A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 22
Aula anti-dementadores




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— Professor Lupin é um lobisomen?

A pergunta de Hermione foi como se tivessem me jogado um balde água gelada e como retruque, reagiria da pior forma sem pensar em nada. Foi exatamente isso que fiz com a minha colega de quarto, não medi minha força e nem nada, apenas me levantei com tudo e a puxei com força para qualquer canto vazio daquele pátio como se qualquer um tivesse escutado o que ela me falou.

— Aí, está me machucando — ela reclamou quando me puxou o braço para soltá-la. — Agora responde é verdade ou não que o professor Lupin é um lobi...?

— Cala a boca — grunhi, tampando a boca dela com a mão. 

Eu estava mesmo era tremendo de nervosismo.

— Qual é o seu problema, Granger? — perguntei estupidamente.

— Meu problema… é nenhum, apenas te fiz uma pergunta simples para uma resposta simples.

— Acredite não vai querer saber qual é a minha resposta simples.

Um lado meu queria muito arrancar a língua dela para não falar mais nada, mas até mesmo no mundo bruxo isso é errado.

— De onde tirou essa ideia? — perguntei em voz baixa, revirando os olhos e bufando. 

— Da redação que o professor Snape pediu — ela respondeu com um certo tom arrogante como se as respostas fossem óbvias. — Então acabei juntando com o bicho papão dele e os dias que ele fica “doente”, consultei a tabela lunar e bom aqui estou.

— Pelo jeito você é realmente inteligente, deve ter sido a única que pensou em tudo isso — digo. 

— É verdade então? — ela disse toda confiante.

— Ainda quer minhas respostas?

Hermione estufou o peito orgulhosa, e sorriu da mesma forma para mim. Ao contrário dela eu sorria com vontade de bater nela, isso sim.

— Agora eu acredito que como você foi inteligente para descobrir tudo, vai ter a inteligência em manter isso em segredo e não vai contar nada para ninguém. Certo?

Ela ficou um pouco pensativa e disse:

— Isso não é algo que deva se manter em silêncio. A escola precisa saber, é perigoso estar no mesmo teto de um lobisomen.

— Perigoso? Vai se lascar, Granger — disse irritante. — Perigoso é a sua mania de se achar uma sabe-tudo e ainda por cima é uma dedo duro, continua assim que vai acabar se ferrando e tendo ninguém que te aguente. 

Revirei os olhos impaciente. 

— Ele não é perigoso, ok? Convivo com ele desde que me conheço como gente e nunca aconteceu nada, meu padrinho é a melhor pessoa desse mundo. Você apenas diz o que a metade da sociedade bruxa diz, carregando a porcaria do preconceito contra mestiços.

— Ei!! Eu não sou preconceituosa — exclamou Hermione abismada. — Tudo o que falei foi por conta da segurança, não tem como deixar de lado a insegurança.

— Se o problema é a insegurança então te deixarei mais tranquila repetindo que não tem problema.

Olhei para os lados vendo se não tinha ninguém por perto, felizmente não. Muitos estavam no corredor e todos em grupos bem afastados da gente.

— Como eu acredito que entendeu tudo — voltei a falar, mas em um tom ameaçador —, você vai ficar de bico calado. Isso não é assunto seu para achar que deve fazer o que bem entende, o emprego do meu padrinho depende da sua boca fechada. Porque se você disser algo, os alunos vão contar para os pais e dessa forma o ministério vai ficar sabendo; resultando na demissão do meu padrinho. 

Hermione ficou calada. Acredito que pensando em algum argumento para ser tido e pelo bem dela espero que não esteja pensando em falar merda.

— Volto a repetir para manter essa boca fechada, Granger. Senão eu juro que irá se arrepender muito de ter aberto e me ter ainda como sua inimiga — digo.

Minha relação com ela não era ruim, mesmo não sendo tão próxima dela como sou dos garotos, ainda gostava da companhia dela. Sempre tivemos papos em comuns, mas isso não significa que é difícil para ela entrar na minha lista de inimigos.

Durante os últimos dias Hermione ficou sobre avisos. Não era necessário dizer palavras, mas a forma como se comportava perto de mim ou como me pegava a olhando já era o suficiente. Só mandei um aviso mesmo para causar medo na aula que tivemos com meu padrinho. Ela não parava de me olhar, cheguei a fazer um sinal de silêncio e mandar um bilhete de aviso. Eu queria mesmo é botar na cabeça dela que me ter como inimiga seria sua pior escolha. Ninguém vai desejar estar na lista de inimigos de Susana Black!

Precisou passar quase uma semana toda para Granger cair na real que o meu padrinho não era assunto dela.

— Escuta, eu… Você tem razão sobre o que disse — Hermione dizia devagar como se estivesse pensando bem que palavras usar. — Eu acredito nas suas palavras referente ao nosso professor. Não vou se disser que não gosto do professor Lupin, ele é o melhor de Defesa Contra as Artes das Trevas que já tivemos e sempre foi muito bondoso com todos.

Alguns alunos passavam entre nós por conta da troca de aulas. Ficamos bem afastada da aglomeração e tudo era dito em voz baixa, felizmente, o barulho do corredor abafava o assunto para outros ouvidos.

— Por isso lhe dou a minha palavra em não dizer absolutamente nada. — Hermione me encarava fixamente, parecia sincera.

De primeira não lhe disse nada apenas sorri, discretamente, o que a fez também sorrir.

— Que bom ouvir isso — disse, suspirando tranquila. — Meu padrinho é a pessoa mais importante para mim, sabe? Eu cresci sem muitos papéis importantes ao meu lado, então eu não sei qual é exatamente a sensação e é por causa disso que me baseio ao que sinto pelo meu padrinho. Então, obrigada, por entender a situação.

Confesso que o clima entre a gente até mudou, ficando mais leve e… me surpreendi por ter me aberto assim dessa forma para ela. Não achei ruim, muito menos quando ela me abraçou. Fiquei um pouco sem saber o que fazer, pois não era do meu feitio receber abraços voluntário de pessoas “estranhas”, inclusive nem eu tinha mania de abraçar os outros. Por causa disso que como retribuição apenas dei uma batidinha de leve nas costas dela.

Chegamos ao Salão Principal juntas e nos separamos apenas quando fomos se sentar. Ela foi para um outro canto afastado de Harry e Rony — eu no caso fui até os dois. Ambos não me perguntaram nada, mas também não disfarçaram os olhares curiosos. 

Depois do almoço seguimos caminho para a aula de Herbologia. Não era bem minha matéria favorita, não sentia prazer em ficar mexendo em plantas, principalmente quando um arbusto tenta te atacar.

— Lembrando que primeiro precisam imobilizá-la e depois podar — informou a professora Sprout pela milésima vez. — Já deixem todo o equipamento de poda separado. E não se esqueçam da máscara para tampar o nariz do cheiro forte. Podem começar!

Demorou, mas com muito esforço e minha pouca paciência de não tacar fogo no arbusto que tentou me pegar, consegue imobilizar o desgraçado; por fim, conseguindo podar. Ficaria puta se fosse a única fazendo papel de idiota, felizmente tinha mais nesse papel que estavam até mais atrasados que eu, além de um lufano quase ter pedido a cabeça para o arbusto assassino se não fosse a Profª. Sprout.

— Susana? — chamou-me Harry que tinha sua voz abafada por causa da máscara.

— Eu — respondi sem tirar os olhos do Carlos, o arbusto.

— Hoje a noite vai ter aula com o professor Lupin, certo?

— Sim…

— Será que pode ir comigo?

Olhei-o com o cenho levemente franzido.

— Quer que eu vá com você para aula anti-dementador?

Harry assentiu.

— É que não quero ir sozinho — ele tentou se explicar. — Ok, não estarei cem por cento sozinho, mas só queria uma companhia sem ser o professor… Entende?

— Acho que entendo… Ok, eu te acompanho, sem problemas.

— Obrigado — disse Harry. — Estou um pouco ansioso pela aula. 

— E eu curiosa como meu padrinho vai fazer… — Só nessa pequena conversa com Harry foi o suficiente para o Carlos pegar meu dedo. — Ai! Filho da…

— Senhorita Black!! — repreendeu a Profª. Sprout do funda da estufa cortando a minha fala.

— Desculpa…

 

(...)

 

Depois de cinco minutos aguardando no escuro, apenas com a iluminação das varinhas, o senhor Remus John Lupin apareceu. Só que não de mãos vazias, o homem me trazia uma grande caixa, que fora depositada em cima da escrivaninha do Prof. Binns.

— Padrinho, o que é isso? — perguntei.

— Outro bicho-papão — respondeu meu padrinho tirando a capa. — Andei passando um pente fino no castelo desde terça-feira e por sorte encontrei este aqui escondido no arquivo do Sr. Filch. É o mais próximo que chegaremos de um dementador de verdade. O bicho-papão se transformará em um dementador quando o vê-lo, Harry, então poderemos praticar.

Então meu padrinho explicou que quando não estiver em uso, ele guardaria a caixa em um armário que tinha embaixo da sua escrivaninha.

— Um lugar que ele vai gostar muito — acrescentou.

— Tudo bem — disse Harry tentando disfarçar seu nervosismo, óbvio que falhou miseravelmente comigo e é claro que meu padrinho também não caiu nessa.

— Enfim, o que a senhorita está fazendo aqui? — perguntou meu padrinho diretamente para mim.

— Acompanhando o Harry e para assistir a aula. Posso?

Ele apenas sorriu e assentiu, depois andou pela sala para acender algumas velas.

— Então… — Meu padrinho voltou a encarar Harry e apanhou a varinha e fez sinal para Harry imita-lo. — O feitiço que vou tentar lhe ensinar faz parte de magia muito avançada, Harry, muito acima do Nível Normal de Bruxaria. E como você já deve saber — recebi um bom olhar assim que me sentei na cadeira — é chamado o Feitiço do Patrono.

— E que tipo de energia positiva? Algo que projeta o próprio alimento do dementador.

— Exatamente. Ele é como um guardião — respondeu Remus um tanto surpreso. — Algo me diz que a Susana já te explicou bastante sobre o assunto. Correto?

Mais uma vez recebi os olhares do meu padrinho. 

— Disse apenas o básico — falei rapidamente.

— Se é o básico então já deve saber que o feitiço talvez seja demasiado avançado para você, Harry. Muitos bruxos habilitados têm dificuldade de executá-lo.

— Que aspecto tem um Patrono? — perguntou Harry, curioso.

— Cada um é único para o bruxo que o conjura.

— E como se conjura?

— Com uma fórmula mágica, que só fará efeito se você estiver concentrado, com todas as suas forças, em uma única lembrança muito feliz.

Harry se manteve quieto por um breve momento, deveria estar se concentrando para recordar de alguma lembrança.

— Certo — disse Harry.

— A fórmula é a seguinte — Remus pigarreou. — Expecto Patronum!

Expecto Patronum! — repetiu Harry em voz baixa —, Expecto…

— Está se concentrando com todas as forças em sua lembrança feliz?

— Ah... Estou — respondeu Harry depressa e voltou a repetir a fórmula: — Expecto patrono. Não, patronum... Desculpe... Expecto Patronum! Expecto Patronum!... — Alguma coisa se projetou subitamente da ponta da varinha de Harry; o que parecia um fiapo de gás prateado.

— Vocês viram isso? — perguntou Harry, excitado. — Aconteceu uma coisa!

— Vimos sim — respondi animada e sorrindo. — Muito bem, Harry, isso deve significar algo. Agora eu acho que deve ser testado em um “dementador”? — Olhei para o meu padrinho animada.

Essa aula era muito única e me sentia muito animada pelo Harry, torcia muito para que ele conseguisse executar o tão temido feitiço. Como meu padrinho mesmo disse não era fácil, mas acho que Harry iria conseguir — ao menos era nisso que queria acreditar. Meu padrinho apenas me confirmou, rindo pela minha empolgação.

— Está pronto para experimentar com um dementador?

— Estou — disse Harry indo para o meio da sala.

Continuei sentada na primeira escrivaninha da sala, olhando empolgada para tampa da caixa que era segurada por meu padrinho. Por fim a tampa foi levantada, revelando então um falso dementador que se ergueu lentamente da caixa, o rosto encapuzado virando para Harry, uma mão luzidia, coberta de cascas de feridas, segurando a capa. Até mesmo eu senti um arrepio na espinha só pela enorme semelhança com o verdadeiro.

As luzes em volta da sala de aula piscaram e se apagaram, me deixando com o … na mão. Já pensou que na frente é um verdadeiro? Nunca se sabe qual seja a adaptação desses bichos, vai ver eles gostam de lugares apertados e escuros. O suposto falso dementador saiu da caixa e começou a se deslocar silenciosamente em direção a Harry. 

Coloquei a mão no meu peito tentando controlar a respiração ofegante.

Harry então ergueu a varinha e berrou: 

Expecto Patronum! Expecto Patronum!

Como o esperado Harry não aguentou, assim que deu seus primeiros sinais de falha, meu padrinho se pôs na frente e enfrentou o dementador. Já levantei num impulso e corri até Harry que havia desmaiado.

— Harry! Harry, acorda! — Batia de leve em seu rosto conforme lhe chamava repetitivamente. — Harry! Harry!

De repente o garoto recuperou os sentidos.

— Desculpe… — murmurou Harry, se sentando.

— Você está bem?

— Estou…

— Vem, eu te ajudo a se levantar. — Me ofereci ao vê-lo fazer menção de se levantar.

— Tome aqui — Remus lhe deu um sapo de chocolate. — Coma isso antes de tentarmos outra vez. Eu não esperava que você conseguisse da primeira vez; de fato, ficaria assombrado se tivesse conseguido.

— Está piorando — murmurou Harry, mordendo a cabeça do sapo. — Eu a ouvi mais alto dessa vez... E ele... Voldemort.

Meu padrinho parecia mais pálido do que costume.

— Harry, se você não quiser continuar, vou compreender muito bem…

— Eu quero! — exclamou Harry com vigor, enfiando o resto do sapo de chocolate na boca. — Tenho que continuar! O que vai acontecer se os dementadores aparecerem na partida contra Corvinal? Não posso me dar ao luxo de cair outra vez. Se perdermos a partida, perdemos a Taça de Quadribol!

— Muito bem, então... — disse meu padrinho. — Talvez queira escolher outra lembrança, uma lembrança feliz, quero dizer, para se concentrar... Essa primeira parece que não foi bastante forte…

Harry foi para o centro novamente da sala e ficou de frente com a caixa. Ficou pensando por uns minutos. Meu padrinho já estava perto da caixa e eu me afastei, ficando apenas encostada na carteira.

— Pronto? — perguntou meu padrinho segurando a tampa da caixa.

Recebi um rápido olhar de Harry, apenas assentiu como resposta. 

— Pronto — ele disse logo em seguida.

— Já! — disse Remus destampando a caixa. A sala ficou gelada e escura mais uma vez. O dementador avançou deslizando, inspirando com força; a mão podre estendida para Harry…

Expecto Patronum! — berrou Harry. — Expecto Patronum! Expecto Pat…

— Harry! — e mais uma vez estava ajoelhada no chão com o Harry desmaiado.

Enquanto tentava acordá-lo, meu padrinho fez o mesmo processo com o bicho-papão em mandá-lo para caixa. As velas da sala foram se acendendo novamente, mas Harry ainda estava sem sinal.

— Harry!

Repetia os tapinhas em sua bochecha. Ele voltou ao normal, só que dessa vez um pouco atordoado, parecia confuso, mas o ajudei a se levantar. 

— Ouvi meu pai — murmurou Harry.

— Quê? Seu pai?

— É a primeira vez que o ouço, ele tentou enfrentar Voldemort sozinho, para dar à minha mãe tempo de fugir…

Uma lágrima acabou escorrendo pelo rosto de Harry, me senti comovida e como conforto, toquei seu ombro. Mesmo tentando disfarçar, desviando o olhar e abaixando a cabeça, fingindo estar amarrando um sapato… eu o vi enxugando as lágrimas.

— Você ouviu James? — disse meu padrinho numa voz estranha.

— Ouvi... — Harry ergueu a cabeça. — Por quê... O senhor conheceu meu pai?

— Eu... Para falar a verdade, conheci. Fomos amigos em Hogwarts. Escute, Harry... Talvez devêssemos parar por hoje. Este feitiço é absurdamente avançado... Eu não deveria ter aceitado que você se submeter a essa…

— Não! — disse Harry tornando a se levantar, sem minha ajuda.

— Então tente pensar em algo mais forte, Harry. Só por curiosidade no que você pensou nessa última vez?

— Quando a Grifinória ganhou o Campeonato das Casas — murmurou Harry.

— Pensa em outra coisa mais forte — o aconselhei. — Algo que te fez vibrar por dias, e mesmo quando pensa, você sente a felicidade no mesmo nível. Pense em algo que realmente te comoveu, Harry.

Acho que dessa vez ele captou a mensagem, não demorou tanto para pensar e logo deu sinal para o meu padrinho reiniciar a cena.

— Concentrou-se com firmeza? Muito bem… Já!

Mais uma vez a tampa da caixa foi retirada, e o dementador se levantou; a sala esfriou e escureceu. Porém tudo foi finalizado de uma forma diferente.

EXPECTO PATRONUM! — berrou Harry. — EXPECTO PATRONUM! EXPECTO PATRONUM!

Um enorme vulto prateado irrompeu da ponta da varinha de Harry e ficou pairando entre ele e o dementador. Harry parecia estar se esforçando para se manter de pé e meu padrinho logo apareceu.

Riddikulus! — brandou Remus saltando à frente.

Harry se afundou em uma cadeira e eu fui até ele.

— Muito bem, Harry! — exclamei bagunçando o cabelo dele.  — Você conseguiu! Foi um bom começo.

— Excelente! — exclamou meu padrinho, aproximando-se de nós dois. — Excelente Harry! Decididamente foi um começo!

— Podemos tentar mais uma vez? Só mais umazinha?

— Agora, não — disse meu padrinho com firmeza. — Você já fez o bastante por uma noite. Tome… — E deu a Harry uma enorme barra de chocolate da Dedosdemel.

— Coma bastante ou Madame Pomfrey vai querer me matar. À mesma hora na semana que vem?

— Ok — concordou Harry.

Nem todas as luzes tinham se apagado, quando o falso dementador desapareceu, as luzes se reacenderam dando ao meu padrinho o trabalho de ir apagá-las. Fui então ajudá-lo com a última vela, claro que não me aguentei e fiquei brincando com a chama.

— Profº Lupin, se o senhor conheceu meu pai, então deve ter conhecido Sirius Black, também.

— Ai! Meu dedo! — exclamei de dor ao ter colocado o dedo no fogo resultando em um queimado.

Não demorou para ser socorrida por meu padrinho, depois questionou Harry com certa rispidez.

— Que foi que lhe deu essa ideia?

— Nada... Quero dizer, eu soube que eles também eram amigos em Hogwarts... Também soube que ele é o pai da Susana.

— É, eu o conheci — disse meu padrinho brevemente. — Ou pensei que o conhecia. É melhor vocês irem andando, está ficando tarde.

Remus deu um toque com a varinha no meu dedo e por alívio, parou de arder.

— Não brinca mais com fogo, criança — disse meu padrinho fazendo uma massagem no meu dedo. — Vá também.

Assenti e me despedi dele com um estalado de beijos no rosto.

— Boa noite, padrinho!

Sai da sala de História da Magia com Harry. Ficamos quietos por um certo caminho até que Harry decidiu falar:

— Me desculpa ter comentado sobre ele. Por minha culpa queimou o dedo.

— Culpa foi minha por passar o dedo do fogo — disse com o dedo que machuquei na boca. — Fiquei apenas preocupada que falasse demais. Delatando sobre o Três Vassouras, tipo ele sabe o que rolou lá, mas obviamente que não soube que você estava no meio.

— Então ele conhecia mesmo seu pai?

— É aquilo como você ouviu no Três Vassouras, Harry. Meu padrinho era tanto amigo do seu pai e do Black, assim como era amigo do Pettigrew. Obviamente que ele conheceu nossas mães, a minha então nem se fala já que era uma irmã para ele e se conheciam desde pequenos.

— Foi uma pergunta idiota — murmurou Harry. — Não pensei muito antes de falar.

Não disse nada, apenas balancei a cabeça.

— Enfim, agora mesmo estava pensando sobre a aula e... — Harry voltou a dizer após uma pausa. Ele parou, olhou para os dois lados do corredor e disse: — Você já conjurou um Patrono?

— Sim. Eu sei conjurar um…

— Será que…

— Quer ver?

Sorri quando vi a empolgação dele.

— É igual o meu…? Tem diferença?

— É diferente. 

Harry continuou me olhando, e apenas fiz um sinal de espera, também dei uma boa olhada no corredor para garantir que só tinha a gente.

— A verdade é que eu sempre pratiquei, sempre fui curiosa e como na outra escola ficava mais tempo sozinha, eu passava a metade do tempo estudando. Enformada em livros e praticando, se não era nos alunos era para o vento.

— Isso me lembra a Hermione — Harry comentou.

— Enfim, o patrono foi um deles, inclusive foi no Natal desse ano que acabei aperfeiçoando o formato.

— Formato? Não entendi.

— Vou te mostrar… só fica de olho no corredor — pedi.

Retirei minha varinha do bolso e apontei para o corredor, respirei fundo e me concentrei na minha lembrança mais feliz. Sorri feito boba quando me lembrei do dia que ganhei Taran de presente.

Expecto Patronum!

Pela ponta da varinha surgiu uma fumaça prateada que logo se formou em um cachorro grande, peludo e prateado. Harry olhou tudo de queixo caído, totalmente surpreso e não desviou um momento sequer os olhos do cão que corria entre a gente, latia e assim iluminando o corredor.

— Harry lhe apresentou um cão mais conhecido como meu patrono, o meu guardião.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



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