem alguém vindo! Acho... Acho que deve ser a gente!

Hermione tinha o ouvido encostado na porta do armário e eu fiz o mesmo ao lado dela.

— Passos pelo saguão... É, acho que somos nós indo para a casa do Hagrid!

— Vocês estão me dizendo — cochichou Harry — que estamos aqui dentro do armário e estamos lá fora também?

— É — confirmamos ao mesmo tempo, ainda com o ouvido colado à porta.

— Tenho certeza de que somos nós. Pelo eco não deve ser mais de quatro pessoas... E estamos andando devagar por causa da Capa da Invisibilidade…

Ela parou de falar, mas continuamos prestando atenção.

— Descemos os degraus da entrada... — disse para Hermione me olhando que assentiu.

Ela desencostou a orelha e se sentou em um balde virado de boca para baixo, parecendo um tanto que aflitissima.

— Onde foi que você arranjou essa coisa feito uma ampulheta?

— Na verdade é um vira-tempo — respondi em voz baixa encarando Hermione —, correto?

Ela apenas assentiu como resposta.

— Ganhei da Profª McGonagall no primeiro dia depois das férias — explicou Hermione. — Estou usando desde o início do ano para assistir a todas as minhas aulas. A professora me fez jurar que não contaria a ninguém. Ela teve que escrever um monte de cartas ao Ministério da Magia para eu poder usar isso. Teve que dizer que eu era uma aluna modelo, e que nunca, nunca mesmo usaria o Vira-Tempo para nada a não ser para estudar... Eu o tenho usado para voltar no tempo e poder reviver as horas, e é assim que assisto a mais de uma aula ao mesmo tempo, entendem? Mas... eu não estou entendendo o que é que Dumbledore quer que a gente faça. Por que ele mandou a gente voltar três horas no tempo? Como é que isso vai ajudar o Sirius?

— Deve ter alguma coisa que aconteceu por volta de agora que ele quer que a gente mude — disse pensativa.

Harry me encarou e disse:

— Que foi que aconteceu? Estávamos indo à casa de Hagrid três horas atrás…

— Agora estamos atrasados três horas e estamos indo à casa de Hagrid — disse Hermione. — Acabamos de ouvir a gente sair…

Coloquei meu cérebro para funcionar melhor e disse:

— Dumbledore acabou de dizer... Acabou de dizer que a gente poderia salvar mais de uma vida inocente…

— É isso — falou Harry do nada —, nós vamos salvar Bicuço!

— Mas... Como é que isso vai ajudar Sirius?

— Dumbledore disse. Acabou de nos dizer onde fica a janela... A janela da sala de Flitwick! Onde prenderam Sirius! Temos que voar no Bicuço até a janela e salvar Sirius! Ele pode fugir no hipogrifo... Eles podem fugir juntos!

Eu olhei um pouco horrorizada para Harry é muito coisa para se fazer.

— Se conseguirmos fazer isso sem ninguém nos ver, vai ser um milagre! — disse Hermione.

— Bom, não custa tentar, não é? — digo aos dois.

— Ainda tem alguém aí fora? — perguntou Harry.

Coloquei novamente meu ouvido na porta e não ouvi mais nada.

— Não escuto nada, acho que não tem ninguém…

— Então, vamos…

Abri devagar a porta do armário. Dei uma espiada e o saguão estava deserto. Fiz um sinal para os dois que estava tudo limpo, eles assentiram e saíram silenciosamente do armário. Hermione foi a última a sair, logo em seguida descemos as escadas correndo e saímos.

— Se alguém estiver olhando pela janela... — falou Hermione ao meu lado com a voz esganiçada, virando-se para espiar o castelo.

— Vamos correr o mais depressa possível — disse Harry decidido. — Direto para a floresta, está bem? Teremos que nos esconder atrás de uma árvore ou de outra coisa para poder vigiar…

— Está bem, mas vamos dar a volta pelas estufas! — sugeriu Hermione sem fôlego. — Temos que evitar que nos vejam da porta de entrada de Hagrid! Já devemos estar quase na casa dele agora!

— Certo, agora vamos — disse aos dois que assentiram.

Fui correndo atrás de Harry, Hermione vinha em seguida; passamos pelas hortas em direção às estufas, paramos por um instante, mas depois recomeçamos a correr, a toda velocidade, contornando o Salgueiro Lutador e, em direção à floresta para a gente se esconder.

Harry já tinha chegado às árvores, Hermione e eu conseguimos alcançá-los segundos depois.

— Certo — disse, respirando ofegante. — Agora precisamos ir até a casa do Hagrid.

— Vamos, mas já sabem, não podemos ser vistos.

Caminhamos em silêncio entre as árvores, acompanhando a orla da floresta. Então, quando consegui avistar a frente da cabana, ouvi uma batida na porta.

Ocultamos-nos depressa atrás de um grosso carvalho e espiamos os lados. Hagrid, trêmulo e pálido, apareceu à porta procurando ver quem batera. Em seguida ouvi a voz de Harry.

— Somos nós. Estamos usando a Capa da Invisibilidade. Deixe a gente entrar para poder tirar a capa.

— Vocês não deviam ter vindo! — sussurrou Hagrid, mas se afastou para a gente poder entrar.

— Esta foi a coisa mais estranha que já fizemos — disse Harry com veemência.

— Precisamos chegar mais perto do Bicuço! — sussurrei aos dois.

— Certo — concordou Hermione. — Vamos continuar.

Avançamos cautelosamente entre as árvores até poder ver o Bicuço, amarrado.

— Agora? — sussurrou Harry.

— Não! — exclamou Hermione. — Se o roubarmos agora, o pessoal da Comissão vai pensar que Hagrid soltou o bicho! Temos que esperar até verem que Bicuço está amarrado do lado de fora!

— Isso vai nos dar uns sessenta segundos — disse Harry.

Naquele instante, ouvimos louça se partindo.

— É o Hagrid quebrando a leiteira — cochichei. — Agora você vai encontrar o Pettigrew…

Dito e feito, minutos depois, ouvimos Hermione dar um grito agudo de surpresa.

— Mione, Susana — disse Harry de repente — e se nós... Nós entramos lá e agarramos Pettigrew…

— Não! — exclamou Hermione num sussurro aterrorizado. — Você não compreende? Estamos violando uma das leis mais importantes da magia! Ninguém pode mudar o tempo! Você ouviu o que Dumbledore falou, se formos vistos…

— Mas só seríamos vistos por nós mesmos e por Hagrid!

— Harry, o que é que você faria se visse você mesmo entrando pela casa de Hagrid? — perguntei.

— Eu acharia... Acharia que tinha ficado maluco — respondeu Harry — ou acharia que estava usando magia negra…

— Exatamente! Você não entenderia, você poderia até se atacar! — disse. — Harry, eu já li muitas histórias de bruxos que tentaram mudar o tempo, coisas terríveis aconteceram... Montes deles acabaram matando os “eus” passados ou futuros por engano!

Ele pareceu um pouco pensativo por uns segundos.

— Ok! — concordou Harry. — Foi só uma ideia. Pensei…

Mas Hermione me cutucou e apontou para o castelo. Harry entendeu e espiamos pelo lado para ter uma visão mais clara das portas de entrada.

Dumbledore, Fudge, o velhote da Comissão e MacNair, o carrasco, vinham descendo os degraus.

— Já estamos de saída! — sussurrou Hermione.

Não demorou muito e logo a porta dos fundos se abriu e vi a mim mesma saindo com Harry, Rony e Hermione. Foi uma sensação bem esquisita, mas nem liguei, logo o meu “eu” desapareceu junto com o trio.

Continuamos escondidos entre as árvores, até os nossos “eus” irem embora e conseguirmos uma oportunidade para pegar o Bicuço.

Harry deu uma breve olhada e depois voltou a nos olhar.

— Esperem aqui — cochichou Harry para nós duas. — Eu faço.

Concordamos com a cabeça.

Enquanto Harry tentava ir até Bicuço, apenas dava para ouvir a voz do ministro.

— Por decisão da Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas o hipogrifo Bicuço, doravante chamado condenado, será executado no dia seis de junho ao pôr-do-sol…

Hermione e eu apenas olhávamos atentamente as ações de Harry. Ele fez uma reverência ao Bicuço, assim que os olhos dos dois se encontraram, ao retribuir a reverência, Bicuço se levantou. Harry começou a desamarrar a corda que prendia o hipogrifo à cerca.

—... Por decapitação, a ser executada pelo carrasco nomeado pela Comissão, Walden Macnair…

Harry o chamava mais o Bicuço não se mexia. Enquanto isso o ministro continuava a falar e parecia estar prestes a terminar.

— Anda, Bicuço — sibilei olhando para Harry e para a janela da cabana.

Hermione não conseguia se mexer.

—... Conforme testemunham abaixo. Hagrid, você assina aqui…

Já tinha acabado e uma hora, ou outra, eles iriam aparecer e nada no Bicuço se mexer.

Havia uma varanda ao lado com varinhas doninhas mortas, esse era o único jeito de atrair o hipogrifo.

Fiz menção de sair, mas Hermione segurou meu braço.

— Eu já volto, fica aí — digo.

Fiquei bem atenta com a janela e a porta, corri até o varal e peguei uma corda com várias doninhas, coloquei no ombro e desamarrei uma mostrando para o Bicuço.

Mostrei a doninha para ele, que logo se ativou e me olhou bem atenta. Dava passos para trás, fazendo o caminho onde Hermione estava para ele seguir, Harry o puxava com força... Estávamos alguns metros longe da floresta, bem à vista da porta dos fundos da cabana.

— Um momento, por favor, Macnair — ouvi a voz de Dumbledore. — Você precisa assinar também.

Os passos pararam. Harry puxou a corda e eu deixei mais a vista a doninha.

Bicuço começou a andar, joguei a doninha para ele, que pegou no ar e andamos. Eles estavam prestes a sair, estava ouvindo a porta abrir, apressei os passos e Harry junto. Até que, quando eles abriram a porta e conseguimos entrar na floresta.

Ficamos naquele mesmo momento quieto, Bicuço ficou ao meu lado tentando pegar mais doninha e dei mais uma para ele ficar quieto.

A primeira vida inocente foi salva, agora é a vez da segunda vida: meu pai.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



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