Young and Beautiful escrita por Anne Masen


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Quem disse que não existe milagre natalino? hahaha Explico tudo melhor nas notas finais, mas de já: muito obrigada do fundo do meu coração a todas pelos comentários, e a quem eu não respondi, responderei em breve, prometo!



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CAPÍTULO CINCO

Parecia que estavam de volta ao campus da universidade, quando Bella costumava sentar no gramado com as amigas e observar os garotos que jogavam bola não muito longe dali. Uma coisa de fato não havia mudado: o fato de Isabella ter olhos somente para Edward, totalmente alheia aos outros garotos suados e sem camisa que também corriam de um lado para o outro no campo, pelos quais suas amigas soltavam risadinhas e suspiros.

No presente, contudo, a grama havia sido substituída por um piso firme e brilhante tomado por aparelhos de academia, e Bella não era mais admiradora solitária do corpo de Edward em movimento. A recepcionista e outras frequentadoras do lugar haviam se juntado a ela, algumas deixando de lado as próprias séries que deveriam estar fazendo.

Bella terminara havia poucos minutos a sua série de exercícios aeróbicos e agora se encontrava sentada em uma grande bola de ginástica em um canto afastado, normalizando a respiração. Edward não estava muito longe, e parecia bem mais concentrado nos exercícios que ela, com um personal trainer ao seu lado enquanto ele fazia levantamento de peso.

Para o inferno as boas maneiras, Isabella resmungou mentalmente, continuando a encará-lo.

Depois de um tempo ela resolveu dar uma volta. Colocou a toalha de rosto – a que trouxera - sobre os ombros e se encaminhou para o segundo andar da academia, onde ela descobriu uma lanchonete e um corredor que a levou a uma área diferente da academia, que desenvolvia atividades específicas, como dança e artes marciais. Ficou impressionada ao passar por um homem gigantesco que espancava furiosamente um saco de areia, preso ao teto por uma corrente, como se o objeto fosse seu pior inimigo. Ela não conseguiria dar um mísero golpe daquele sem no mínimo quebrar a mão.

— Boxe, hein? Não parece muito a sua cara, mas quem sou eu para julgar, certo?

Ela sentiu a respiração ficar presa na garganta com o susto e virou-se rapidamente, encontrando ninguém menos que Riley, vestindo uma bermuda, camiseta preta e tênis de corrida. O “sorriso eterno estava no lugar de sempre.

— Será que algum dia nossos encontros serão menos repentinos, Biers? — disse Isabella com os olhos levemente arregalados para ele.

Riley riu.

— Desculpe, não quis assustá-la.

Isabella acenou com a mão, fazendo pouco caso. Ela mais uma vez notou as roupas que ele vestia.

— Mas então, resolveu me seguir ou o quê? Achei que ia me ligar primeiro. — brincou Isabella depois que seu coração voltou a bater em um ritmo normal.

— Oh, não, você que está na minha área. — defendeu-se Riley. — Eu trabalho aqui.

— É mesmo? — as sobrancelhas de Bella se ergueram e ela cruzou os braços contra o peito, de repente se dando conta do próprio corpo. Quando imaginara se encontrar novamente com Riley, não esperara que um top e calça legging fizessem parte de seu figurino, além do cabelo preso em um rabo de cavalo desgrenhado e a fina camada de suor que cobria seu rosto.

Foi um consolo ver que Riley estava tão produzido quanto ela.

Yep, já vai fazer um mês. — havia um leve tom de orgulho no tom do rapaz.

— Uau, parece profissional.

— Hey, primeiro trampo para conseguir um dinheiro extra, é coisa séria.

Os dois compartilharam uma risada. Riley parecia muito bem humorado e animado, tanto que mal conseguia ficar parado, o tempo todo trocando o peso do corpo sobre as pernas e cuidando para que a conversa não tivesse fim.

— Isso me faz pensar em uma coisa: eu nunca vi você por aqui. — pontuou.

— Ah, isso é porque eu não costumo vir aqui, hoje foi uma exceção, pois vim com o... — ela apontou com o polegar sobre o ombro para a área da academia de onde viera, completamente alheia sobre quem se aproximava das suas costas naquele momento.

— Aí está você! — um Edward um pouquinho ofegante e com os cabelos mais bagunçados que o normal postou-se ao lado de Bella.

— ...Edward. — finalizou Bella ao ver o marido. Ela viu quando Edward desviou o olhar de seu rosto para encarar Riley.

Edward interrompeu a conversa com seu personal trainer ao perceber que Isabella não estava mais no seu campo de visão, e ciente de que era a primeira vez dela na academia que ele costumava frequentar, preocupou-se pensando que talvez ela estivesse perdida. Conferiu o primeiro andar todo, mas sem encontrá-la resolveu perguntar na recepção se alguém tinha notícias de Isabella. A recepcionista pareceu um pouco tonta ao falar com ele, mas enfim disse que uma garota parecida com a descrição que ele dera seguira em direção às escadas.

Fora mais fácil dessa vez, e ele não demorou a encontrá-la ao lado de um homem, conversando. Seu primeiro impulso foi acelerar o passo, a expressão fechada à medida que se aproximava dos dois. Não conseguia imaginar quem poderia ser a companhia da esposa, já que ela não conhecia nada dali, e então contraiu os punhos ao pensar que algum engraçadinho poderia estar se aproveitando de Isabella. Ele sabia que garotos mal intencionados em busca de um brinquedo eram o que não faltava naquele lugar.

Com isso em mente, ele não pensou duas vezes antes de colocar a mão na base das costas de Isabella para chamar a sua atenção – e de quebra, chamar a atenção do rapaz pra o que aquele gesto significava.

Bella o recebeu com um sorriso e discretamente o abraçou de volta.

— Eu estava te procurando. Você sumiu. — disse Edward.

— Oh, sim. Vim dar uma volta e acabei encontrando o Riley, começamos a conversar... Você se lembra dele, não é? — disse Bella, voltando os olhos para o amigo.

O nome familiar fez Edward olhar novamente na direção de Riley, com mais atenção, e ele se viu tão perplexo quanto Isabella com a nova aparência de Riley Biers. Lembrava-se dele com o rosto cheio e os cabelos mais compridos, além de uns bons centímetros a menos. Agora ele estava quase tão alto quanto o próprio Edward, e os traços do rosto estavam mais demarcados.

Não foram amigos próximos na faculdade, o máximo ao que chegaram foram breves cumprimentos nos corredores, nas vezes em que Edward ia encontrar com Bella e ela estava com o amigo. Na memória de Edward, Riley era um garoto tímido que não falava muito na presença dele.

Edward acenou em reconhecimento para ele.

— Edward. — disse Riley, estendendo a mão na sua direção.

Edward apertou a mão de Riley brevemente, e uma tensão caiu sobre os três. Bella queria evitar aquilo, mas não sabia o que fazer diante do olhar que os dois homens trocavam. O braço de Edward continuava envolvendo Isabella pelo quadril, e ela conhecia muito bem aquela atitude. Ele não confiava na pessoa que falava com ela.

Oh, não. O ciúme era um defeito que os dois tinham, e ambos tinham maneiras diferentes de lidar com ele. Isabella era como uma bomba-relógio que não explodia de imediato, mas fazia seu estrago depois quando sua tolerância esgotava. Edward, por outro lado, demonstrava possessividade sobre a esposa quando lhe convinha e de modos variados - o que não significava que ele agia feito um homem das cavernas toda vez que alguém se aproximava de Bella, mas definitivamente já causara conflito entre os dois.

Mas agora o que intrigava Isabella era diferente. Ela não via sentido naquele show disfarçado de Edward com Riley quando ele simplesmente desprezava todos os alertas dela sobre Kate. E, além disso, Riley não era um estranho. Eles se conheciam, pelo amor de Deus. Riley fora um grande amigo de Bella por muito tempo, até mesmo antes de Edward.

As mudanças de humor de Edward eram tão frustrantes para ela! Em um minuto ele era todo contido e moderadamente distante, e em um piscar de olhos ele tornava-se superprotetor e colocava-se a frente dela como se para protegê-la de um tiro.

— Desculpe tomar o tempo de Bella, não sabia que ela estava acompanhada. — disse Riley com um pequeno sorriso.

— Não se preocupe com isso. — adiantou-se Bella para tranquilizá-lo, embora Riley não aparentasse estar arrependido de verdade.

— Ei, Riley, preciso de você aqui! — um cara baixinho gritou do outro lado da sala. Ele parecia estar tendo dificuldade para levantar alguns pesos.

Riley fez um gesto com a mão para dizer que ele estaria lá em um instante antes de se virar para o casal a sua frente.

— Eu tenho que voltar ao trabalho. Foi bom te ver, Bella.

Vendo que Riley estava se aproximando para um abraço, Isabella delicadamente se soltou do aperto de Edward para ir ao seu encontro.

— A gente se vê. — dessa vez Riley se dirigiu a Edward.

— Claro. — ele respondeu, embora por dentro não estivesse muito animado com a ideia.

Bella assistiu o amigo se distanciar com um sorriso no rosto, em resposta ao aceno que ele lhe deu por cima do ombro, mas sua animação diminuiu um pouco ao ver o vinco entre as sobrancelhas de Edward, que parecia desconfortável. Decidiu não pensar nisso no momento.

— Devemos ir? Eu vou pegar as minhas coisas. — ela girou nos calcanhares e seguiu para o andar de baixo.

Y&B

TAYLOR

Anne está com você?

Sim, senhora. Acabei de deixá-la no apartamento.

OK. Obrigada, Taylor. :)

Disponha, senhora Cullen.



— Eu não entendo o porquê de Taylor não me chamar pelo meu nome. — disse Isabella guardando o celular na bolsa.

Edward desviou a atenção dos carros em volta deles para olhá-la.

Edward conduziu o carro para o outro lado da rua e entrou na fila do drive-thru do McDonalds perto da academia onde eles estavam. A fila não estava muito grande, mas ele podia ver que ainda levaria alguns minutos até que fosse a vez deles. Ele colocou o carro em ponto morto e voltou a atenção para a esposa.

— Quer dizer, ele está com a gente há um tempão e eu já lhe disse que poderia me chamar pelo primeiro nome, mas ele é bem teimoso. — Isabella inclinou a cabeça para o lado, pensando na postura sempre contida e na impecável formalidade de Taylor.

— Taylor leva seu trabalho muito a sério. Sempre levou. Alguns velhos hábitos não morrem facilmente. — Respondeu Edward. — Ele trabalha comigo desde que eu era pequeno, mas, mesmo assim, nunca deixei de ser o sr. Cullen.

Isabella ponderou as palavras de Edward com um sorriso, ao mesmo tempo em que a imagem de Edward ainda criança sendo levado à escola por Taylor atravessava sua mente; uma visão adorável. Desejou ter o conhecido enquanto criança, e com isso em mente, fez uma nota mental para perguntar a Esme se ela teria uma foto de Edward, quando pequeno, guardada.

— Como você era quando criança? — ela perguntou.

Edward piscou com a mudança de assunto.

— Como assim?

— Agitado, calmo, chorão, comportado, traquino...? — Bella colocou uma perna flexionada em cima do banco para ficar de frente para ele.

Edward pensou em silêncio.

— Hum, eu era normal, eu acho.

Ela franziu a boca para ele.

— Vamos lá, você tem que dar algo melhor que isso. Estou curiosa, você nunca me falou muita coisa da sua infância.

Edward viu que Bella parecia genuinamente curiosa, e se esforçou para formar uma resposta decente.

— Bem... Eu me lembro de passar muito tempo em casa, de estar principalmente com Esme e com os empregados, uma vez que não tinha muitos amigos fora da escola. Por causa disso, muitas vezes brincava sozinho ou simplesmente gostava de correr pelo nosso jardim ou brincar com o cachorro do nosso vizinho. — um canto da boca de Edward se ergueu minimamente enquanto ele se deixava levar pelas lembranças de infância. O tempo tornara muitas delas em borrões coloridos, mas ele ainda conseguia recordar de sensações como tocar o pelo macio do Bred, o cachorro, ou o vento bagunçando seu cabelo enquanto ele corria. — As coisas melhoraram quando Rosalie nasceu, embora uma irmã mais nova não tivesse sido exatamente o tipo de amigo que eu queria na época. Aquela garota é uma versão da Barbie desde pequena.

Pensar na cunhada fez Bella sorrir. Ela sabia o quanto os dois irmãos eram bem diferentes em certos aspectos, e ela podia claramente imaginar a amiga preferindo brincar com bonecas a sujar seus sapatos de lama durante um jogo ao ar livre com o irmão mais velho.

Bella notou que Edward não falara de Carlisle, mas sobre isso ela não o questionaria, pois já poderia imaginar os motivos. A relação problemática que os dois tiveram não era algo que ela queria trazer a tona.

— Então quer dizer que você nem sempre teve a fama de festeiro rico e esnobe? — disse Bella, levantando as sobrancelhas para ele em divertimento. — E a verdade sobre Edward Masen Cullen é revelada. Estou chocada.

Edward fez uma careta ao ouvir as palavras da esposa, mas deixou que uma pequena risada lhe escapasse.

— No ensino médio eu conheci Emmett, e foi aí que as coisas mudaram de verdade. Ele era incapaz de ficar parado, então me arrastava para festas e coisas do tipo sempre que podia, e eu não tinha outra escolha a não ser ir com ele. — Edward deu de ombros ao terminar.

Ela teria acreditado no olhar inocente que ele lançou a ela se não soubesse da parte que ele propositalmente deixara de fora.

— Oh, como se você não tivesse gostado de cada uma daquelas festas! — ela pontuou, empurrando o ombro dele com uma mão. — Eu conheço você, Edward, não tente me enganar.

Ele riu dela, mas não negou suas palavras. Não havia o que negar.

— Bons momentos. — suspirou Edward dramaticamente. — Parece que foram há uma eternidade atrás.

Isabella simplesmente concordou com a cabeça, tentando não pensar muito no contraste entre a vida que os dois levavam antes e a vida atual. Todos, em algum momento da vida, pensam com nostalgia sobre o passado, sobre uma época sem responsabilidades e com tempo de sobra para aproveitar a vida ao lado de quem se ama, e Bella não era exceção. No entanto, ela não se arrependia das escolhas que tinha feito – e esperava que Edward também não –, pois se não fosse por elas, nem Edward e nem sua preciosa Anne estariam com ela.

E ela talvez ainda estivesse sob as mãos viciosas de seu pai. Sentiu um embrulhar no estômago com o pensamento.

Os dois ficaram por um tempo sem conversar, até que a fila do drive-thru avançou o suficiente para que fosse a vez deles.

— O que você vai querer? — perguntou Edward, pressionando o botão que abaixava o vidro da janela.

— O de sempre. — respondeu.

— Falando de velhos hábitos... — ele murmurou para ela antes de virar o rosto para a sua janela.

Ao ouvir Edward reportar seu pedido, Isabella revirou os olhos mesmo que Edward não pudesse vê-la.

— Olha quem fala senhor Como-uma-bomba-de-colesterol-em-forma-de-sanduíche-desde-sempre. — resmungou ela, sabendo que ele ouviria.

O riso baixo que veio dele confirmou isso, e ela se viu admirando a covinha que surgiu no rosto de Edward.

Alguns minutos depois eles seguiram adiante com o carro, parando em frente a uma janela onde havia um jovem usando um boné vermelho com o símbolo da empresa. Ele era alto e tinha no rosto pálido, com sardas que cobriam suas bochechas coradas, repuxadas naquele momento em um pequeno e educado sorriso enquanto ele entregava a Edward duas sacolas de papel e em seguida as bebidas do casal.

Assim que pegou sua sacola nas mãos, Bella rapidamente procurou pelo canudinho do seu suco, lembrando-se de que não tomara nada antes de sair da academia e que estava morrendo de sede. Depois de vasculhar por todos os cantos, inclusive dentro da sacola, ela percebeu que o canudo estava faltando.

Libertando-se do cinto de segurança, ela se inclinou sobre Edward até que o rapaz das sardas pudesse vê-la.

— Com licença, oi. — ela disse. — Você poderia me dar um canudinho? O meu não está aqui.

O rosto do garoto ficou ainda mais vermelho enquanto ele absorvia não só as palavras de Bella, mas a sua aparência. Ele tomou um tempo maior que o necessário para respondê-la, fazendo uso dele para deslizar o olhar por todo o pedaço de pele que o top dela deixava a mostra.

— C-claro.

Ele sumiu de vista por um instante e quando voltou, entregou a ela o canudo e também alguns lencinhos descartáveis.

— Caso esteja faltando isso também. — o sorriso dele era largo.

Isabella sorriu de volta, apreciando a gentileza do rapaz.

— Obrigada. — ela disse antes de voltar para o banco do passageiro.

Edward finalmente saiu do seu papel de mero espectador da cena e se virou para pagar pelo lanche, fazendo questão de bloquear a visão do garoto em cima de Bella. O atendente, vendo o olhar nada amistoso do homem, endireitou sua postura e voltou ao trabalho.

Quando o carro voltou à vida e se lançou novamente nas ruas lotadas da cidade, Bella já estava comendo seu sanduíche, suspirando de prazer a cada mordida e se recusando a dar atenção à voz em sua cabeça que geralmente a lembrava do fato de que acabara de sair de uma sessão de uma hora e meia de exercício físico, e que era engraçado ela estar se acabando em um lanche nada saudável momentos depois.

Querendo ela ou não – e tendo consciência disso ou não –, seu passado como uma adolescente forçada a vigiar seu o peso deixara suas marcas na pessoa que ela era hoje.

— Cuidado com o banco, Isabella. — o murmúrio de Edward a tirou da sua nuvem de felicidade.

Ela olhou para baixo procurando por algum dano no carro, mas não encontrou nada. Ela fez uma careta para Edward enquanto mastigava algumas batatas fritas.

— Não sujei o carro. — ela disse.

— Eu não disse que tinha, só disse para ter cuidado. — Edward não tirou os olhos da rua, sua voz firme.

— E precisa desse drama todo? O que há com você? — Bella não entendia o que mudara o humor dele.

Edward a olhou pelo canto do olho rapidamente antes de segurar firme no volante.

— Nada.

— Tem certeza?

— Sim.

Isso não a convenceu. Conhecia as mudanças de humor dele, mas aquilo não fazia sentido nenhum, não com um motivo tão banal como aquele. Edward nunca se importou com essas coisas. Ela virou para frente e comeu mais algumas batatas, meditando sobre isso.

— Aquele cara estava babando por você.

— Eu sabia! — disse ela, balançando a cabeça. Então havia mais.

— Qual é, não me diga que você não percebeu. — Edward tinha o rosto franzido quando olhou para ela.

— Você está exagerando, Edward. Ele só estava sendo simpático. — ela rebateu.

— Ah, claro. — Edward torceu a boca, a voz marcada pela ironia. — Hoje é o dia perfeito encontrar pessoas simpáticas.

O jeito que ele disse aquela última palavra chamou a atenção de Isabella, e ela percebeu de imediato que Riley estava incluso no discurso. A cabeça dela girou com a mudança de atmosfera entre os dois. Aquilo a irritou de uma maneira estranha, familiar. E então ela se lembrou do episódio na academia, do modo como ele havia se comportado na presença de Riley.

— Riley é meu amigo. Foi completamente desnecessário o que você fez na academia. — ela pontuou.

— Você não vê, não é? Ele ainda gosta de você.

— Como assim ainda? — o tom de voz de Isabella se elevou. — Você está ouvindo o que está dizendo? Riley é um velho amigo e você sabe disso, nunca houve nada além disso entre nós.

— Ele bem queria que tivesse. — rebateu Edward entre dentes.

Isabella fechou os punhos em torno do pedaço de sanduíche que segurava, quase o esmigalhando. Toda a sua fome sumira, e ela só queria sair do espaço apertado do carro. Ou socar algum objeto.

Os dois calaram-se, presos nos próprios pensamentos e na própria irritação.

A cabeça de Edwad fervilhava como há muito tempo não acontecia. A imagem de Riley com Isabella, tão próximos e risonhos, estava deixando-o louco, e ele odiava que seus sentimentos estivessem tão conflituosos que nem ele mesmo conseguisse defini-los. Sentia ciúmes, era óbvio, mas não era só isso. Odiava que Riley fizesse Isabella se sentir tão confortável na presença dele, rindo como uma adolescente. Estava sendo irracional, isso também era um fato, mas ver a esposa tão feliz com outra pessoa trouxera a ele um medo desconcertante, pois ao repassar o momento mentalmente, percebera que ele não a via assim tão relaxada e sorridente há um tempo.

Se havia uma coisa que Isabella aprendera com o pai era a conter as próprias emoções, escondê-las nas horas difíceis e só se deixar levar por elas quando estivesse sozinha, quando fosse mais oportuno. Mas Edward sempre fora uma exceção às suas regras e um intruso em qualquer barreira emocional que ela já construíra, não importava quanto ela lutasse contra isso. Não era algo de todo ruim, porque muitas vezes ele foi seu porto seguro, a confortou e a tornou forte de novo. Porém, agora ela não queria nada daquilo.

Assim que o carro foi devidamente estacionado na vaga do prédio onde eles moravam, Isabella bruscamente se lançou para fora, trazendo consigo todas as suas coisas e seguindo para o elevador. A porta se abriu prontamente com um apito e ela se pôs em um dos cantos, os olhos pregados na parede à frente. Edward veio instantes depois.

— Você esqueceu isso. — ele disse, estendendo a ela a bolsa que levara ao hospital.

Ela segurou firme na peça, quase bruscamente. Não disse nada.

Edward fechou os olhos e soltou o ar com força, apertando a ponte do nariz.

O silêncio opressor se dispersou quando chegaram ao apartamento e Isabella saiu do elevador a passos apressados, tirando os sapatos enquanto adentrava o lugar. Ele a seguia silenciosamente, como uma sombra, até o quarto que dividiam. Bella não conseguia ficar parada, e evitava o quanto podia olhar para o marido.

Não percebeu que estava chorando até que Edward a segurou pelo braço, fazendo com que ela parasse no meio do quarto. Ela ainda tentou se soltar, mas desistiu quando ele levantou seu rosto pelo queixo com a ponta dos dedos.

— Desculpe — ele disse. Ele estava tão agitado quanto ela, o ar deixava os pulmões rápida e artificialmente, e os olhos verdes dele lutavam para encontrar os castanhos dela. — Me desculpe, Bella, eu não estava pensando.

Ela balançou a cabeça.

— Eu juro por Deus que eu tento entendê-lo, Edward, mas não consigo. — as palavras saíram entre dentes, tal era o esforço que ela fazia para se manter controlada. — Como pode dizer essas coisas para mim quando se recusa a me ouvir quando eu falo para você de Kate? Quando eu me sinto ameaçada?

Ela aproveitou o momento para se afastar, enquanto Edward permanecia parado, aceitando suas palavras. Bella foi em direção à janela para abri-la, desejando que o ar frio da noite de alguma forma pudesse acalmá-la.

— É diferente com Riley, ele sente algo por você. Kate nunca...

Não. — ela virou para encará-lo, o dedo apontado na direção de Edward quando a raiva voltou a dominá-la. — Não tente se justificar, eu não vou engolir essa droga, Edward! Você é cego ou o quê? Não consegue ver que aquela sua secretária quer você mais do que tudo desde que pisou naquela empresa? E você a mantém lá como se nada estivesse acontecendo.

Bella tomou um segundo para recuperar o fôlego, podia sentir seu coração bombear furiosamente o sangue, e os pulmões lutarem por ar. Por um segundo pensou se Anne podia ouvi-la, pois tinha certeza que ela estava em algum lugar por ali, talvez só não tivesse notado a chegada dos pais em casa, ou talvez ouvira a voz elevada da mãe e ficara com medo de se aproximar. Independente do que fosse, era bom que não estivesse ali. Bella não poderia enfrentá-la naquele momento.

Ao voltar a atenção para o marido, encontrou-o encarando-a de volta parecendo assombrado, os braços estendidos ao lado do corpo com os punhos fechados.

— Então não, não abra a boca para falar de mim ou de Riley quando você está agindo feito um idiota.

Se Edward estava perdido em seus próprios pensamentos, aquilo trouxera toda a sua atenção para a mulher a sua frente.

— Você realmente acha que eu ligo pra o que Kate pensa ou deixa de pensar sobre mim, Bella? — ele perguntou, aproximando-se. — Você queria saber por que eu não a demiti, pois bem: não o fiz porque não me importo com ela, tudo o que eu preciso é que ela trabalhe para mim e ela o faz muito bem. Então ela pode fazer a merda que ela acha que vai chamar a minha atenção que para mim vai ver o mesmo que nada.

Edward segurou o rosto de Isabella nas mãos e ela não lutou contra ele.

— Kate não tem efeito nenhum em mim, Isabella.

A intensidade do olhar de Edward derrubou a resistência de Bella, fez com que ela se sentisse exausta. As lágrimas correram livres, molhando as mãos dele.

— Mas tem em mim. — sussurrou. — E a sua indiferença ao que acontece comigo me magoa mais do que qualquer coisa.

A conexão estabelecida entre eles permitiu Edward ver quando a raiva deu lugar ao medo no olhar da esposa. Naquele momento ele sentiu algo se revirar em seu íntimo, alertando-o de que aquela briga atingira seu ápice. Ele conteve o furacão de emoções que o consumia, e a expressão em seu rosto suavizou-se instantaneamente. Sua Bella demonstrava uma fragilidade que ele esperava nunca mais ter que presenciar, e que o apavorava. Ela estava mostrando a ele, sem resistência ou hesitação, o quanto ele a ferira.

— Bella... — suas mãos tremeram ao limpar uma lágrima do rosto pálido.

Isabella deu um passo para trás, saindo do alcance dele. Precisava de um tempo sozinha depois de ter se exposto tanto.

— Você talvez não seja capaz de ver o que isso tem feito com a gente, Edward, mas eu não sei se sou forte o suficiente para aguentar isso por muito mais tempo.

Quando Isabella saiu do quarto, deixou para trás um homem com o seu maior medo para assombrá-lo.


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Notas finais do capítulo

N/B: "- Você talvez não seja capaz de ver o que isso tem feito com a gente, Edward, mas eu não sei se sou forte o suficiente para aguentar isso por muito mais tempo.
Quando Isabella saiu do quarto, deixou para trás um homem com o seu maior medo para assombrá-lo."

Palavras que vieram à minha mente com o fim desse capítulo:
TURN DOWN FOR WHAT TAN TARAN TARAN TAN TARAN TARAN
Gente, eu adoro o modo como essa menina fecha os capítulos. ♥ O relacionamento dos dois e as inseguranças de cada um ficam mais expostos nesse capítulo, e os conflitos entre os dois começam a tomar mais espaço na história em meio aos momentos de descontração - como quando eles estão no carro - e parece que o enredo vai "entrando nos trilhos", digamos assim. Acho que a partir de agora, a coisa começa a ficar mais emocionante. asdfghjkl
É legal ver um pouco do ciúme do Edward, porque quebrou pra mim um pouco da impressão que eu tinha de que ele que é o barango da história (apesar de eu ainda achar que ele tá barango demais :x where is the cute Eduardo)
Eu tenho vontade de abraçar a Bella nessa fanfic ): e eu adorei ver ela um pouco mais... sei lá, firme (?). Ela também se expôs um pouco nesse capítulo, e eu espero que isso faça o Eduardo acordar e ver que o negócio tá pegando asdfghjkl
Enfim, espero não ter que esperar mais 5 meses pra poder revisar mais um capítulo de Young and Beautiful u-u Mesmo eu não sendo muito ligada em Crepúsculo, essa fanfic me cativou como uma daquelas pelas quais eu sofro pela falta de atualizações ~coração partido~ Então, raram raram u-u

N/A: Fica até meio chato eu pedir desculpas pra vocês porque parece que eu digo isso em todos os capítulos, embora também diga que não pretendo demorar. Mas você merecem não só um pedido de desculpas mas também explicações. De julho até o presente eu tive que enfrentar muita coisa aqui fora, não só um bloqueio de inspiração terrível, mas problemas pessoais e compromissos que me desanimaram demais na hora de escrever, resultando nesses meses todos em que eu não apareci por aqui. Mas agora, com provas escolares, vestibulares, problemas e etc deixados pra trás, eu finalmente consegui terminar o capítulo que eu deixei parado esse tempo todo, ufa! Queria agradecer a paciência enorme que vocês tem comigo, e o carinho também, os reviews de vocês me deixam super feliz! Espero conseguir recompesar a demora, e que vocês gostem do capítulo. Um beijo enorme pra Debora que revisou mais uma vez o texto pra mim e que escreveu o cometário lindo acima, você é demais!
É isso, vejo vocês nos comentários, se ainda tiver alguém por aqui, hahaha.
No meu perfil eu vou colocar links de redes sociais pra quem quiser falar comigo, sobre a fic ou só jogar conversa fora mesmo, hahah
Beijos!