Destinos Cruzados escrita por Dani Schirmer


Capítulo 2
Novas chances.




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Afastei-me dela e limpei algumas lágrimas que escorriam em seu rosto, e então Hannah apareceu,as três irmãs estavam reunidas, por um momento eu poderia dizer que havia sentimentos naquele projeto de Barbie.

– O que está acontecendo? - Fico olhando para as duas, esperando uma simples resposta.

– Um aluno foi achado morto, a escola vai ficar fechada até resolverem o caso. - A voz da Barbie era melosa.

Já estava na hora do almoço quando aquele espírito apareceu no meu quarto novamente, ela continuava branca igual a neve, seu vestido estava rasgado, ela estava toda machucada, mas no fundo dos seus olhos dava para ver que ela queria se lembrar, queria saber quem era e o que tinha acontecido, mas talvez eu não fosse a pessoa certa para ajudá-la.

– Sabe senhorita, andei me lembrando de algo, um homem, ele... - Ela começou a andar de um lado para o outro. - Minha cabeça dói, faça parar.

– Eu não posso fazer nada, você tem que se lembrar. - Volto a ficar mexendo no celular e mandando mensagem para Lola.

Ela sumiu como se tivesse fazendo pirraça, por simplesmente ignora-la, eu estava cansada de ajudar esses espíritos, devia haver outras pessoas como eu no mundo, outras pessoas disposta a ajudá-la, mas eu não estava com cabeça para tentar entendê-la no momento.

Sai de casa levando Klaus pela coleira mas antes que chegasse na rua tomei um susto ao ver Catarina segurando uma mochila e parada na porta do meu carro, chego mais perto dela e sinto um cheiro de jasmim.

– O que você está fazendo aqui? - Reviro os olhos e abro um pequeno sorriso.

– Achei que você gostaria de ir até o centro da cidade, eu tenho aula de yoga. - Ela chega mais perto e se abaixa pra fazer carinho em Klaus. - Bom pelo jeito você vai sair pra correr, então aos tarde eu volto.

– Ok.

Quando voltei da caminhada com Klaus a porta estava aberta, o que era um pouco estranho, mas quando entrei senti um alívio ao ver Emma sentada no sofá.

– Oi Emma. - Solto Klaus da coleira e abro um sorriso.

– Olá senhorita, tem um sanduíche na mesa e um suco. - Ela abre um sorriso e levanta. - Bom tenho que voltar, mas daqui a pouco volto.

– Ok. - Pego o sanduíche e dou uma mordida, estava maravilhoso como sempre. - Esta ótimo, obrigada.

– Até logo. - Ela fecha a porta e some entre o por do sol.

Quando terminei de comer, fui direto tomar um banho, estava pensando em Lola e nas minhas amigas, sentia falta da minha vida na França e de falar francês, sentia falta do mau pai, um simples banho tinha se tornado num furacão de lembranças que trouxe juntos algumas lágrimas. Sai do banho e troquei de roupa rapidamente, eu precisava sair pra tomar um ar, precisava ficar sozinha, a saudades de tudo e de todos estava me matando por dentro.

Sai correndo de casa e segui rua a fora, quando cheguei em um ponto vazio sentei em baixo de uma árvore comecei a chorar, era como se milhões de sentimentos saíssem todos ao mesmo tempo. Lá estava eu sozinha, com medo, triste, o mesmo jeito e que fiquei quando soube da morte do meu pai, mas eu tinha Lola para me ajudar e agora eu não tinha mais ninguém. Já fazia um tempo que eu estava ali parada, as lágrimas já tinham parado quando uma Mercedes parou no meio da rua, e então quando o vidro abaixou tomei um susto ao ver aquele menino que tinha esbarrado na secretaria.

– Oh francesa, você está perdida!? - Ele abriu um sorriso e tirou os óculos escuros. - Esta tudo bem!?

– Esta tudo bem, obrigada. - Tento sorrir.

Ele saiu do carro e se sentou ao meu lado, ele estava usando um sobre tudo preto, com um cachecol azul, estava um frio polar, estava ameaçando de nevar e eu estava parecendo uma maluca quase congelando no meio do nada.

– Não vou lhe forçar me dizer o questão acontecendo, mas sei que você não está bem, e agora vamos antes que você congele. - Ele abre um sorriso encantador e se levanta. - Você vem ou não!?

– Vamos para onde? - Levanto e fico o encarando.

– Entra no carro que depois te conto. - Ele falava ao mesmo tempo que andava em direção ao carro.

Talvez eu tivesse em um momento de loucura total, mas nada fazia sentindo a essa altura, entrei logo em seguida no carro e senti aquele perfume bom, que estava me dando vontade de roubar o cachecol dele somente para lembrar daquele cheiro. Depois de algum tempo em silêncio no carro, ele começou a cantar junto com uma música, ele olhava para mim e sorria, mas eu estava tão destruída que não conseguia soltar um sorriso.

– O que está acontecendo francesa!? Por que você está assim? - Ele desligou a música e parou de sorrir. - Pode confiar em mim. - Ele colocou a mão em cima da minha.

– Eu sou do sul da França, morei lá a vida toda, minha mãe abandonou meu pai e a mim assim que nasci. - Deixo uma lágrima cair e tiro a minha mão de perto da dele. - Faz duas semanas que meu pai faleceu, ele estava indo trabalhar, atender uma senhora em sua casa e aí faleceu em uma batida de carro.

– Sinto muito pelo seu pai, ele devia ser um homem fantástico. - Ele limpa a lágrima que escorria no meu rosto.

– Descobri que minha mãe sabia da minha existência no enterro dele, um advogado veio me dar a notícia que teria que morar com ela, e aí me senti perdida e agora estou aqui, sozinha, somente com a amizade de um cachorro. - Abro um pequeno sorriso ao lembrar do meu pai correndo pela casa atrás de mim.

– Agora você tem dois amigos. - Ele começa a rir. - Eu e seu cachorro.

Ele parou o carro na frente de um enorme casarão com um jardim muito belo, mas percebo que estávamos no alto de uma montanha, dava para ver atrás da tarde algo que parecia ser uma floresta.

– Vamos tomar algo quente, não quero ser culpado pela morte de uma francesa tão bela. - Ele salta do carro e abre minha porta. - Madame! - Ele me da mão e me ajuda a sair.

Depois de algumas horas sentada em um sofá tomando chocante quente com ele, percebo em um quadro uma a figura de uma moça loira, era tão familiar, mas não queria parecer mais estranha do que era na frente dele. Estava tudo silencioso quando ele saiu do sofá me deixando sozinha naquela sala enorme, eu nem sabia o nome dele e nem ele o meu, e eu já tinha me aberto assim com ele, estava na casa de um estranho.

Quando o carro dele parou na minha rua senti um aperto no coração, eu tinha sumido o dia todo, eu estava com um estranho, mas eu não me importava com mais nada, não tinha medo de nada, nem da morte. Quando sai do carro fiquei ali parada olhando para ele, era como ver uma pintura, era tão bonito, tão vivo.

– Eu sou Alexander Macthavish, mas pode me chamar de Alex. - Ele abriu um sorriso e colocou seus óculos escuros. - E a senhorita francesa tem nome?

– Rebekah Destailleurs, mas me chame de Becky. - Abro um sorriso.

– Lindo nome Becky Francesa. - Ele começa a rir.

– Só Becky por favor. - Deixo um risada escapar e sinto alguns flocos de neve caírem. - É melhor eu ir, ou vou congelar.

– Até breve Becky.

Entrei em casa e me joguei no sofá, não conseguia esquecer aquele perfume maravilhoso, aquele toque, aquele sorriso, não conseguia parar de pensar nele e então a imagem daquele quadro me veio a cabeça, parecia com o desenho que eu tinha feito, a moça do sonho, o espírito que eu precisava ajudar.

Sai da sala e fui ao meu quarto, abri meu notebook e joguei no Google dados de mortes do final do século 18 e começo do século 19 naquela cidade. Depois de horas de pesquisais achei um nome e uma data que talvez se encaixassem, ela tinha se suicidado, uma jovem que sofreu a vida inteira e perdeu o grande amor. Fechei o notebook, por que não conseguia ler mais nada sobre aquela pobre moça, e então senti que ela estava ali e quando olhei para o lado lá estava e,a sentada na cadeira me olhando.

– Você é Anne Van Der Woude, você se suicidou, perdeu o único homem que realmente amava e não agüentou viver sem ele. - Começo a chorar ao lembrar de tudo que tinha lido, e sentir a dor que ela devia ter sentindo.

– Eu me lembro, estava sendo perseguida por um homem, meu pai queria que me cassase com um velho asqueroso, mas eu não queria, e o único modo de impedir isso era me matando. - Suas palavras somente me machucavam mais. - Muito obrigada pela ajuda senhorita, mas está na minha hora de partir.

Estava escuro e eu não conseguia parar de pensar no meu pai, tinha deixado de lado a comida que Emma tinha me trazido, tinha deixado de lado tudo, não conseguia sair da janela do quarto, estava sentada na cadeira e com pés apoiados na janela, tudo para mim nesse momento não passava de escuridão, de solidão, nem o toque gelado do focinho de Klaus me animava.

– Becky? Você está bem? - A voz era suave e calma.

Eu não tinha forças pra responder ou olhar pra trás, somente queria ficar ali na espera do meu pai aparecer, para mim ele ainda estava vivo, eu tinha certeza que ele não tinha morrido. Senti as mãos quentes de Catarina tocarem meu ombro, mas não liguei, eu somente queria saber do meu pai, lembro-me de que quando ele morreu, não consegui chorar, não conseguia acreditar e até hoje não acredito, parece um pesadelo que não tem fim, é fácil ajudar os outros a aceitarem a morte, mas eu não consigo aceitar a morte dele.

– Becky sei que a morte do seu pai te machuca muito ainda, vejo isso nos seus olhos, mas por favor fale comigo, confie em mim. - Ela se abaixou ao meu lado. - Becky por favor.

A única coisa que eu via no reflexo da janela era eu sentada ali sozinha e entoa num piscar de olhos o reflexo tinha mudado, meu pai estava ao meu lado e eu conseguia escutar as palavras "estou bem, siga sua vida, te amo muito".

– Ele está bem, ele está bem... - Comecei a chorar igual a uma criança assustada. - Nina ele está bem. - Segurei a mão dela como uma esperança no fim do túnel.

– Eu estou aqui para o que você precisar Becky. - Ela me puxa em sua direção e me abraça com força.

Depois de algum tempo conversando com minha irmã mais nova e aliviando o coração acho que ela merecia um voto de confiança, mas isso não quer dizer que lhe contaria sobre meu dom, isso não quer dizer que eu lhe contaria a verdade sobre algumas coisas.

– Becky tenho que voltar, amanhã tenho aula de yoga cedo e amanhã a noite tem uma festa da escola. - Ela abre um pequeno sorriso e fica parada na porta do meu quarto.

– Bom, boa yoga e boa festa, vou dormir o dia todo amanhã. - Abraço um travesseiro e deito na cama.

Eu não conseguia dormir, não conseguia parar de pensar em Anna e sua história, algo ali não se encaixava, mas eu estava feliz em saber que ela tinha atravessado, e mais feliz ainda em saber que meu pai estava bem. Levantei da cama e troquei de roupa, peguei minhas calças rasgadas que meu pai tanto odiava e uma blusa, coloquei um casaco e uma bota, sai de casa no meio de madrugada sem saber pra onde ir ou o que fazer, lá estava a francesa andando pelas ruas de uma cidade estranha, lá estava a menina dos fantasmas.

Era sexta-feira de madrugada, e eu estava que nem uma estranha andando por aí, e então um carro passou em alta velocidade, pelos pensamentos fúteis dava para saber que Hannah estava ali, e então sentiam presença de alguém e quando olhei pra trás tinha dois meninos parados, os pensamentos deles me davam nojo, e lembro-me de ter os vistos na escola. Comecei a andar mais rápido sem olhar pra trás, fui seguindo a rua até que um deles apareceu na minha frente do nada, eu estava sozinha e com dois possíveis malucos.

– Ora ora, o que temos aqui? - Ele me segurava pelo braço, já chegava a me machucar.

– Me solta. - Começo a ficar irritada com a situação.

– Ei Liam, vaza daqui que dessa eu cuido. - O amigo dele sumiu com a névoa, estava escuro, e aquele pervertido já estava me machucando. - Agora eu e você vamos brincar. - Ele chegou perto e cheirou meu pescoço.

– Me solta seu idiota. - Tentei sair correndo, mas cada vez mais ele me segurava com força. Não dava para ver um palmo a frente,a névoa estava densa de mais, eu estava realmente com medo, os pensamentos dele era escuros e obscenos, eu não tinha como me defender e então no meio da névoa Alex apareceu.

– Ela pediu pra você soltar ela, será que você está surdo? - Ele apareceu do nada, mas seus olhos demostravam raiva, e ele parecia ter bloqueio na mente, não conseguia ler seus pensamentos.

– Quem é você para me mandar algo? - Ele tentou me beijar, mas conseguir virar o rosto, e cada tentativa de fuga mais ele apertava meu braço.

– Solte ela. - Alex estava perto o bastante para que eu pudesse sentir seu perfume.

O grandalhão me jogou contra o chão e então percebi que os dois iriam brigar, o chão estava úmido e eu não conseguia me levantar, mas consegui ver Alex dar um soco no cara.

– Saia daqui antes que eu acabe com você. - Alex deixava claro que acabaria com aquele cara se fosse preciso, e então o ele sumiu na névoa assim como sue amigo tinha feito antes.

Levanto do chão e me afasto dele, eu não sabia como ele tinha chegado aqui tão rápido ou como ele sabia que eu precisava de ajuda, mas eu queria ficar longe dele, saio correndo e vou em direção de casa novamente.

Assim que entrei em casa, passei direto por Klaus que dormia no sofá, fui direto pro meu quarto e me joguei na cama, eu não sabia como aquilo era possível, mas era como se ele bloqueasse os pensamentos, eu só sabia que queria estar com ele, queria contar tudo e fugir desse lugar. Acordo em uma floresta, a lua estava muito visível no céu, havia poucas estrelas e poucas nuvens, estava frio e então ouvi um barulho de galho quebrando, quando olhei pra trás la estava Alex sorrindo, ele segurava uma rosa e chegou perto o bastante para sentir seu maravilhoso perfume.

– Linda como uma princesa. - Ele me puxa para perto dele e me da um beijo na testa. - Eu sempre vou lhe proteger, mas não se esqueça de nunca falar do seu dom para ninguém da sua família. Ele se afasta e deixa a rosa no chão, ele começa andar em direção a escuridão me deixando sozinha, peguei a rosa e fechei os olhos.

Quando sai de casa eram quase dez da manhã, estava de calça de moletom e um bota para dias de neve, Klaus andava na neve todo desengonçado, então avistei um carro deixando a casa, havia um homem e Katherine do lado, pelo jeito estavam indo sair de férias. Voltei pra casa e sentei perto da janela, fiquei admirando Klaus rolar na neve, parecia um filhote brincando, estava tudo silencioso quando ouvi o barulho de uma porta abrindo, e pelo pensamento, era Catarina.

– O que foi sombra? - Dou um grito e começo a rir.

– Como você sabia que era eu? - Ela me abraça por trás. - Você é muito estranha Rebekah.

– Você não é a primeira que me diz isso. - Mordo a mão dela e empurro pra longe.

– Hannah me disse que viu você andando pela rua de madrugada. - Ela se sentou no chão e empurro minha cadeira. - E você e o Alex!?

– Alex? O que tem ele? - Abro um pouco a janela, mas por um momento abro um pequeno sorriso ao lembrar dele.

– Eu sabia!!!! - Ela saiu gritando pelo quarto igual a uma louca, dava para ouvi-la a léguas dali.

– Depois eu sou a louca. - Levanto da cadeira e pego meu celular na cama, mas quando olho a mensagem de Lola meus olhos se encheram de água automaticamente. Joguei meu celular contra a parede e dei um grito, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, senti um ódio tomar conta do meu coração.

– O que foi Becky? - As mãos de Nina tocaram meu ombro e então senti um alívio.

– Preciso ir a França, parece que algum lunático andou pichando o Mausoléu da minha família. - Pego uma mochila no chão e começo a jogar roupas lá dentro.

– Como assim você vai voltar?

– Eu preciso ir, eu já sou maior de idade, sei o que faço. - Fecho a mochila e coloco nas costas. - Tome conta de Klaus, e se Katherine perguntar diga que fui pro inferno.

Vou andando na direção do meu carro quando vejo Alex parado segurando uma mochila e uma flor, ele era tão esquisito quanto eu, mas ele tinha algo de diferente, estava parado impedindo que eu entrasse no carro, não sabia por que ele estava ali, mas a coisa que eu mais queria agora era pegar o carro e ir estrada fora até chegar em casa.

– Você não vai sozinha, eu vou com você. - Ele pega minha mochila e tira os óculos escuros.

– Como você sabe?

– Eu tenho meus segredos, assim como você. - Ele abre a porta e joga as nossas mochilas no banco de trás. - E aqui está uma flor para a minha flor. - Ele me entrega a flor e me da um beijo na testa.

Já fazia quase cinco horas que estava sentada naquele carro ao lado dele, mas nem meu próprio carro eu podia dirigir, ele disse que eu era um perigo pra humanidade dirigindo, mal ele sabia que eu era um perigo pra humanidade só por ser eu.

– Vou lhe dar um show de graça agora vou cantar pra você. - Ele pegou na minha mão e começou a cantar junto com o rádio.

– Pare, você não sabe cantar, parece um papagaio que eu tinha quando criança. - Começo a rir, e então quando olho pela janela percebo ainda estava longe de casa.

– Por que você tem tanto medo de se aproximar das pessoas? - Ele diminuiu a velocidade do carro e me olhava seriamente.

– Eu não tenho medo, mas agora se concentre em dirigir. - Dou um tapa no ombro dele e volto a ficar prestando atenção na paisagem.

Fazia horas que não trocávamos uma palavra, mas quando vi a placa com o nome da minha cidade deixei um pequeno sorriso escapar.


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