Criança Perdida escrita por Lu Rosa


Capítulo 8
Capitulo Oito




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Uma vez dentro da TARDIS, Alexia sentou-se novamente na poltrona enquanto observava o Doutor a manipular os controles da nave.

— Você se sente melhor? – perguntou ele encostando-se no console e cruzando os braços.

— Agora sim. Não sei o que as Malavianas me deram, mas funcionou muito bem.

— Mas e antes? – o Doutor se aproximou dela – Você não sente mais dores? Você teve dois ferimentos. Um na altura da costela e outro na coxa. Você não os sente mais?

— Não. Você os curou completamente. Algum pozinho mágico? – ela brincou.

— Não. Nada muito complicado. O que me chama atenção é o fato que esses ferimentos só têm dois dias. E em nossa aventura com o povo ancião você estava com os curativos há doze horas. Não iria conseguir dançar nem lutar daquele jeito.

— Eu não sei o que aconteceu. Quem sabe eles não eram tão graves assim.

— Alexia, eu fiz os curativos. O ferimento da coxa transpassou a carne. Eles não eram ferimentos leves.

— Eu não sei Doutor. Talvez eu tenha uma recuperação rápida. Algo que a ciência não explique. – Alexia estava ficando incomodada com o rumo da conversa, embora não soubesse por quê.

Ele foi até o armário e pegou um aparelho que parecia um controle remoto.

— O que é isso? – Alexia levantou-se da poltrona e aproximou-se interessada.

— Isso é um scanner portátil. Um brinquedinho que eu emprestei dos irmãos Van Baalen.

— Emprestou? – Alexia o encarou, desconfiada.

Ele olhou para ela meio de lado, meneando a cabeça. – Eles queriam desmontar a TARDIS. Achei que era justo pelo trabalho que me deram.

O Doutor apontou o scanner na direção de Alexia. Como o scanner não se manifestasse ele deu pequenas batidas com a mão. – Anda. Funciona.

O aparelho começou a emitir bips e iluminou-se.

Alexia foi iluminada por um raio azulado e o aparelho começou a emitir bips mais rápidos. E uma voz metálica iniciou o relatório.

— Fêmea... Calculando dados. Espécie: Hibrida... Calculando dados. – Alexia e o Doutor entreolharam-se – Origem... Terra. Origem... Gallifrey.

O Doutor olhou para Alexia assombrado.

— Não pode ser.

— Esse aparelho está louco! Hibrida... O que ele quer dizer? Eu sou humana! – ela repetiu enfatizando bem as palavras. – EU SOU HUMANA! E onde, diabos, é Gallifrey?

O Doutor não levou a irritação dela seriamente.

— Gallifrey é meu planeta natal. Vou refazer o teste só para garantir. O aparelho ficou muito tempo parado. Pode ser um defeitinho.

— Com certeza é. – ela se posicionou novamente para o scanner.

Novamente o aparelho a iluminou e novamente as mesmas palavras foram ouvidas:

— Fêmea... Calculando dados. Espécie: Hibrida... Calculando dados. Origem... Terra. Origem... Gallifrey.

Alexia ficou sem palavras por um momento. O único som que se ouvia eram os bips emitidos pelo scanner até que o Doutor o desligou. Ela levantou os olhos para o Doutor, e eles estavam cheios de lagrimas.

— Quem eu sou, Doutor?

— Eu não sei, Alexia. – ele sabia muito bem como aquela pergunta podia pesar. O que era não saber nada de sua vida. Mas no seu caso fora uma amnésia durante uma regeneração. Alexia percebia que a sua vida era uma mentira. – O que você se lembra de sua infância?

— Somente do Orfanato. Da doutora Smith realizando exames em mim, sempre com a supervisão de Winston Calendale, antes mesmo de ele me adotar.

— Você já o conhecia antes da adoção?

— Sim. Ele e a esposa estavam sempre lá, uma vez que eles contribuíam para o Orfanato. Mas ele dedicava uma atenção especial à mim.

— E tinha essa médica... A doutora Smith.

— Sim. Mas você a conhece como doutora Jones. Doutora Martha Jones.

O Doutor abriu um sorriso imenso. Alexia imaginou quantas vezes a doutora Jones teve que lembrar como respirar.

— Martha Jones... Eu era diferente nessa época. Alto e magro como um palito.

— É ela me contou sobre vocês se conheceram.

— E ela conhece você desde menina?

— Isso. E agora me veio na memória algumas passagens. Eu era sempre examinada separada das outras crianças. E Winston Calendale sempre me levava livros. Depois que eles me adotaram e conforme eu crescia, passávamos horas discutindo os clássicos, matemática, filosofia.

— Provavelmente eles sabiam algo sobre o seu aparecimento. – o Doutor ponderou.

— A doutora Smith me disse que foi Mickey, o marido dela que me encontrou.

— Mickey Smith e Martha Jones... Umadupla do barulho.

— Ela me disse que quando ele me encontrou ele disse a ela que eu era a imagem de uma amiga dele na mesma idade com exceção dos cabelos que eram loiros.

— Você parecia com Rose Tyler? Agora atentando aos detalhes... – Ele a observou. – Sim você a lembra, sim. Mas ela era mais dócil.

— Doutor, eu posso ver os arquivos de seus antigos companheiros?

— Por que isso, Alexia?

— Sabe, desde menina eu tenho um sonho onde eu vejo uma mulher de longos cabelos loiros e ao olhar para baixo vejo tênis coloridos.

O Doutor ponderou sobre o pedido de Alexia.

— Acessar arquivos Rose Tyler.

Uma tela se abriu e imagens de uma jovem loura seguiam-se em seqüência primeiro em companhia de um homem de roupas pretas e cabelo cortado rente. Alexia olhou para o Doutor.

— Eu não tive sorte com as orelhas... – eles voltaram a olhar a tela.

Depois a jovem loura estava na companhia de um jovem alto e magro vestindo um paletó azul e sobretudo marrom.

— É ele. Ele aparece no meu sonho!

— Essa é minha décima vida. Mas eu e Rose Tyler nos separarmos durante a batalha de Canary Warf. Daleks e Cyberman. Ela ficou presa em um universo paralelo.

— Isso não é nada para quem tem uma nave como a sua, Doutor. – Alexia respondeu com voz sumida. – Me diga a verdade: Você pode ser o meu pai e ela a minha mãe?

O Doutor olhou para ela rapidamente, sem nenhum traço de humor no rosto.

— Nunca diga isso! Não sou seu pai. Isso seria... Inconcebível.

— Mas você a amava, não?

— Não. Sim. Eu não sei. Nós tínhamos algo profundo. Mas agora tenho certeza que não era amor. Mas eu não estava preparado para amá-la e nem ela a mim. Eu não envelheço você sabe. De uma maneira ou outra nós tínhamos que nos separar. E doeu quando nós nos separamos. Eu não podia vê-la definhar como a qualquer ser humano.

— Doutor, quando nós voltamos da nossa aventura com os vampiros...

— Povo ancião.

— Ok, povo ancião. – ela se retratou – Quando nós voltamos, eu encontrei uma sala na TARDIS que parecia uma campina. Céu azul, árvores frutíferas.

— Sim eu sei. É muito relaxante depois de um dia de trabalho, não?

— Sim, é. Eu fui para o meu quarto tirar aquele vestido vitoriano. Quando terminei, eu saí a lhe procurar. Ao passar em frente a essa mesma sala, ela parecia chamar-me. Mas quando entrei, vi que algo havia mudado. Entrei em um estado de sonolência e apaguei. Eu vi um casal e uma garotinha. Eles estavam juntos até que uma terceira pessoa os ameaçou. Eles perderam a vida lutando para defender a garotinha. E eu acho que essa garotinha... Era eu.

— Poderia ser um sonho.

— Um sonho não deixa você com uma dor física insuportável. Eu estive em outra realidade, Doutor. Numa realidade onde a TARDIS era um prédio enorme e estava rodeada de lápides. Se verdadeira ou fruto da minha imaginação eu não sei. Só sei que a dor que eu senti era dolorida demais para ser falsa.

— Leve até essa sala. – o Doutor pegou em sua mão. – Isso não poderia acontecer.

— Não. É perigoso!

Enquanto eles estavam nessa discussão, o rotor da TARDIS parou anunciando o pouso.

— Bem teremos que deixar isso para mais tarde, Alexia. Nós chegamos ao nosso destino. – ele pegou na mão dela e a levou para saída.

— Mas aqui, - Alexia olhou para os lados – Aqui é o Instituto Torchwood. Em que ano estamos?

— 2028. 14 de maio. – o Doutor consultou o seu relógio de bolso.

— 14 de maio de 2028. Foi no dia em que nós conhecemos.

— O dia do cometa.

— Sim e o dia em que eu e Winston iniciamos o projeto Arcanjo.

— Projeto Arcanjo? Onde eu já ouvi esse nome?

— O projeto Arcanjo é um sistema de interligação entre satélites. Mandamos um sinal para o espaço e esse sinal interliga todos os satélites de comunicação ao redor da Terra emitindo um sinal que percorrera o Universo numa via dupla. Emitindo e recebendo sinais. Idéia minha. – ela anunciou com orgulho. Depois ela olhou para o Doutor, horrorizada. – Era eu. Todo o tempo. Eu realmente sou culpada de ter aberto a fenda.

O Doutor colocou a mão em seu ombro:

— Tenho certeza que existe uma explicação para isso. E como o sistema é iniciado? – eles percorriam os corredores cautelosamente.

— Isso é estranho. Por que quando eu falei com o Winston da minha idéia, ainda no meu último ano de universidade ele disse que iria conversar com um conhecido dele e arranjar a tecnologia necessária para iniciar o projeto.

— Ele disse quem era essa pessoa?

— Disse. Seu nome era Saxon. Dr. Harold Saxon.

O Doutor parou no meio do corredor.

— Onde eu já ouvi esse nome?


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