The Amazing Spider-Man escrita por Leinad Ineger


Capítulo 12
Capitulo 12 - Homem Aranha Eternamente - Parte 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502836/chapter/12

“Eu me lembro de estar em casa. Isso, eu estava em casa. Era um dia como outro qualquer, que me deu um monte de coisas em que pensar. Kim Fox, Felicia, Tina, meu encontro com Neron, os homens-aranha mortos... Deus do céu, no que minha vida estava se transformando? Eu só queria aproveitar um pouco o dia para trabalhar, concluir alguns trabalhos no laboratório e voltar para passar mais tempo com a tia May. Foi quando as coisas começaram a dar errado... Eu estava no meu quarto, quando ele derrubou a porta. Norman Osborn, não o Duende Verde. Era Norman... Meu Sentido de Aranha me avisou, um segundo tarde demais, que ele estava ali. Nós trocamos socos por alguns segundos, até que eu percebi que ele estava muito mais forte do que de costume. E com ódio. Ódio verdadeiro, daqueles que consomem a essência de um homem até que ele apodreça. Esse era Norman Osborn, como eu estava acostumado a vê-lo. Sério, quase fúnebre. Ele me encarava de maneira impiedosa, enquanto eu tentava evitar seu olhar. Mas, sem meus lançadores de teias, sem o uniforme, eu não podia daquele espaço para enfrenta-lo. Precisava proteger minha identidade. Irônico, quando se pensa que meu maior inimigo sabe quem eu sou. Mas minha tia ia voltar a qualquer momento, e era com ela que eu estava preocupado. Norman se aproveitou de minha preocupação e agarrou meu pescoço. Lentamente, ele começou a pressionar, o ar se esvaiu rapidamente. A escuridão me acolheu. Me lembro de estar morto depois disso.”

“Agora estou cara a cara com a Morte.”

O Mintira era um marginalzinho de rua, desses que não conseguem assaltar nada maior que uma loja de bebidas. Ele, Cepacol e Gordo serviam de informantes para o Homem-Aranha de tempos em tempos. Agora, os três estavam mortos, o corpo do Mintira diante de um atônito Peter Parker. Ele ainda tentaria se levantar, mas as correntes ao redor de seus ombros eram curtas demais. Sentiu nojo do uniforme roxo do Duende que estava vestindo, mas as mãos estavam afastadas demais para que pudesse tira-lo.

– Desista, Peter. Isso seria um desperdício de energia.

– Norman... Como...?

– Como? Ora, meu rapaz! Com dinheiro, é claro! Fiquei nas sombras por tempo demais, encarei o mal face a face... Agora é sua vez...

– Você... é louco, Norman... Louco...

– Quão louco, Peter? Quão louco é um pai que apenas quer o melhor para seus filhos? Imagine um homem que, sem emprego, amigos ou esperança, assalta um super-mercado para dar de comer aos filhos... Você o condenaria? Estou certo que não! A diferença entre eu e esse homem, Peter... É que eu tenho poder para fazer algo. Tenho dinheiro, recursos e idéias para consertar tudo. Mas faltava uma coisa. Algo que eu precisava mostrar à você. Nos últimos meses, realizei pesquisas na área de metabiologia que podem revolucionar a ciência. Todos, em maior ou menor grau, trabalharam para mim... Langstrom... Crane... Christina McGee... Com os resultados das pesquisas deles publicados, descobri como animar tecidos geneticamente. Até que, algum tempo atrás, eu falei com um homem. Eu falei com Neron.

O olhar de Norman se tornou distante, vago. Ele ajeitou o terno e continuou falando, como se Peter não estivesse ali.

– Eu fiz um pacto com o demônio. Eu queria meu filho de volta e vendi a alma ao diabo por isso. Eu mal pude conter minha alegria quando vi Harry de novo mas o trauma da ressurreição, e o tratamento genético para que ele recuperasse os poderes do Duende Verde, terminaram por enlouquece-lo. Sua mente foi destruída, Harry virou um vegetal.

Peter levantou a cabeça e finalmente tomou consciência do local onde era mantido prisioneiro. Um imenso laboratório bioquímico, dotado dos mais avançados recursos que o dinheiro, ou o diabo, pode comprar. Norman abriu a porta de um compartimento isolado onde, preso à uma cama, estava Harry Osborn. Com os olhos abertos, mas alheio a tudo que se passava, o velho amigo de Peter parecia estar feliz, como se aquilo fosse uma reunião de família. Harry jamais soube que havia sido arrancado das garras da morte e trazido de volta.

Norman enxugou as lágrimas e voltou a olhar para Peter, com o olhar ensandecido do Duende Verde:

– Mas eu ainda tinha uma chance! Eu ainda controlava sua vida! Eu controlava Kirk Langstrom, financiando seus experimentos em troca de informações! Eu trouxe o professor Crane para Nova York em 11 de setembro! Eu contratei Christina McGee para ter acesso às suas descobertas! Eu financiei Electro, Tarântula e Cérebro! Estive por trás de tudo que aconteceu na sua vida nos últimos meses e preparei as peças no tabuleiro para controlar os próximos! Só falta uma coisa, Peter... Com Harry nesse estado, eu preciso que você seja o novo Duende Verde... Eu preciso que você seja meu filho.

Aeroporto LaGuardia

Robbie, Tina e Kim continuavam respondendo às perguntas da policia. O amigo de Kim, o delegado Semeghini, chegou logo em seguida:

– Semeghini! Como está a senhora Parker?

– A viatura continua vigiando a casa dela, está tudo bem. E você?

– Alguma noticia do Aranha?

– Nada ainda. Mas e você?

– Deus... O que pode ter acontecido?

– Kim, e VOCÊ?

– O que? Ah, eu estou bem, obrigada. Nós estamos muito bem.

O esconderijo do Duende:

– Norman, você... Só pode estar brincando...

– Não Peter! Pense no que podemos fazer juntos!

– E as pessoas que você matou?

– Eu não matei. O Homem-Aranha as matou. Sempre que alguém se aproxima do Aranha, acaba acontecendo dor, sofrimento e morte. Por isso eu matei tantos homens-aranha, Peter. Para que você visse que eles são o mal. Aceite minha oferta...

– Calhorda...

– Eu ainda não matei nenhum amigo seu, mas eu os reuni no Aeroporto LaGuardia.

– Lunático...

– Se você recusar minha proposta, eu vou mata-los. Haverá mais sangue nas mãos do Homem-Aranha, Peter, a menos que você renuncie ao que ele representa e fique ao meu lado.

– Assassino...

– Ou eles vão morrer por sua causa... Como seu tio Ben...

– Monstro... – Peter começou a se debater, tentando se livrar das correntes.

– Sim, Peter. Por sua causa. Você matou seu tio e sabe disso...

– Não diga...

– Assim como matou o Capitão Stacy e Jean DeWolff...

– Não diga...

– Você matou Kraven e Harry...

– Não diga o nome dela...

– Você matou Gwen, Peter.

– NÃO DIGA O NOME DELA, SEU VERME!



Peter finalmente conseguiu estourar as correntes mas, enquanto perdia tempo tentando se livrar do uniforme do Duende, foi violentamente atingido por Norman. Caiu no chão, desnorteado, enquanto Norman tirava o terno, revelando o uniforme do Duende Verde:

– É uma pena que você pense assim, Peter. Eu vou matar os seus amigos agora, porque o peso dessas mortes é responsabilidade sua. Se mudar de idéia, sabe onde me encontrar.

O Duende Verde subiu no jato-morcego e saiu, enquanto Peter Parker tentava se recuperar do ataque.

Aeroporto LaGuardia:

– Quanto tempo ainda temos que esperar, Semeghini?

– Seja paciente, senhor Robertson. Estamos tentando...



Uma clarabóia no teto estourou com a chegada do Duende Verde. Sua gargalhada histérica era mais alta que os gritos das pessoas assustadas no aeroporto. Ele parou diante de Semeghini, Kim Fox, Christina McGee e Joe Robertson, segurando J. Jonah Jameson, vestido com o uniforme do Aranha. O Duende o soltou, enquanto Jameson gritava:

– Robbie! Ele vai matar todos nós! Ele vai...

Semeghini finalmente se recuperou do choque, tentando saltar em cima do Duende. Porém, foi repelido com um tapa. O assassino levantou vôo, preparando-se para um rasante fatal, quando o Homem-Aranha chegou, esmurrando-o em cima do jato.

– Ele está vivo! – gritou Kim.

– Corram! – gritou Robbie, tentando afasta-los. O Aranha e o Duende chocaram-se com o solo, trocando golpes poderosos o bastante para matar uma pessoa comum.



Mas ali, o ódio acumulado durante anos finalmente pôde ser extravasado. Eles não disseram uma palavra enquanto se agrediam. O aeroporto silenciou, em transe, diante da cena. Cada golpe era sentido pelas pessoas ao redor, incapazes de se afastar. As forças deveriam se esvair, mas os golpes continuavam cada vez mais violentos.

Mas a vitória pertencia ao Duende Verde.

O Aranha caiu, exausto, quando o vilão finalmente se permitiu gargalhar em triunfo. Ainda recuperando o fôlego, ergueu o inimigo derrotado, exibindo-o para as pessoas ao redor. De um único e rápido gesto, arrancou a máscara do velho inimigo. As pessoas presentes ao Aeroporto LaGuardia teriam pesadelos durante anos com o grito de horror do Duende Verde.

Sob a máscara, estava Harry Osborn.

O Duende o abraçou e subiu no jato, voando para longe dali, de volta ao seu esconderijo.

– Robbie, você viu aquilo?

– Vi sim, Jonah. E estou em choque.

– Aquele não era o filho de Norman Osborn?

– Foi o que eu pensei. O falecido Harry Osborn. É melhor sairmos daqui, Jonah. Isso vai dar base para muita especulação.



– Semeghini, você está bem?

– Estou sim, Kim. Ai... Cadê o Aranha e o Duende?

– O Duende venceu e desmascarou o Aranha. Depois o levou daqui.

– Hmmm... Muito elucidativo...



Perto dali, Tina tentava ligar para May Parker, na esperança de que ela tivesse noticias do sobrinho. Mas não conseguia.

O Duende Verde chegou ao seu esconderijo carregando Harry. Peter já tinha destruído boa parte do equipamento do laboratório de Norman quando ele voltou. As chamas iam, lentamente, consumindo o lugar.

– Peter... Era o Harry... Eu pensei que fosse você, mas era o Harry...

– Eu sei, Norman. Eu ainda não tinha me recuperado totalmente quando ele recuperou a consciência e foi atrás de você, usando um dos uniformes do Aranha que você fazia suas vítimas vestirem. Harry disse que não ia deixar você matar ninguém. Eu não consegui detê-lo.

– Eu posso ter matado meu filho, Peter...

– O Harry já me salvou antes, Norman. Não é o Aranha que destrói as pessoas, mas as escolhas de cada um. Harry escolheu ver o pai como um herói, por isso não ia deixa-lo matar ninguém. Ele foi corajoso até o fim. Eu não poderia tomar o lugar dele jamais. Vamos leva-lo para um hospital, sim? Talvez os médicos...

– SEU COVARDE!



Norman se lançou contra Peter, agarrando-o pelo pescoço contra a parede:

– Você armou isso para ver Harry morrer!

– O Harry é... meu amigo...

– MENTIROSO! Veja o que você fez! Eu pensei que ele estava catatônico, mas olhe para ele! Eu o matei por sua culpa!

– Harry... quis morrer... para que você... não matasse mais...

– Parker, deixe de ser covarde e morra com um mínimo de dignidade. Eu não vou suportar ouvir você implorando...

– Não, pai...



Norman se virou, largando o velho inimigo.

– Peter está certo, pai.



O Duende Verde abraçou o filho, enquanto o fogo começava a causar pequenas explosões. - Norman, nós temos que sair daqui! - ... - Norman! - Vá embora, Peter. Eu quero ficar com meu filho. O calor já era mais do que Peter podia suportar. Com a ajuda do seu Sentido de Aranha, encontrou a saída que Norman tinha usado com facilidade. Uma última explosão arrasou o esconderijo, mas ele sabia que aquele não seria o último ato do Duende Verde. Precisava ir pra casa, conversar com sua tia – ela devia estar preocupada – com Robbie e com Semeghini. Norman tinha matado 31 pessoas, mas o pesadelo chegara ao fim. Sabia a importância do Homem-Aranha, como ele tocava as pessoas e jamais abriria mão disso.

O céu estava limpo mas, dessa vez, Peter Parker voltaria a pé para casa.

Norman continuava abraçado ao corpo do filho, morto novamente e, dessa vez, por suas próprias mãos. Seu laboratório estava destruído e o Aranha escapara ileso, mais uma vez. Mas agora... Ah, agora tudo estava claro! Parker teve sua chance mas, da próxima vez, o Duende Verde mataria o maldito, sua família, seus amigos e a todos que amava. Todos pagariam caro pelo crime de Peter Parker.

Ele tinha matado Harry.

Norman rezou para que seu filho descansasse, pois ele mesmo já não tinha uma alma para desfrutar de paz. Em algum lugar, Neron ria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Amazing Spider-Man" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.