Young and Beautiful escrita por Anne Masen


Capítulo 5
Capítulo 4




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CAPÍTULO QUATRO

— Mamãe! Mamãe!

Levou alguns segundos para que Bella se desse conta de que a chamavam. Foi preciso mais um tempo para ela criar coragem e abrir os olhos. Estava frio, e ela era a única na cama. Rolando até ficar de barriga pra cima, ela puxou o edredom até o queixo e fechou os olhos outra vez. Não soube calcular por quanto tempo ficou assim até que batidas na porta ecoaram pelo quarto.

Foi só quando lançou os olhos na direção da porta que percebeu que não estava sozinha. Edward estava ali, vestindo apenas a calça e camisa de um dos seus costumeiros ternos de trabalho, e se encaminhava até a porta. Com um movimento rápido, ele a destrancou e abriu. Anne irrompeu pela abertura e correu até a cama, para o lado de Isabella.

Bella levantou os braços acima da cabeça a fim de se espreguiçar, e Anne aproveitou o momento para abraçá-la, o que fez as duas rir.

— Bom dia, mamãe. — disse a menor.

— Bom dia, meu amor. — respondeu Isabella sentando-se na cama com Anne em seu colo. Ela sorriu para a filha, contente ao ver sua boa disposição naquela manhã. Os olhos de Isabella conferiram a filha de cima a baixo, procurando ver se ela estava devidamente arrumada para a escola. Tudo estava no lugar, a não ser pelo cadarço desamarrado do seu pequeno All Star. Isabella prontamente cuidou disso. — Prontinho. — murmurou ao fim, com um sorriso para a filha que prestava atenção nos seus movimentos.

— Você vai me levar hoje? — perguntou Anne enquanto brincava com uma mecha do cabelo da mãe.

Isabella abriu a boca para falar, mas foi interrompida por Edward.

— Hoje não, Anne. Sua mãe irá comigo.

Eu vou? Perguntou-se Isabella, surpresa. Tentou recordar se ele havia falado sobre isso na noite passada, mas nada lhe veio a mente. Ela disparou o olhar na direção do marido e ele sustentou seu olhar, completando:

— Se não houver problemas pra você.

— Não, tudo bem. — ela garantiu, começando a se sentir animada.

Anne fez um beicinho, sem estar verdadeiramente triste, e assentiu com a cabeça.

Todos os três ficaram em silêncio. O único que se movimentava pelo cômodo era Edward, que vez ou outra entrava no banheiro e em seu escritório. Isabella aproveitava o momento, ainda na cama, penteando os cabelos de Anne com os dedos distraidamente até que o despertador em cima do criado mundo ao lado da cama apitou, marcando oito horas da manhã.

Foi como se estalassem os dedos em frente ao seu rosto.

— Ei, você não deveria estar na escola, mocinha? — Isabella de repente estava alarmada e, com movimentos rápidos, tirou Anne de seu colo e guiou-a até a saída pela mão.

Anne, ao contrário da mãe, ria. Ela achava engraçado ver sua mãe, sempre tão calma, ficar tão agitada de uma hora para outra. Ao alcançarem a porta, Isabella abraçou a filha e depositou um beijo no alto de sua cabeça antes de chamar por Ângela e pedir para levar Anne.

— Tchau, papai! — gritou Anne do corredor. Ela inclinou a cabeça na direção da porta, ouvindo atentamente.

—Até mais, Anne. — a resposta veio e logo em seguida o dono da voz.

Edward posicionou-se ao lado de Isabella e afagou os cabelos claros da filha, que acenou para os pais enquanto seguia com Ângela pelo corredor.

Após esse pequeno momento de agitação, Bella sentiu-se sonolenta e desejou poder se jogar na cama novamente. Ela encostou a cabeça no ombro de Edward e fechou os olhos. Segundos depois, o celular de Edward tocou no bolso da calça social. Ele afagou o braço da esposa em um pedido de licença.

Quando ele a viu parada no meio do quarto, ainda de camisola, interrompeu sua ocupação e distanciou o celular do ouvido.

— É melhor começar a se aprontar, Bella, ou vamos chegar atrasados. — disse ele.

Isabella mostrou-lhe a língua e cruzou os braços no peito, propositalmente imitando uma criança. Ela não costumava ter um bom humor matinal, e ter alguém a apressando não ajudava em nada. Edward, em resposta, estreitou os olhos na direção da esposa, mas não pôde conter o sorriso torto que surgiu em seu rosto ao ver Isabella daquele jeito. Aos olhos dele, ela estava adorável com aquela camisola, que expunha o suficiente de seu corpo para que ele mal conseguisse manter o olhar fixo no seu rosto, e com os cabelos bagunçados durante o sono. Para completar o quadro, a claridade da manhã atravessava a grande janela de vidro atrás dela, dando-a uma aura brilhante, quase angelical.

— Não me faça carregá-la até o chuveiro. — advertiu Edward, ainda sorrindo.

Isabella relaxou a postura quase instantaneamente e riu, aproveitando o que sua imaginação mostrava-lhe das palavras de Edward. Seria no mínimo divertido, tanto que ela considerou plantar os pés no chão e esperar por ele.

Mas era verdade que se atrasariam, e ela precisava correr.

A jovem ficou pronta em tempo recorde, mas mesmo assim não tivera tempo para comer, embora Edward insistisse para que ela o fizesse. Com a promessa de que pararia em algum lugar, ele cedeu, e ambos partiram para as ruas de Nova Iorque.

Isabella tinha um sorriso no rosto quando Edward dispensou educadamente o motorista e assumiu a direção do carro que usariam. Ela estava adorando que os dois ficassem a sós. Não era comum que eles saíssem juntos pela manhã, mas Edward dissera que não tinha nenhum compromisso marcado para o começo da manhã, e resolvera acompanhá-la.

Conversaram sobre coisas sem grande importância durante o caminho até a primeira parada, em uma cafeteria próxima ao hospital onde Bella trabalhava, e nesse meio tempo a jovem se pegou várias vezes admirando o marido. Não que ele estivesse fazendo alguma coisa de especial, mas ela não podia evitar, Além da beleza exorbitante, impossível de ser ignorada, quando se tratava de Edward, pequenas coisas, como o modo de dirigir, atraíam sua atenção.

— Nunca lhe disseram que é feio encarar as pessoas? — Edward questionou em certo ponto enquanto eles esperavam o semáforo ficar verde.

— Disseram. — ela riu, desviando o olhar para a janela por um segundo e depois voltando a fitá-lo. — Mas talvez eu tenha ganhado permissão para fazer isso sem ser considerada mal educada quando casei com você, não acha?

Edward sorriu e a olhou de canto, enquanto punha o carro em movimento novamente.

— Talvez.

Não muito tempo depois, Edward estacionou em frente à cafeteria e ficou no carro, esperando enquanto Isabella descia para pegar seu café da manhã. O lugar era simples, mas, ao mesmo tempo, bem decorado, e não estava muito cheio, já que a maioria das pessoas, como Isabella, pediam para viagem, fazendo dos que ficavam no recinto, minoria.

Um rapaz, que não parecia ter mais que vinte anos, atendeu Isabella assim que ela chegou ao balcão do caixa. Com os cabelos um tanto bagunçados e manchas escuras embaixo dos olhos, ele parecia cansado ao anotar o seu pedido e instruir-lhe para aguardar tudo ficar pronto. Bella pensou nele como um jovem que talvez nunca tivesse trabalhado na vida, e que não estava acostumado a uma rotina corriqueira que começava cedo pela manhã. Ela acenou com a cabeça para ele e decidiu não incomodá-lo mais, pois conseguia imaginar muito bem como ele deveria estar se sentindo.

Enquanto aguardava sentada em uma banqueta disposta em frente ao balcão, lembranças da sua adolescência conturbada vieram-lhe a mente. Pensou nas manhãs em que ela tivera a mesma aparência do rapaz que estava no caixa, resultado de noites mal dormidas.Lembrava com clareza da exaustão que sentia após passar horas em um dos estúdios fotográficos de seu pai, fazendo várias poses e expressões, seguindo roteiros e comandos. Ou então, após adentrar a madrugada estudando, porque notas altas eram exigidas pelo seu pai controlador, e este era seu único tempo livre – quando não estava na escola ou trabalhando.

Quando Isabella estava no ensino médio, sua vida perfeita virou de cabeça pra baixo. Após a morte de sua mãe Renée, que não resistiu a um caso de pneumonia, ela tornara-se uma pessoa insegura e emocionalmente frágil, além de suscetível aos caprichos de Charlie Swan, seu pai, um homem que se preocupava mais com dinheiro e poder do que com a própria família.

Fora nessa época também que a agência publicitária de seu pai enfrentara uma crise econômica, o que afetou a renda da família. Isso fez com que a mente ambiciosa de Charlie procurasse outras fontes de dinheiro - o que acabou por envolver a jovem Isabella, e deu início ao seu trabalho como modelo.

Mas o cargo exigiu muito mais do que ela poderia imaginar. Havia nascido em uma família socialmente importante, portanto, lhe fora ensinado desde cedo a ser a garota perfeita. Mas nada a preparou pra o que veio. As regras de comportamento impostas por Charlie tornaram-se mais rígidas, e sem poder contar com a ajuda da falecida mãe, Isabella se viu submissa às vontades do pai, sem seu porto seguro.

Charlie, ao perceber que o trabalho da filha estava rendendo mais do que ele esperava, insistiu para que ela continuasse no ramo, e fez de tudo para que o seu sucesso crescesse cada vez mais. Isso obrigou Isabella a mudar e mexeu com o seu jeito de pensar. Foi sugada pelo mundo das aparências e logo se viu fazendo de tudo para ficar igual às outras meninas da sua idade que também participavam dos eventos de moda. O seu castelo no mundo dos flashs cobrou seu preço posteriormente, no entanto.

— Com licença, isso é seu? — a voz que chutou seus pensamentos para longe veio do seu lado esquerdo.

Um cara com cabelos castanhos e olhos azuis incrivelmente gentis estava sentado em uma banqueta a menos de um metro dela, e estendia-lhe a sua carteira. Ele esperou pacientemente enquanto a mente de Bella trabalhava para descobrir como a sua carteira foi parar fora das suas mãos.

— Estava no chão. — o rapaz explicou com um sorriso. Isabella sentiu o sangue correr para seu rosto por parecer tão perdida na frente dele.

— S-sim, é meu sim. — ela disse, pegando a carteira de volta. — Não sei como ela foi parar lá. Obrigada.

— Ah, eu sei. Distraída do jeito que é, deve ter esbarrado com braço nela sem ter notado.

Mas que papo era aquele? A confusão de Isabella atingiu outro nível com aquele estranho falando como se eles já se conhecessem, ou melhor – ou pior –, tivessem alguma intimidade.

Foi quando ela tomou um tempo para analisá-lo melhor, e então percebeu que ele não era estranho algum. As covinhas no canto de sua boca na verdade eram muito familiares. Que mundo pequeno, pensou.

— Riley? — questionou um pouco chocada. E tinha toda razão em estar assim, porque o cara na sua frente não parecia nada com o amigo de faculdade que ela tinha na memória.

O homem na cafeteria abandonara as feições de menino e agora estava com um visual adulto charmosíssimo. Estava muito bem-vestido também, o suéter escuro com a calça social caíam tão bem nele quanto as camisetas e jeans que costumava usar quando estudante.

— Riley Biers? — ela tentou outra vez.

— Minha nossa, não acredito que não me reconheça, Isabella. Estou um pouco ofendido. — ele disse em tom divertido, levando a mão ao peito. Aquele sorriso parecia ter se eternizado em seu rosto.

— Meu Deus, me desculpe, mas é que… Você… Eu… — ela respirou fundo. — Uau. O que aconteceu com você?

—Você quer dizer o que aconteceu com a gordura extra e o cabelo de cachorro? Um investimento em alguns meses de academia e no cabeleireiro tomaram conta de tudo.

Isabella riu, agora se sentindo completamente confortável na companhia do “estranho”.

— O investimento valeu a pena, você está ótimo!

— Obrigado. Aliás, você não está nada mal. Não mudou muito desde a última vez que nos vimos. — Riley respondeu enquanto a media com os olhos.

Ela sorriu, tímida. Sabia que ele só estava sendo gentil, porque se ao menos Riley tivesse ideia do quanto Isabella mudara desde a faculdade…

Naquele instante, o garoto do caixa sinalizou a chegada do seu pedido, e com um aceno de cabeça ela o agradeceu.

— Desculpe, eu tenho que ir. O trabalho chama. - ela disse a Riley. - Foi muito bom te ver, Riley.

— Tudo bem. Quem sabe não nos vemos por aí? A gente podia marcar um café qualquer dia.

— Seria ótimo! - ela disse, já de pé e se encaminhando para a saída. - Você ainda tem o mesmo número?

— Ahm, não. Eu perdi aquele celular. - ele encolheu os ombros, como se pedisse desculpas. - E você?

— Eu ainda tenho o meu.

Riley abriu um sorriso de menino, um contraste muito bonito com sua nova aparência.

— Eu te ligo, então! - gritou para ela que quase já não podia ser vista.

Do lado de fora, pelo vidro da loja, Isabella levantou a mão que segurava seu café e deu um último sorriso na direção de Riley antes de entrar no Volvo estacionado ao meio-fio.

***

— Eu vou à academia depois do trabalho.

Isabella deu o último gole no seu café e despejou o copo na sacola aonde vieram os pãezinhos que ela comprara de acompanhamento.

Ainda estava no carro com Edward, mas agora estavam no estacionamento do hospital onde trabalhava. Ela estava alguns minutos atrasada, e provavelmente Edward também, mas nenhum dos dois parecia se preocupar muito com isso.

— Nós poderíamos ir juntos. - disse Edward.

Isso desviou a atenção de Isabella dos sapatos que ela calçava e a fez olhar para Edward com as sobrancelhas erguidas.

— Estou começando a achar que você não quer ir trabalhar hoje, Edward. - ela estreitou os olhos. - Você fez alguma coisa de errado por lá?

Edward riu e balançou a cabeça.

— Eu vou sair cedo hoje, só isso. - explicou. No entanto, Bella ainda não parecia totalmente convencida. - Por que tanta surpresa por eu querer passar um tempo com a minha esposa? - ele perguntou.

— Porque… você não costuma fazer isso. - disse Isabella devagar, testando as palavras.

— Ai. Essa doeu. - ele franziu o cenho.

—Você sabe o que eu quis dizer. - ela sussurrou, voltando a sentar corretamente no banco. - Você tem muito trabalho a fazer e isso exige muito do seu tempo, eu entendo.

Edward desviou o olhar para a sua janela, fitando os outros carros como se eles tivessem algum atrativo a ser assistido. Isabella mordeu o lábio, sem saber o que fazer. Não queria jogar nada na cara de Edward, estava sendo sincera quando disse que o entendia.

Ela repousou uma mão na perna de Edward.

— Ei.

Ele levou meio segundo para voltar o rosto para ela.

— Eu vou adorar se você for comigo. - ela ofereceu-lhe um sorriso.

Isso pareceu animá-lo outra vez e o pesar deixou o seu semblante. O silêncio caiu sobre eles, e ela viu o momento que a decisão formou-se na cabeça de Edward. Viu quando ele, com os olhos pregados em sua boca, pôs a mão em sua nuca e puxou-a para que os rostos se encontrassem.

Ela aceitou de bom grado quando ele ofereceu-lhe a boca, e não perdeu tempo antes de soltar o cinto de segurança para estar mais próxima de Edward. Isabella finalmente pôde fazer o que lhe foi vetado antes pela falta de privacidade em casa e jogou os braços sobre o ombro do marido, infiltrando os dedos pelo cabelo acobreado para aprofundar o beijo. As mãos de Edward estavam fortemente agarradas a sua cintura e ele correspondia à altura ao fervor de Isabella.

O ar ficou escasso, e, com hesitação, eles se separaram. Mantiveram as testas coladas uma a outra e os olhos fechados.

— Passo aqui às 17h. — sussurrou Edward.

Isabella ajeitou a saia e pegou suas coisas um pouco a contragosto, sabendo que era melhor sair logo antes que não quisesse mais deixar o carro.


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Notas finais do capítulo

Ai, não me matem, por favor. HUAEHUEAHUEAUHEAUHEA Não pretendia demorar tanto assim, mas provas, bloqueio e problemas pessoais me pegaram de surpresa.
Bom, capítulo curtinho mas espero que gostem, e se ainda tem alguém por aqui, gostaria de saber o que acharam nos comentários do lado um pouquinho menos brutamontes do Edward. :)
Notícia boa: Férias, vulgo tempo livre estão aí! Vou fazer o meu melhor pra não demorar com mais ;)
Um beijo pra todo mundo que comentou no capítulo passado e até mais!