Young and Beautiful escrita por Anne Masen


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários!



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CAPÍTULO DOIS

O sino pendurado na soleira da porta soou baixinho quando Isabella adentrou a loja, varrendo com os olhos o local que ela tanto gostava, mas que por falta de tempo não visitava há algumas semanas. O ambiente era todo decorado com cores claras, que eram predominantemente o branco e o lilás. Se não houvesse uma placa na entrada indicando do que o espaço se tratava, talvez a doceria fosse confundida com uma daquelas lojas que vendiam coisas para recém-nascidos, tamanha era a delicadeza da sua decoração.

Assim que entrou, Isabella foi cumprimentada com acenos e sorrisos vindos dos funcionários que mantinham o lugar em funcionamento. Ela acenou de volta para todos eles, feliz por ter uma relação muito amigável com aqueles que tomavam conta do seu cantinho — como ela gostava de chamar sua loja. O lugar tinha um pouco mais de quatro anos, e surgira de um sonho que a morena tinha desde que era apenas uma adolescente. Sempre gostara de cozinhar, e o fazia com muita habilidade, principalmente quando se tratava de sobremesas, e quando morava com os pais, costumava se juntar a Renée, sua mãe, nos finais de semana para experimentar novas receitas de doces.

A loja havia sido um presente de Edward, que após ouvir da esposa que era um sonho dela abrir uma loja para vender doces, começou a investir para que isso se tornasse realidade. Isabella sempre guardaria na memória o dia em que Edward contara a ela o que ele fizera em segredo por meses.

Quando ouvira a boa nova sair da boca de Edward, mal pôde acreditar tamanha foi a sua surpresa. Imaginara que ele falasse de algo como uma joia, uma roupa, uma caixa cheia com os seus chocolates favoritos ou qualquer outra coisa, mas nunca passou pela sua cabeça um presente de tamanho valor — e ela não estava se referindo somente ao dinheiro gasto. Ele sabia o quanto significaria para ela e o quanto a deixaria feliz, aquela demonstração de carinho e consideração. Edward não pensou uma segunda vez quando a ideia passou pela sua mente.

Deixando as lembranças de lado, Isabella não levou muito tempo até localizar a cabeleira dourada de Rosalie, sentada próxima ao balcão enquanto degustava de uma caixa cheia de bolinhos.

— Vai ficar cheia de estrias se continuar assim, Rose. — provocou a morena ao parar ao lado da cunhada. Aproveitou a oportunidade para roubar um dos bolinhos e colocar na boca antes que Rosalie pudesse protestar.

Rosalie mastigava, e por isso não pode proferir uma resposta verbal, no entanto ela fez uma careta como quem diz “eu estava muito bem sem essa”, o que divertiu Bella, fazendo-a rir.

— Não ouse me culpar, seus doces são saborosos demais para resistir e você sabe muito bem disso. — disse a loira depois de ter a boca livre.

— Eu sei? Acho que você só diz isso para puxar meu saco e ganhar mais bolinhos de graça. — Bella retrucou em tom de brincadeira.

Rosalie deixou que o queixo caísse em uma indignação dramática.

— Não é nada disso!

Isabella riu outra vez.

— Sei que não, Rose. Só estou brincando. — Bella tranquilizou a amiga. — Agora vamos falar do que interessa: como andam os preparativos para a cerimônia?

Um sorriso tomou conta do rosto alvo de Rosalie e ela esfregou as mãos uma contra a outra, animada com novo o assunto abordado. Ela arrastou sua cadeira para mais perto da de Bella antes de começar.

— Bom, você sabe que mamãe não está me deixando descobrir muita coisa sobre a organização, ela quer que seja surpresa. O que eu ainda acho um absurdo, só para constar. Eu sou a noiva, pelo amor de Deus! — Rosalie revirou os olhos. — E por isso eu tive que tomar alguma providência.

Isabella franziu o cenho, intrigada.

— Fiz de Sam meu fiel espião. — confessou Rosalie em voz baixa, e soltando um risinho em seguida.

Rosalie observou Isabella arregalar os olhos e arfar, sem acreditar no acabara de ouvir.

— Não acredito que você está usando seu filho de apenas cinco anos, Rose! — exclamou a morena.

— Ah, não faça tanto drama, Bells. Não é nada demais, ele apenas me conta tudo o que mamãe comenta com ele sobre o casamento. — a loira deu de ombros ao mesmo tempo que limpava a mão suja de chocolate em um guardanapo.

Mesmo que não concordasse a artimanha de Rosalie — afinal, ela mesma era aliada de Esme, que a fizera prometer não dizer nada à loira sobre a organização da cerimônia de casamento — Isabella não conseguiu manter a expressão séria diante da situação. Ela imaginou o pequeno Sam ouvindo atentamente tudo o que Esme deixava escarpar sobre seu trabalho e depois, na hora de dormir, em vez de Rosalie contar-lhe uma história, ele fazia um relatório de tudo o que sabia, e de quebra, ganhava um doce por isso. E nem seria algo tão inusitado assim, levando em conta o espírito traquina que Sam herdara de seu pai, Emmett. Talvez ele não se importasse de brincar de espião.

— Meus métodos a parte, eu descobri algumas coisinhas. — continuou Rosalie. — Você sabia que haverá flores para todo o lado? Esme sabe que eu adoro flores, mas eu espero que ela não faça do casamento um verdadeiro jardim do Éden.

Rosalie continuou a falar por minutos a fio, e Isabella ouviu tudo muito atentamente, fazendo comentários e rindo quando a amiga fazia algumas especulações absurdas sobre a cerimônia. Era sempre muito agradável ficar na companhia de Rose, sua amiga desde a faculdade. As duas tiveram muita sorte ao se darem bem logo no momento em que se conheceram, porque anos depois se tornaram membros da mesma família, após Isabella casar com o filho mais velho de Carlisle Masen Cullen.

Na época, não se sabia quem estava mais contente com o anúncio do noivado: os próprios noivos ou a jovem Rosalie, que ficara animadíssima com a ideia de ter sua melhor amiga como parte da família.

As duas amigas combinaram de se encontrar naquela manhã não apenas para colocar a conversa em dia, mas porque elas tinham assuntos a resolver. A matriarca da família Cullen havia se compadecido da frustração da filha que teimava em querer fazer parte da produção do casamento, e acabara por deixar que a escolha do cardápio de sobremesas ficasse por conta de Rose. Esta, por sua vez, recorreu a melhor produtora de doces e afins que ela conhecia; Isabella. Bella ficara muito animada com o convite, e não hesitara um segundo sequer antes de aceitá-lo.

Por conta disso, após conversarem sobre assuntos diversos, as duas dedicaram-se ao trabalho. Isabella pediu para que um dos seus funcionários trouxesse vários catálogos que mostravam todos os tipos de doces que ela oferecia na loja, e Rosalie se viu perdida diante de tantas opções. Ela compartilhava com Isabella a paixão por doces, e sua vontade era de encomendar todos.

— Céus, sinto que corro o risco de ficar diabética se olhar mais um desses catálogos. — disse a loira folheando um caderno que lhe foi oferecido.

Ficaram presas naquela atividade por duas horas, e só pararam quando o celular de Isabella apitou dentro da bolsa, indicando o recebimento de uma mensagem. Ela vasculhou a bolsa atrás do aparelho com certa ansiedade, o que não passou despercebido por Rosalie, e quando leu a mensagem recebida, sua expressão caiu um pouco. Ela esperava que fosse Edward, essa era a verdade, mas acabou sendo uma mensagem de trabalho — nada que a obrigasse encerrar seu dia de folga mais cedo, no entanto.

— Precisa ir? — perguntou Rosalie depois que Isabella travou a tela do celular e deixou o aparelho em cima da mesa, ao lado do seu pulso.

Ela sorriu minimamente e balançou a cabeça minimamente, sem tirar os olhos da xícara de café a sua frente.

— Pensei que fosse, mas não vou precisar. — respondeu, falhando na tentativa de soar indiferente.

É claro ele não ligaria, pensou a jovem tristemente. Ela tinha em mente um convite para o almoço ou algo do tipo, porque sim, ela ainda queria estar com Edward, mesmo depois da pequena conversa entre eles no café da manhã. Contudo a probabilidade disso acontecer era quase inexistente levando em conta o quanto Edward trabalhava. Em menos de meia hora o relógio marcaria o horário de almoço para a maioria dos nova-iorquinos, inclusive os funcionários da loja onde estavam, e os restaurantes lotariam. Edward não teria tempo para esperar por atendimento em meio ao caos daquele horário. Isabella teria que decidir se voltaria para casa para comer — sozinha — ou almoçaria — sozinha — em um restaurante próximo. Nem contar com a companhia da amiga a sua frente ela poderia, já que Rosalie tinha outros compromissos para aquela tarde.

— Está esperando uma ligação? — falou Rose antes de solver um gole do seu suco.

— Também não.

Rosalie torceu o nariz e olhou de um jeito engraçado para a amiga como se dissesse “você não está facilitando as coisas”.

— Então por que essa cara de repente? — tentou outra vez, olhando para a amiga com as sobrancelhas levantadas.

— Que cara?

— Essa cara de quem não ganhou presente de natal.

— É só que… — a jovem Bella hesitou, procurando as palavras certas para dizer aquilo sem que parecesse boba. — Eu achei que fosse Edward. Você sabe, me convidando para o almoço.

— Mas não era. — completou Rosalie.

— Não.

Alguns segundos de silêncio seguiram-se, sem que nenhuma das duas soubesse o que fazer. Rosalie sentira que a atmosfera ao redor delas mudara quando o assunto se voltou ao seu irmão. Talvez houvesse alguma coisa incomodando Isabella que ela não soubesse, o que não seria uma surpresa levando o tempo que passaram sem se ver até aquele dia.

— Quer conversar sobre isso? — a loira dispôs-se.

Isabella sentiu-se emocionada. Estendeu uma mão por cima da mesinha e apertou a de Rosalie com um fraco sorriso no rosto para demonstrar sua gratidão. Rosalie sempre estivera disposta a ouvi-la e acolhê-la quanto era necessário, e só Deus sabia o que seria dela sem as palavras confortantes da loira.

— O que o meu irmãozinho fez dessa vez? — gracejou Rosalie com um pequeno sorriso.

— Ele não fez nada. E eu acho que esse é o problema. — Bella fez careta para as próprias palavras. — Você sabe que Edward trabalha muito e que não posso culpá-lo por isso. O problema é que não temos nos falado muito ultimamente porque nossos horários nunca batem. Há dias em que ele chega tão tarde em casa e sai tão cedo pela manhã que eu mal o vejo. E eu sinto falta dele. De nós, na verdade. — ela finalizou, fitando as mãos em cima da mesa.

— Você já procurou falar com ele sobre isso? Quero dizer, mesmo com o tempo mínimo que passam juntos, você poderia encontrar uma brecha pra dizer o que sente. — disse Rosalie. — Se você tomar uma providência, talvez as coisas melhorem.

Sem dar tempo a Bella para uma resposta, a loira pegou o celular de cima da mesa e estendeu na sua direção. Mas Isabella não se moveu para tomá-lo nas mãos, pois ainda não compreendia onde a cunhada queria chegar.

— Ele não ligou. Ligue você. — finalizou Rosalie.

Bella fitou seu celular como se não soubesse pra que ele servia. Ela comprimiu os lábios, indecisa, mas, por fim, decidiu fazer o que Rose propunha. Que mal teria, afinal? Rosalie estava certa, ela tinha que começar a tomar as rédeas da situação. Ao pegar o celular e discar o número tão bem conhecido, nunca imaginou que ficaria nervosa fazendo uma ligação para Edward, ela não tinha o coração batendo assim tão forte nem quando ligou para marcar um encontro com ele durante o tempo de faculdade.

Esperou mais alguns segundos enquanto a chamada era encaminhada, e quando esta foi atendida no quinto toque, Isabella esforçou-se soar o mais tranquila possível.

— Alô?

— Hm, Edward? Sou eu, Bella.

Um segundo se seguiu sem que ele desse uma resposta, e então:

— Espere um minuto.

Assim ela o fez, tomando este tempo para reparar no som da movimentação e conversas em voz alta que vinha do outro lado da linha, que ela não conseguiu relacionar nenhum espaço da CE. O barulho cessou de repente, e ela imaginou que Edward tivesse entrado em algum espaço mais reservado, seja lá onde estivesse.

— Pode falar. — a voz do marido a trouxe de volta à realidade.

— Então, eu estou saindo para o almoço daqui a alguns minutos e pensei em almoçarmos juntos. O que você acha? — lançou um olhar rápido na direção da amiga e encontrou Rosalie com os olhos pregados em seu rosto e os dedos das mãos cruzados como se torcesse por um time de futebol. A loira levantou ambos seus polegares para Isabella, incentivando-a.

— Bella, eu agradeço, mas… — Edward foi interrompido por alguém que se aproximava dele cada vez mais, e dizia com uma dose exagerada de animação na voz:

— Edward, vamos, volte aqui! Max vai comer um dos petiscos apimentados. — a dona da voz soltou uma risada.

Isabella desejou não ter feito aquela ligação, desejou não ter tirado o celular da bolsa. Mas era tarde demais e a voz de Kate ecoava dentro da sua cabeça agora, fazendo-a se sentir como havia muito não sentia. Não foi exatamente raiva que a fez segurar a respiração e apertar o celular com mais força contra o ouvido, mas a sensação incômoda que a invadiu foi semelhante.

Odiou que seu cérebro a traísse com imagens indesejáveis da loira esbelta que Edward tinha como secretaria. Imaginou os dois juntos para o almoço e foi invadida por uma onda de ciúmes. Kate, enquanto secretária do Cullen, não fazia questão de esconder que gostaria de ter uma relação além do profissional com ele, e Isabella já presenciara suas insinuações mais de uma vez.

Seu maior problema com Kate era que a loira parecia apertar um gatilho imaginário que disparava todas as inseguranças de Isabella contra ela, e estas a envolviam em tempo rápido demais — e por tempo demais — para que fosse saudável. Não havia muito que Isabella pudesse fazer para evitar aquilo. A parceira de trabalho de Edward era uma verdadeira modelo: alta, magra, loira, elegante, sedutora. E, além disso, era a personificação da alegria. Sempre sorridente, o tipo de pessoa que não se abalava fácil, que poderia conseguir muita coisa com uma jogada certa do cabelo sedoso.

Certa vez, Isabella perdera a cabeça e discutira com Edward sobre a postura nada profissional de Kate. Naquela noite, ela mal dormiu pensando em como Edward podia não fazer nada a respeito. Ela nunca o presenciara corresponder aos sorrisos animados demais de Kate, mas Isabella ainda não gostava nada daquilo. Perguntou-se se ele apreciava Kate, sua aparência, sua companhia. Achava-a agradável? Preferia alguém como ela?

Pensou nos dois almoçando juntos naquele momento e pensou saber a resposta.

— Isabella? Ainda está aí?

A jovem esforçou-se para concentrar-se na voz do marido outra vez. Não percebera que ficara calada por tempo demais e que acabara por não ouvir o que Edward dissera.

— Estou aqui.

— Como eu dizia, não vou poder aceitar. — o tom de Edward era brando, como se temesse a reação de Bella. — Eu sinto muito, Bella, estou com o pessoal do trabalho aqui e…

Ele sabia o que estava acontecendo, e mesmo assim não dizia nada a respeito.

Agora Isabella sentia raiva.

— Estou vendo que você já tem companhia. — ela não pôde evitar soar amarga.

— Bella...

— Está tudo bem. Não se preocupe. Desculpe incomodá-lo.

Ele ainda disse seu nome mais uma vez, mas ela não deixou que fosse além disso. A chamada foi encerrada.

Ao colocar o celular de volta na bolsa, ela não estava mais com humor para conversar, e sabendo que Rosalie quereria saber sobre a ligação, limitou-se a balançar a cabeça para a amiga, que imediatamente percebeu que aquela não era uma boa hora para perguntas.

Rosalie teve que partir instantes depois. Fez questão de dar um abraço apertado em Isabella ao sair e em deixar claro que estava sempre com o celular, caso a morena precisasse.

Isabella não ficou na loja também, e tampouco foi procurar algo para comer. Planejava buscar Anne na escola, mas preferiu não arriscar. Já que a pequena era esperta e muito observadora, ela corria o risco de perceber que a mãe não estava bem - tudo o que Isabella menos gostaria. Ligou para Taylor então, que prontamente acatou ao seu pedido para buscar Anne.

Dirigiu de volta para o apartamento. A raiva transformara-se em mágoa, e só Deus sabia o que ela passaria assim que ficasse longe dos olhares de todos, na solidão do seu lar.


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Notas finais do capítulo

Olá, meninas!
Primeiro de tudo, um beijão pra minha amiga Debora que revisou o capítulo pra mim!
Muito obrigada as pessoas que deixaram comentários no capítulo 1, eu adorei lê-los!
Agora eu quero saber o que vocês acharam da Bella ciumenta, hahah. Fantasminhas, não tenham medo de se manifestar, ok? Além de me ajudar no desenvolvimento da fic, o feedback de vocês me estimula a continuar escrevendo. :)
Boa noite pra vocês e até a próxima!