Destinos Cruzados escrita por Dani Schirmer


Capítulo 1
Um novo lugar.




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Sou uma típica adolescente com seus amores e seus temores, mas tenho algo que os outros não tem, algo que meu pai chama de dom, mas eu chamo de pesadelo. Sempre morei com meu pai no sul da França, mas depois de um terrível acidente, estou indo morar com minha mãe e sua nova família, uma mãe que para mim não passa de uma estranha.

Já fazia horas que estava na estrada a caminho de Kiel, e ter a companhia de Klaus me fazia seguir enfrente, ele era muito mais que um simples cachorro, era meu melhor amigo. Ao longo da estrada não tinha visto nenhuma placa falando sobre a cidade, Klaus estava com a cabeça para fora do carro e eu estava tentando me concentrar e não pensar no meu pai, e então avisto uma pequena placava com o nome da cidade, finalmente tinha chegado. Quando entrei na rua do endereço que minha mãe tinha me passado, percebo que não tinha vizinhos, tinha somente no final da rua um grande casarão.

Quando salto do carro prendo Klaus na coleira e fico ali parada olhando para o que parecia ser minha nova casa, e então uma moça jovem sai de dentro da casa e vem andando em minha direção, não sabia quem era, não sabia como era minha própria mãe.

- Filha! - Sua voz era doce e gentil. - Fez boa viagem? E quem seria esse?

- Oi Katherine, sim fiz boa viagem e esse é Klaus meu cachorro. - Reviro os olhos e a trato com frieza.

- Venha vou lhe levar até sua casa. - Ela começa a me puxar.

Eu não tinha entendido muito bem o que ela queria dizer com "sua casa", mas de uma coisa eu tinha certeza, aquela mulher não era minha mãe, ela nunca tinha feito o papel de mãe e não seria agora que ela faria. Ela para enfrente a uma porta de vidro e então percebo que era literalmente uma casa, era pequena mas era minha, eu não faria o papel de família feliz com aquela que me deixará logo depois que nasci. Entro na casa e fico surpresa ao ver que tinha uma sala, e mais duas portas, solto a coleira de Klaus e começo a andar pelo cômodo, as paredes eram rosas, havia um sofá branco e uma grande televisão na parede, era habitável.

- Espero que você goste daqui, contratei um dos melhores decoradores para deixar esse lugar perfeito para você. - Ela abre um sorriso e me abraça.

Afasto-me dela e vou para perto de Klaus, eu não precisava dizer nada para demonstrar que não estava feliz de estar ali.

- Suas malas logo chegaram, um dos criados irá trazer para você. - Ela continuava sorrindo. - Bom, vou voltar para a minha casa, qual quer coisa, mande me chamar.

- Ok.

Ela some entre a porta e então fico olhando para Klaus, aquela mulher era uma simples estranha para mim, sento o sofá e tento me lembrar das doces palavras do meu pai, dos conselhos dele, então sinto o focinho gelado de Klaus tocar meu braço e o abraço com força. Já fazia quase meia hora que estava sentada naquele sofá com Klaus deitado ao meu lado então uma moça morena entra carregando uma das malas, ela me parecia ser gentil, levanto-me do sofá e ajudo com uma das malas, e depois de colocar tudo no chão da sala abro um pequeno sorriso.

- Sou Rebekah, mas pode me chamar de Becky. - Abro um pequeno sorriso.

- Prazer senhorita, sou Emma, uma das criadas da casa.

- Posso lhe perguntar uma coisa Emma? - Deixo um suspiro escapar.

- Claro, estou aqui a sua disposição. - Sua voz soava como uma melodia.

- Porque eu tenho que morar aqui? - Volto a me sentar no sofá.

- Sabe senhorita, o Sr. James não queria uma pessoa morando na casa dele que não fosse filha dele. - Ela se senta na ponta do sofá. - Se a senhorita me permite, você me parece ser muito mais gentil que sua irmã Hannah.

- Obrigada Emma, e depois você poderia trazer algo para comer por favor? Estou morta de fome. - Começo a rir.

- Pasta de Amendoim com geléia?

- Meu favorito. - Começo a rir.

Ela se levanta e e vai embora fechando a porta, estava tudo silencioso novamente, estava tudo calmo, e então começo a sentir um frio mortal e um arrepio na espinha, eu sabia o que isso significava, então aquela senhora se materializou na minha frente, dessa vez ela usava um roupão branco e pantufas rosas, eu tentava ajudá-la há atravessar, mas ela parecia não aceitar. Depois de uma longa conversa com ela, senti um alívio no coração, eu sabia que depois de meses de tentativas ela tinha finalmente atravessado, meu pai dizia que isso de ajudar espíritos fazia parte do meu dom, mas era ele quem eu mais queria ver agora. Já tinha guardado todas as roupas no closet e já tinha pegado os brinquedos e a cama de Klaus, estava quieta assistindo um filme quando a porta se abriu, fiquei surpresa ao ver uma menina ruiva entrar.

- Oi, é Rebekah certo!? - Ela abre um pequeno sorriso e se senta ao meu lado no sofá.

- Sim, e quem seria você? - Fico a encardo.

- Sou Catarina, mais pode me chamar de Nina. - Ela abre um sorriso. - Sou sua irmã mais nova.

- Ah prazer. - Continuo tratando-a com indiferença.

Estava tudo silencioso, somente a televisão fazia barulho a essa altura, eu não queria conversar com aquele projeto de Ariel e tentei deixar isso bem claro, mas ela parecia ser legal.

Já estava de noite quando Emma entrou trazendo um sanduíche e um suco, passamos um tempo sentadas no chão enquanto eu comia e conversávamos, ela estava indo embora quando aquele calafrio na espinha tomou conta de mim, eu sabia o que significava e então quando o,hei pra trás, estava uma mulher usando um vestido antigo, suas roupas estavam rasgadas, seu olhar era de medo e tristeza, em seus braços haviam marcas de cortes, sua pele estava branca, era mais um fantasma que vinha a mim procurar ajuda.

- O que houve comigo? - Ela sussurrava.

- Para poder lhe ajudar você tem que falar mais sobre você, não tenha medo de me falar as coisas. - Tento chegar mais perto dela, amas ela só se afastava.

- Alguém vive e alguém morre. - Ela sumiu do nada e levou o frio e o arrepio na espinha com ela.

Aquelas palavras não faziam sentindo, comecei a andar pela sala tentando entender a mensagem que ela queria me passar, e então fico olhando para Klaus dormindo em sua cama, enquanto eu estava sendo assombrada por um fantasma confuso. Entro no meu quarto e fico olhando aquela decoração um pouco desnecessária, muito rosa, muito princesa para o meu gosto, havia muitos quadros, algumas fotos minhas de quando era pequena, estava na hora de deixar as coisas mais a minha cara, começo a arrancar os quadros da parede, eu tirei quase todos, e então abri uma das minhas malas e tirei desenhos que avia feito, desenhos de lugares que via em meus sonhos, pessoas que havia ajudado, paisagens, havia milhares deles.

Quando olhei a hora no meu celular já eram quase quatro horas da manhã, mas finalmente o quarto tinha ficado a minha cara, a parede estava tomada pelos meus senhos e lembranças. Coloco o fone de ouvido e uma música alta, e saio para correr antes mesmo do sol nascer, na minha cidade eu tinha a companhia de Lola, uma velha amiga, corríamos todos os dias antes da escola e eu sempre há esperava sair de seus treinos de natação, patinação no gelo e fazíamos yoga juntas, eu tinha uma vida boa, mas estava sentindo falta dela, a corrida sem ela não era a mesma coisa.

Quando cheguei perto de casa novamente percebi que. aporta estava meia aberta e então quando entrei senti um perfume de flores do campo no ar, fui direto ao meu quarto e la estava o projeto de Ariel olhando minha parede, e Klaus deitado na minha cama.

- Ah Oi, o que você faz aqui? - Sento na cama perto de Klaus e fico olhando espantada para ela.

- Foi você quem fez esses desenhos maravilhosos? - Seus olhos brilhavam.

- Sim, mas você não respondeu minha pergunta. - Começo a ficar irritada com a falta de privacidade. - Quem lhe deu permissão de entrar assim no meu quarto?

- Me desculpe Becky, não quis parecer enxerida, eu bati e não tinha ninguém então ouvi um latido e achei que poderia ter acontecido algo e aí fiquei quando vi seus desenhos, fiquei hipnotizada. - Ela se senta no chão e fica me olhando, ela estava toda vermelha parecia um pimentão.

- Esta tudo bem, desculpe se pareci grossa, e sim fui eu quem fez. - Tento sorrir. - Eu tenho que ir, tenho aula agora. - Ela se levanta e some num passe de mágica.

Levanto da cama e fico andando de um lado para o outro, não conseguia agüentar tanto rosa assim em um único lugar, ainda faltava algo, mas eu não sabia o que.

- Klaus o que está faltando? - Fico olhando para ele, enquanto ele saia da cama e metia o focinho em uma das minhas malas abertas no chão. - Saia dai Klaus.

Ele se afasta e então percebo que estava ali o porta retrato que eu mais amava no mundo, uma foto minha com meu pai e Klaus, aquela foto tinha sido tirada no dia que meu pai trouxe Klaus para casa, concerteza o melhor dia de todos. Coloco o porta retrato na mesa de cabeceira e deito na cama, e então finalmente prego os olhos, e então acordo sentindo cheiro de flores, flores do campo, quando olho em volta estava em um campo aberto cheio de flores, eu sabia que aquilo era mais um sonho louco, e então vejo uma moça loira parada perto de uma árvore velha, ela usava um vestido de época, era tão bonita, e então tudo ficou preto, era como se algo me puxasse para fora do meu próprio sonho.

Já era noite quando terminei o desenho daquela moça, levanto da cama e prendo o desenho com os outros na parede, estava tudo silencioso,quando escutei a voz de Katherine, saio do quarto e vou a sala e então lá estava ela ao lado do projeto de Ariel e uma outra que parecia um projeto de Barbie.

- Por que a senhorita não foi a aula? - Ela parecia estar furiosa. - Suas irmãs me disseram que você não foi a aula e que passou o dia enfurnada nesse quarto.

- Ninguém me avisou que eu tinha que ir a escola. - Solto um riso de deboche, sento no sofá e fico olhando aquele projeto de família.

- Rebekah Destailleurs, fale direito comigo. - Ela estava muito brava e então percebo que aquele projeto de Barbie me encarava.

- Katherine pode sair da minha casa, obrigada. - Levanto do sofá e começo a ficar furiosa.

- Você me escutou filha, estou falando sério. - Ela some porta a fora e Catarina vai com ela, mas aquele projeto de Barbie continuo ali, deixei a sozinha na sala e me tranquei no quarto, aquela garota parecia ser uma das mais populares, mas sua cara de Barbie me dava nojo, com certeza seriamos "grandes amigas".

Deitei na cama pensando como seria chegar na escola e olhar para um bando de gente que nunca vi na vida, chegar com minha Mercedes no primeiro dia de aula seria de mais, ou eu teria que andar naqueles pavoroso ônibus escolares, eram tantas perguntas e poucas resposta, eu estava finalmente pregando os olhos quando o frio mortal tomou conta do quarto, pisquei os olhos e lá estava a moça de novo, dessa vez ela usava um vestido diferente, ela parecia mais triste e mais cansada.

- Alguém vive e alguém morre. - Ela falava como se aquilo a matasse por dentro.

- Quem vive e quem morre? - Mas minha pergunta foi feita para o nada, ela tinha sumido antes que eu terminasse de falar.

Quando sai de casa para correr eram quatro horas da manhã, a rua estava vazia, estava frio, havia princípio de neve cobrindo a grama, eu tinha mandando uma mensagem para Lola, mas sabia que ela devia estar ocupada. Já eram quase oito horas da manhã quando parei o carro no estacionamento de escola, tinha muita gente parada conversando, como sempre cada um com seu grupo. Saltei do carro e fui andando em direção a porta, precisava ir na secretaria pegar meus horários e então percebi que tinha algumas pessoas me olhando, eu era uma simples aluna nova, não estava entendendo por que estava sendo o centro das atenções assim. Cada passo que eu dava por aquele corredor, mais percebia que estavam me olhando, e então quando entrei na secretaria dei de encontro com um rapaz alto e de cabelos negros.

- Pardon! - Abaixo-me e pego alguns livros que ele tinha deixado cair.

- Esta tudo bem. - Ele pega os livros na minha mão. - Pelo jeito temos uma francesa perdida na escola.

Eu fico em silêncio somente admirando aqueles olhos azuis e então volto a realidade e vou ao balcão para pegar meus horários, depois de um tempo escutando as regras e sabendo onde ficava cada sala, finalmente estava liberada para ir pra sala. Quando o sinal tocou, fui a ultima a sair da sala, estava terminando de anotar umas fórmulas de álgebra quando Catarina brotou na minha frente.

- Se você quer me matar de susto me avisa, está parecendo uma sombra. - Guardo o caderno na bolsa e me levanto. - Você precisa de algo Catarina!?

- Queria saber se pode me dar uma carona para meu curso, Hannah foi pra aula de ballet e me esqueceu aqui. - Ela sorria, mas por mais que eu não gostasse da idéia de ter uma família nova, ela era legal.

- Ok, eu te levo. - Quando saímos da sala, percebo que o corredor estava vazio, o que era um alívio.

Parei o carro a onde Catarina tinha mandando, e então ela saltou e ficou parada, ela disse que tinha aula de yoga acho, mas isso só me fazia sentir mais falta de casa e das minhas velhas companhias. Deixei-a parada no estacionamento e não pensei duas vezes, fui direto para casa, o caminho em casa era longo e vazio, mas o que eu mais queria agora era tomar um banho e esquecer que talvez paguei um dos maiores micos da minha vida na frente de um cara gato.

Quando sai do banho troquei de roupa rapidamente e me joguei na cama, fiquei admirando meus desenhos quando um leve sono bateu, deixei-o tomar conta, apaguei igual em um minuto. Lá estava eu no campo florido, mas aquela moça loira não estava mais lá, então comecei a escutar gritos, o tempo fechou, o céu estava negro, um medo tomou conta de mim, comecei a andar sem rumo, e então parei na ponta de um precipício, os gritos só aumentavam, o tempo ameaçava de chover, foi aí que percebi que não era eu, e sim aquela moça que tinha visto no sono anterior. Acordo gritando e então percebo que estava na minha cama novamente, era eu novamente, mas aquele ar gelado tomou conta do quarto, levantei da cama e fui a sala, mas a sensação de ter mais alguém ali não passava, foi então que aquela moça apareceu novamente, ela usava o vestido que tinha visto em meus sonhos, ela estava tentando me mostrar o que tinha acontecido.

Sai para correr logo depois que o espírito tinha sumido, já estava longe de casa e um pouco perdida, quando dei uma olhado há pra trás percebi quem homem alto com capuz corria atrás de mim, eu não sabia se estava me seguindo ou se estava ficando louca. Sai de casa atrasada para a aula de biologia, fiquei conversando com Emma e tomando café e perdi a hora, quando coloquei o pé para fora do carro estavam todos no estacionamento, eu podia escutar alguns pensamentos, e era perturbador, as pessoas pensavam coisas sórdidas sobre os outros, era estranho. Avistei Catarina vindo em minha direção e ela parecia muito assustada, ela me abraçou com força, eu sentia que tinha algo errado.


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