Young and Beautiful escrita por Anne Masen


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

*limpando a poeira*
Oi, galera! (espero que ainda tenha uma galerinha por aqui)
Quanto tempo, né? Foram meses loucos pra mim por diversos motivos mas eu finalmente consegui! Perdão por todo esse tempo, de verdade, a paciência de vocês vale ouro. ❤

Obrigada pelos comentários de vocês, e ainda que as vezes não responda todos (prometo me organizar quanto a isso), leio todos e as palavras de vocês, as opiniões, reações e histórias que contam significa demais pra mim! Obrigada a Mari pela recomendação!! Te amo, pequena! ❤ Um beijo enorme pras minhas amigas que puxaram minha orelha durante esses meses e me lembraram do nosso querido marido de bosta ❤ hahaha Todo o amor do mundo a Debora que me atura nos piores dos bloqueios e ainda revisa o texto pra mim! ❤❤❤

p.s: as duas últimas partes do capítulo, marcadas pelos três asteriscos são flashbacks da noite da discussão do casal no capítulo anterior (caso não tenha ficado muito claro).



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CAPÍTULO SEIS

A vontade de levantar e alongar os músculos que ele sentia era quase insuportável depois de passar vários minutos limitado a poucas posições naquela cadeira. Em algum momento sua mente divagou e ele fez uma nota mental para solicitar uma mais confortável para sua sala.

O rapaz a sua frente escrevia vez ou outra em um bloco de notas, muito embora tivesse programado um gravador de voz no começo da entrevista. Edward não conseguia pensar naquilo como nada além uma perda de tempo, já que significava uma pausa desnecessária no falatório para as anotações.

Já era quase a hora do almoço, e se o entrevistador notou algum dos olhares impacientes de Edward, não pareceu se abalar. Na verdade, o rapaz de mais ou menos 26 anos, julgou Edward, parecia determinado a não encerrar a conversa até que tivesse toda informação que quisesse, fazendo perguntas que exigiam respostas completas e bem elaboradas com frequência. Se não estivesse tão ansioso para o fim da entrevista, Edward certamente admiraria o esforço do jornalista, uma vez que era aquele tipo de comprometimento com trabalho que ele procurava na hora de contratar pessoas para a empresa.

– A sua empresa é uma das maiores do país, e o senhor já deixou claro o quanto tudo isso exige de tempo e dedicação de todos envolvidos no funcionamento dela. – ele começou de novo, ajeitando a postura e fixando o olhar em Edward. – Eu gostaria de saber um pouco sobre como o senhor estabelece o equilíbrio entre o trabalho e os outros aspectos da sua vida.

Edward sustentou o olhar do jornalista, imóvel. Com uma perna dobrada de modo que o tornozelo estive apoiado no joelho da outra, e os dedos das mãos entrelaçadas na altura da boca, sua postura não deixava transparecer nada do que pudesse estar passando por sua cabeça.

– Você quer dizer a minha vida pessoal. – disse.

O rapaz sustentou o seu olhar, não parecendo envergonhado. Todos sabiam o quão difícil era conseguir qualquer tipo de informação sobre a privacidade de pessoas como Edward Cullen, alguém que escolhia meticulosamente o que compartilhar com o público sobre a parte de sua vida que não fosse de respeito à sua imagem pública, mas nada disso parecia importar para o entrevistador e tão pouco o impediria de tentar.

A mente de Edward começou a trabalhar rapidamente em uma resposta que fosse ao mesmo tempo simples e o suficiente para suprir a curiosidade do rapaz de uma vez por todas. A ideia de estender aquele assunto por muito tempo não era algo que o agradava.

– Nosso trabalho exige muito de nós, mas nos asseguramos que ninguém da nossa equipe seja sobrecarregado. Eles trabalham o suficiente para produzirem bons resultados e o tempo fora daqui é direcionado a outras necessidades.

A tentativa de transferir a pergunta direcionada especificamente a ele para um campo mais amplo de pessoas não passou despercebido pelo jornalista, a julgar pelo modo como seus olhos se estreitaram ligeiramente por trás dos óculos estilo retrô.

– Necessidades como passar tempo com a família e amigos, talvez?

Uma pausa.

– Sim.

– Outros membros da sua família, sua esposa é um exemplo, também exercem profissões que exigem tempo e dedicação. Isso ajuda na hora de compreender todo o tempo que você passa fora de casa?

O garoto esperou pacientemente pela resposta, o lápis devidamente posicionado no bloco de notas.

– Sim. Minha família sabe muito bem como o trabalho pode ser. Eles entendem.

Mas isso não torna as coisas mais fáceis, foi o que Edward não disse.

Naquele momento ouviu-se uma leve batida na porta seguida de Kate colocando a cabeça para dentro.

– Sr. Cullen, sua próxima reunião começará em poucos minutos. – ela recebeu um aceno de cabeça como resposta e se retirou, mas não antes de lançar um olhar para o rapaz entrevistador, em um alerta silencioso de “seu tempo acabou”.

Não deu outra. Em instantes o jovem recolhera suas coisas e trocara um aperto de mãos firme com Edward, agradecendo a oportunidade.

Finalmente sozinho na espaçosa sala, Edward tomou um tempo para admirar a vista que as paredes de vidro o proporcionavam. Era provavelmente a melhor do andar inteiro. Os prédios erguiam-se majestosamente em direção ao céu azul vívido e as pessoas seguiam seus caminhos nas calçadas lotadas. Podia ver o prédio onde morava e muito mais de Nova Iorque dali. A sensação era quase de que poderia controlar toda a cidade com o olhar.

Com o passar dos anos vendo-se naquela posição, embora a vista fosse revigorante, um inevitável sentimento de solidão passou a assaltá-lo; estava cercado por aquela beleza moderna e elegante e, no entanto, não deixava de pensar nela como algo superficial, uma vez que ele não possuía ninguém com quem compartilhá-la. No lugar onde ele passava a maior parte do dia, guardava a vista para si só.

Ficou tão absorto em pensamentos que não registou o retorno da secretária à sua sala, dando-se conta de Kate somente quando a ouviu limpar a garganta.

– Eu não tenho nada agendado até as quatorze horas – a voz dele saiu sem emoção, como se de alguma forma parte de sua mente ainda não estivesse no presente. – Por que interrompeu a entrevista?

Ouviu o farfalhar de uma sacola de papel e soube que Kate colocara algo em sua mesa e, apesar de ainda se encontrar de frente para a janela, soube que tratava-se de seu almoço.

– Porque o senhor não parecia confortável conversando com o rapaz. Achei que quisesse se livrar dele. – o tom aveludado dela chegou ao ouvido dele e foi seguido de uma pausa que se estendeu por poucos segundos.

Aquilo prendeu a atenção de Edward.

– O vidro não estava opaco. – Kate explicou.

Como se para provar a veracidade de suas palavras, ela pressionou um botão instalado na mesa de Edward, e de repente Nova Iorque não estava mais disponível com tanta clareza aos olhos dele. Todos os vidros tornaram-se opacos num piscar de olhos.

Era verdade que a sua paciência para entrevistas já estava quase no limite, mas ele poderia ter lidado com isso sozinho, sem que Kate se achasse no direito de tomar as rédeas como se os dois compartilhassem algum tipo de conhecimento sobre o outro que a desse o poder de fazer tal coisa.

Em dias normais ele teria dado tanta atenção ao assunto quanto a algo tão corriqueiro quanto o clima. Teria dado de ombros e agradecido pelo almoço, e então ela o mostraria mais um de seus sorrisos e de queixo erguido deixaria a sala. Mas aquele dia não parecia normal, e a visão de sua assistente para ali feito um animal esperando pela aprovação do dono mexeu com algo dentro dele que não era comum.

– Eu não pedi para que viesse me socorrer, srta. Denali. – ele diz. Não parecia com raiva, nem mesmo irritado, mas de alguma forma a falta de emoção na voz do patrão fez a respiração da loira perder o ritmo. – Acho que posso encerrar minhas próprias reuniões, não acha?

Ela não respondeu.

– Não tome decisões por mim baseando-se no que você acha que eu quero.

– Sim, senhor.

– Obrigado pelo almoço. – Esme o ensinara boas maneiras, apesar de tudo.

Era a deixa para que ela se retirasse, ela sabia, e assim o fez, o som de seus saltos ecoando pelo caminho até a porta.

A falta de fome levou o empresário a sequer olhar dentro da sacola que Kate trouxera, e ele tampouco voltou ao trabalho. Ainda que seu corpo estivesse ali, sua mente estava nublada com pensamentos de horas atrás, roubando-lhe a concentração e deixando-o com um mal estar semelhante ao de uma noite dedicada ao álcool, embora não fosse esse o caso.

Estava bêbado com imagens de cabelos e olhos cor de mogno e palavras sussurradas por lábios que mal se moviam na escuridão da noite. Ao fechar os olhos, ele podia revisitar os minutos em que passou com a cabeça de Isabella apoiada em seu peito, enquanto o seu braço repousava em volta dos ombros dela, trazendo-a para tão perto quanto fosse possível. O encontro deles após a briga fora inesperado para ambos, mas mesmo assim resultou no jovem casal preso um ao outro até que o sol penetrasse as janelas na manhã seguinte.

* * *

NA NOITE ANTERIOR

BELLA

Depois de deixar o quarto, Isabella parou no corredor para se recompor, a fim de evitar o risco de encontrar com Anne ou algum empregado naquele estado. Precisou de alguns minutos de respirações profundas e rezou para que seu rosto não estivesse muito inchado ou vermelho antes de seguir pelo apartamento.

Seguiu direto para o quarto da filha, onde a encontrou deitada de bruços no chão acarpetado, com o rosto apoiado em uma das mãos enquanto usava a outra para colorir o papel à sua frente. Sentada no pequeno sofá no canto do quarto estava Carmen, com um livro em mãos.

— Olhe quem chegou, Anne. — disse a senhora desviando a atenção da leitura quando Bella surgiu na entrada.

O lápis na mão da criança parou de mover e Anne levantou o rosto para a mãe, recebendo-a com um grande sorriso.

Isabella aproximou-se e se abaixou até que ficasse a altura de Anne, esta agora sentada com as pernas cruzadas.

— Oi, meu amor. — Bella espelhou o sorriso da filha, passando a mão nos cabelos macios dela e beijando o alto de sua cabeça. — Como você está?

— Tô bem. — Anne respondeu. — Adivinha só, mamãe! Minha professora pediu um desenho como dever de casa.

— Ah, é? E o que você está desenhando?

— Ela disse pra gente desenhar a nossa família. Quer ver?

— Claro.

O desenho em que Anne trabalhava quando Bella chegou era uma borboleta, mas depois a criança rapidamente mexeu nos papéis e trouxe para Bella o desenho do qual estava falando.

Havia um sol sorridente em um dos cantos superiores do papel, e no centro haviam três pessoas, duas delas eram mulheres — uma mulher e uma menina, na verdade —, que Bella supôs se tratar dela mesma e de Anne. As duas estavam de mãos dadas, enquanto a terceira figura estava uns centímetros mais afastada. As roupas das duas eram o destaque no desenho, pintadas de cores vivas e chamativas, e a roupa do que parecia ser Edward era o único detalhe escuro do desenho.

— Esse é o papai. — explicou Anne, notando o foco de Bella. — Ele tá trabalhando, por isso não tá com a gente aqui. — ela apontou para a imagem de si mesma no desenho. — E isso foi quando a senhora foi me buscar na escola.

Bella entendeu então que a cor escura de Edward era para os ternos que ele usava na maior parte do tempo.

— Você acha que eu devo desenhar a vovó, mãe? E também tem o vovô, o tio Emmett, a tia Rosalie, e o Felipe! — os olhos de Anne arregalavam a cada nome que adicionava.

Bella riu, um som cansado e baixo, mas ainda assim verdadeiro.

— Desenhe quem você quiser, meu amor.

No final a menina acabou por pegar todo o material que tinha, inclusive mais folhas de caderno, para terminar com o trabalho. Isabella pediu licença instantes depois, alegando cansaço quando a filha a convidou para se juntar a ela na bagunça de lápis. Recomendou que Carmen fosse dormir e disse que voltaria mais tarde para por Anne na cama.

Sentia a cabeça latejar um pouco e decidiu preparar a banheira, buscando um tempo para relaxar, só que ao invés de seguir para o banheiro de seu quarto, escolheu o que ficava próximo a sala de estar.

* * *

EDWARD

Passava das onze horas da noite quando Edward retornou da rua. Correr fora a única maneira que ele encontrara para clarear seus pensamentos, e de certa forma havia funcionado, mas parte dele sabia que mesmo que percorresse o Central Park inteiro, o nó em seu peito ainda estaria lá no fim das contas.

O apartamento estava silencioso, não havia sequer um abajur acesso esperando por ele. O som de seus pés no chão frio não era nada comparado ao martelar de seu coração enquanto ele seguia pela penumbra até os quartos. Imaginou que as luzes do seu quarto estivessem apagadas como o restante, e de fato estavam, mas se surpreendeu ao encontrar a cama de casal vazia e nenhum indício de movimentação por todo o cômodo. O momentâneo choque da visão quase o impediu de perceber a porta entreaberta que dava acesso ao seu escritório. Hesitou em continuar. Talvez Isabella não quisesse vê-lo, e ele lhe daria espaço. Percebeu que se fosse ele, provavelmente não iria querer estar em sua companhia também.

Resignado, optou por uma ducha antes de qualquer coisa. Seus movimentos eram mecânicos, parecia esfregar um corpo isento de vida. Não conseguia esquecer a imagem da esposa, gesticulando furiosa contra ele, o corpo vibrando com um tipo de energia que não lhe era característica.

Ele tinha estragado as coisas mais uma vez. Quantas vezes ele faria isso antes de perceber que o seu relacionamento com Bella estava por um fio?

Estava frustrado consigo mesmo. Sufocado com a força de sua própria desgraça, incapaz de lembrar quando ele deixou de encontrar as palavras certas para resolver problemas, ultrapassar barreiras e colocar as pessoas que amava acima de tudo. Era como se ele sentisse todo o seu mundo escorregar pelos seus dedos e não soubesse o que fazer para impedir.

Pensou em sua mãe, e pensou no que ela diria se soubesse como ele se sentia. Esme era uma boa pessoa, talvez a alma mais pura e caridosa que ele conhecia, e provavelmente lhe diria que tudo ficaria bem, que ele iria concertar tudo. As coisas sempre pareciam tão fáceis com ela.

Carlisle diria para ele deixar de ter pena de si mesmo como um maldito adolescente deprimido.

Edward só percebeu que estava a bastante tempo no banho quando a água quente começou a queimar suas costas. Secou-se com uma toalha e cobriu sua nudez com a peça, seguindo de volta para o quarto. Ainda vazio.

Costumava dormir apenas com a parte de baixo do pijama, mas naquela noite o ar estava especialmente gelado, como se para combinar com o frio que ele sentia por dentro. Deixou de lado qualquer dúvida anterior e adentrou seu escritório, uma parte dele temendo não encontrar ninguém ali também. Mas ele podia senti–la, sua presença, chamando-o de um jeito único e conhecido, embora o formigar em sua nuca pudesse ser confundido com o nervosismo que sentia.

Sua Bella estava enroscada no sofá em frente a parede de vidro, as costas iluminadas pela luz da lua e o rosto repousando sobre um dos braços, enquanto o outro meio que pendia para fora do móvel. O lugar estava escuro o suficiente para que ele não soubesse se ela dormia ou não. Aproximou-se dela a passos cautelosos e se abaixou ao seu lado. Por um segundo temeu tocá-la, temeu quebrar a aparente paz do ambiente, mas não poderia deixá-la passar a noite naquele sofá pouco confortável, pois descobrira pela respiração cadenciada de Bella que o cansaço há muito a vencera.

Quando ele tocou a esposa nos ombros, as pálpebras adormecidas tremularam e lentamente abriram. Isabella encontrou o rosto dele mas não disse nada e também não fez menção de se mover. Não repudiou o toque dele, como Edward intimamente esperava, mas também não se inclinou para a mão que repousava nela.

— Vamos, amor. Não vou deixá-la aqui. — suplicou ele.

Ela deixou ser levada por ele até a cama que dividiam, mas Edward podia senti–la ainda hesitante com a sensação estranha de estar nos braços dele após a discussão que tiveram. Depois de Isabella estar deitada com o lençol cobrindo seu corpo até a cintura, ele não teve certeza se deveria se juntar a ela. Afinal, a julgar pela mudez dela, Isabella ainda poderia rejeitá-lo de outra forma que não pelo toque. Talvez ainda preferisse a solidão.

Ele começou a se afastar quando a voz de Isabella chegou até ele, tão baixa que poderia muito bem ser um truque da mente, mas o toque da mão dela na sua não deixou dúvidas.

— Não vá.

Ele podia sentir o coração bater no peito tão forte que temeu Isabella ouvisse. O tempo que seguiu até que ele reagisse propriamente pareceu durar uma eternidade. Ainda que a sua expressão tenha sido suave e quase inalterada enquanto levantava o lençol e se colocava ao lado de Bella, Edward estava quebrando por dentro, quebrando em tantos pedacinhos, de maneira tão intensa que sentia o ar preso na garganta.

O efeito da aceitação de Bella sobre ele foi um misto de desconcerto e alívio.

Por um momento eles ficaram deitados lado a lado, ombro a ombro, o ar quase sussurrante ao passar entre os dois.

Foi Edward quem primeiro tocou na mão dela sob as cobertas, de início hesitante, para testá-la, depois com mais certeza quando os dedos dela receberam os dele sem resistência. Quando ele arriscou olhar para ela, encontrou-a de olhos fechados, como se tivesse caído no sono outra vez, mas seu peito movia-se depressa demais para isso.

Edward podia ver agora o que a escuridão do escritório escondera dele: as marcas e o inchaço sob os olhos dela, resultados das lágrimas que ela derramara na sua ausência.

— Isso está errado — a ouviu dizer, para sua surpresa.

— O quê?

— Isso — ela deu um aperto na mão dele. — não é a gente. Não era pra ser assim, Edward. Quando tudo se transformou em brigas, nessa maldita distância entre nós?

Ele não respondeu. O que diria?

— Às vezes eu me pergunto se não nos perdemos lá no começo, se de repente estávamos cegos demais para ver algum aviso bizarro que a vida tenha tentado enviar, e se mesmo assim ela tenha continuado a tentar por todos esses anos.

Incrivelmente, Isabella riu, um som seco de partir o coração.

— Você me entende, Edward? Consegue ver? A cor do nosso mundo foi sugada e eu sinto que sobra tão pouco agora.

Ela queria ver o rosto do marido, mas ele estava no lado escuro da cama, onde a luz da lua não chegava. Isabella então parou para se inclinar sobre ele, apoiando o corpo em um cotovelo e usando a outra mão para trazer o rosto dele à claridade, buscando os olhos verdes, esperando ver conforto neles, mas tudo que encontrou foi um pavor tão vívido que só então percebeu as próprias palavras.

— Ah, Edward, eu sinto muito. Acabei me deixando levar. — ela usou a mão livre para limpar o rosto úmido pelas lágrimas que voltavam a jorrar. Respirou fundo para se recompor e desviou o olhar, envergonhada.

Edward lentamente saiu do torpor que as palavras de Isabella o causaram. Se antes seu coração batia feito louco, agora mal parecia existir. Não depois de ouvir a tristeza na voz da esposa.

— Você tem razão.

A cabeça de Isabella disparou para cima outra vez, o mar castanho se juntando a imensidão verde.

— Eu estive cego, terrivelmente cego, e eu não posso culpá-la por se sentir assim. Esta não é a vida que eu planejei para nós. Mas, Bella, de uma coisa eu tenho certeza e é de que isso — Edward disse, pegando a mão que repousava no seu rosto e trazendo-a até que ambas, a dele e a dela, estivessem no lugar onde o coração de Bella palpitava feito o de um colibri. — isso não foi um erro.

Ela deixou as palavras crescerem dentro dela, fazendo seu peito se comprimir com uma possível esperança.

Após uma pausa durante a qual o silêncio pareceu roubar-lhes a voz, as palavras de Edward reencontraram o caminho da mente até a boca.

— Não chore mais. Nós vamos ficar bem, ok? Eu prometo, princesa, vamos dar um jeito nisso.

Ele observou um sorriso, mesmo que fraco, enfeitar o rosto angelical que segurava diante da menção do apelido que Edward dera a ela anos atrás. O jeito elegante e delicado de Isabella trouxera a imagem de alguém que pertencente à realeza no momento que Edward primeiro pousara os olhos nela. Poucos dias depois ele a declarara como tal, primeiro como uma provocação, pois ele adorava vê-la enrugar o nariz para a palavra, para posteriormente tornar-se um apelido carinhoso entre o casal.

Bella abaixou o corpo até que seu rosto descansasse no peito do marido, aproveitando para absorver o cheiro da sua pele como se aquilo tivesse algum poder para consolá-la, e ela acreditava que de certo modo tinha mesmo – o cheiro dele, o calor de seu corpo e o peso dos seus braços em volta dela serviam de abrigo para seu espírito inquieto. Em resposta, Edward afundou o rosto nos cabelos dela.

— Me desculpe por hoje – sussurrou, com a voz rouca abafada. — Perdi a cabeça e descontei em você.

Ela percebeu o arrependimento no tom dele, mas mais do que isso, havia uma tristeza nas palavras do marido que ela não conhecia a origem. À súplica dele, Bella beijou-o bem em cima onde o coração dele batia, e foi sob esse ritmo pulsante que o sono começou a dominá-la outra vez, tamanho seu desgaste mental.

— Às vezes eu acho que estou ficando igual a ele, Bella, — a voz dele falhou no final. — que eu perdi quem eu sou em algum momento. E pensar que isso talvez não tenha mais volta me assusta.

A confissão de Edward, no entanto, foi carregada pelo vento em direção à fria noite da cidade, porque a garota não podia mais ouvi–lo.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente, perdi algumas de vocês (não as culpo), mas espero que ainda tenha alguém por aqui, hahah. Inclusive queria registrar aqui sobre o dia em que eu vi que mais de 100 pessoas acompanhavam Y&B!! O quão louco isso é?! Obrigada a cada uma que deu essa chance a história! Um grande beijo, espero que tenham gostado! Obrigada por tudo mais uma vez! ❤



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