A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 36
A lua-cheia




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Eu estava com a vontade imensa de desabar, mas não queria fazer isso aqui, apenas olhei com repugnância o homem que gritou um não e caíra de joelhos. Vi-o arrastar-se de joelhos, humilhou-se, as mãos juntas diante do peito como se rezasse.

— Sirius... Sou eu... Pedro... Seu amigo... Você não...

Black deu um chute no ar e Pettigrew se encolheu.

— Já tem sujeira suficiente nas minhas vestes sem você tocar nelas — exclamou Black.

— Remus! — esganiçou-se Pettigrew, virando-se para meu padrinho, implorando com as mãos e os joelhos no chão. — Você não acredita nisso... Sirius não o teria contado se eles tivessem mudado os planos?

— Não, se pensasse que eu era o espião, Pedro. Presumo que foi por isso que você não me contou, Sirius? — perguntou meu padrinho, pouco interessado, por cima da cabeça de Pettigrew.

— Era para você ser o fiel do segredo, Eva me disse para fazer isso, mas fui burro e não a ouvi — disse Black. — Me perdoe, Remus.

— Tudo bem, Almofadinhas, meu velho amigo — respondeu meu padrinho, que agora enrolava as mangas das vestes. — E você me perdoa por acreditar que você fosse o espião?

— Claro, meu caro amigo, Aluado. — E a sombra de um sorriso perpassou o rosto ossudo de Black. Ele, também, começou a enrolar as mangas. — Vamos matá-lo juntos?

— Acho que sim — concordou meu padrinho sombriamente.

— Vocês não me matariam... Não vão me matar... — exclamou Pettigrew. E correu para Rony. — Rony... Eu não fui um bom amigo... Um bom bichinho? Você não vai deixá-los me matarem, Rony, vai... Você está do meu lado, não está?

Mas Rony olhava Pettigrew com absoluto nojo. Ele não era o único.

— Eu deixei você dormir na minha cama! — exclamou ele.

— Bom garoto... Bom dono... — Pettigrew se arrastou até Rony — você não vai deixá-los fazerem isso... Eu fui o seu rato... Fui um bom bicho de estimação...

— Se você foi um rato melhor do que foi um homem, não é coisa para se gabar, Pedro — disse Black com aspereza.

Rony, empalidecendo ainda mais de dor, puxou a perna quebrada para longe do alcance de Pettigrew. Ainda de joelhos, este se virou e cambaleou para frente, agarrando a bainha das vestes de Hermione.

— Garota meiga... Garota inteligente... Você... Você não vai deixar que eles... Me ajude.

Hermione puxou as vestes para longe das mãos de Pettigrew e recuou contra a parede, horrorizada.

Pettigrew continuou ajoelhado, tremendo descontroladamente, e foi virando lentamente a cabeça para mim e ao Harry.

— Harry... Harry... Você é igualzinho ao seu pai... Igualzinho...

— COMO É QUE VOCÊ SE ATREVE A FALAR COM HARRY? — rugiu Black. — COMO TEM CORAGEM DE OLHAR PARA ELE? COMO TEM CORAGEM DE FALAR DE JAMES NA FRENTE DELE?

— Harry — sussurrou Pettigrew. — Harry, James não iria querer que eles me matassem… James teria compreendido, Harry… Teria tido piedade… Susana… Por favor…

Puxava Harry pelo braço para se afastar de Pettigrew.

— Susana... Por favor... Susana... Não deixem que me matem... Sua mãe era tão boa, você tem os olhos dela... Eva não apoiaria isso...

Antes dele tentar tocar na barra da minha saia, dei um tapa forte na mão dele.

Fechei os olhos com força, pois tinha batido na mão dele com a minha mão machucada por causa do Salgueiro Lutador, que voltou a arder e sangrar.

— Fique longe de mim — grunhi, apertando a mão —, seu rato imundo!

— Susana... Não... Por favor...

— SERÁ QUE É SURDO? — gritou Black o agarrando Pettigrew pelo ombro junto com meu padrinho. — FIQUE LONGE DA MINHA FILHA!

E Pettigrew foi atirado de costas no chão. Ele ficou ali, contorcendo-se de terror, olhando fixamente para os dois.

— Você vendeu Lily e James a Voldemort — disse Black, que também tremia. — Você nega isso?

Pettigrew prorrompeu em lágrimas. A cena era terrível, ele parecia uma bebezão careca, encolhendo-se.

Era um verdadeiro covarde.

— Sirius, Sirius, o que é que eu podia ter feito? O Lorde das Trevas... Você não faz ideia... Ele tem armas que você não imagina... Tive medo, Sirius, eu nunca fui corajoso como você, Remus e James. Eu nunca desejei que isso acontecesse... Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado me forçou...

Acho que comecei a ficar mais pálida do que já estava por causa da perda e sangue. Parece que agora estava saindo mais do que antes.

— NÃO MINTA! — berrou Black. — VOCÊ ANDOU PASSANDO INFORMAÇÕES PARA ELE DURANTE UM ANO ANTES DE LILY E JAMES MORREREM! VOCÊ ERA ESPIÃO DELE!

— Ele estava assumindo o poder em toda parte! — exclamou Pettigrew. — Que é que eu tinha a ganhar recusando o que me pedia?

— Que é que você tinha a ganhar lutando contra o bruxo mais maligno que já existiu? — perguntou Black, com uma terrível expressão de fúria no rosto. — Apenas vidas inocentes, Pedro!

— Você não entende! — choramingou Pettigrew. — Ele teria me matado, Sirius!

— ENTÃO VOCÊ DEVIA TER MORRIDO! — rugiu Black. — MORRER EM VEZ DE TRAIR SEUS AMIGOS! COMO TERÍAMOS FEITO POR VOCÊ!

Minha visão estava um pouco embaçada, parecia que meu padrinho e Black tinham as varinhas erguidas. Harry logo que percebeu o meu estado, deixou de prestar em Pettigrew, segurou pulso. Segurou sua gravata do uniforme da Grifinória e desfez rápido o nó.

— Você devia ter percebido — disse meu padrinho com a voz controlada — que se Voldemort não o matasse, nós o mataríamos.

Harry passou a gravata logo em volta da minha mão, eu ajudei e mantive meu olhar na minha mão toda manchada de sangue, assim que meu padrinho disse a palavra final:

— Adeus, Pedro!

— NÃO! — berrou Harry. Assim que terminou com minha mão, ele foi até meu padrinho e Black. — Vocês não podem matá-lo — disse afobado. — Não podem.

Vi ambos fazendo cara de espanto. Eles não eram os únicos, eu olhava da mesma forma que ele para Harry.

O que ele estava pensando?

— Harry, esse verme é a razão por que você tem pais — rosnou Black. — Esse covardão teria olhado você morrer, sem levantar um dedo. Você ouviu o que ele disse. Dava mais valor à pele nojenta do que a toda sua família.

— Eu sei — ofegou Harry. — Vamos levar Pedro até o castelo. Vamos entregar ele aos dementadores. Ele pode ir para Azkaban... Mas não o matem.

— Harry! — exclamou Pettigrew, e atirou os braços em torno dos joelhos de Harry. — Você... Obrigado... É mais do que eu mereço... Obrigado...

— Não me toque — vociferou Harry empurrando as mãos de Pettigrew, enojado. — Não estou fazendo isso por você. Estou fazendo isso porque acho que meu pai não ia querer que os melhores amigos dele virassem assassinos... Por sua causa.

Ninguém se mexeu nem fez qualquer ruído exceto Pettigrew, que dava para se ouvir sua respiração arquejada, e ele levava as mãos ao peito.

— Faço isso também pela Susana — Harry me olhou e depois voltou a olhar Pettigrew —, ela iria acabar ficando sem o pai dela de novo e ia acabar ficando sem o padrinho. Matando você ia acabar incriminando vocês dois.

— Harry... — murmurei baixinho.

Black e meu padrinho se entreolharam. Então, com um único movimento, baixaram as varinhas.

— Você é a única pessoa que tem o direito de decidir, Harry — disse Black. — Mas pense... Pense no que ele fez...

— Harry tem razão — disse me aproximando de Harry, fazendo todos me olharem. — Matando-o, a verdade ia acabar indo junto com ele e não quero que mandem vocês dois para Azkaban.

Respirei fundo, parando para pensar e voltei a dizer:

— Se alguém merece aquele lugar é ele...

Harry não disse nada.

— Muito bem — disse meu padrinho que caminhou até Pettigrew, mas o segurei pela mão não machucada. — Não se preocupe, vou apenas amarrá-lo.

Assenti, soltando. Cordas finas saíram da varinha dele, desta vez, e no momento seguinte Pettigrew estava se revirando no chão, amarrado e amordaçado.

— Mas se você se transformar, Pedro — rosnou Black, a varinha também apontada para Pettigrew — nós o mataremos. Concordam?

Olhei a figura lastimável no chão e Harry respondeu por nos dois, concordou com a cabeça de modo que Pettigrew pudesse vê-lo.

— Certo — disse meu padrinho, subitamente eficiente. — Susana, me mostre a sua mão.

Mostrei a machucada, pois sabia que era dela que ele estava dizendo.

— Foi bem eficiente, o que fez Harry — dizia meu padrinho ao ver a gravata na minha mão e olhando o mesmo, sem a gravata.

— Já deve ter parado o sangramento, só ir na Madame Pomfrey que ela cuida disso — digo.

— Também acho, só vou colocar uma tala no lugar da gravata do Harry.

Meu padrinho tirou a gravata, o sangue tinha estacado um pouco, tinha dois cortes e um deles era bem grande. Remus apontou a varinha na minha mão e murmurou:

Férula! — As ataduras se enrolaram na minha mão e se prenderam firmemente.

Meu padrinho se afastou e foi socorrer Rony com a perna, fazendo a mesma coisa com ele, a perna quebrada iria ficar também para a Madame Pomfrey. Enquanto isso, disse algo para Sirius que ainda olhava Pettigrew:

— Era você, não é mesmo?

Ele me olhou curioso.

— Naquela madrugada, no quintal me olhando tomar água...

— E acabou se assustando e saiu apressada da cozinha? — completou ele. — Sim, era eu mesmo. Você não percebia, mas te observei muito durante alguns dias. Devo admitir que você é igualzinha a mim, tem o mesmo temperamento, mas também tem partes que lembra muito da sua mãe. Além dos olhos azuis tão profundos, exatamente como os dela.

Sorri, envergonhada e ele também sorriu.

— Você me conta mais sobre ela? — perguntei.

— Conto, irei contar tudo que queira saber sobre ela — ele ergueu a mão sem a varinha e tocou meu cabelo.

Estava me sentindo tão bem ao lado dele. Será que essa é a sensação de ter o seu pai por perto?

— E o Profº Snape? — perguntou Hermione com a voz fraquinha, fazendo me atenção ir a ela e olhar o Seboso na cama.

— Ele está vivo, não é mesmo? — perguntei ainda olhando ele.

— Ele não tem nenhum problema sério ­— disse meu padrinho se curvando para Snape e tomando seu pulso. — Vocês só se entusiasmaram um pouquinho demais.

— Ufa! — exclamei. — Isso quer dizer que estou menos ferrada.

Meu padrinho me olhou sem entender.

— Uma detenção a menos — disse, mas logo parei para pensar. — Ou é uma detenção a mais, por tê-lo nocauteado.

Ouvi Sirius soltar uma risada rouca. Já o meu padrinho apenas balançou a cabeça e voltou atenção para o Snape.

Nem quero imaginar o que vou ouvir do Seboso, quando ele acordar, já estou até vendo-me de detenção até os últimos dias de aula com ele.

— Acho melhor não o acordar agora, deixa ele dormindo, padrinho — aconselhei.

— E não acordarei — disse ele. — É melhor reanimarmos até estar a salvo no castelo. Podemos levá-lo assim...

Meu padrinho murmurou:

Mobilicorpus! — Parecia que fios invisíveis tivessem sido amarrados aos pulsos, pescoços e joelhos de Snape, ele foi posto de pé, a cabeça pendendo molemente, como a de um títere grotesco. Ele flutuava a alguns centímetros do chão, os pés frouxos sacudindo.

Meu padrinho apanhou a Capa da Invisibilidade e guardou-a em segurança no bolso.

— E dois de nós devemos nos acorrentar a essa coisa — disse Sirius, cutucando Pettigrew com o pé. — Só para garantir.

— Eu faço isso — disse meu padrinho.

— E eu — disse Rony decidido, mancando até o Pettigrew.

 Sirius conjurou pesadas algemas do nada; e logo Pettigrew estava novamente de pé, o braço esquerdo preso ao direito de Remus, o direito preso ao esquerdo de Rony. O que achei ele muito sério.

Bichento foi na frente, em seguida o meu padrinho e Rony com Pettigrew; logo atrás era Black com Snape a frente, flutuando feito um fantasma, seguro por sua própria varinha, que Black apontava para ele; em seguida foi Harry. Hermione e eu fomos as últimas, fechando o cortejo. A verdade é que eu queria ser a última, mas acabou que Hermione não me deixou e ficou me acompanhando.

(...)

— Me desculpe pela mordida — disse Black ao Rony, enquanto passávamos com dificuldade pelo túnel. — Deve estar ainda doendo um pouco.

— Um pouco? Um pouco? — repetiu Rony e o olhou atrás do ombro. — Você quase arrancou minha perna!

— Estava tentando pegar o rato — explicou ele. — Costumo me comportar muito bem quando me transformo em cão.

Black dizia parecendo não se importar com Snape, que estava batendo toda hora a cabeça no teto baixo do túnel.

— Mais de uma vez, James sugeriu que me transformasse para sempre.

— O que nunca discordei dele — falou meu padrinho que estava na frente. — Não parecia ser muito ruim.

— Pode não parecer — respondeu Black para meu padrinho. — Não vejo problema na calda. Mas as pulgas são de matar.

Acabei soltando um riso abafado, junto com Harry e meu padrinho acabou rindo e quando menos esperamos o túnel acabou. Saímos um por um. Tudo estava bem escuro, mas acabou que ainda se tinha um pouco de iluminação por causa da iluminação do castelo que dava parece ver. Fomos caminhando até o castelo, estava um pouco afastado de todos, via que Harry conversar sobre algo com Sirius, o que não quis ouvir. Com Hermione me acompanhando. Apertei com força minha mão, quando voltei a sentir a ardência do corte.

— Está doendo muito? — perguntou Hermione ao meu lado.

Sabia que ela se referia ao corte na mão.

— Um pouco, mas logo passa, Madame Pomfrey vai dar um jeito — respondi, olhando-a e depois voltando a fitar o gramado escuro.

Não demorou muito e Hermione voltou a falar:

— Como se sente em relação ao Sirius?

— Acho que bem — disse meio receosa. — Não sei.

— Como assim não sabe? — indagou. — Não está feliz por saber que seu pai é inocente?

— Sim... É que... A verdade é que não sei, Hermione — digo. — Ainda não me sinto tranquila.

Caminhei olhando o chão.

— Acho que vou me sentir, bastante tranquila, quando o Pettigrew for entrega aos dementadores... — Fui diminuindo meu tom de voz, ao ver uma forte iluminação no chão e conseguir ver melhor minha sombra.

Hermione e eu paramos, ela me olhava assustada e eu entendi o que era aquela iluminação. Não era do castelo. Depressa olhei o céu, vi as nuvens se afastando e aos poucos a lua-cheia aparecendo. Engoli seco e logo olhei meu padrinho.

— Corram — sussurrou Sirius. — Corram. Agora.

Só que não conseguia correr. Não queria correr. E não podia, pois o Rony ainda estava acorrentado. Eu não sabia o que fazer e sem pensar tentei me aproximar, mas Hermione me impediu, segurando meu braço e puxando de encontro a ela.

Harry tentou avançar, mas também foi impedido por Sirius que o abraçou pelo peito e o atirou para trás.

— Deixe-o comigo... CORRAM!

Ouvi um rosnado medonho. Olhei depressa para Remus e a cabeça dele começou a se alongar. O seu corpo também. Aos poucos o via se transformando, não conseguia desviar os olhos, era uma cena horrível. Sem perceber, senti algo molhado escorregar pelo meu rosto e me dei conta que estava chorando.

Sem perceber, vi algo saltando para frente e percebi que era Sirius. Ele tinha se transformado em cão. Vi-o agarrando pelo pescoço o meu padrinho, ou o lobisomem, eu não sabia do que chamá-lo agora, o afastou de Rony e Pettigrew.

Era mandíbula contra mandíbula, as garras se golpeando... A cena era horrível e assustadora. Eu estava completamente petrificado com aquela briga, o que acabou que eu não prestei atenção em mais nada. Até que Hermione gritou...

Olhei assustado para ela que estava apontando para alguém; Pettigrew tinha mergulhado para apanhar a varinha caída do meu padrinho. Rony, mal se equilibrava na perna enfaixada, caiu. Houve um estampido, um clarão... e Rony ficou estirado, imóvel, no chão. Outro estampido... Bichentou voou e tornou a cair na terra.

Expelliarmus! — berrei apontando a minha varinha para Pettigrew; a varinha do meu padrinho voou muito alto e desapareceu de vista.

O idiota me olhou fez um tchauzinho e se transformou, quando Harry avançou até ele, o que foi tarde demais. Antes dele avançar mais, foi parado por um uivo e um rosnado prolongado e surdo ecoaram; me virei para o lobisomem e o vi fugindo para a floresta...

— Sirius, ele fugiu, Pettigrew se transformou — berrou Harry.

Olhei, Sirius e ele sangrava; havia vários cortes profundos em seu focinho e nas costas, mas ao ouvir as palavras de Harry ele tornou a se levantar depressa e, num instante, o ruído de suas patas foi morrendo até cessar ao longe.

— Para onde ele está indo? — perguntei tentando achá-lo, mas não conseguia ver nada, principalmente pelo gramado alto que fazia tudo ficar escuro.

— Susana! — Desviei meu olhar na mata e olhei assustada para Hermione e Harry que estavam com Rony. — Pettigrew fez alguma coisa com ele.

Corri até eles e dei uma olhada em Rony.

Os olhos de Rony estavam apenas semicerrados, a boca frouxa e aberta; ele estava vivo, pois o ouvia respirar.

— O que será que ele fez com Rony? — sussurrou Hermione.

— Acho que ele foi estuporado, ou algo do tipo, eu não sei — disse ainda olhando Rony.

Não sabia o que fazer, só tinha um adulto em nossa companhia que era o Snape, mas ele ainda estava inconsciente, no ar. De resto não tinha ninguém mais.

— É melhor levarmos os dois para o castelo e contar a alguém — disse Harry, afastando os cabelos dos olhos. — Vamos...

Ele foi interrompido por latidos, um ganido; um cachorro em sofrimento... Eu logo me levantei e olhei para a escuridão de onde imaginei que vinha o som.

Eu não pensei em mais nada, então segui o som, sabia que se tratava do meu... do Sirius... não sei o porquê, mas ainda não consigo chamá-lo de pai.

Rony que me perdoe, mas no momento não podia fazer nada por ele e precisava ajudar Sirius, que deveria estar machucado, ou apuros...

Harry e Hermione vinham correndo logo atrás. Os latidos pareciam vir da área próxima ao lago. Saiu desabalado naquela direção, correndo sem parar, sentia um frio, mas nem parei para pensar o que deveria significar...

Os latidos pararam abruptamente. Quando cheguei ao lago vi o porquê Sirius se transformara outra vez em homem. Estava caído de quatro, com as mãos na cabeça.

— Nããão — gemia. — Não... Por favor...

Foi aí que os vi. Dementadores, no mínimo uns cem deles, deslizando em torno do lago em grupo escuro que vinha em sua direção. Logo vieram ao nosso alcance, não pensei duas vezes, ergui a varinha tremendo e me concentrei em um pensamento feliz.

— Hermione, pense em alguma coisa feliz! — berrou Harry, erguendo a varinha. — Susana!

— Eu já sei — respondi ofegante.

Comecei a pensar fortemente no Sirius, que ele era inocente, agora iria poder ter meu pai ao lado e viveria com ele...

Expecto...

Via Sirius estremecendo, rolou de barriga para cima e ficou imóvel no chão, pálido como a morte.

Expecto...

Nada conseguia sair da minha boca, parecia que tinha esquecido como se dizia, aquela cena dele imóvel no chão não estava ajudando e os dementadores se aproximavam mais de mim. Estavam a menos de três metros.

Ainda respirando ofegante, voltei aos meus pensamentos que iria ter um pai, iria morar com ele...

Expecto... Patronum...

Minha voz saiu falha, avistei uma das mãos mortas e viscosa do dementador se aproximando do meu pescoço... Meus pés estavam fraquejando, tentei novamente dizer o feitiço, mas apenas um fiapo saiu e antes mesmo de conseguir ver o resto, tudo ficou escuro e acabei perdendo completamente os sentidos...


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



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