Criança Perdida escrita por Lu Rosa


Capítulo 28
Capitulo Vinte e Oito


Notas iniciais do capítulo

Bem, chegamos ao fim de Criança Perdida. Eu, como fã de Doctor Who, não poderia deixar de prestar meu tributo á essa série fenomenal. Um carinho especial também ao meu Doutor favorito, o oitavo, interpretado magicamente pelo ator Paul McGann.



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— Não vai demorar, vou pegar um chá para nós. – ela saiu por uma das portas. Adrian tinha muita vontade de segui-la, mas ele tinha muito que pensar. O Doutor permaneceu parado na frente da TARDIS.

— E, então? Tem muitas perguntas, não é?

— Acho que devo começar com: “O que vocês são?” Por que humanos já vi que não. – Adrian acusou.

— Você tem todo o direito de se sentir assim, filho. Mas tudo que escondemos de você foi para lhe proteger.

— Não deu muito certo, não é? Por que aquele cara...

— O Mestre.

— É o Mestre. Ele queria matar todo mundo. Então você deve ter mais gente atrás de você.

— Tenho sim.

— Essa caixa de madeira? É algum projeto secreto do governo?

— Não.

— Ela é alienígena?

— Sim. Ela é uma TARDIS – Tempo e Dimensão relativos no espaço. Ela é de Gallifrey.

— Vocês também? Eu sou? De Gallifrey, quero dizer

— Eu sou. Sua mãe é da Terra. Mas de outro universo.

— Ah! – Adrian levantou-se – As coisas só pioram!

Alexia entrou e colocou a bandeja de chá sobre a mesinha.

— Meus pais se chamavam Rose Tyler e John Smith. Ela era uma humana que havia conhecido o Doutor e meu pai era uma cópia genética dele que fora deixado aos cuidados dela depois de cometer genocídio. – Adrian arfou – Não se preocupe. Ele eliminou uma frota inteira da raça Dalek. Não se perdeu nada. – ela comentou de forma casual. - Eu cresci sem saber minha origem, em um lar adotivo. Seu pai me salvou de ser morta pelos Sontarianos numa batalha. Quando nós impedimos a abertura da fenda no Universo, todo meu futuro e passado se modificaram.

— Então as historias que você me contava antes de dormir... Eram todas verdadeiras?

Ela assentiu suavemente.

— Adrian, até onde nós sabemos você é tão humano quanto qualquer um. Mas sua mãe só modificou seu DNA quando começou a viajar no tempo e espaço. E é claro que, com exceção de hoje, não haverá mais a necessidade disso. – Doutor esclareceu.

Mas quando o Doutor levantou-se para trancar a TARDIS, um clarão apareceu e dele uma jovem loira surgiu.

Alexia e Adrian levantaram-se na mesma hora. Mas a jovem com um sorriso jocoso nos lábios dirigiu-se ao Doutor.

— Olá papai.

O Doutor ficou estático. Parado como uma estátua.

— Papai? – Alexia perguntou. – John, quem é ela?

Ele viu que sua esposa estreitava os olhos e aquilo sempre queria dizer problemas.

— Essa é Jenny. Durante uma passagem no planeta Messaline, eles retiraram uma parte de tecido da minha mão e duplicaram. O resultado disso é a Jenny. Ela é como minha filha. Mas não pode ser! Eu vi você morrer...

— Acho que foi a terra formação, Doutor. Precisamos de sua ajuda. Mas você está diferente.

— Muitas regenerações, Jenny.

— Oi, eu sou Adrian. Acho que somos irmãos, de alguma forma. – Adrian estendeu a mão num gesto cortês.

— E eu sou Alexia. No que podemos ajudar?

— O Universo está em desequilíbrio. A Proclamação das Sombras convocou a todos para ajudar. Eu vim para levá-lo Doutor.

Alexia aproximou-se do marido com o temor nos olhos. O momento que sempre temera chegara. Agora, em nome do Universo ele a deixaria.

Ele pareceu sentir o medo dela, pois disse:

— Eu me sinto honrado, Jenny. Mas eu não posso ir. – ele estendeu os braços e Alexia aninhou-se neles. – Eu tenho uma vida agora. Não sou mais o Doutor. Meu nome agora é John Tyler. Pai e marido.

Uma sombra passou pelos olhos de Jenny. Pelo que ela se lembrava do Doutor ele não recusaria um desafio desses.

— Mas eu posso ir! – declarou Adrian saindo de seu canto.

— Impossível! – disseram Alexia e Doutor ao mesmo tempo. – Você não sabe nada do que há lá fora.

— Eu terei o conhecimento da TARDIS. Você mesmo contou que existia uma caixa de madeira azul que tinha a maior biblioteca do mundo.

— E a escola? Você pensa em deixá-la? – perguntou o Doutor.

Adrian pareceu constrangido

— Na verdade, eu já a deixei.

— Você deixou a Academia? Ai, Adrian! O que eu faço com você?

— Você sempre me ensinou a proteger o indefeso. A não compactuar com a injustiça. Pois bem, existia um aluno que era lento em relação aos outros. Mas isso não advinha de preguiça, como o sargento sempre falava. O rapaz tinha uma má formação do sistema ósseo. Seus ossos eram fracos. Por isso ele não investia em si mesmo. Hoje houve uma série de exercícios que já era difícil até para nós. Meu colega com problemas ósseos além de ter ficado para trás, caiu várias vezes. Eu o ajudava a continuar quando o sargento voltou. Ele o ofendeu de várias formas, o garoto fazia força para não chorar quando ele tocou na família dele. Ele havia perdido a família uma semana antes de acidente aéreo. Eu não agüentei, e esmurrei o sargento. Peguei meu colega, o coloquei no jipe do sargento e nos apresentamos ao coronel. Então eu pedi dispensa da Academia. Meu colega me acompanhou na dispensa. Ele foi para o norte do país. E eu vou andar pelo Universo!

Seu pai segurou-o pelos ombros.

— Você é um orgulho para mim. Defendendo o indefeso, o fraco. – ele olhou para sua esposa – Ele tem a sua coragem, Alexia.

Ela assentiu emocionada. Mas aproximando-se do marido e do filho ela perguntou:

— Você o deixaria viver o que você viveu? A solidão, a maldição dos Senhores do Tempo? De continuar sempre sozinho?

— Mãe, essa vida foi escolha dele. Eu tenho vocês, tenho para onde voltar e agora – ele olhou para Jenny que sorriu timidamente – agora eu tenho uma irmã. Bem, uma meia irmã na verdade. Eu vou ficar bem, confiem em mim.

O Doutor assentiu respeitando a decisão de seu filho que agora era um homem feito. Ele tirou a chave da TARDIS e a sua chave sônica do bolso do casaco.

— Isso pertence a você por direito. O meu legado para você.

Adrian olhou para a estranha chave e riu.

— Os rapazes da minha idade ganham um carro aos dezoito. Eu ganho uma nave espacial.

— Que é maior por dentro do que por fora. – completou a mãe.

Quando Adrian ia colocar a chave para abrir a porta, o doutor colocou a mão sobre a dele.

— Um pequeno truque antes... – ele estalou os dedos e as portas da TARDIS abriram-se.

— Que maneiro... – Adrian vibrou.

O Doutor congelou por um ou dois segundos, antes de virar-se para seu filho e pedir com voz estrangulada.

— O que você disse? Diga novamente...

Adrian olhou para seu pai. – Que maneiro...

O Doutor o segurou em um abraço apertado.

— A resposta estava todo o tempo na minha frente. A pergunta finalmente respondida. 

Nesse momento, as luzes do console começaram a piscar e uma voz ecoou pelo grande salão.

— Convocando o conselho de guerra...

— O que é isso? – perguntou Alexia entrando na TARDIS junto com Jenny.

— Quer dizer que a primeira aventura do nosso filho vai começar. Jenny, nós estamos lhe entregando nosso maior tesouro, você já conhece o que há lá fora. Cuide dele.

Jenny assentiu solenemente. – Eu cuidarei, Doutor.

— Antes que eu esqueça, - ele a cingiu em um abraço apertado – cuide-se você também, filha.

Ela procurou esconder as lágrimas.

— Está bem, papai.

Alexia segurou o rosto de seu filho.

— Seja corajoso, bom e gentil. Continue com os ensinamentos que eu e seu pai passamos a você. E venha para o Natal.

— Eu virei, mamãe. Com certeza eu virei.

O casal saiu da TARDIS, deixando os jovens a movimentar os controles.

— Convocando o conselho de guerra... – a voz continuava ecoando pelo salão.

— Então, salvar o Universo... – começou Adrian

— E combater monstros... – completou Jenny.

Os dois olharam para a tela e nela havia algumas palavras.

DESTINO TRAVADO – GALLIFREY

O Doutor e Alexia viram a nave desmaterializar-se e ele comentou com a esposa.

— E estranho vê-la indo embora e saber que eu não estou lá.

— Ela sempre retorna ao ponto de origem, não é assim?

Os dois sentaram-se e Alexia serviu as xícaras de chá.

— Bem, então voltamos á nossa vida tranqüila?

Numa resposta, o ruído da TARDIS voltou a ser ouvido na sala e eles se levantaram.

Eles esperaram, mas ninguém saiu. Alexia olhou apreensiva para seu marido.

O Doutor estalou os dedos e as portas voltaram a se abrir e os dois entraram na TARDIS.

Mas o grande salão estava vazio. Sobre o console, havia um envelope. Alexia o pegou. Nele estava escrito: Aos meus pais.

O Doutor abriu o envelope e pegou o papel que estava dentro.

— Eu vou ler...

“Queridos pais, eu os conheço há dezoito anos, mas nunca soube o tamanho do legado que vocês me transmitiram. Ao viajar pelo universo na companhia da Jenny eu percebi o quanto você, meu pai, é amado e temido. A presença de sua TARDIS invocava a imagem do Doutor, o Senhor do Tempo, o Deus solitário (eu ouvi muitos se referirem a você desse jeito). E as histórias sobre a criança da fenda, a criança que veio de outro universo. A maior guerreira que a UNIT já teve. E era da minha mãe que falavam. Eu já cruzei com algumas versões suas e posso afirmar: Pai, você é o cara!

Na Proclamação das Sombras vocês são lendas. E eu não poderia carregar tal legado. E a TARDIS é parte disso. Eu sou Adrian, filho de vocês. Não sou o Doutor da TARDIS, o Deus solitário.

Estou com a Jenny recebendo treinamento de Agente Temporal e vocês ficarão felizes em saber que eu respondo bem à disciplina agora. Nosso Agente sênior até que é legal. Ele se chama Jack Harkness.

— Ah, claro! – suspirou o Doutor, revirando os olhos.

Estamos mandando a TARDIS de volta para vocês por que lhes é de direito. Eu traçarei meu próprio caminho. E construirei meu próprio legado baseando-o em seus ensinamentos. Eu os amo.

Um beijo,

Adrian.”

O Doutor dobrou o papel e colocou-o novamente no envelope, enquanto Alexia enxugava as lágrimas.

— Bem, parece que voltamos mesmo...

— Mas a TARDIS já está aqui mesmo e eu acho que vou gostar de visitar mais alguns planetas... – ela ergueu-se na ponta nos pés e murmurou junto aos lábios dele.

— Você já ouviu falar num planeta chamado Meia-noite?

— Não, meu Doutor. Mas adoraria conhecer...

— E temos todo o tempo e o espaço para isso. – ele respondeu em um tom que prenunciava doces promessas.

Ele apertou um botão e a ergueu nos braços, levando-a para o interior da nave.

A TARDIS continuaria vagando pelo universo.

FIM


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