A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 21
Por uma Hogwarts mais colorida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503418/chapter/21

— Ah, é verdade — disse meu padrinho quando perguntei sobre as aulas anti-dementadores. — Vejamos… Essa semana não irá dar, então pode ser para semana que vem, Harry?

— Sim — respondeu Harry. — Que dia e hora?

— Que tal às oito horas da noite na quinta da outra semana? A sala de aula de História da Magia deve ser suficiente grande… tenho que pensar muito como vamos fazer. Não podemos trazer um dementador real ao castelo para praticar…

— Então está confirmado a aula do Harry? — perguntei ao meu padrinho. 

— Confirmado. Se houver alguma mudança eu lhe aviso — ele disse olhando Harry que assentiu. 

— Parece que está mais calmo — avisou Rony, próximo a porta.

— Falando em calmaria — disse meu padrinho do nada — quando estava voltando para minha sala, fiquei sabendo sobre um certo acidente no corredor. Parece que alguém jogou bombinhas na cabeça dos alunos. 

Então meu padrinho me olhou como se fosse a única pessoa nesse castelo e nessa sala.

— Jura? Nossa, quem será que foi fazer uma coisa dessa? — disse na maior naturalidade. 

— Pois é, quem será não é mesmo — falou meu padrinho com uma certa ironia na voz.

— Hum… Harry e Rony — virei para olhar os dois — que tal a gente voltar para a torre? É melhor não arriscar encontrar o Filch no meio do corredor.

Os dois logo concordam comigo.

— Boa noite, padrinho. — Me despedi dele com um aceno antes de me retirar da sala com os garotos.

Não irei me surpreender se ele já soubesse que quem aprontou no corredor fui eu. É claro que ele já sabia de tudo. Ele me conhecia melhor do que todos nesse mundo, inclusive é difícil mentir para aquele homem. 

Quando passamos perto do corredor que tinha feito minha arte, vimos ninguém, apenas o deu para sentir foi o cheiro horrível junto com Filch resmungando. Pegamos esse momento "ocupado" do zelador para escapar. Só não foi perfeita por culpa da Madame Norra que apareceu do nada. Maldita gata! Assim que viu a gente já delatou para o dono, miando.

— O que faremos? — perguntou Rony desesperado.

— Correr? — Harry foi quem sugeriu.

Concordamos com a ideia, só que antes de sair às pressas, tentei atrasar um pouco a situação de Filch. Com a varinha apontada para gata, disse:

— Escorrego!

Um jato de água com sabão foi conjurado, deixando o chão todo encharcado. Madame Nora miou alto pela água ter ido em direção a ela. Antes de conseguir correr, ela escorregou e assim fiz um sinal para Harry e Rony irem embora. Saímos de lá correndo, mas antes ouvimos uma batida no chão e um Filch exclamando uma palavra imprópria. No meio do caminho acompanhei as risadas de Harry e Rony pelo ocorrido.

— Essa foi demais Susana — dizia Rony entre as gargalhadas assim que entramos na sala comunal.

— Filch deve ter ido com tudo para o chão — disse Harry enxugando as lágrimas de tanto que rir.

— Com certeza — concordou Rony. — Para ter xingado o mundo e Merlin daquela forma.

Ficamos bom tempo conversando sobre tudo que aconteceu. Além de contar a eles as minhas artes na outra escola. Conversa estava tão mais tão divertida que perdemos a noção do tempo para ir dormir.

Conforme os dias foram se passando mais aprontava na escola. Se tornando os dias mais divertidos que estava tendo em Hogwarts. Isso acontecia não apenas pelas brincadeiras que deixava no meio dos corredores ou em aulas, mas pela companhia que tinha nos dias. Claro que me referia a Harry e Rony que se tornaram os melhores amigos em meio a todo esse castelo. Isso não significa que não fiz novas amizades, ao menos acho que é.

Por conta das minhas travessuras, tive um contato mais frequente com os gêmeos Weasley que eram os meus fornecedores. 

— Juro que irei pagar por tudo isso — dizia sempre a mesma coisa aos dois quando me arranjavam algo novo. — Assim que tive uma nova visita em Hogsmeade vou comprar tudo e a mais do que vocês me deram. Ou caso prefiram, eu pago a vista. 

Contudo os dois me respondiam a mesma coisa para não me preocupar com isso, me liberando para tudo o que precisassem. 

Todos os alunos eram "vítimas" das minhas brincadeiras, mas é claro que sempre tinha alguém em especial para tais atividades como no caso os alunos insuportáveis da Sonserina. Mais especificamente a Parkinson, Greengrass e é claro que idiotas do Crabbe e Goyle não ficariam de fora. Eles foram mais vítimas das minhas azarações tanto em aula como nos corredores.

Em meio a toda essa bagunça que estava criando, havia um detalhe muito importante — ninguém desconfiava que era eu quem estava tramando tudo.

— Não me conformo como consegue se safar de tudo — disse Lino Jordan admirado com a situação. — Qual é o segredo? — ele perguntou baixinho, o que me fez rir.

— Bom o segredo é segredo — digo com um sorriso maroto. — Na verdade não tenho segredo, mas acho que acabou se tornando um dom meu em pensar rápido e fugir rápido. Não sei como explicar. Muita coisa é questão de prática, se bem que isso é mais relacionado às azarações.

Logo os três começaram a rir.

— Não! Sério mesmo que é você a responsável pelos ataques frequentes de azarações que alguns alunos vêm recebendo?

— Hm. Digamos que sim — respondi baixinho. 

Fazendo os três rirem mais uma vez e me pedirem mais explicações.

Narrei aos três tudo o que tinha feito, falando os detalhes como em ter mandado Daphne Greengrass passar o dia todo no banheiro ou de Pansy Parkinson ter um acesso descontrolado com os gases de nosso corpo. 

— Detalhe que ainda hoje pretendo aprontar mais uma — digo.

(...)

Um pouco antes do jantar sai da sala comunal com os gêmeos, à procura de Filch. Encontramos no mesmo corredor do incidente com as outras Bombinhas, ele estava limpando.  

— Como vamos fazer para ir até o Filch sem ser visto pelos quadros? — Jorge cochichou.

— Eu irei me aproximar daquela armadura, depois vou colocar a tinta no balde com o feitiço de levitação em seguida vocês liguem os explosivos e tentem acertar o balde. Ok?

Os dois concordam, quando comprovei que tudo estava tranquilo e Filch todo ocupado com o balde fui até a armadura agachada. Nem me importei dos quadros me verem, inclusive fiz um sinal de silêncio para um dos quadros que havia crianças me olhando curiosas e me responder com um aceno cúmplice. Tudo era questão de alguma brecha deixada pelo zelador. 

Filch assobiava todo destruído enquanto passava o pano no corredor, quando deu mais uma molhada e virou as costas se afastando fiz o que era para fazer. Levitei os tubinhos até o balde, deixando cair todo o líquido dentro. Esperei tudo estar totalmente limpo, sem sinal do idiota se aproximar — mesmo que ele fosse usar o balde, não ia reparar no líquido a mais e nem nada de diferente, as cores só iriam aparecer quando ele usa a água.

Essa parte dele já usada no chão não estava em meus planos, mas acabou acontecendo quando Filch voltou para o balde, encharcou o esfregão e passou no chão. Não sei se o cara era demente mesmo, pois ele repetiu o processo umas três vezes e nem reparou no chão ficando amarelo. Reparou apenas quando ia repetir o procedimento, mas antes de qualquer coisa os gêmeos foram mais rápidos, ambos ligaram os explosivos e jogaram dentro do balde. Saí às pressas de trás da armadura, quando cheguei perto de Fred e Jorge só consegui ouvir um estouro. Não ficamos para descobrir a arte que deve ter ficado as paredes, o chão, os quadros e o Filch que soltou uma lista de palavrões que nem mesmo eu sabia da existência.

Chegamos ao Salão Principal rindo com os gêmeos falando:

— Menina você merece um prêmio! — disse Fred entre risos.

— Garotas como você não se encontram hoje em dia — falou Jorge em seguida.

— Obrigada — agradeci. — Espero contar com vocês mais vezes.

— Sempre que precisar pode chamar — disse os dois ao mesmo tempo.

A gente acabou se separando quando foi se sentar, já que eles iam se juntar com um Lino muito curioso. Enquanto eu fui me juntar com Harry e Rony que também me olhavam curiosos. Narrei aos dois metade do que tinha acontecido, mas antes de saborear minha sopa e finalizar a narração aos dois fui interrompida pela porta do salão sendo aberta e por risos abafados.

Já imaginando do que se tratava, olhei para a entrada e lá estava um ser mais conhecido como Argus Filch. Seus cabelos estavam em pé junto com o corpo todo pintado — devo ressaltar que ele estava muito chamativo —, não sei se também tinha cola já que o ser ainda estava com os esfregões em mãos.

— Sr. Filch o que significa isso? — perguntou Dumbledore se levantando do seu lugar. Deixando claro que o “isso” era a aparência dele.

— O que significa isso? — repetiu Filch histérico. — Pergunte para esses malditos pestes! Esses pestes, intitulados de alunos, colocaram tinta no balde que estava usando para limpar o corredor dos quadros e jogar explosivos!! — ia dizendo o zelador histérico balançando o esfregão. — Agora o corredor está colorido!!!! E eu também!!!

Todos, absolutamente todos do salão estavam rindo, nem os professores ficaram de lado e nem Dumbledore que estava segurando uma risada. Olhando Filch de forma divertida. 

— Eu não aguento mais! Já não bastou ter aprontado essa semana, agora me vem essa de novo! Quero punição dos responsáveis! — exclamou Filch.

— Punição? — repetiu o diretor em tom animado. — Hora, mas não sabemos quem fez essas brincadeiras?

Voltei a encarar Filch que murmurou um "isso é fácil", olhou para mesa da Grifinória em seguida dê preferência aos gêmeos.

— Eles — e apontou para ambos. — Sem dúvida que foram eles. Sempre são eles!

Fred e Jorge fizeram uma cara de ofendidos.

— Ei! Dessa vez não foi a gente — Fred argumentou.

— Mentirosos! — exclamou Filch. — Foram vocês sim, sempre são.

— Sr. Filch não adianta acusá-los sem provas.

— Mas…

— Iremos procurar o responsável por esses ocorridos e daremos o devido castigo — prometeu o diretor em seu tom calmo, mas algo me dizia que ele disse aquilo apenas para deixar o zelador mais tranquilo.

Filch ficou pensativo, olhou Fred e Jorge furioso e por fim saiu do salão pisando firme. Quando a porta se fechou o salão mergulhou em risos e falatórios.

Terminando o jantar, fomos para a comunal já recuperados pelos ataques de risos. Fui me sentar com Harry e Rony; ficamos conversando sobre assuntos variados tendo os olhares de Hermione como testemunha. Reparei o quanto a garota ficou olhando para gente, desde que chegamos e mesmo tentando disfarçar fingindo que estava focada em seus livros. Não era a primeira vez que ela fazia isso. Durante as aulas, almoço, janta e aqui na comunal ela sempre encarava a gente.

Até pensei em chamá-la, mas fiquei receosa pelos garotos e até por ela. Não sabia se eles a queriam por perto ou vários outros motivos que não me foram ditos.

Por causa disso a ignorei e voltei ao assunto com os garotos.

— Senhorita Black? — chamou-me uma voz masculina nas minhas costas. 

Olhei por trás do ombro e levantei um pouco a cabeça, visualizando um garoto do primeiro ano.

— Me pediram para te entregar — e me entregaram um pedaço de papel. 

— Valeu.

Quando o garoto se afastou, olhei curiosa para o pedaço de pergaminho e os garotos também me olharam da mesma forma.

— Quem será que te mandou? — perguntou Harry.

Lhe respondi apenas quando abri e reconheci a caligrafia logo que bati os olhos.

— É do meu padrinho. 

Então li em voz alta, apenas para Harry e Rony ouvir.

"Susana,

Venha agora mesmo à minha sala. 

Não demore!

Remus.”

— Vou levar uma bronca — digo mais a mim mesma.

— Deve ser nada demais — comentou Harry. — Ele só deve querer conversar.

— Exato, ele quer conversar, mas com muitos sermões e possíveis "puxões de orelha". Eu conheço bem o agora dele…

(...)

Meu padrinho principal palpite sobre o assunto que ele queria tratar comigo é das brincadeiras que rolaram na escola. Ao contrário da maioria que inclui o Filch, ele já deveria saber que os gêmeos não fizeram nada e sim eu. Nunca dá para esconder por muito tempo as coisas dele. Nunca! 

Respirando fundo e me preparando para a bronca que ia levar, dei uma batida e abri a porta quando escutei o entre — ele estava sentado na cadeira de sua mesa, lendo um livro, mas baixou apenas quando me sentei na cadeira de frente para ele.

Ele não me disse uma única palavra desde que entrei. Nem mesmo quando baixou e fechou o livro para me encarar. Seu semblante era calmo e cansado, mas uma pitada de sério.

— Posso perguntar por que me chamou? — perguntei um tanto receosa.

— Acho que você sabe muito bem o porquê — ele me respondeu em seu tom calmo de sempre sem tirar os olhos de mim.

— Tenho um palpite.

— Bom, e é qual? 

Abrir a boca para responder, mas fechei em seguida. 

— Talvez esteja achando que eu tenha algo a ver com os acontecimentos atuais? 

— E você tem?

Fiz uma careta como se fosse uma desentendida. 

— Claro que… não…

Meu padrinho arqueou a sobrancelha, meio que já dizendo para contar outra história.

— Talvez eu tenha sim algo a ver com algumas coisas…

— Susana…

— Ok, tem a ver com tudo… as bombas de bostas, azarações etc. Mas não foi nada demais, ninguém se machucou — digo. Me esticando na cadeira e olhando a unha, tentando achar alguma cutícula solta. 

— Exceto o garoto Crabbe que ficou na ala hospitalar por conta de soluços inacabáveis.

— É, tirando ele… ninguém mais foi para enfermaria.

Reparei na cara do meu padrinho se fechado. 

— Padrinho é como disse que não aconteceu nada demais, não prejudiquei ninguém e nem nada. Crabbe conseguiu se tratar tranquilamente graças a Madame Pomfrey — dizia como se nada fosse um cachorro de três cabeças. — Se quiser brigar comigo, pode brigar, eu aceito. 

— Susana eu não irei te dar bronca porque sei perfeitamente que não irá adiantar nada — dizia ele de forma calma, se ajeitando na cadeira e se apoiando com os braços na mesa sem tirar os olhos de mim. — Eu apenas te chamei aqui para te lembrar o motivo da sua saída de Beauxbatons — finalizou agora em um tom sério.

— Não tenho culpa se aquela escola é um horror — falei, revirando os olhos. — Tudo um bando de nojentos, frescos e a Madame Maxime é um horror. Ela bem merece todos aqueles insetos na sala dela — disse com certa malicia e rindo.

— Pelo jeito é uma lembrança bem divertida.

— Claro! A melhor coisa foi ela ter gritado feito uma louca — disse rindo ao me recordar da cena. — Outro momento maravilhoso foi aquela tal de LaRue que não parou de coaxar, se colocassem orelhas de sapo nela ia ficar perfeito. 

Parei de rir quando vi a cara séria do meu padrinho. Deixando claro que não estava achando graça de nada.

— Todas essas suas brincadeiras lhe custaram longas detenções, Susana. Além de que seu comportamento ultrapassou limites a ponto da Madame Maxime não te aguentar mais — ele dizia seriamente. — Só não foi expulsa por causa de Dumbledore que interveio e conseguiu sua transferência para Hogwarts.

Houve um breve silêncio.

— Agora eu me pergunto se vai repetir esse comportamento todo em Hogwarts?

Ia lhe responder, mas apenas desviei os olhos dele. Não sabia o que fazer e muito menos o que falar.

— Lembre-se que Hogwarts foi o único lugar que te abriu as portas. Te deu uma chance de mudar e não arriscar a sua carreira, muito menos seu futuro. Quer mesmo destruir tudo num estalar de dedos? 

Balancei a cabeça.

— Susana, você não é burra! — exclamou meu padrinho, me olhando. — Querida você sabe muito bem o quanto é inteligente. É uma das alunas mais inteligentes de Hogwarts, e não digo isso por ser seu padrinho, mas sim pelo que escuto dos professores. A professora McGonagall te adora, ela sempre me deixa claro que é uma das alunas favoritas e fica fascinada com o seu talento para transfiguração; com o professor Flitwick é a mesma coisa, ele sempre menciona que junto de Hermione é a melhor classe. E eu não duvido das palavras deles. 

Dessa vez voltei a olhá-lo, sua expressão séria havia mudado para uma mais calma e com um sorriso caridoso. Ele tentou se aproximar mais de mim antes de voltar a falar. 

— Você é uma bruxa extremamente talentosa! Vejo inclusive isso nas minhas aulas, o que me faz dar total razão aos outros professores. Isso tudo que você faz muitos são azarações muito avançadas para uma garota de 13 anos ou no caso que tinha apenas 11 anos. Isso já deixa claro que você não é igual aos outros.

— Então qual é o problema em usar azarações? — questionei.

— Problema é que você utiliza esse talento de forma errada para motivos errados. Entende?

Cocei os olhos e em seguida passei uma mecha do meu cabelo solto para trás. Suspirei cansada. Tudo aquilo era uma situação que entendia, por mais que na minha cabeça o fato de brincar com os outros não seja nada demais.

— Até entendo, mas você precisa entender que em Beauxbatons eu não era feliz. Nunca gostei de lá… e eles também nunca gostaram de mim — digo.

— Quer dizer que em Hogwarts também é assim?

Por um momento pensei nas respostas e ela era óbvia. Beauxbatons foi sem dúvida onde passei os piores momentos de minha vida. Todos daquela escola eram desprezíveis, absolutamente todos — incluindo a diretora. As artes que fazia naquela escola tinham um enorme motivo que era justamente por nada lá me fazer bem. Agora em Hogwarts fora por um motivo diferente.

— Em Hogwarts tudo é diferente, eu tive coisas aqui que nunca tive naquele outro lugar. Isso que fiz deve ter sido mais porque simplesmente quis. Diferente de Beauxbatons que é estranho dizer isso, mas sentia feliz em ver aquele povo todo atrapalhado. Agora aqui é aquilo que disse que ganhei coisas que eu não tinha antes. Como hm… — Incrível como tinha receio em falar uma palavra simples.

— Amigos?

Sorri fraco, assentindo. 

— Ao menos acho que é isso que o Harry e o Rony são meus.

Meu padrinho sorriu, se levantou para vim ao meu lado e encostou-se na mesa.

— Pode ter certeza de que é exatamente isso que eles são seus, da mesma forma que você é para os dois — disse Remus tocando meu ombro. — É por isso que te recomendo a pensar em tudo isso que conseguiu de bom aqui e assim repensar se vale a pena continuar arriscando tudo com essas suas brincadeiras.

— Não te prometo que vou parar, mas prometo que tentarei — disse com um sorrisinho.

— Não é o que queria ouvir, contudo já é começo — ele disse rindo. — Sei que é divertido brincar com o Filch, principalmente, mas vamos ter cautela. 

As palavras reveladoras do meu padrinho me fizeram rir muito, olhei para o homem chocado, sem nunca imaginar que ouviria palavras desse tipo vindo dele.

— Eu ouvi errada ou o senhor já aprontou com o Filch? — Recebi uma olhada bem divertida do meu padrinho, me fazendo rir. — Padrinho já quero saber tudo! Não me polpe detalhes, quero saber, já. 

Ele apenas riu, balançando a cabeça.

— Outro dia — respondeu risonho, fiz um biquinho falso de “por favor”. — Susana, outro dia!

— Ah…

— E sem “ah”.

— Poxa.

— Já está bem tarde, melhor voltar logo para sala comunal. Até porque não quero que você se complique por minha causa.

Dando conta que não iria conseguir a resposta que queria, me dei convencida e me levantei para sair.

— Você ganhou — falei contragosto. — Mas depois vai me contar tudo, ok?

— Vou pensar.

Soltei um riso baixo antes de abraçá-lo.

— Boa noite, padrinho.

— Boa noite, minha querida — disse após nos separar do abraço. — Durma bem.

Assenti.

— Você também… tchau.

Acenei antes de me retirar da sala.

No dia seguinte após as duas terríveis aulas com o Seboso, veio a do meu padrinho em seguida para salvar meu dia. Convenhamos que é a aula que faz a semana terminar muito bem, terminar uma sexta-feira com aula dupla do Snape ninguém merece, por mais que eu seja a melhor aluna da aula dele. Ao final da última aula de sexta, me separei dos garotos para me organizar nos meus estudos — ao contrário dos dois, eu me dedicava ao meu estilo nas atividades.

Não havia parado para sentar-se, mesmo tendo a intenção de procurar um lugar para sentar e espalhar meus livros. Se eu encontrar esse lugar eu passei por ele, pois meu foco era totalmente no enorme livro que a professora Babbling pediu para traduzir. Mesmo sendo apaixonada por Runas Antigas, e essa ser uma das minhas aulas favoritas, traduzir um texto de trocentas páginas em runas, não é nada fácil. Estava me sentindo uma neurótica andando com o livro que tinha traduzido mais o dicionário para consultar os significados. Detalhe que não bastava ter que ler, mas depois tinha que fazer um breve resumo em runas… é como disse: ainda bem que sou apaixonada pela matéria.

Percebendo que estava do corredor do pátio gramado, pensei em parar para me concentrar melhor e então me sentei em um dos bancos vazios. Só que antes de me ajeitar toda e resgatar minha bolsa prestes a cair no chão, me apareceu alguém que nunca imaginei falar novamente, salvando a minha bolsa.

— Obrigada, Hermione — disse, quando ela colocou minha bolsa de forma correta no banco de pedra.

— De nada — disse com um sorriso tímido.

Por um momento pensei que ela ia se afastar, mas não aconteceu e a garota continuou na minha frente me olhando.

Ela me parecia nervosa, olhava pelos cantos e apertava os dedos.

— Ainda preciso terminar o meu — Hermione apontou para os livros. 

— Hum…

Sério mesmo que ela veio aqui falar da mesma matéria que estudamos?

— Por acaso veio falar de Runas Antigas? Precisa de ajuda com algo…?

Hermione negou rapidamente com a cabeça.

— Não, não é sobre runas que vim até aqui — respondeu.

— Ok, e é sobre o que?

Tive um primeiro palpite: Harry e Rony. 

— É sobre o professor Lupin — disse Hermione em voz baixa. — Como sei da sua proximidade com ele, que você é afilhada dele e etc… Queria te perguntar uma coisa.

Franzi levemente as sobrancelhas sem entender onde ela queria chegar.

— Sobre?

Sabe-tudo soltou um longo suspiro como se estivesse pensando nas palavras que ia dizer, então enfim me perguntou:

— O professor Lupin é um lobisomem? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira dos Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.